Ronaldo tem lucro milionário com venda da SAF do Cruzeiro; veja patrimônio e empresas do ex-jogador


Com fortuna estimada em R$ 1 bilhão, ex-jogador administra conglomerado com nove empresas e investe em diferentes segmentos, como tecnologia, big data, e-sports, esportes e entretenimento

Por Ricardo Magatti
Atualização:

Responsável pelo primeiro caso de revenda de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no futebol brasileiro, Ronaldo abriu mão do Cruzeiro ao negociar suas ações (90%) com o empresário Pedro Lourenço, dono da rede Supermercados BH. O ex-jogador decidiu passar o bastão ao quinto maior varejista do País pela pressão que vinha sofrendo de parte da torcida cruzeirense e por ver vantagem financeira no acordo. O negócio gira em torno de R$ 600 milhões.

Aliviado com o acordo, Ronaldo afirmou que sentirá falta de todos os sentimentos - bons e ruins - que despertavam nele a cada partida que acompanhava.”Talvez eu pare de tomar remédio na hora do jogo, também”, brincou, ao falar sobre a angústia que sentia ao comandar a agremiação, com dívida bilionária e a constante pressão por resultados.

Ele pagara apenas R$ 50 milhões no fim de 2021 para comprar 90% das ações do Cruzeiro e venderá o controle da SAF cruzeirense a Lourenço por R$ 600 milhões. No ano passado, o empresário varejista já havia investido R$ 100 milhões, valor que foi convertido em 20% das ações nessa operação de compra. R$ 150 milhões devem ser pagos à vista e o restante, R$ 350 milhões, será pago em até dez anos. “Nós fizemos muito, e o máximo que podíamos, pelo Cruzeiro”, disse Ronaldo, depois de 28 meses no comando do clube que o revelou para o futebol.

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Pelo contrato, Ronaldo tinha, por meio da Tara Sports Brazil, a obrigação de, ao adquirir o Cruzeiro, investir imediatamente R$ 50 milhões, o que foi feito, segundo o balanço contábil de 2022 do Cruzeiro, em duas parcelas, de R$ 26 milhões e R$ 24 milhões.

O ex-jogador também havia assumido o compromisso de injetar R$ 350 milhões, em cinco anos, pela aquisição da SAF. Isso poderia poderia ser feito de duas maneiras: por meio de novos aportes, isto é, investindo de seu bolso, ou por meio de receitas incrementais, ou seja, valores superiores aos que o Cruzeiro faturava entre 2017 e 2021. Nesses cinco anos, o Cruzeiro registrou média de faturamento bruto anual de R$ 220 milhões.

Ronaldo Fenômeno administra conglomerado com nove empresas Foto: Fábio Figueiredo/Cruzeiro
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Dessa maneira, o faturamento que superasse a média de R$ 220 milhões entraria como receita incremental e seria abatido do investimento obrigatório de R$ 350 milhões. Ocorre que, em 2022, o primeiro ano da SAF do Cruzeiro administrada por Ronaldo, o faturamento foi de R$ 150,35 milhões, inferior a R$ 220 milhões. Não houve, portanto, receita incremental no período.

No acordo da venda de sua participação majoritária, o novo investidor, Pedro Lourenço, tem de cumprir essas exigências e seguir os termos do acordo de acionistas. Pedrinho, como é conhecido, assumirá todas as responsabilidades que eram da Tara Sports, empresa de Ronaldo e então dona da SAF.

“A dívida do Cruzeiro é enorme. Não é fácil de pagar, mas nós vamos pagar. Se não fosse a dívida, era fácil formar um time para brigar com os grandes. A gente tem que assumir os compromissos e pagar”, afirmou o novo dono do Cruzeiro.

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A operação ainda tem de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ter a concordância da Associação do Cruzeiro, que detém 10% das ações da SAF e comunicou que uma comissão formada por conselheiros para avaliar o contrato da venda. Caso consumado o negócio, Ronaldo continuará como membro do conselho de administração da SAF.

