A atacante Gabi Portilho fez o gol que classificou a seleção brasileira para a semifinal das Olimpíadas de Paris 2024. Em um jogo tenso, o Brasil superou a França por 1 a 0 no estádio La Beaujoire, em Nantes. Aos 29 anos, a atleta do Corinthians se tornou a heroína da partida com o tento marcado aos 37 minutos da segunda etapa.
Após uma falha da defesa francesa, a atacante aproveitou a indecisão da zaga europeia, entrou livre na área e chutou na saída da goleira Picaud. A França até tentou empatar o jogo, mas, mesmo contando com 16 minutos de acréscimo, não conseguiu. Com o resultado, o Brasil enfrentará a Espanha na próxima partida.
É a primeira Olimpíada disputada disputado pela atleta. Portilho, que já havia sido convocada por Pia Sundhage, é um dos nomes de confiança de Arthur Elias para competir nos Jogos Olímpicos da França.
Nos últimos anos, ela foi uma das principais atacantes do time paulista. Ao lado do treinador, que treinou o Corinthians até assumir a seleção, conquistou duas Libertadores e quatro Campeonatos Brasileiros. O momento pode ser positivo para a camisa 18, mas não foi sempre assim. Gabi Portilho sabe bem a trajetória espinhosa que precisou percorrer para ser atualmente uma dos destaques da equipe.
De origem humilde, Gabi viu no futebol a chance de ajudar a família. E a escolha para cumprir esse objetivo foi, em plena adolescência, desbravar outros territórios a fim de mostrar seu talento nos gramados. “Na época não era nem um objetivo querer ser atleta de alto rendimento, meu sonho era conseguir ajudar em casa”, disse a atacante corintiana em entrevista exclusiva ao Estadão em 2021.
Ao longo da carreira, a jogadora atuou pelo Kindermann e São José Esporte Clube, sendo vice-campeã brasileira em ambos os times. Posteriormente, foi para a Espanha e atuou pelo Madrid CFF. Uma lesão, no entanto, prejudicou a sequência na Europa e Gabi retornou ao Brasil. Em 2020, foi anunciada pelo Corinthians e, desde então, vem fazendo história no clube alvinegro.
Os desafios dentro de campo, entretanto, não eram seu pior inimigo. Fora dos gramados, ela tinha também que encontrar forças para superar uma batalha interna. Com a depressão, ela pensou em abandonar o futebol.
“A maior dificuldade foi ter que ficar longe da minha família para ir atrás de uma vida melhor para eles. Era muito nova. Foram muitas adversidades, fora o preconceito, e confesso que pensei em desistir. Mas por outro lado, esses momentos difíceis me tornaram mais forte. Aprendi a ser resiliente. Percebi que momentos ruins servem como lições. Desistir nunca será uma boa opção”.