Análise|Suspensão de Paquetá é chance para Dorival Jr. corrigir seus erros na seleção brasileira


Time pentacampeão mundial não deveria relegar o craque do time ao papel de coadjuvante e tampouco contar com atletas que demonstram desinteresse em vestir a camisa ou envolvidos em sérias investigações

Por Marcos Antomil
Atualização:

Após receber o segundo cartão amarelo nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, o meia Lucas Paquetá não poderá atuar diante do Peru na próxima terça-feira, às 21h45 (de Brasília), na Arena BRB Mané Garrincha. Tal situação pode ser muito útil ao técnico Dorival Júnior para que o comandante da seleção brasileira se mostre descompromissado com os erros cometidos até aqui e disposto a corrigi-los a tempo de salvar seu emprego e dar ao País a classificação para outro Mundial.

Na vitória nada convincente sobre o Chile, em Santiago, por 2 a 1, Dorival armou a seleção brasileira com Lucas Paquetá em uma posição mais recuada, ao lado de André, como uma dupla de volantes. No entanto, novamente o meio-campo inoperante custou o sossego da equipe brasileira, que precisou buscar a virada para sair de campo com os três pontos diante do pior conjunto das Eliminatórias.

Dorival Júnior vive situação delicada na seleção brasileira e precisa de resultado e bom futebol para ganhar mais tempo. Foto: Nelson Almeida/AFP
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Para o jogo diante da seleção peruana, Dorival convocou o meia Matheus Pereira, que vem fazendo boa temporada com a camisa do Cruzeiro. Trata-se de um atleta que atua em posição mais ofensiva, mas que não deve ganhar muitos minutos no gramado da capital federal. Lucas Paquetá, Bruno Guimarães e André já mostraram que não conseguem ajudar o meio-campo do Brasil a criar lances e facilitar a vida dos atacantes na busca por gols.

Além disso, Paquetá está sendo investigado pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) por má conduta em quatro jogos do West Ham, no Campeonato Inglês, entre 2022 e 2023. O atleta é acusado de envolvimento em esquema de aposta esportiva, em que receberia cartões amarelos para ajudar parentes a ganhar dinheiro em sites de bets. Luiz Henrique, hoje no Botafogo e à serviço da seleção, também é apontado como participante no esquema enquanto era atleta do Betis, da Espanha. Ambos negam as acusações. Paquetá pode até ser banido do futebol em breve caso se comprovem as denúncias. O jogador foi convocado nesta semana pelo Senado Federal para prestar depoimento junto à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. O tio do atleta, Bruno Tolentino, também foi chamado.

Durante sua passagem pela seleção brasileira, Fernando Diniz não convocou Lucas Paquetá diante das acusações. O caminho, porém, não foi seguido por Dorival, que conta sempre com o atleta e adicionou Luiz Henrique também às suas listas. Seria de bom tom que o treinador repetisse o padrão de seu antecessor neste caso.

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Sem Paquetá e Vini Jr, Rodrygo deveria mudar de posição na seleção

Assim como fez com Vinícius Júnior, Dorival insiste em relegar ao melhor jogador tecnicamente da equipe a ponta esquerda. Dessa vez, é Rodrygo quem faz companhia à risca lateral e às placas de publicidade. O camisa 10 é o destaque da seleção nos últimos compromissos e, diante dessa realidade, deveria ocupar um espaço em campo que faça jus à numeração que utiliza.

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Dorival convocou uma seleção repleta de volantes e com poucos atletas com capacidade de articulação. As opções para o setor na lista atual são: André, Bruno Guimarães, Gerson e Andreas Pereira. O desafio do treinador é transformar essa equipe de posse de bola estéril em um time capaz de mostrar criatividade, articulação e volume de jogadas ofensivas. No duelo com o Chile, o Brasil teve mais de 70% de posse de bola, quase 600 passes e somente quatro chutes na direção do gol. Traços de um futebol pobre e retrato semelhante ao trabalho anterior do treinador, no São Paulo, em 2023.

