ENVIADO ESPECIAL A DOHA - Tite é sério em boa parte das entrevistas e na beira do gramado, mas também entra na dança quando o momento é oportuno. Foi o que o treinador depois do terceiro gol do Brasil sobre a Coreia do Sul na goleada por 4 a 1 que colocou a seleção nas quartas de final da Copa do Mundo.
Ele participou da dança do Pombo, comemoração característica de Richarlison, junto com o camisa 9 e os outros jogadores. A cena surpreende, já que não é comum ver o treinador festejar dessa maneira, e foi alvo de críticas do ex-jogador irlandês Roy Keane, que julgou o ato como desrespeito à Coreia do Sul.
Tite falou sobre o assunto no final de sua entrevista coletiva depois da partida para rebater, sem citar Keane, “os maldosos que vão entender como desrespeito”. O treinador, cabe lembrar, tem o costume de não opinar sobre declarações alheias.
“Eu não quero que tenha outra interpretação que não seja o sentido de alegria pelo gol, pela equipe, pela performance, e não como um desrespeito ao adversário, porque não é. Aqui há um respeito muito grande”, explicou o técnico.
Tite havia prometido que Neymar, o astro da equipe, se livraria da lesão no tornozelo e voltaria a jogar no Mundial catariano. Ele estava certo. E a volta do camisa 10 foi celebrada pelo técnico. “A equipe quando procura o jogador sabe que ele tem o diferencial em algum momento. É a liderança técnica da equipe. Cada um tem uma característica marcante que potencializa os demais”, declarou o treinador, exaltando o camisa 10.
O auxiliar César Sampaio endossou as palavras do chefe sobre Neymar, que retornou à equipe com gol de pênalti e uma atuação que, se não foi brilhante, teve bons momentos, suficientes para lhe render o prêmio de melhor em campo
“É o nosso diferencial técnico. Faz toda a diferença. Ele consegue potencializar as virtudes dos nossos atacantes”, definiu Sampaio. “Está recuperado para novos desafios. Demos um passo importante e com ele na equipe o todo é potencializado”.
Além dos gols e da dança com a participação de Tite, chamou a atenção no triunfo sobre os sul-coreanos a escolha de Tite em colocar Weverton em campo. Terceiro goleiro da seleção e referência do Palmeiras, ele entrou na vaga de Alisson nos minutos finais quando a vitória já estava assegurada. Tite fez essa escolha para deixar que todos os 26 convocados atuassem no Catar.
“Faltava um jogador para entrar. Que felicidade a nossa de oportunizar. É difícil trocar goleiro, ficamos muito felizes”.
Tite se alegrou com a “ousadia ofensiva” do time, principalmente no primeiro tempo, etapa em que saíram os quatro gols. Mas o que lhe deixa confiante para o restante da caminhada no Mundial é o equilíbrio que entende que a seleção alcançou. “É uma equipe equilibrada, que tem a consciência que deve ser equilibrada. Sabe que se um desequilíbrio acontecer pode ser fatal”.