Ronaldo vendeu controle acionário da SAF do Cruzeiro para Pedro Lourenço Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

As empresas de Ronaldo

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Ronaldo foi um dos maiores atacantes de todos os tempos. Fora dos gramados, também alcançou carreira de sucesso. Com fortuna estimada em R$ 1 bilhão, o Fenômeno começou sua vida empresarial em 1998, naquele que seria o seu ano mais difícil dentro de campo, quando teve uma convulsão antes da final da Copa do Mundo na França e, mesmo assim, jogou.

Então vieram empreendimentos como a boate R9, em 1998, já extinta, no Leblon, e o centro de fisioterapia R9, criado em 2002, após ele se recuperar de ruptura no joelho e ser campeão mundial, que se mantém ativo no Rio. Eram negócios ligados à própria vida de Ronaldo: o gosto pela diversão com amigos e a preocupação em cuidar do corpo, principalmente em relação à recuperação física.

Já em 2010, em meio à sua trajetória no Corinthians, por onde atuou entre 2009 e 2011, após jogar no Milan, ele investiu na agência de marketing 9ine, que passou a gerir a carreira de atletas e de artistas. Como a boate, a agência não prosperou e fechou tempos depois, mas chegou a cuidar da imagem de grandes estrelas do esporte e do entretenimento, como Neymar, a cantora Cláudia Leitte e a atriz Paolla Oliveira.

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Hoje, Ronaldo administra cinco empresas: Tara Sports, R9 Gestão Patrimonial & Financeira, Fundação Fenômenos, Ronaldo Academy e Oddz Network, uma holding que exerce controle sobre outros quatro empreendimentos. São eles: Octagon, Ronaldo TV, Beyond Films, Wayz (agencia de viagens corporativas) e Talentz. O Fenômeno está à frente, portanto, de nove empresas.

A Odzz trabalha com temas como big data, games, eSports, gestão e experiências esportivas, tecnologia e produção de conteúdo audiovisual. Um dos muitos clientes de Ronaldo é Rodrygo, astro do Real Madrid agenciado pela Octagon. Já a Tara Sports, sediada em Madri, na Espanha, o empresário usa para gerir o Valladolid, primeiro clube que comprou. Como fez com o Cruzeiro, o Fenômeno também quer se desfazer de suas ações no time espanhol. “O Valladolid é o próximo”, avisou. A expectativa é que a venda dos 72% pertencentes a Ronaldo rendam 100 milhões de euros.

Ronaldo decidiu deixar o Cruzeiro depois de 28 meses à frente da SAF  Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro
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Ronaldo foi dono de diversos empreendimentos. Viu alguns naufragarem, mas a maior parte de seus negócios prosperou. Segundo as pessoas com quem conviveu e convive, ele tem uma visão diferenciada econômica e financeiramente em relação à maioria dos jogadores de futebol.

“Ele é muito plural, tem muitos negócios. Nunca foi ‘só' um jogador de futebol. Tem uma riqueza de informações sobre vários assuntos. É muito difícil encontrar um cara assim. Ele fala vários idiomas, sobre vários assuntos e teve a vida como a escola”, disse em entrevista recente ao Estadão Viviane Leal, cofundadora e da R9 Gestão Patrimonial & Financeira, startup responsável por cuidar desde 2018 das finanças e patrimônios de jogadores de futebol. Ela é sócia da empresa com Ronaldo e Gabriel Jesus. “A bagagem dele é impressionante. Ele senta para jantar com qualquer pessoa, do Papa ao Brad Pitt”.

Recentemente, a R9 Gestão Patrimonial & Financeira se uniu a Galapagos Capital e virou Galaticos Capital, numa clara alusão aos galácticos do Real Madrid do começo do século, com Ronaldo, Roberto Carlos, Zinedine Zidane e David Beckham.

