Pela primeira vez em sua história, a Espanha está em uma final de Copa do Mundo feminina. Na madrugada desta terça-feira, dia 15, as espanholas bateram a Suécia por 2 a 1 em jogo válido pela semifinal do Mundial de 2023 e garantiram a tão sonhada vaga na decisão do torneio, que acontece no domingo. Agora, elas esperam a vencedora do confronto entre Inglaterra e Austrália, que jogam nesta quarta, às 7h de Brasília.
Dormiu e não conseguiu acompanhar o Mundial feminino? O Estadão resume o 27º dia da competição para você e informa a programação dos dias seguintes.
Em final movimentado, Espanha fura defesa sueca e garante vaga na final pela 1ª vez
O melhor ataque da competição contra a melhor defesa do torneio. Essa era a promessa que o jogo entre Espanha e Suécia vendia e, ao longo de quase toda a partida, foi isso o que se viu. Ambas as seleções não fugiam de seus estilos, com as espanholas com posse de bola e as suecas com uma marcação firme e consistente. Com isso, o primeiro tempo foi travado e de poucas chances. O 0 a 0 no placar permaneceu.
No segundo tempo, uma Suécia mais atrevida até ensaiou um jogo mais ofensivo, mas a partida se manteve na tônica inicial — uma Espanha com dificuldade na finalização e uma Suécia que marcava bem, mas que não conseguia explorar os espaços deixados por suas rivais. Tudo mudou com a chegada de Salma Paralluelo.
Aos 19 anos, a atacante do Barcelona substituiu Alexia Putellas, melhor jogadora do mundo, e repetiu o que havia feito nas quartas de final contra a Holanda, marcando um gol decisivo que alterou o rumo do jogo. Aos 36, a jovem abriu o marcador com um gol que parecia sinalizar a classificação espanhola.
As suecas, no entanto, ainda encontraram forças para reagir e, sete minutos depois, conseguiram o gol de empate com a atacante Rebecka Blomqvist. O que elas não esperavam era que, um minuto após a igualdade, veriam a Espanha marcar um novo gol e, dessa vez, selar a classificação para a final inédita.
Com 19 anos, Paralluelo marca em mais um momento decisivo e se consagra
Ela fez de novo. Aos 19 anos, Salma Paralluelo marcou um gol em mais um momento decisivo e provou que é a talismã espanhola capaz de sair do banco e resolver partidas. Substituindo a estrela Alexia Putellas, Paralluelo marcou o gol que abriu o marcador e colocou a Espanha em vantagem contra a Suécia no jogo válido pela semifinal do Mundial.
Se hoje a atleta brilha nos campos de futebol e é considerada uma das mais promissoras jogadoras da nova geração espanhola, o futuro de Paralluelo nem sempre esteve dentro das quatro linhas de um campo. Durante sua adolescência, a jovem era uma exímia corredora e se destacava no atletismo. Ao longo de sua juventude, ela treinou e competiu em ambas as modalidades e queria ser um grande destaque nos dois esportes.
“Sempre me vi alcançando o topo nos dois esportes. Já me disseram que tenho um corpo feito para o atletismo, mas no futebol eles dizem também que tenho ótima forma física e capacidade de aprender quando se trata de treinamento”, afirmou em entrevista ao site da Fifa. O destino, no entanto, a fez escolher, como era natural em algum momento. Em julho do ano passado, Paralluelo sofreu uma lesão grave no ligamento cruzado anterior do joelho e, durante a sua recuperação, optou por voltar o foco somente para o futebol.
No futebol, começou na base do Real Zaragoza, mas logo chamou atenção do Villarreal. Lá, se destacou e, em 2022, foi contratada pelo Barcelona, onde foi peça fundamental na conquista da Liga dos Campeões e no Campeonato Espanhol. Na seleção espanhola principal, ela ainda é reserva, mas já mostrou que tem faro de gol e que cresce em momentos decisivos. Já nas categorias de base, Paralluelo foi um dos destaques das conquistas dos Mundiais Sub-20, em 2022, e Sub-17, em 2018.
Espanha busca superar boicote de jogadoras e briga com o técnico para levantar a taça
Quem vê a seleção espanhola em campo durante a Copa do Mundo feminina de 2023 não imagina que o clima no vestiário e tenso e dividido. Apesar da classificação histórica para a primeira final de um Mundial da equipe, há uma enorme rusga entre jogadoras, comissão técnica e a própria federação de futebol. A insatisfação espanhola veio à público em setembro do ano passado quando veículos esportivos divulgaram que 15 jogadoras espanholas haviam escrito uma carta para a federação de futebol do país pedindo melhorias estruturais na seleção.
A carta afirmava que o ambiente do time era “tóxico”, que os treinamentos e métodos utilizados pela comissão técnica eram defasados e terminava com um ultimato: ou o técnico Jorge Vilda, principal fonte dos problemas de acordo com as jogadoras, era demitido, ou as 15 atletas que assinaram o documento não jogariam mais pela Espanha. A repercussão com os torcedores espanhóis, no entanto, não foi das melhores, e parte das atletas que formularam o documento vieram à publico afirmar que não haviam pedido a demissão do técnico Vilda, somente uma reestruturação na seleção.
Nomes importantes da seleção como Alexia Putellas, Aitana Bonmatí, Jenni Hermoso e Irene Paredes não assinaram a carta, mas propagaram o texto para seus seguidores. De acordo com a imprensa espanhola, Putellas, Bonmatí e Paredes já teriam pedido a demissão de Vilda no fim de agosto. Há oito anos no comando da seleção da Espanha feminina, o técnico teve o apoio da federação e convocou a equipe para a Copa do Mundo com importantes ausências de jogadoras que optaram por não atuar no torneio. Dentre as 15 signatárias do documento, apenas três retornaram ao time.