Rodrygo não tem atuado em uma posição que favoreça seu futebol na seleção brasileira. Foto: Javier Torres/AFP

Os peruanos não são afeitos a ficar com a bola, e o cenário de posse de bola absoluta com a seleção brasileira deve se repetir. Cabe ao treinador e aos atletas mudar a postura, abrir mão dos passes para o lado e jogar de forma ofensiva, vertical e objetiva. Mesmo se isso não acontecer, o Brasil deve sair de campo com a vitória - dada a debilidade do adversário -, mas essa partida se torna a melhor oportunidade para Dorival reconhecer seus erros, mudar a escalação e a forma de jogar e sinalizar aos dirigentes da CBF e à torcida que ainda pode ser o treinador da seleção na Copa de 2026.

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Seleção empobrecida não tem o mesmo respeito dos atletas

Durante coletiva de imprensa neste sábado, o atacante Gabriel Martinelli ousou comparar a seleção brasileira com seu clube, o Arsenal, da Inglaterra. “Uma coisa que temos muito no Arsenal é que temos de ganhar em qualquer contexto. Aqui na seleção não é diferente. Claro que queremos jogar bem e mostrar um bom futebol para os torcedores e trabalhamos para que isso aconteça, mas temos de ganhar as partidas, que é o mais importante”, afirmou.

O jogador cometeu um deslize duplo em sua afirmação. O primeiro deles é sintomático para uma seleção que abusa da convocação de atletas desacostumados a lutar e conquistar títulos. Comparar a seleção cinco vezes campeã mundial a um time que não ganha a Premier League há 20 anos e jamais conquistou um título continental é um disparate. A segunda incongruência diz respeito ao pensamento de que basta a vitória, de qualquer forma, jogando bem ou mal. Na seleção brasileira, só vencer não basta, senão estaríamos todos sorridentes com a soberania da equipe nas Eliminatórias passadas. Ganhar do Chile jogando mal é um péssimo sinal. Repetir a estratégia contra o Peru será ainda pior.

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Savinho em ação na vitória do Brasil sobre o Chile, em Santiago, na última quinta-feira. Foto: Esteban Felix/AP

Outro desatino repetido nesta Data Fifa saiu da boca de uma das figuras mais destacáveis desta temporada. Savinho, que trocou a filial Girona pela matriz Manchester no Grupo City, disse, em meio a risadas, que não assistiu aos jogos mais recentes do Brasil... “Desculpa que eu não vi o jogo, era muito tarde lá na Inglaterra”, afirmou. Obra de puro desinteresse, afinal na Inglaterra - como em qualquer lugar do mundo - há internet e tecnologia para gravar e assistir a jogos fora do horário original de exibição. Enquanto atletas que não compreendem a dimensão de vestir a camisa da seleção continuarem na lista de convocados, não se deve criar expectativas sobre o time nacional.

Após receber o segundo cartão amarelo nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, o meia Lucas Paquetá não poderá atuar diante do Peru na próxima terça-feira, às 21h45 (de Brasília), na Arena BRB Mané Garrincha. Tal situação pode ser muito útil ao técnico Dorival Júnior para que o comandante da seleção brasileira se mostre descompromissado com os erros cometidos até aqui e disposto a corrigi-los a tempo de salvar seu emprego e dar ao País a classificação para outro Mundial.

Na vitória nada convincente sobre o Chile, em Santiago, por 2 a 1, Dorival armou a seleção brasileira com Lucas Paquetá em uma posição mais recuada, ao lado de André, como uma dupla de volantes. No entanto, novamente o meio-campo inoperante custou o sossego da equipe brasileira, que precisou buscar a virada para sair de campo com os três pontos diante do pior conjunto das Eliminatórias.

Dorival Júnior vive situação delicada na seleção brasileira e precisa de resultado e bom futebol para ganhar mais tempo. Foto: Nelson Almeida/AFP

Para o jogo diante da seleção peruana, Dorival convocou o meia Matheus Pereira, que vem fazendo boa temporada com a camisa do Cruzeiro. Trata-se de um atleta que atua em posição mais ofensiva, mas que não deve ganhar muitos minutos no gramado da capital federal. Lucas Paquetá, Bruno Guimarães e André já mostraram que não conseguem ajudar o meio-campo do Brasil a criar lances e facilitar a vida dos atacantes na busca por gols.

