A Justiça da Itália divulgou nesta terça-feira o teor da sentença da condenação do atacante Robinho. Em 10 de dezembro do ano passado, em decisão da segunda instância do Tribunal de Apelo de Milão, o jogador teve confirmada a pena de nove anos de prisão pelo crime de estupro, cometido em 2013, quando jogava pelo Milan.
Os juízes afirmaram que Robinho e seus cúmplices manifestaram "particular desprezo" em relação à vítima, que foi "brutalmente humilhada". Além disso citaram que o atacante ainda tentou "desviar o inquérito oferecendo aos investigadores uma versão falsa dos fatos e previamente combinada."
Agora Robinho terá 45 dias para entrar com recurso e levar o julgamento à terceira instância. Entretanto, a Suprema Corte de Cassação pode considerar o caso não admissível e confirmar a condenação sem demais procedimentos, encurtando seu processo e declarando o atacante culpado.
Caso chegue à terceira instância, o processo deve correr mais rapidamente também e ser completado entre nove meses e um ano e meio, uma vez que a Suprema Corte não avalia o mérito dos acontecimentos, mas sim os aspectos técnicos referentes aos procedimentos legais do caso.
ENTENDA O CASO
De acordo com as investigações, Robinho e cinco amigos teriam estuprado uma jovem albanesa em um camarim da boate milanesa Sio Café, onde ela comemorava seu aniversário. O caso aconteceu em 22 de janeiro de 2013, quando o atleta defendia o Milan. O atleta foi condenado em primeira instância em dezembro de 2017. Os outros suspeitos deixaram a Itália ao longo da investigação, e por isso a participação deles no ato é alvo de outro processo.
Os advogados de Robinho afirmam que o atleta não cometeu o crime do qual é acusado e alegam que houve um "equívoco de interpretação" em relação a conversas interceptadas com autorização judicial, pois alguns diálogos não teriam sido traduzidos de forma correta para o idioma italiano.
Os defensores de Falco também dizem que seu cliente é inocente, mas pedem a aplicação mínima da pena caso haja condenação. O Estadão esteve na boate em Milão onde o crime teria ocorrido e constatou que o local passou por reforma após o episódio. Procurado pelo Estadão em outubro, o advogado Franco Moretti, que representa Robinho na Itália, reforçou que seu cliente é inocente. O jogador afirmou que toda a relação que teve com a denunciante foi consensual e ressaltou que seu único arrependimento foi ter sido infiel com sua mulher.
Em entrevista ao Estadão, o advogado da vítima, Jacopo Gnocchi, revelou que ela poderia ter solicitado o pagamento de aproximadamente R$ 400 mil (60 mil euros) por danos morais, mas optou por aguardar o andamento dos procedimentos jurídicos. Na sua visão, o tribunal de Milão que condenou Robinho fez uma análise correta do caso.
A repercussão negativa sobre o caso de estupro fez com que Robinho tivesse a contratação suspensa pelo Santos em outubro. Robinho foi anunciado como reforço pelo clube da Vila com vínculo por cinco meses e salário de R$ 1,5 mil, mais bônus de R$ 300 mil de acordo com o número de jogos disputados. Porém, a pressão de patrocinadores e a divulgação de conversas sobre o caso provocaram forte repercussão, e o clube optou por suspender o contrato do jogador.