O presidente do São Paulo, Paulo Amaral, ficou irritadíssimo com as declarações do goleiro Rogério Ceni e, embora não afirme categoricamente para a imprensa, não o quer mais no Morumbi. O dirigente teme, contudo, que a torcida não entenda sua atitude e se vire contra a diretoria. Afinal, Rogério é ídolo. Mas Paulo Amaral não esconde a realidade. "Não há mais clima para ele. Mas não sei quem vai querê-lo agora", disse o presidente, em entrevista à Agência Estado. Ele também afirmou que nunca recebeu proposta do Arsenal, ao contrário do que o goleiro afirma. Até o momento, o dirigente não havia se manifestado porque queria preservar o atleta. Não suportou, porém, as declarações do jogador. Na noite de quarta-feira, antes de dormir, Paulo Amaral ouviu a polêmica entrevista de Rogério Ceni à Rádio Jovem Pan. "Nem consegui dormir depois." Hoje (5), o presidente do clube foi bastante assediado pela imprensa, chegou a chorar tanta era sua tensão e a pressão subiu bastante. Precisou tomar calmantes. "O que ele fez foi uma coisa que não dá para imaginar. Estava tudo bem e ele abalou o ambiente do clube." Depois do incidente, as chances do goleiro reserva Roger aparecer no gol do São Paulo no domingo, contra o Flamengo, passaram a ser grandes. Segundo Paulo Amaral, no fim de abril, Rogério o chamou dizendo que tinha proposta do Arsenal de US$ 4 milhões para comprar seu passe e afirmou que, para ficar no Morumbi, queria um bom aumento - de cerca de R$ 130 mil para R$ 250 mil. O presidente disse que o clube "tentaria algo". E foi conversar com representantes da LG, patrocinadora do São Paulo, para ver a possibilidade de conseguir uma verba. A empresa negou. Então, o dirigente disse ao goleiro que não poderia dar o aumento e, por isso, aceitaria a proposta de US$ 4 milhões para vender seu passe. "Nunca quis prejudicar a carreira de ninguém", afirmou. "O problema é que essa proposta nunca chegou." Segundo o presidente, Rogério ficou nervoso quando soube que não teria o aumento, alegou estar sentindo dores no ombro e disse que não jogaria contra o Grêmio, pela Copa do Brasil. "Ele ficou muito irritado e eu disse a ele para deixar de ser criança, que estava sendo enganado por empresários." O goleiro até ameaçou não disputar a Copa dos Campeões, declarou Paulo Amaral. Nesta quinta-feira, Paulo Amaral exibiu o papel timbrado que o São Paulo recebeu com a suposta proposta do Arsenal. Era de uma empresa chamada Tango Sports e Marketing. Para tentar acabar com a dúvida, ele ligou nos últimos dias para o Arsenal pedindo que algum diretor esclarecesse se havia interesse no goleiro. Recebeu um fax assinado pelo diretor David Bean, que disse não haver nada. A Assessoria de Imprensa do clube londrino confirmou a informação. A Agência Estado contatou um repórter que acompanha o dia-a-dia do Arsenal, Peter Carbery, do jornal ?The Sunday Times?, para saber se havia especulações sobre um interesse por Rogério. A resposta foi negativa. "O Arsenal sempre anunciou ter interesse em dois goleiros, um do Feyenoord (da Holanda) e outro do Ipswich (da Inglaterra), mas nunca o Rogério. Ele nem é conhecido aqui", revelou o jornalista inglês.