Além disso, Paquetá está sendo investigado pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) por má conduta em quatro jogos do West Ham, no Campeonato Inglês, entre 2022 e 2023. O atleta é acusado de envolvimento em esquema de aposta esportiva, em que receberia cartões amarelos para ajudar parentes a ganhar dinheiro em sites de bets. Luiz Henrique, hoje no Botafogo e à serviço da seleção, também é apontado como participante no esquema enquanto era atleta do Betis, da Espanha. Ambos negam as acusações. Paquetá pode até ser banido do futebol em breve caso se comprovem as denúncias. O jogador foi convocado nesta semana pelo Senado Federal para prestar depoimento junto à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. O tio do atleta, Bruno Tolentino, também foi chamado.

Durante sua passagem pela seleção brasileira, Fernando Diniz não convocou Lucas Paquetá diante das acusações. O caminho, porém, não foi seguido por Dorival, que conta sempre com o atleta e adicionou Luiz Henrique também às suas listas. Seria de bom tom que o treinador repetisse o padrão de seu antecessor neste caso.

Sem Paquetá e Vini Jr, Rodrygo deveria mudar de posição na seleção

Assim como fez com Vinícius Júnior, Dorival insiste em relegar ao melhor jogador tecnicamente da equipe a ponta esquerda. Dessa vez, é Rodrygo quem faz companhia à risca lateral e às placas de publicidade. O camisa 10 é o destaque da seleção nos últimos compromissos e, diante dessa realidade, deveria ocupar um espaço em campo que faça jus à numeração que utiliza.

Dorival convocou uma seleção repleta de volantes e com poucos atletas com capacidade de articulação. As opções para o setor na lista atual são: André, Bruno Guimarães, Gerson e Andreas Pereira. O desafio do treinador é transformar essa equipe de posse de bola estéril em um time capaz de mostrar criatividade, articulação e volume de jogadas ofensivas. No duelo com o Chile, o Brasil teve mais de 70% de posse de bola, quase 600 passes e somente quatro chutes na direção do gol. Traços de um futebol pobre e retrato semelhante ao trabalho anterior do treinador, no São Paulo, em 2023.

Rodrygo não tem atuado em uma posição que favoreça seu futebol na seleção brasileira. Foto: Javier Torres/AFP

Os peruanos não são afeitos a ficar com a bola, e o cenário de posse de bola absoluta com a seleção brasileira deve se repetir. Cabe ao treinador e aos atletas mudar a postura, abrir mão dos passes para o lado e jogar de forma ofensiva, vertical e objetiva. Mesmo se isso não acontecer, o Brasil deve sair de campo com a vitória - dada a debilidade do adversário -, mas essa partida se torna a melhor oportunidade para Dorival reconhecer seus erros, mudar a escalação e a forma de jogar e sinalizar aos dirigentes da CBF e à torcida que ainda pode ser o treinador da seleção na Copa de 2026.

Seleção empobrecida não tem o mesmo respeito dos atletas

Durante coletiva de imprensa neste sábado, o atacante Gabriel Martinelli ousou comparar a seleção brasileira com seu clube, o Arsenal, da Inglaterra. “Uma coisa que temos muito no Arsenal é que temos de ganhar em qualquer contexto. Aqui na seleção não é diferente. Claro que queremos jogar bem e mostrar um bom futebol para os torcedores e trabalhamos para que isso aconteça, mas temos de ganhar as partidas, que é o mais importante”, afirmou.

O jogador cometeu um deslize duplo em sua afirmação. O primeiro deles é sintomático para uma seleção que abusa da convocação de atletas desacostumados a lutar e conquistar títulos. Comparar a seleção cinco vezes campeã mundial a um time que não ganha a Premier League há 20 anos e jamais conquistou um título continental é um disparate. A segunda incongruência diz respeito ao pensamento de que basta a vitória, de qualquer forma, jogando bem ou mal. Na seleção brasileira, só vencer não basta, senão estaríamos todos sorridentes com a soberania da equipe nas Eliminatórias passadas. Ganhar do Chile jogando mal é um péssimo sinal. Repetir a estratégia contra o Peru será ainda pior.