“Acho que da indústria do futebol eu entendo. Não quer dizer que sei de tudo, mas muito provavelmente seguirei no futebol. Algo dentro da indústria do futebol estarei fazendo, só tentarei ser mais responsável daqui para frente”, declarou Ronaldo no dia em que confirmou que deixaria o comando do Cruzeiro.

Responsável pelo primeiro caso de revenda de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no futebol brasileiro, Ronaldo abriu mão do Cruzeiro ao negociar suas ações (90%) com o empresário Pedro Lourenço, dono da rede Supermercados BH. O ex-jogador decidiu passar o bastão ao quinto maior varejista do País pela pressão que vinha sofrendo de parte da torcida cruzeirense e por ver vantagem financeira no acordo. O negócio gira em torno de R$ 600 milhões.

Aliviado com o acordo, Ronaldo afirmou que sentirá falta de todos os sentimentos - bons e ruins - que despertavam nele a cada partida que acompanhava.”Talvez eu pare de tomar remédio na hora do jogo, também”, brincou, ao falar sobre a angústia que sentia ao comandar a agremiação, com dívida bilionária e a constante pressão por resultados.

Ele pagara apenas R$ 50 milhões no fim de 2021 para comprar 90% das ações do Cruzeiro e venderá o controle da SAF cruzeirense a Lourenço por R$ 600 milhões. No ano passado, o empresário varejista já havia investido R$ 100 milhões, valor que foi convertido em 20% das ações nessa operação de compra. R$ 150 milhões devem ser pagos à vista e o restante, R$ 350 milhões, será pago em até dez anos. “Nós fizemos muito, e o máximo que podíamos, pelo Cruzeiro”, disse Ronaldo, depois de 28 meses no comando do clube que o revelou para o futebol.

Pelo contrato, Ronaldo tinha, por meio da Tara Sports Brazil, a obrigação de, ao adquirir o Cruzeiro, investir imediatamente R$ 50 milhões, o que foi feito, segundo o balanço contábil de 2022 do Cruzeiro, em duas parcelas, de R$ 26 milhões e R$ 24 milhões.

O ex-jogador também havia assumido o compromisso de injetar R$ 350 milhões, em cinco anos, pela aquisição da SAF. Isso poderia poderia ser feito de duas maneiras: por meio de novos aportes, isto é, investindo de seu bolso, ou por meio de receitas incrementais, ou seja, valores superiores aos que o Cruzeiro faturava entre 2017 e 2021. Nesses cinco anos, o Cruzeiro registrou média de faturamento bruto anual de R$ 220 milhões.

Ronaldo Fenômeno administra conglomerado com nove empresas Foto: Fábio Figueiredo/Cruzeiro

Dessa maneira, o faturamento que superasse a média de R$ 220 milhões entraria como receita incremental e seria abatido do investimento obrigatório de R$ 350 milhões. Ocorre que, em 2022, o primeiro ano da SAF do Cruzeiro administrada por Ronaldo, o faturamento foi de R$ 150,35 milhões, inferior a R$ 220 milhões. Não houve, portanto, receita incremental no período.

No acordo da venda de sua participação majoritária, o novo investidor, Pedro Lourenço, tem de cumprir essas exigências e seguir os termos do acordo de acionistas. Pedrinho, como é conhecido, assumirá todas as responsabilidades que eram da Tara Sports, empresa de Ronaldo e então dona da SAF.

“A dívida do Cruzeiro é enorme. Não é fácil de pagar, mas nós vamos pagar. Se não fosse a dívida, era fácil formar um time para brigar com os grandes. A gente tem que assumir os compromissos e pagar”, afirmou o novo dono do Cruzeiro.

A operação ainda tem de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ter a concordância da Associação do Cruzeiro, que detém 10% das ações da SAF e comunicou que uma comissão formada por conselheiros para avaliar o contrato da venda. Caso consumado o negócio, Ronaldo continuará como membro do conselho de administração da SAF.

