Análise|Qual o futuro de Tite? Técnico vai de incontestável a questionado após ruir na seleção e no Flamengo


Gaúcho de 63 anos sofre desgaste de imagem oito anos após deixar o Corinthians para assumir o Brasil; antes tido como um profissional diplomático, passou a ter o discurso entendido como performático

Por Bruno Accorsi
Atualização:

Tite foi anunciado como treinador da seleção brasileira em junho de 2016 e assumiu o posto como nome incontestável depois de ter feito o Corinthians campeão brasileiro de 2015, com um futebol que desvinculou sua imagem da fama de “retranqueiro” que tivera anteriormente. Três temporadas antes, levou o clube paulista às conquistas da Libertadores e do Mundial, em 2012. Passados oito anos, não goza mais do mesmo prestígio e foi demitido do Flamengo nesta segunda-feira, sob muitas críticas por não ter conseguido extrair mais de um elenco considerado um dos melhores do País.

O desgaste da imagem de Tite se deu durante sua experiência de seis anos - 2.275 dias - na seleção. Foi a passagem ininterrupta mais longa já concedida pela CBF a um treinador, o que o permitiu disputar duas Copas do Mundo seguidas. O trabalho, iniciado após a saída de Dunga, foi primoroso nas Eliminatórias para os Mundiais da Rússia-2018 e do Catar-2022. Sob o comando do ex-técnico do Corinthians nas qualificatórias sul-americanas, o Brasil jamais perdeu. Além disso, se classificou em primeiro nas duas edições.

Tite Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
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Em 81 jogos, o gaúcho teve 60 vitórias, 15 empates e apenas seis derrotas, mas três delas tiveram grande peso: o título da Copa América perdido para a Argentina em 2021 e as eliminações para Bélgica e Croácia, seleções de menos tradição que o Brasil, nas quartas de final das Copas de 2018 e 2022, respectivamente. O único título conquistado por ele foi a Copa América de 2019.

A derrota por 2 a 1 para os belgas foi frustrante e gerou dúvidas na torcida brasileira, mas a CBF estava convicta de que era o momento de dar continuidade ao trabalho. Depois da queda para a Croácia, na Copa seguinte, contudo, a insatisfação foi maior de todos os lados. Mais uma vez, o que se viu foi uma seleção dependente de lampejos de Neymar, que marcou o gol brasileiro na prorrogação antes do vacilo geral que permitiu o empate por 1 a 1, seguido da derrota por 4 a 2 nos pênaltis.

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Decisões de Tite, como tirar Vinícius Júnior da partida, também foram questionadas. Antes do início da Copa, contudo ele já vinha desgastando a própria imagem com suas escolhas. A mais polêmica delas foi convocar Daniel Alves, na época com 38 anos e muito distante de ser o jogador que fora em seu auge. O lateral-direito estava jogando no Pumas, do México, sem qualquer destaque e havia feito apenas 12 jogos. “Eu não vim para agradar as pessoas que estão no Twitter, nas redes sociais”, disse Tite, na época, ao comentar as reações negativas.

Ao longo do segundo ciclo, o treinador já estava longe de ser unanimidade, embora ainda contasse com apoio massivo. A imagem que construíra de um profissional diplomático e justo já não carregava a mesma força de outrora. Seu discurso passou a ser lido, em muitos momentos, como performático ou pedante. Também teve de rebater críticas que apontavam nepotismo no fato de ter seu filho, Matheus Bachi, como auxiliar na seleção.

No fim das contas, parar nas quartas de final em duas Copas seguidas com a seleção mais vitoriosa da história foi o mais determinante para o ciclo se encerrar, em um cenário no qual o Brasil busca, desesperadamente, se recolocar na posição que ocupa desde 1958.

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Quando ficou definido que não ficaria no comando da seleção, Tite afirmou que não trabalharia em nenhum time brasileiro em 2023. Havia a expectativa de que, mesmo com as frustrações nos Mundiais, conseguiria abrir caminho para trabalhar no mercado europeu. Ao longo do período em que ficou sem emprego, recusou propostas do conturbado Corinthians, que via nele uma a figura de salvador.