Savinho em ação na vitória do Brasil sobre o Chile, em Santiago, na última quinta-feira. Foto: Esteban Felix/AP

Outro desatino repetido nesta Data Fifa saiu da boca de uma das figuras mais destacáveis desta temporada. Savinho, que trocou a filial Girona pela matriz Manchester no Grupo City, disse, em meio a risadas, que não assistiu aos jogos mais recentes do Brasil... “Desculpa que eu não vi o jogo, era muito tarde lá na Inglaterra”, afirmou. Obra de puro desinteresse, afinal na Inglaterra - como em qualquer lugar do mundo - há internet e tecnologia para gravar e assistir a jogos fora do horário original de exibição. Enquanto atletas que não compreendem a dimensão de vestir a camisa da seleção continuarem na lista de convocados, não se deve criar expectativas sobre o time nacional.

Após receber o segundo cartão amarelo nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, o meia Lucas Paquetá não poderá atuar diante do Peru na próxima terça-feira, às 21h45 (de Brasília), na Arena BRB Mané Garrincha. Tal situação pode ser muito útil ao técnico Dorival Júnior para que o comandante da seleção brasileira se mostre descompromissado com os erros cometidos até aqui e disposto a corrigi-los a tempo de salvar seu emprego e dar ao País a classificação para outro Mundial.

Na vitória nada convincente sobre o Chile, em Santiago, por 2 a 1, Dorival armou a seleção brasileira com Lucas Paquetá em uma posição mais recuada, ao lado de André, como uma dupla de volantes. No entanto, novamente o meio-campo inoperante custou o sossego da equipe brasileira, que precisou buscar a virada para sair de campo com os três pontos diante do pior conjunto das Eliminatórias.

Dorival Júnior vive situação delicada na seleção brasileira e precisa de resultado e bom futebol para ganhar mais tempo. Foto: Nelson Almeida/AFP

Para o jogo diante da seleção peruana, Dorival convocou o meia Matheus Pereira, que vem fazendo boa temporada com a camisa do Cruzeiro. Trata-se de um atleta que atua em posição mais ofensiva, mas que não deve ganhar muitos minutos no gramado da capital federal. Lucas Paquetá, Bruno Guimarães e André já mostraram que não conseguem ajudar o meio-campo do Brasil a criar lances e facilitar a vida dos atacantes na busca por gols.

Além disso, Paquetá está sendo investigado pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) por má conduta em quatro jogos do West Ham, no Campeonato Inglês, entre 2022 e 2023. O atleta é acusado de envolvimento em esquema de aposta esportiva, em que receberia cartões amarelos para ajudar parentes a ganhar dinheiro em sites de bets. Luiz Henrique, hoje no Botafogo e à serviço da seleção, também é apontado como participante no esquema enquanto era atleta do Betis, da Espanha. Ambos negam as acusações. Paquetá pode até ser banido do futebol em breve caso se comprovem as denúncias. O jogador foi convocado nesta semana pelo Senado Federal para prestar depoimento junto à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. O tio do atleta, Bruno Tolentino, também foi chamado.

Durante sua passagem pela seleção brasileira, Fernando Diniz não convocou Lucas Paquetá diante das acusações. O caminho, porém, não foi seguido por Dorival, que conta sempre com o atleta e adicionou Luiz Henrique também às suas listas. Seria de bom tom que o treinador repetisse o padrão de seu antecessor neste caso.

Sem Paquetá e Vini Jr, Rodrygo deveria mudar de posição na seleção

Assim como fez com Vinícius Júnior, Dorival insiste em relegar ao melhor jogador tecnicamente da equipe a ponta esquerda. Dessa vez, é Rodrygo quem faz companhia à risca lateral e às placas de publicidade. O camisa 10 é o destaque da seleção nos últimos compromissos e, diante dessa realidade, deveria ocupar um espaço em campo que faça jus à numeração que utiliza.