Ronaldo vendeu controle acionário da SAF do Cruzeiro para Pedro Lourenço Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

As empresas de Ronaldo

Ronaldo foi um dos maiores atacantes de todos os tempos. Fora dos gramados, também alcançou carreira de sucesso. Com fortuna estimada em R$ 1 bilhão, o Fenômeno começou sua vida empresarial em 1998, naquele que seria o seu ano mais difícil dentro de campo, quando teve uma convulsão antes da final da Copa do Mundo na França e, mesmo assim, jogou.

Então vieram empreendimentos como a boate R9, em 1998, já extinta, no Leblon, e o centro de fisioterapia R9, criado em 2002, após ele se recuperar de ruptura no joelho e ser campeão mundial, que se mantém ativo no Rio. Eram negócios ligados à própria vida de Ronaldo: o gosto pela diversão com amigos e a preocupação em cuidar do corpo, principalmente em relação à recuperação física.

Já em 2010, em meio à sua trajetória no Corinthians, por onde atuou entre 2009 e 2011, após jogar no Milan, ele investiu na agência de marketing 9ine, que passou a gerir a carreira de atletas e de artistas. Como a boate, a agência não prosperou e fechou tempos depois, mas chegou a cuidar da imagem de grandes estrelas do esporte e do entretenimento, como Neymar, a cantora Cláudia Leitte e a atriz Paolla Oliveira.

Hoje, Ronaldo administra cinco empresas: Tara Sports, R9 Gestão Patrimonial & Financeira, Fundação Fenômenos, Ronaldo Academy e Oddz Network, uma holding que exerce controle sobre outros quatro empreendimentos. São eles: Octagon, Ronaldo TV, Beyond Films, Wayz (agencia de viagens corporativas) e Talentz. O Fenômeno está à frente, portanto, de nove empresas.

A Odzz trabalha com temas como big data, games, eSports, gestão e experiências esportivas, tecnologia e produção de conteúdo audiovisual. Um dos muitos clientes de Ronaldo é Rodrygo, astro do Real Madrid agenciado pela Octagon. Já a Tara Sports, sediada em Madri, na Espanha, o empresário usa para gerir o Valladolid, primeiro clube que comprou. Como fez com o Cruzeiro, o Fenômeno também quer se desfazer de suas ações no time espanhol. “O Valladolid é o próximo”, avisou. A expectativa é que a venda dos 72% pertencentes a Ronaldo rendam 100 milhões de euros.

Ronaldo decidiu deixar o Cruzeiro depois de 28 meses à frente da SAF  Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Ronaldo foi dono de diversos empreendimentos. Viu alguns naufragarem, mas a maior parte de seus negócios prosperou. Segundo as pessoas com quem conviveu e convive, ele tem uma visão diferenciada econômica e financeiramente em relação à maioria dos jogadores de futebol.

“Ele é muito plural, tem muitos negócios. Nunca foi ‘só' um jogador de futebol. Tem uma riqueza de informações sobre vários assuntos. É muito difícil encontrar um cara assim. Ele fala vários idiomas, sobre vários assuntos e teve a vida como a escola”, disse em entrevista recente ao Estadão Viviane Leal, cofundadora e da R9 Gestão Patrimonial & Financeira, startup responsável por cuidar desde 2018 das finanças e patrimônios de jogadores de futebol. Ela é sócia da empresa com Ronaldo e Gabriel Jesus. “A bagagem dele é impressionante. Ele senta para jantar com qualquer pessoa, do Papa ao Brad Pitt”.

Recentemente, a R9 Gestão Patrimonial & Financeira se uniu a Galapagos Capital e virou Galaticos Capital, numa clara alusão aos galácticos do Real Madrid do começo do século, com Ronaldo, Roberto Carlos, Zinedine Zidane e David Beckham.

“Acho que da indústria do futebol eu entendo. Não quer dizer que sei de tudo, mas muito provavelmente seguirei no futebol. Algo dentro da indústria do futebol estarei fazendo, só tentarei ser mais responsável daqui para frente”, declarou Ronaldo no dia em que confirmou que deixaria o comando do Cruzeiro.