Os “nãos” abalaram a relação com parte da torcida corintiana, ainda mais depois que ele foi anunciado como treinador do Flamengo. No futuro, ele pode até a voltar a trabalhar no Corinthians, mas terá de reconquistar aqueles que sempre o tiveram como um dos maiores treinadores da história do clube.

No Flamengo, o início do trabalho de Tite foi elogiado pela consistência defensiva no pouco competitivo Campeonato Carioca, único campeonato que conquistou em sua passagem pelo time rubro-negro. Em competições maiores, nunca deixou de andar na corda bamba, entre momentos bons e ruins.

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Deixa o clube em quarto lugar do Brasileirão, com 48 pontos, a nove do líder Botafogo, e nas semifinais da Copa do Brasil, contra o Corinthians. Ainda não se manifestou sobre os planos para o futuro, mas, apesar de não ser mais unanimidade, tem espaço para voltar a trabalhar em gigantes do futebol brasileiro.

Tite foi anunciado como treinador da seleção brasileira em junho de 2016 e assumiu o posto como nome incontestável depois de ter feito o Corinthians campeão brasileiro de 2015, com um futebol que desvinculou sua imagem da fama de “retranqueiro” que tivera anteriormente. Três temporadas antes, levou o clube paulista às conquistas da Libertadores e do Mundial, em 2012. Passados oito anos, não goza mais do mesmo prestígio e foi demitido do Flamengo nesta segunda-feira, sob muitas críticas por não ter conseguido extrair mais de um elenco considerado um dos melhores do País.

O desgaste da imagem de Tite se deu durante sua experiência de seis anos - 2.275 dias - na seleção. Foi a passagem ininterrupta mais longa já concedida pela CBF a um treinador, o que o permitiu disputar duas Copas do Mundo seguidas. O trabalho, iniciado após a saída de Dunga, foi primoroso nas Eliminatórias para os Mundiais da Rússia-2018 e do Catar-2022. Sob o comando do ex-técnico do Corinthians nas qualificatórias sul-americanas, o Brasil jamais perdeu. Além disso, se classificou em primeiro nas duas edições.

Tite Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Em 81 jogos, o gaúcho teve 60 vitórias, 15 empates e apenas seis derrotas, mas três delas tiveram grande peso: o título da Copa América perdido para a Argentina em 2021 e as eliminações para Bélgica e Croácia, seleções de menos tradição que o Brasil, nas quartas de final das Copas de 2018 e 2022, respectivamente. O único título conquistado por ele foi a Copa América de 2019.

A derrota por 2 a 1 para os belgas foi frustrante e gerou dúvidas na torcida brasileira, mas a CBF estava convicta de que era o momento de dar continuidade ao trabalho. Depois da queda para a Croácia, na Copa seguinte, contudo, a insatisfação foi maior de todos os lados. Mais uma vez, o que se viu foi uma seleção dependente de lampejos de Neymar, que marcou o gol brasileiro na prorrogação antes do vacilo geral que permitiu o empate por 1 a 1, seguido da derrota por 4 a 2 nos pênaltis.

Decisões de Tite, como tirar Vinícius Júnior da partida, também foram questionadas. Antes do início da Copa, contudo ele já vinha desgastando a própria imagem com suas escolhas. A mais polêmica delas foi convocar Daniel Alves, na época com 38 anos e muito distante de ser o jogador que fora em seu auge. O lateral-direito estava jogando no Pumas, do México, sem qualquer destaque e havia feito apenas 12 jogos. “Eu não vim para agradar as pessoas que estão no Twitter, nas redes sociais”, disse Tite, na época, ao comentar as reações negativas.

Ao longo do segundo ciclo, o treinador já estava longe de ser unanimidade, embora ainda contasse com apoio massivo. A imagem que construíra de um profissional diplomático e justo já não carregava a mesma força de outrora. Seu discurso passou a ser lido, em muitos momentos, como performático ou pedante. Também teve de rebater críticas que apontavam nepotismo no fato de ter seu filho, Matheus Bachi, como auxiliar na seleção.