Dorival convocou uma seleção repleta de volantes e com poucos atletas com capacidade de articulação. As opções para o setor na lista atual são: André, Bruno Guimarães, Gerson e Andreas Pereira. O desafio do treinador é transformar essa equipe de posse de bola estéril em um time capaz de mostrar criatividade, articulação e volume de jogadas ofensivas. No duelo com o Chile, o Brasil teve mais de 70% de posse de bola, quase 600 passes e somente quatro chutes na direção do gol. Traços de um futebol pobre e retrato semelhante ao trabalho anterior do treinador, no São Paulo, em 2023.

Rodrygo não tem atuado em uma posição que favoreça seu futebol na seleção brasileira. Foto: Javier Torres/AFP

Os peruanos não são afeitos a ficar com a bola, e o cenário de posse de bola absoluta com a seleção brasileira deve se repetir. Cabe ao treinador e aos atletas mudar a postura, abrir mão dos passes para o lado e jogar de forma ofensiva, vertical e objetiva. Mesmo se isso não acontecer, o Brasil deve sair de campo com a vitória - dada a debilidade do adversário -, mas essa partida se torna a melhor oportunidade para Dorival reconhecer seus erros, mudar a escalação e a forma de jogar e sinalizar aos dirigentes da CBF e à torcida que ainda pode ser o treinador da seleção na Copa de 2026.

Seleção empobrecida não tem o mesmo respeito dos atletas

Durante coletiva de imprensa neste sábado, o atacante Gabriel Martinelli ousou comparar a seleção brasileira com seu clube, o Arsenal, da Inglaterra. “Uma coisa que temos muito no Arsenal é que temos de ganhar em qualquer contexto. Aqui na seleção não é diferente. Claro que queremos jogar bem e mostrar um bom futebol para os torcedores e trabalhamos para que isso aconteça, mas temos de ganhar as partidas, que é o mais importante”, afirmou.

O jogador cometeu um deslize duplo em sua afirmação. O primeiro deles é sintomático para uma seleção que abusa da convocação de atletas desacostumados a lutar e conquistar títulos. Comparar a seleção cinco vezes campeã mundial a um time que não ganha a Premier League há 20 anos e jamais conquistou um título continental é um disparate. A segunda incongruência diz respeito ao pensamento de que basta a vitória, de qualquer forma, jogando bem ou mal. Na seleção brasileira, só vencer não basta, senão estaríamos todos sorridentes com a soberania da equipe nas Eliminatórias passadas. Ganhar do Chile jogando mal é um péssimo sinal. Repetir a estratégia contra o Peru será ainda pior.

Savinho em ação na vitória do Brasil sobre o Chile, em Santiago, na última quinta-feira. Foto: Esteban Felix/AP

Outro desatino repetido nesta Data Fifa saiu da boca de uma das figuras mais destacáveis desta temporada. Savinho, que trocou a filial Girona pela matriz Manchester no Grupo City, disse, em meio a risadas, que não assistiu aos jogos mais recentes do Brasil... “Desculpa que eu não vi o jogo, era muito tarde lá na Inglaterra”, afirmou. Obra de puro desinteresse, afinal na Inglaterra - como em qualquer lugar do mundo - há internet e tecnologia para gravar e assistir a jogos fora do horário original de exibição. Enquanto atletas que não compreendem a dimensão de vestir a camisa da seleção continuarem na lista de convocados, não se deve criar expectativas sobre o time nacional.

Após receber o segundo cartão amarelo nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, o meia Lucas Paquetá não poderá atuar diante do Peru na próxima terça-feira, às 21h45 (de Brasília), na Arena BRB Mané Garrincha. Tal situação pode ser muito útil ao técnico Dorival Júnior para que o comandante da seleção brasileira se mostre descompromissado com os erros cometidos até aqui e disposto a corrigi-los a tempo de salvar seu emprego e dar ao País a classificação para outro Mundial.

Na vitória nada convincente sobre o Chile, em Santiago, por 2 a 1, Dorival armou a seleção brasileira com Lucas Paquetá em uma posição mais recuada, ao lado de André, como uma dupla de volantes. No entanto, novamente o meio-campo inoperante custou o sossego da equipe brasileira, que precisou buscar a virada para sair de campo com os três pontos diante do pior conjunto das Eliminatórias.