Responsável pelo primeiro caso de revenda de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no futebol brasileiro, Ronaldo abriu mão do Cruzeiro ao negociar suas ações (90%) com o empresário Pedro Lourenço, dono da rede Supermercados BH. O ex-jogador decidiu passar o bastão ao quinto maior varejista do País pela pressão que vinha sofrendo de parte da torcida cruzeirense e por ver vantagem financeira no acordo. O negócio gira em torno de R$ 600 milhões.

Aliviado com o acordo, Ronaldo afirmou que sentirá falta de todos os sentimentos - bons e ruins - que despertavam nele a cada partida que acompanhava.”Talvez eu pare de tomar remédio na hora do jogo, também”, brincou, ao falar sobre a angústia que sentia ao comandar a agremiação, com dívida bilionária e a constante pressão por resultados.

Ele pagara apenas R$ 50 milhões no fim de 2021 para comprar 90% das ações do Cruzeiro e venderá o controle da SAF cruzeirense a Lourenço por R$ 600 milhões. No ano passado, o empresário varejista já havia investido R$ 100 milhões, valor que foi convertido em 20% das ações nessa operação de compra. R$ 150 milhões devem ser pagos à vista e o restante, R$ 350 milhões, será pago em até dez anos. “Nós fizemos muito, e o máximo que podíamos, pelo Cruzeiro”, disse Ronaldo, depois de 28 meses no comando do clube que o revelou para o futebol.

Pelo contrato, Ronaldo tinha, por meio da Tara Sports Brazil, a obrigação de, ao adquirir o Cruzeiro, investir imediatamente R$ 50 milhões, o que foi feito, segundo o balanço contábil de 2022 do Cruzeiro, em duas parcelas, de R$ 26 milhões e R$ 24 milhões.

O ex-jogador também havia assumido o compromisso de injetar R$ 350 milhões, em cinco anos, pela aquisição da SAF. Isso poderia poderia ser feito de duas maneiras: por meio de novos aportes, isto é, investindo de seu bolso, ou por meio de receitas incrementais, ou seja, valores superiores aos que o Cruzeiro faturava entre 2017 e 2021. Nesses cinco anos, o Cruzeiro registrou média de faturamento bruto anual de R$ 220 milhões.

Ronaldo Fenômeno administra conglomerado com nove empresas Foto: Fábio Figueiredo/Cruzeiro

Dessa maneira, o faturamento que superasse a média de R$ 220 milhões entraria como receita incremental e seria abatido do investimento obrigatório de R$ 350 milhões. Ocorre que, em 2022, o primeiro ano da SAF do Cruzeiro administrada por Ronaldo, o faturamento foi de R$ 150,35 milhões, inferior a R$ 220 milhões. Não houve, portanto, receita incremental no período.

No acordo da venda de sua participação majoritária, o novo investidor, Pedro Lourenço, tem de cumprir essas exigências e seguir os termos do acordo de acionistas. Pedrinho, como é conhecido, assumirá todas as responsabilidades que eram da Tara Sports, empresa de Ronaldo e então dona da SAF.

“A dívida do Cruzeiro é enorme. Não é fácil de pagar, mas nós vamos pagar. Se não fosse a dívida, era fácil formar um time para brigar com os grandes. A gente tem que assumir os compromissos e pagar”, afirmou o novo dono do Cruzeiro.

A operação ainda tem de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e ter a concordância da Associação do Cruzeiro, que detém 10% das ações da SAF e comunicou que uma comissão formada por conselheiros para avaliar o contrato da venda. Caso consumado o negócio, Ronaldo continuará como membro do conselho de administração da SAF.