No fim das contas, parar nas quartas de final em duas Copas seguidas com a seleção mais vitoriosa da história foi o mais determinante para o ciclo se encerrar, em um cenário no qual o Brasil busca, desesperadamente, se recolocar na posição que ocupa desde 1958.

Quando ficou definido que não ficaria no comando da seleção, Tite afirmou que não trabalharia em nenhum time brasileiro em 2023. Havia a expectativa de que, mesmo com as frustrações nos Mundiais, conseguiria abrir caminho para trabalhar no mercado europeu. Ao longo do período em que ficou sem emprego, recusou propostas do conturbado Corinthians, que via nele uma a figura de salvador.

Os “nãos” abalaram a relação com parte da torcida corintiana, ainda mais depois que ele foi anunciado como treinador do Flamengo. No futuro, ele pode até a voltar a trabalhar no Corinthians, mas terá de reconquistar aqueles que sempre o tiveram como um dos maiores treinadores da história do clube.

No Flamengo, o início do trabalho de Tite foi elogiado pela consistência defensiva no pouco competitivo Campeonato Carioca, único campeonato que conquistou em sua passagem pelo time rubro-negro. Em competições maiores, nunca deixou de andar na corda bamba, entre momentos bons e ruins.

Deixa o clube em quarto lugar do Brasileirão, com 48 pontos, a nove do líder Botafogo, e nas semifinais da Copa do Brasil, contra o Corinthians. Ainda não se manifestou sobre os planos para o futuro, mas, apesar de não ser mais unanimidade, tem espaço para voltar a trabalhar em gigantes do futebol brasileiro.

Tite foi anunciado como treinador da seleção brasileira em junho de 2016 e assumiu o posto como nome incontestável depois de ter feito o Corinthians campeão brasileiro de 2015, com um futebol que desvinculou sua imagem da fama de “retranqueiro” que tivera anteriormente. Três temporadas antes, levou o clube paulista às conquistas da Libertadores e do Mundial, em 2012. Passados oito anos, não goza mais do mesmo prestígio e foi demitido do Flamengo nesta segunda-feira, sob muitas críticas por não ter conseguido extrair mais de um elenco considerado um dos melhores do País.

O desgaste da imagem de Tite se deu durante sua experiência de seis anos - 2.275 dias - na seleção. Foi a passagem ininterrupta mais longa já concedida pela CBF a um treinador, o que o permitiu disputar duas Copas do Mundo seguidas. O trabalho, iniciado após a saída de Dunga, foi primoroso nas Eliminatórias para os Mundiais da Rússia-2018 e do Catar-2022. Sob o comando do ex-técnico do Corinthians nas qualificatórias sul-americanas, o Brasil jamais perdeu. Além disso, se classificou em primeiro nas duas edições.

Tite Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Em 81 jogos, o gaúcho teve 60 vitórias, 15 empates e apenas seis derrotas, mas três delas tiveram grande peso: o título da Copa América perdido para a Argentina em 2021 e as eliminações para Bélgica e Croácia, seleções de menos tradição que o Brasil, nas quartas de final das Copas de 2018 e 2022, respectivamente. O único título conquistado por ele foi a Copa América de 2019.

A derrota por 2 a 1 para os belgas foi frustrante e gerou dúvidas na torcida brasileira, mas a CBF estava convicta de que era o momento de dar continuidade ao trabalho. Depois da queda para a Croácia, na Copa seguinte, contudo, a insatisfação foi maior de todos os lados. Mais uma vez, o que se viu foi uma seleção dependente de lampejos de Neymar, que marcou o gol brasileiro na prorrogação antes do vacilo geral que permitiu o empate por 1 a 1, seguido da derrota por 4 a 2 nos pênaltis.