Dorival Júnior vive situação delicada na seleção brasileira e precisa de resultado e bom futebol para ganhar mais tempo. Foto: Nelson Almeida/AFP

Para o jogo diante da seleção peruana, Dorival convocou o meia Matheus Pereira, que vem fazendo boa temporada com a camisa do Cruzeiro. Trata-se de um atleta que atua em posição mais ofensiva, mas que não deve ganhar muitos minutos no gramado da capital federal. Lucas Paquetá, Bruno Guimarães e André já mostraram que não conseguem ajudar o meio-campo do Brasil a criar lances e facilitar a vida dos atacantes na busca por gols.

Além disso, Paquetá está sendo investigado pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) por má conduta em quatro jogos do West Ham, no Campeonato Inglês, entre 2022 e 2023. O atleta é acusado de envolvimento em esquema de aposta esportiva, em que receberia cartões amarelos para ajudar parentes a ganhar dinheiro em sites de bets. Luiz Henrique, hoje no Botafogo e à serviço da seleção, também é apontado como participante no esquema enquanto era atleta do Betis, da Espanha. Ambos negam as acusações. Paquetá pode até ser banido do futebol em breve caso se comprovem as denúncias. O jogador foi convocado nesta semana pelo Senado Federal para prestar depoimento junto à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. O tio do atleta, Bruno Tolentino, também foi chamado.

Durante sua passagem pela seleção brasileira, Fernando Diniz não convocou Lucas Paquetá diante das acusações. O caminho, porém, não foi seguido por Dorival, que conta sempre com o atleta e adicionou Luiz Henrique também às suas listas. Seria de bom tom que o treinador repetisse o padrão de seu antecessor neste caso.

Sem Paquetá e Vini Jr, Rodrygo deveria mudar de posição na seleção

Assim como fez com Vinícius Júnior, Dorival insiste em relegar ao melhor jogador tecnicamente da equipe a ponta esquerda. Dessa vez, é Rodrygo quem faz companhia à risca lateral e às placas de publicidade. O camisa 10 é o destaque da seleção nos últimos compromissos e, diante dessa realidade, deveria ocupar um espaço em campo que faça jus à numeração que utiliza.

Dorival convocou uma seleção repleta de volantes e com poucos atletas com capacidade de articulação. As opções para o setor na lista atual são: André, Bruno Guimarães, Gerson e Andreas Pereira. O desafio do treinador é transformar essa equipe de posse de bola estéril em um time capaz de mostrar criatividade, articulação e volume de jogadas ofensivas. No duelo com o Chile, o Brasil teve mais de 70% de posse de bola, quase 600 passes e somente quatro chutes na direção do gol. Traços de um futebol pobre e retrato semelhante ao trabalho anterior do treinador, no São Paulo, em 2023.

Rodrygo não tem atuado em uma posição que favoreça seu futebol na seleção brasileira. Foto: Javier Torres/AFP

Os peruanos não são afeitos a ficar com a bola, e o cenário de posse de bola absoluta com a seleção brasileira deve se repetir. Cabe ao treinador e aos atletas mudar a postura, abrir mão dos passes para o lado e jogar de forma ofensiva, vertical e objetiva. Mesmo se isso não acontecer, o Brasil deve sair de campo com a vitória - dada a debilidade do adversário -, mas essa partida se torna a melhor oportunidade para Dorival reconhecer seus erros, mudar a escalação e a forma de jogar e sinalizar aos dirigentes da CBF e à torcida que ainda pode ser o treinador da seleção na Copa de 2026.

Seleção empobrecida não tem o mesmo respeito dos atletas

Durante coletiva de imprensa neste sábado, o atacante Gabriel Martinelli ousou comparar a seleção brasileira com seu clube, o Arsenal, da Inglaterra. “Uma coisa que temos muito no Arsenal é que temos de ganhar em qualquer contexto. Aqui na seleção não é diferente. Claro que queremos jogar bem e mostrar um bom futebol para os torcedores e trabalhamos para que isso aconteça, mas temos de ganhar as partidas, que é o mais importante”, afirmou.

