Tite se cercou de profissionais que pensam como ele na seleção. Faz sentido. É muito comum em sua função se apoiar e buscar respaldo para suas decisões. Há seu filho, há Cléber Xavier, seu fiel escudeiro e pessoa muito educada e gentil, tem César Sampaio, o “monstro” do Palestra Itália, tão sensível quanto o próprio Tite, e Juninho Paulista, amigo e ‘chefe’ do treinador, só que não.
São os principais personagens que rodeiam Tite no Catar. Nenhum deles com perfil de contestar o treinador.
Ocorre que Tite precisa de um antiTite no Mundial. Todos nós precisamos de alguém próximo que nos questione algumas decisões, principalmente quando ela vai na contramão do que se espera para um caminho lógico e acertado.
Tite não pode ser sozinho. Ele jura que todas as decisões da seleção são tomadas em conjunto. Mas não é isso que questiono. Digo que o antiTite deve dizer na cara de Tite o que ele não quer ouvir.
Vou dar um exemplo para que fique mais claro. Alguém da comissão técnica do Brasil precisa falar para o Tite que ele deveria escalar Vini Jr. na estreia contra a Sérvia e nos demais jogos da primeira fase, a não ser que ele jogue muito mal na quinta-feira, o que não deve acontecer. Vini é referenciado na Europa, e aplaudido na Espanha, é conhecido entre os adversários e até Benzema se rendeu ao colega. Só Tite parece ter dúvida na escalação, conforme as primeiras informações vinda dos treinos do Brasil tanto na Itália quanto agora em Doha, no Catar.
Ora, o que falta a Tite é um antiTite. Esse cara sem freios para falar o óbvio, ou mesmo para impedir que o treinador brasileiro saia do trilho ou deixe de enxergar o que para muitos parece claro e cristalino.
De todos os citados, talvez seu filho, Matheus, seja quem tenha mais essa condição, pela proximidade familiar mesmo. Cléber Xavier também tem essa proximidade de duas décadas juntos. Técnico e auxiliar. É ele que aparece em alguns registros cochichando no ouvido de Tite. Seria o mais indicado para tomar essa frente.
Tenho dúvidas se ambos, tanto Matheus quanto Cléber, apontariam equívocos e discordariam do comandante. Sem a proximidade que os jornalistas tinham na cobertura da seleção, não é possível apontar se esse tipo de conversa é feita entre os membros da comissão. De longe, de trás das grades, nos cercadinhos onde os repórteres ficam em busca das informações, ora até mandados se retirar dos treinos, me parece que todos pensam iguais e sem resistência a Tite.
Não quero ser injusto com o treinador nem com seus pares. Tomara que esteja errado. Tomara que Tite tenha um antiTite na delegação. Tomara que essa discussão sobre escalar ou não Vini seja apenas da porta da seleção para fora e que lá dentro o atleta já seja um dos 11 do técnico. Tomara.