Decisões de Tite, como tirar Vinícius Júnior da partida, também foram questionadas. Antes do início da Copa, contudo ele já vinha desgastando a própria imagem com suas escolhas. A mais polêmica delas foi convocar Daniel Alves, na época com 38 anos e muito distante de ser o jogador que fora em seu auge. O lateral-direito estava jogando no Pumas, do México, sem qualquer destaque e havia feito apenas 12 jogos. “Eu não vim para agradar as pessoas que estão no Twitter, nas redes sociais”, disse Tite, na época, ao comentar as reações negativas.

Ao longo do segundo ciclo, o treinador já estava longe de ser unanimidade, embora ainda contasse com apoio massivo. A imagem que construíra de um profissional diplomático e justo já não carregava a mesma força de outrora. Seu discurso passou a ser lido, em muitos momentos, como performático ou pedante. Também teve de rebater críticas que apontavam nepotismo no fato de ter seu filho, Matheus Bachi, como auxiliar na seleção.

No fim das contas, parar nas quartas de final em duas Copas seguidas com a seleção mais vitoriosa da história foi o mais determinante para o ciclo se encerrar, em um cenário no qual o Brasil busca, desesperadamente, se recolocar na posição que ocupa desde 1958.

Quando ficou definido que não ficaria no comando da seleção, Tite afirmou que não trabalharia em nenhum time brasileiro em 2023. Havia a expectativa de que, mesmo com as frustrações nos Mundiais, conseguiria abrir caminho para trabalhar no mercado europeu. Ao longo do período em que ficou sem emprego, recusou propostas do conturbado Corinthians, que via nele uma a figura de salvador.

Os “nãos” abalaram a relação com parte da torcida corintiana, ainda mais depois que ele foi anunciado como treinador do Flamengo. No futuro, ele pode até a voltar a trabalhar no Corinthians, mas terá de reconquistar aqueles que sempre o tiveram como um dos maiores treinadores da história do clube.

No Flamengo, o início do trabalho de Tite foi elogiado pela consistência defensiva no pouco competitivo Campeonato Carioca, único campeonato que conquistou em sua passagem pelo time rubro-negro. Em competições maiores, nunca deixou de andar na corda bamba, entre momentos bons e ruins.

Deixa o clube em quarto lugar do Brasileirão, com 48 pontos, a nove do líder Botafogo, e nas semifinais da Copa do Brasil, contra o Corinthians. Ainda não se manifestou sobre os planos para o futuro, mas, apesar de não ser mais unanimidade, tem espaço para voltar a trabalhar em gigantes do futebol brasileiro.

Tite foi anunciado como treinador da seleção brasileira em junho de 2016 e assumiu o posto como nome incontestável depois de ter feito o Corinthians campeão brasileiro de 2015, com um futebol que desvinculou sua imagem da fama de “retranqueiro” que tivera anteriormente. Três temporadas antes, levou o clube paulista às conquistas da Libertadores e do Mundial, em 2012. Passados oito anos, não goza mais do mesmo prestígio e foi demitido do Flamengo nesta segunda-feira, sob muitas críticas por não ter conseguido extrair mais de um elenco considerado um dos melhores do País.

O desgaste da imagem de Tite se deu durante sua experiência de seis anos - 2.275 dias - na seleção. Foi a passagem ininterrupta mais longa já concedida pela CBF a um treinador, o que o permitiu disputar duas Copas do Mundo seguidas. O trabalho, iniciado após a saída de Dunga, foi primoroso nas Eliminatórias para os Mundiais da Rússia-2018 e do Catar-2022. Sob o comando do ex-técnico do Corinthians nas qualificatórias sul-americanas, o Brasil jamais perdeu. Além disso, se classificou em primeiro nas duas edições.

Tite Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Em 81 jogos, o gaúcho teve 60 vitórias, 15 empates e apenas seis derrotas, mas três delas tiveram grande peso: o título da Copa América perdido para a Argentina em 2021 e as eliminações para Bélgica e Croácia, seleções de menos tradição que o Brasil, nas quartas de final das Copas de 2018 e 2022, respectivamente. O único título conquistado por ele foi a Copa América de 2019.