O jogador cometeu um deslize duplo em sua afirmação. O primeiro deles é sintomático para uma seleção que abusa da convocação de atletas desacostumados a lutar e conquistar títulos. Comparar a seleção cinco vezes campeã mundial a um time que não ganha a Premier League há 20 anos e jamais conquistou um título continental é um disparate. A segunda incongruência diz respeito ao pensamento de que basta a vitória, de qualquer forma, jogando bem ou mal. Na seleção brasileira, só vencer não basta, senão estaríamos todos sorridentes com a soberania da equipe nas Eliminatórias passadas. Ganhar do Chile jogando mal é um péssimo sinal. Repetir a estratégia contra o Peru será ainda pior.

Savinho em ação na vitória do Brasil sobre o Chile, em Santiago, na última quinta-feira. Foto: Esteban Felix/AP

Outro desatino repetido nesta Data Fifa saiu da boca de uma das figuras mais destacáveis desta temporada. Savinho, que trocou a filial Girona pela matriz Manchester no Grupo City, disse, em meio a risadas, que não assistiu aos jogos mais recentes do Brasil... “Desculpa que eu não vi o jogo, era muito tarde lá na Inglaterra”, afirmou. Obra de puro desinteresse, afinal na Inglaterra - como em qualquer lugar do mundo - há internet e tecnologia para gravar e assistir a jogos fora do horário original de exibição. Enquanto atletas que não compreendem a dimensão de vestir a camisa da seleção continuarem na lista de convocados, não se deve criar expectativas sobre o time nacional.

Após receber o segundo cartão amarelo nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, o meia Lucas Paquetá não poderá atuar diante do Peru na próxima terça-feira, às 21h45 (de Brasília), na Arena BRB Mané Garrincha. Tal situação pode ser muito útil ao técnico Dorival Júnior para que o comandante da seleção brasileira se mostre descompromissado com os erros cometidos até aqui e disposto a corrigi-los a tempo de salvar seu emprego e dar ao País a classificação para outro Mundial.

Na vitória nada convincente sobre o Chile, em Santiago, por 2 a 1, Dorival armou a seleção brasileira com Lucas Paquetá em uma posição mais recuada, ao lado de André, como uma dupla de volantes. No entanto, novamente o meio-campo inoperante custou o sossego da equipe brasileira, que precisou buscar a virada para sair de campo com os três pontos diante do pior conjunto das Eliminatórias.

Dorival Júnior vive situação delicada na seleção brasileira e precisa de resultado e bom futebol para ganhar mais tempo. Foto: Nelson Almeida/AFP

Para o jogo diante da seleção peruana, Dorival convocou o meia Matheus Pereira, que vem fazendo boa temporada com a camisa do Cruzeiro. Trata-se de um atleta que atua em posição mais ofensiva, mas que não deve ganhar muitos minutos no gramado da capital federal. Lucas Paquetá, Bruno Guimarães e André já mostraram que não conseguem ajudar o meio-campo do Brasil a criar lances e facilitar a vida dos atacantes na busca por gols.

Além disso, Paquetá está sendo investigado pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) por má conduta em quatro jogos do West Ham, no Campeonato Inglês, entre 2022 e 2023. O atleta é acusado de envolvimento em esquema de aposta esportiva, em que receberia cartões amarelos para ajudar parentes a ganhar dinheiro em sites de bets. Luiz Henrique, hoje no Botafogo e à serviço da seleção, também é apontado como participante no esquema enquanto era atleta do Betis, da Espanha. Ambos negam as acusações. Paquetá pode até ser banido do futebol em breve caso se comprovem as denúncias. O jogador foi convocado nesta semana pelo Senado Federal para prestar depoimento junto à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. O tio do atleta, Bruno Tolentino, também foi chamado.

Durante sua passagem pela seleção brasileira, Fernando Diniz não convocou Lucas Paquetá diante das acusações. O caminho, porém, não foi seguido por Dorival, que conta sempre com o atleta e adicionou Luiz Henrique também às suas listas. Seria de bom tom que o treinador repetisse o padrão de seu antecessor neste caso.