Ronaldo vendeu controle acionário da SAF do Cruzeiro para Pedro Lourenço Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

As empresas de Ronaldo

Ronaldo foi um dos maiores atacantes de todos os tempos. Fora dos gramados, também alcançou carreira de sucesso. Com fortuna estimada em R$ 1 bilhão, o Fenômeno começou sua vida empresarial em 1998, naquele que seria o seu ano mais difícil dentro de campo, quando teve uma convulsão antes da final da Copa do Mundo na França e, mesmo assim, jogou.

Então vieram empreendimentos como a boate R9, em 1998, já extinta, no Leblon, e o centro de fisioterapia R9, criado em 2002, após ele se recuperar de ruptura no joelho e ser campeão mundial, que se mantém ativo no Rio. Eram negócios ligados à própria vida de Ronaldo: o gosto pela diversão com amigos e a preocupação em cuidar do corpo, principalmente em relação à recuperação física.

Já em 2010, em meio à sua trajetória no Corinthians, por onde atuou entre 2009 e 2011, após jogar no Milan, ele investiu na agência de marketing 9ine, que passou a gerir a carreira de atletas e de artistas. Como a boate, a agência não prosperou e fechou tempos depois, mas chegou a cuidar da imagem de grandes estrelas do esporte e do entretenimento, como Neymar, a cantora Cláudia Leitte e a atriz Paolla Oliveira.

Hoje, Ronaldo administra cinco empresas: Tara Sports, R9 Gestão Patrimonial & Financeira, Fundação Fenômenos, Ronaldo Academy e Oddz Network, uma holding que exerce controle sobre outros quatro empreendimentos. São eles: Octagon, Ronaldo TV, Beyond Films, Wayz (agencia de viagens corporativas) e Talentz. O Fenômeno está à frente, portanto, de nove empresas.

A Odzz trabalha com temas como big data, games, eSports, gestão e experiências esportivas, tecnologia e produção de conteúdo audiovisual. Um dos muitos clientes de Ronaldo é Rodrygo, astro do Real Madrid agenciado pela Octagon. Já a Tara Sports, sediada em Madri, na Espanha, o empresário usa para gerir o Valladolid, primeiro clube que comprou. Como fez com o Cruzeiro, o Fenômeno também quer se desfazer de suas ações no time espanhol. “O Valladolid é o próximo”, avisou. A expectativa é que a venda dos 72% pertencentes a Ronaldo rendam 100 milhões de euros.

Ronaldo decidiu deixar o Cruzeiro depois de 28 meses à frente da SAF  Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Ronaldo foi dono de diversos empreendimentos. Viu alguns naufragarem, mas a maior parte de seus negócios prosperou. Segundo as pessoas com quem conviveu e convive, ele tem uma visão diferenciada econômica e financeiramente em relação à maioria dos jogadores de futebol.

“Ele é muito plural, tem muitos negócios. Nunca foi ‘só' um jogador de futebol. Tem uma riqueza de informações sobre vários assuntos. É muito difícil encontrar um cara assim. Ele fala vários idiomas, sobre vários assuntos e teve a vida como a escola”, disse em entrevista recente ao Estadão Viviane Leal, cofundadora e da R9 Gestão Patrimonial & Financeira, startup responsável por cuidar desde 2018 das finanças e patrimônios de jogadores de futebol. Ela é sócia da empresa com Ronaldo e Gabriel Jesus. “A bagagem dele é impressionante. Ele senta para jantar com qualquer pessoa, do Papa ao Brad Pitt”.

Recentemente, a R9 Gestão Patrimonial & Financeira se uniu a Galapagos Capital e virou Galaticos Capital, numa clara alusão aos galácticos do Real Madrid do começo do século, com Ronaldo, Roberto Carlos, Zinedine Zidane e David Beckham.

“Acho que da indústria do futebol eu entendo. Não quer dizer que sei de tudo, mas muito provavelmente seguirei no futebol. Algo dentro da indústria do futebol estarei fazendo, só tentarei ser mais responsável daqui para frente”, declarou Ronaldo no dia em que confirmou que deixaria o comando do Cruzeiro.

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