A derrota por 2 a 1 para os belgas foi frustrante e gerou dúvidas na torcida brasileira, mas a CBF estava convicta de que era o momento de dar continuidade ao trabalho. Depois da queda para a Croácia, na Copa seguinte, contudo, a insatisfação foi maior de todos os lados. Mais uma vez, o que se viu foi uma seleção dependente de lampejos de Neymar, que marcou o gol brasileiro na prorrogação antes do vacilo geral que permitiu o empate por 1 a 1, seguido da derrota por 4 a 2 nos pênaltis.

Decisões de Tite, como tirar Vinícius Júnior da partida, também foram questionadas. Antes do início da Copa, contudo ele já vinha desgastando a própria imagem com suas escolhas. A mais polêmica delas foi convocar Daniel Alves, na época com 38 anos e muito distante de ser o jogador que fora em seu auge. O lateral-direito estava jogando no Pumas, do México, sem qualquer destaque e havia feito apenas 12 jogos. “Eu não vim para agradar as pessoas que estão no Twitter, nas redes sociais”, disse Tite, na época, ao comentar as reações negativas.

Ao longo do segundo ciclo, o treinador já estava longe de ser unanimidade, embora ainda contasse com apoio massivo. A imagem que construíra de um profissional diplomático e justo já não carregava a mesma força de outrora. Seu discurso passou a ser lido, em muitos momentos, como performático ou pedante. Também teve de rebater críticas que apontavam nepotismo no fato de ter seu filho, Matheus Bachi, como auxiliar na seleção.

No fim das contas, parar nas quartas de final em duas Copas seguidas com a seleção mais vitoriosa da história foi o mais determinante para o ciclo se encerrar, em um cenário no qual o Brasil busca, desesperadamente, se recolocar na posição que ocupa desde 1958.

Quando ficou definido que não ficaria no comando da seleção, Tite afirmou que não trabalharia em nenhum time brasileiro em 2023. Havia a expectativa de que, mesmo com as frustrações nos Mundiais, conseguiria abrir caminho para trabalhar no mercado europeu. Ao longo do período em que ficou sem emprego, recusou propostas do conturbado Corinthians, que via nele uma a figura de salvador.

Os “nãos” abalaram a relação com parte da torcida corintiana, ainda mais depois que ele foi anunciado como treinador do Flamengo. No futuro, ele pode até a voltar a trabalhar no Corinthians, mas terá de reconquistar aqueles que sempre o tiveram como um dos maiores treinadores da história do clube.

No Flamengo, o início do trabalho de Tite foi elogiado pela consistência defensiva no pouco competitivo Campeonato Carioca, único campeonato que conquistou em sua passagem pelo time rubro-negro. Em competições maiores, nunca deixou de andar na corda bamba, entre momentos bons e ruins.

Deixa o clube em quarto lugar do Brasileirão, com 48 pontos, a nove do líder Botafogo, e nas semifinais da Copa do Brasil, contra o Corinthians. Ainda não se manifestou sobre os planos para o futuro, mas, apesar de não ser mais unanimidade, tem espaço para voltar a trabalhar em gigantes do futebol brasileiro.

Tite foi anunciado como treinador da seleção brasileira em junho de 2016 e assumiu o posto como nome incontestável depois de ter feito o Corinthians campeão brasileiro de 2015, com um futebol que desvinculou sua imagem da fama de “retranqueiro” que tivera anteriormente. Três temporadas antes, levou o clube paulista às conquistas da Libertadores e do Mundial, em 2012. Passados oito anos, não goza mais do mesmo prestígio e foi demitido do Flamengo nesta segunda-feira, sob muitas críticas por não ter conseguido extrair mais de um elenco considerado um dos melhores do País.