Sem Paquetá e Vini Jr, Rodrygo deveria mudar de posição na seleção

Assim como fez com Vinícius Júnior, Dorival insiste em relegar ao melhor jogador tecnicamente da equipe a ponta esquerda. Dessa vez, é Rodrygo quem faz companhia à risca lateral e às placas de publicidade. O camisa 10 é o destaque da seleção nos últimos compromissos e, diante dessa realidade, deveria ocupar um espaço em campo que faça jus à numeração que utiliza.

Dorival convocou uma seleção repleta de volantes e com poucos atletas com capacidade de articulação. As opções para o setor na lista atual são: André, Bruno Guimarães, Gerson e Andreas Pereira. O desafio do treinador é transformar essa equipe de posse de bola estéril em um time capaz de mostrar criatividade, articulação e volume de jogadas ofensivas. No duelo com o Chile, o Brasil teve mais de 70% de posse de bola, quase 600 passes e somente quatro chutes na direção do gol. Traços de um futebol pobre e retrato semelhante ao trabalho anterior do treinador, no São Paulo, em 2023.

Rodrygo não tem atuado em uma posição que favoreça seu futebol na seleção brasileira. Foto: Javier Torres/AFP

Os peruanos não são afeitos a ficar com a bola, e o cenário de posse de bola absoluta com a seleção brasileira deve se repetir. Cabe ao treinador e aos atletas mudar a postura, abrir mão dos passes para o lado e jogar de forma ofensiva, vertical e objetiva. Mesmo se isso não acontecer, o Brasil deve sair de campo com a vitória - dada a debilidade do adversário -, mas essa partida se torna a melhor oportunidade para Dorival reconhecer seus erros, mudar a escalação e a forma de jogar e sinalizar aos dirigentes da CBF e à torcida que ainda pode ser o treinador da seleção na Copa de 2026.

Seleção empobrecida não tem o mesmo respeito dos atletas

Durante coletiva de imprensa neste sábado, o atacante Gabriel Martinelli ousou comparar a seleção brasileira com seu clube, o Arsenal, da Inglaterra. “Uma coisa que temos muito no Arsenal é que temos de ganhar em qualquer contexto. Aqui na seleção não é diferente. Claro que queremos jogar bem e mostrar um bom futebol para os torcedores e trabalhamos para que isso aconteça, mas temos de ganhar as partidas, que é o mais importante”, afirmou.

O jogador cometeu um deslize duplo em sua afirmação. O primeiro deles é sintomático para uma seleção que abusa da convocação de atletas desacostumados a lutar e conquistar títulos. Comparar a seleção cinco vezes campeã mundial a um time que não ganha a Premier League há 20 anos e jamais conquistou um título continental é um disparate. A segunda incongruência diz respeito ao pensamento de que basta a vitória, de qualquer forma, jogando bem ou mal. Na seleção brasileira, só vencer não basta, senão estaríamos todos sorridentes com a soberania da equipe nas Eliminatórias passadas. Ganhar do Chile jogando mal é um péssimo sinal. Repetir a estratégia contra o Peru será ainda pior.

Savinho em ação na vitória do Brasil sobre o Chile, em Santiago, na última quinta-feira. Foto: Esteban Felix/AP

Outro desatino repetido nesta Data Fifa saiu da boca de uma das figuras mais destacáveis desta temporada. Savinho, que trocou a filial Girona pela matriz Manchester no Grupo City, disse, em meio a risadas, que não assistiu aos jogos mais recentes do Brasil... “Desculpa que eu não vi o jogo, era muito tarde lá na Inglaterra”, afirmou. Obra de puro desinteresse, afinal na Inglaterra - como em qualquer lugar do mundo - há internet e tecnologia para gravar e assistir a jogos fora do horário original de exibição. Enquanto atletas que não compreendem a dimensão de vestir a camisa da seleção continuarem na lista de convocados, não se deve criar expectativas sobre o time nacional.

Análise por Marcos Antomil

Editor assistente de Esportes. Formado em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduado em Jornalismo e Transmissões Esportivas pela Universidad Nebrija (Espanha).

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