O procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, voltou a afirmar que o futebol paulista deve ser paralisado durante o agravamento da pandemia da covid-19 que assola o País, com aumento significativo dos casos no Estado. Ele ressaltou nesta terça-feira que a suspensão dos eventos esportivos "torna-se imprescindível" considerando o recrudescimento da pandemia. A Federação Paulista de Futebol divulgou nota para rebater e lista critérios científicos para defender a continuidade dos jogos.
De acordo com o Ministério Público, a recomendação da paralisação dos eventos presenciais seria apenas enquanto São Paulo passa pela fase vermelha, na qual atividades não essenciais são impossibilitadas na cidade. Uma nova avaliação está marcada para dia 19. Até lá, o Estado não terão mudança de fase.
Sarrubbo assinou a solicitação nesta manhã. De acordo com o procurador-geral de Justiça, se faz necessário a paralização do futebol considerando o aumento do número diário de pessoas infectadas, de internações e de mortes no Estado de São Paulo. Já foram realizadas três rodadas do Paulistão e, a princípio, os jogos do fim de semana estão mantidos. Infectologistas também dizem que o risco é grande de contaminação entre jogadores e também seus familiares.
A Federação Paulista de Futebol (FPF) se mostra contra a paralisação do Campeonato Paulista garantindo que o futebol segue todos os protocolos de segurança e não há a presença de público nos estádios. Não leva em conta as aglomerações, como ocorreu na decisão da Copa do Brasil por parte de torcedores palmeirenses nem o surto que o Corinthians foi acometido semana passada. Já o governador João Doria, então a favor da manutenção do futebol, agora estuda a possibilidade de suspender o Estadual. O anúncio da sua decisão deve ocorrer nesta quarta-feira.
No Brasil, o futebol regional parou em Santa Catarina, Paraná e no Acre. E em alguns outros o Estadual está suspenso parcialmente, como no Ceará, que faz partidas fora da sua base. As federações trabalham sem admitir a possibiidade de parar o futebol, mas elas vão se submeter às determinações do clubes, como tem sido. Os clubes, por sua vez, seguem a cartilha dos profissinais de saúde do governo do Estado.
NOTA DO TRIBUNAL
O procurador-geral de Justiça fez sua recomendação ao governador João Doria, conforme o Aviso 5/21 a ser publicado no "Diário Oficial" nesta quarta-feira, que, "à luz dos princípios da prevenção e precaução em matéria de saúde pública, tome as devidas providências para suspensão da realização de cultos, missas e demais atividades religiosas de caráter coletivo e de eventos esportivos de qualquer espécie, inclusive partidas de futebol, durante a fase vermelha do Plano São Paulo".
Na recomendação, Sarrubbo destacou os diplomas legais e os acórdãos do Supremo Tribunal Federal que fundamentam a sua decisão, assim como enfatizou que "o recrudescimento da situação causada pela covid-19, com o aumento do número diário de pessoas infectadas, de internações e de mortes" levou o governo a incluir todas as regiões do Estado na fase vermelha, a mais restritiva do Plano São Paulo. Portanto, a suspensão das atividades religiosas coletivas e dos eventos esportivos torna-se imprescindível.
Na segunda, os médicos que integram o gabinete de crise instituído pela PGJ para orientar os promotores e procuradores de Justiça no enfrentamento à pandemia apontaram a taxa de ocupação dos leitos de UTI e o maior índice de transmissibilidade das novas cepas do coronavírus como fatores críticos neste momento da crise sanitária.
OUTRO LADO
A Federação Paulista de Futebol (FPF) mais uma vez não vê motivos para a paralisação do seu campeonato e mostra contrariedade com o pedido do procurador-geral. Em nota, a entidade garante não ver riscos e lista critérios científicos para defender a continuidade do futebol no estado.
Confira a nota da entidade:
A Federação Paulista de Futebol, por meio de seu Comitê Médico, presidido pelo Prof. Dr. Moisés Cohen, vem a público manifestar contrariedade à recomendação do Procurador-Geral, Sr. Mario Sarrubbo, à paralisação dos jogos de futebol no Estado de São Paulo",
Elencamos, abaixo, critérios científicos que embasam a continuidade do futebol:
1 - O futebol retomou suas atividades seguindo um rigoroso protocolo de saúde, elaborado pelos médicos de todos os clubes e pelo Comitê Médico da FPF. O documento, que vem sendo seguido à risca durante todo este período, foi aprovado pelo Centro de Contingência do Coronavírus do Governo do Estado, órgão composto pelas maiores referências médicas no combate à Covid-19. O protocolo foi, inclusive, aprovado pelo Ministério Público de São Paulo e pelo Ministério Público do Trabalho, representados em audiência de mediação pré-judicial para o retorno do futebol, em junho. Elogiado por todos os especialistas, o documento veta acesso do público aos estádios, estabelece testes recorrentes aos profissionais dos clubes e limita a quantidade de pessoas envolvidas na organização, fazendo das partidas locais seguros;
2 - A recomendação vai na contramão do combate à Covid-19 no mundo, como em países que realizaram rigorosos lockdowns em meio à segunda onda e mantiveram o futebol profissional em atividade. Nações como Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, mesmo com medidas extremamente restritivas à população, seguiram com suas ligas em atividade, sob o correto conceito técnico de que os jogos de futebol não são, sob nenhuma hipótese, locais que sugerem qualquer tipo de contaminação. E, além disso, o futebol é um importante entretenimento à população neste trágico momento que vivemos;
3 - O futebol paulista, por meio da Federação Paulista de Futebol e dos clubes, tem sido um meio fundamental para a educação e conscientização da população sobre o combate à Covid-19. Lançamos antes do início do Campeonato Paulista a primeira campanha de enfrentamento à Covid-19 do futebol no Brasil: o Vacina FC. Trata-se de um movimento da FPF e de todos os clubes que incentiva a população a se vacinar, orienta e combate a desinformação, além de propagar informações sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar o contágio;
Por fim, a Federação Paulista de Futebol reitera que não há qualquer argumento científico que sustente a tese de que o futebol profissional gere aumento no número de casos. Pelo contrário, o futebol possui um protocolo extremamente rigoroso, com acompanhamento médico diário e testagem em massa de seus profissionais. Uma eventual paralisação seria ainda mais prejudicial ao combate à Covid-19, pois deixaria expostos milhares de atletas, que não mais passariam a ter o controle médico diário ede testagem que o futebol oferece. A FPF acredita que o Governo do Estado de São Paulo continuará seguindo a ciência e manterá o futebol profissional em atividade, seguindo o protocolo de saúde por ele aprovado.