O desgaste da imagem de Tite se deu durante sua experiência de seis anos - 2.275 dias - na seleção. Foi a passagem ininterrupta mais longa já concedida pela CBF a um treinador, o que o permitiu disputar duas Copas do Mundo seguidas. O trabalho, iniciado após a saída de Dunga, foi primoroso nas Eliminatórias para os Mundiais da Rússia-2018 e do Catar-2022. Sob o comando do ex-técnico do Corinthians nas qualificatórias sul-americanas, o Brasil jamais perdeu. Além disso, se classificou em primeiro nas duas edições.

Tite Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Em 81 jogos, o gaúcho teve 60 vitórias, 15 empates e apenas seis derrotas, mas três delas tiveram grande peso: o título da Copa América perdido para a Argentina em 2021 e as eliminações para Bélgica e Croácia, seleções de menos tradição que o Brasil, nas quartas de final das Copas de 2018 e 2022, respectivamente. O único título conquistado por ele foi a Copa América de 2019.

A derrota por 2 a 1 para os belgas foi frustrante e gerou dúvidas na torcida brasileira, mas a CBF estava convicta de que era o momento de dar continuidade ao trabalho. Depois da queda para a Croácia, na Copa seguinte, contudo, a insatisfação foi maior de todos os lados. Mais uma vez, o que se viu foi uma seleção dependente de lampejos de Neymar, que marcou o gol brasileiro na prorrogação antes do vacilo geral que permitiu o empate por 1 a 1, seguido da derrota por 4 a 2 nos pênaltis.

Decisões de Tite, como tirar Vinícius Júnior da partida, também foram questionadas. Antes do início da Copa, contudo ele já vinha desgastando a própria imagem com suas escolhas. A mais polêmica delas foi convocar Daniel Alves, na época com 38 anos e muito distante de ser o jogador que fora em seu auge. O lateral-direito estava jogando no Pumas, do México, sem qualquer destaque e havia feito apenas 12 jogos. “Eu não vim para agradar as pessoas que estão no Twitter, nas redes sociais”, disse Tite, na época, ao comentar as reações negativas.

Ao longo do segundo ciclo, o treinador já estava longe de ser unanimidade, embora ainda contasse com apoio massivo. A imagem que construíra de um profissional diplomático e justo já não carregava a mesma força de outrora. Seu discurso passou a ser lido, em muitos momentos, como performático ou pedante. Também teve de rebater críticas que apontavam nepotismo no fato de ter seu filho, Matheus Bachi, como auxiliar na seleção.

No fim das contas, parar nas quartas de final em duas Copas seguidas com a seleção mais vitoriosa da história foi o mais determinante para o ciclo se encerrar, em um cenário no qual o Brasil busca, desesperadamente, se recolocar na posição que ocupa desde 1958.

Quando ficou definido que não ficaria no comando da seleção, Tite afirmou que não trabalharia em nenhum time brasileiro em 2023. Havia a expectativa de que, mesmo com as frustrações nos Mundiais, conseguiria abrir caminho para trabalhar no mercado europeu. Ao longo do período em que ficou sem emprego, recusou propostas do conturbado Corinthians, que via nele uma a figura de salvador.

Os “nãos” abalaram a relação com parte da torcida corintiana, ainda mais depois que ele foi anunciado como treinador do Flamengo. No futuro, ele pode até a voltar a trabalhar no Corinthians, mas terá de reconquistar aqueles que sempre o tiveram como um dos maiores treinadores da história do clube.

No Flamengo, o início do trabalho de Tite foi elogiado pela consistência defensiva no pouco competitivo Campeonato Carioca, único campeonato que conquistou em sua passagem pelo time rubro-negro. Em competições maiores, nunca deixou de andar na corda bamba, entre momentos bons e ruins.

Deixa o clube em quarto lugar do Brasileirão, com 48 pontos, a nove do líder Botafogo, e nas semifinais da Copa do Brasil, contra o Corinthians. Ainda não se manifestou sobre os planos para o futuro, mas, apesar de não ser mais unanimidade, tem espaço para voltar a trabalhar em gigantes do futebol brasileiro.

Análise por Bruno Accorsi

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