Um dia depois de demitir Mano Menezes, o Corinthians sondou técnicos de diferentes estilos e pensamentos até chegar ao nome de António Oliveira. O clube acertou suas condições com o português de 41 anos e pagará R$ 1,1 milhão - valor da multa rescisória - ao Cuiabá para tirá-lo do time do Mato Grosso. O contrato com o profissional será de um ano.
A contratação foi acertada pelo diretor executivo Fabinho Soldado, que divide com o diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, a tarefa de reforçar o elenco corintiano. Soldado é próximo do advogado do treinador, Bruno Macedo.
O regulamento do Paulistão prevê que, para um clube inscrever um novo treinador na competição, ele deverá “comprovar a quitação ou formalização do acordo de rescisão trabalhista do profissional dispensado”. O problema é que o Corinthians diverge de Mano Menezes quanto ao valor da multa rescisória. O contrato com a equipe alvinegra, firmado ainda na gestão de Duílio Monteiro Alves, ia até o fim de 2025. Os representantes de Mano entendem que ele deve receber a quantia integral referente aos salários até o fim do vínculo, de aproximadamente R$ 20 milhões.
Carreira de António Oliveira
Natural de Lisboa, António Oliveira foi zagueiro cuja maior parte da carreira construiu em Portugal. Depois que se aposentou, passou a estudar e se tornou auxiliar técnico, com passagens por centros periféricos do futebol, como Eslovênia, Kuwait e Irã.
O português conhece bem o futebol brasileiro, já que trabalha no País desde 2020, quando chegou para ser auxiliar de Jesualdo Ferreira no Santos. No mesmo ano, ele também foi auxiliar no Athletico-PR, que decidiu, meses depois, dar a sua primeira oportunidade como técnico.
Oliveira teve destaque no Athletico-PR, mas decidiu pedir demissão em setembro de 2021, após a eliminação na semifinal do Campeonato Paranaense, concluindo um trabalho curto, de cinco meses. Em janeiro de 2022, o treinador retornou à sua terra natal para treinar o Benfica B, do qual saiu depois de apenas 18 jogos.
O único clube que o profissional comandou mais de uma vez foi o Cuiabá. Sua primeira passagem começou em junho de 2022 e foi encerrada no fim daquele mesmo ano, depois que a equipe conseguiu permanecer na Série A. Seu desafio seguinte foi treinar o Coritiba, arquirrival do Athletico-PR. Foi mais um trabalho abreviado do português, dispensado em abril de 2023, após quatro meses.
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Em maio do ano passado, Oliveira voltou ao Cuiabá com a mesma missão que tivera na primeira passagem: manter o time na elite do futebol brasileiro. A tarefa foi bem-sucedida e as expectativas, excedidas. Ele não só livrou o clube do Mato Grosso do rebaixamento como o levou à Sul-Americana, com campanha elogiável.
O Cuiabá emendou uma sequência invicta no meio do Brasileirão e terminou o torneio em 12º lugar. O português foi eleito o melhor técnico do mês de julho da competição, em votação realizada pela CBF com jornalistas e influenciadores.
Como jogam as equipes de António Oliveira
O jovem treinador valoriza a posse e, diferentemente do mais bem-sucedido de seus compatriotas no Brasil, Abel Ferreira, gosta que sua equipe permaneça com a bola. “Há uma característica que eu gosto muito em minhas equipes que é as que gostam de ter a bola, gostam de jogar, que propõe o jogo”, detalhou Oliveira em entrevista à ESPN.
Ele afirmou não abrir mão de comandar times capazes de propor o jogo e com jogadores que tenham recursos técnicos. “Isso é inegociável para mim, apesar de ser evidente que gosto de equipes competitivas, que, independentemente das circunstâncias, joguem sempre para ganhar”, pontuou.
O português assumiu ser um aficionado por futebol, tanto que assiste a jogos até mesmo quando esteve desempregado ou em seus momentos de lazer. “Eu passo meus dias, praticamente todos, a não ser quando levo meus filhos à escola ou ao treino de futebol, vendo jogos de futebol”. Sua família e o futebol, ele contou, são suas duas paixões. “Se meus filhos estão na escola, vejo o futebol”.
Oliveira foi elogiado por alguns de seus atletas pela maneira como administra o vestiário. Deyverson, por exemplo, elegeu o português como o melhor técnico como quem já trabalhou. Foi sob o seu comando, que o burlesco jogador foi um dos atacantes mais efetivos do Brasileirão de 2023. Foram 12 gols do camisa 9, que se tornou o maior goleador do Cuiabá em uma edição da competição.
À ESPN, Oliveira afirmou que sua relação com os atletas costuma ser de “muito respeito” e “de grande honestidade”. “Não consigo esconder aquilo que sou, não consigo mascarar. Muitas vezes, nós percebemos que o treinador é um ator. Mas eu não consigo esconder minhas emoções e meus sentimentos. Digo aquilo que penso e, acima de tudo, olha para eles como um ser humano que tem uma família e que, muitas vezes transporta o que vem de fora para dentro”.
Busca por técnico
Antes de definir o substituto de Mano Menezes, dirigentes corintianos se reuniram com membros da Gaviões da Fiel, principal organizada ligada ao clube. A diretoria afirma, porém, que o encontro serviu “apenas para conversas sobre o momento do time de futebol masculino”.
O nome de Alex Stival, o Cuca, foi discutido e considerado pela diretoria, mas o treinador não foi procurado pelo clube, que afirmou que o comandante de 60 anos “não era visto como opção”.