Enner Valencia, o primeiro jogador a se destacar na Copa do Mundo, é o capitão e grande nome da seleção equatoriana, que derrotou com dois gols dele o anfitrião Catar e largou com vitória no Mundial. O veterano atacante de 33 anos é o maior artilheiro da história do Equador e reforçou a importância ao seu time com a atuação de brilho no jogo inaugural do torneio neste domingo.
Ele ostenta 37 gols em 75 partidas pela seleção de seu país. Ninguém foi às redes mais vezes que o atleta do Fenerbahçe, da Turquia. Além disso, foi Valência o autor dos últimos gols do Equador nesta Copa e também na de 2014, no Brasil, onde o jogador marcou todos os três gols da equipe, eliminada ainda na primeira fase. A equipe não disputou o Mundial da Rússia, em 2018.
“Desde que aconteceu o sorteio (que definiu os grupos da Copa do Mundo) sonhei com esta partida. Lembro que eu estava concentrado com meu clube. E, desde então, sonhei que nossa seleção ganhava a partida inaugural. O que vivemos hoje foi a realização de um sonho pata nós”, resumiu o goleador em entrevista coletiva depois da partida.
“Agora temos que seguir sonhando. E tratando de trabalhar dia-a-dia. Isso é o mais importante”, acrescentou o atacante, eleito o melhor da partida. Na sua cabeça já está o próximo duelo, considerado o mais difícil da primeira fase para os equatorianos, contra a Holanda, dia 25, sexta-feira, às 13h (de Brasília).
Ele espera que a vitória na estreia, que derrubou a invencibilidade de anfitriões em Mundiais, dê asas à sua equipe para os jogos seguintes. A ideia é que o Equador, protagonista de uma grande campanha nas Eliminatórias Sul-Americanas, derrube favoritos e supere o seu melhor resultado em Copas, a presença nas oitavas de finais na edição de 2006, na Alemanha. “Podemos ir longe se confiarmos em cada um de nós”, afirmou.
Valencia foi substituído no segundo tempo depois de levar uma pancada no joelho e no tornozelo. “Espero estar pronto e junto com meu grupo para nosso próximo jogo. Estamos concentrados para fazermos coisas importantes”, disse ele.
FUGA DE PRISÃO
Valencia chama a atenção em campo pelos gols e fora dele pelo comportamento controverso. O equatoriano tem uma filha e foi casado duas vezes. Ele já simulou uma contusão para evitar ser preso em 2016 no Equador, para onde havia voltado para defender a sua seleção em jogo com o Chile pelas Eliminatórias.
Na ocasião, Valencia não pagou pensão alimentícia no valor de 18 mil euros para a filha. O atacante tinha conseguido driblar o oficial de justiça e não havia recebido a notificação. Os policias, então, armaram uma operação para prender o atleta no dia da partida contra os chilenos em Quito, capital equatoriana, mas não conseguiram.
Valência deixou o campo aos 35 minutos do segundo tempo, quando o Equador já vencia por 3 a 0. Ele caiu no gramado e pediu substituição. A lesão era falsa, mas a equipe médica lhe ajudou, levando-o com de maca com máscara de oxigênio até a ambulância.
Desesperados, os policiais perceberam que a ambulância estava deixando o estádio e passaram a perseguir o carro, protagonizando uma cena insólita. A perseguição terminou na clínica para a qual o jogador foi levado. Não foi constatada nenhuma contusão que justificasse o atendimento urgente.
“Se ele ganha tão bem, por que não paga mensalmente a pensão à sua filha e evita que esta dívida se acumule e que isto se torne público? Mas melhor assim, para que o Equador inteiro saiba”, questionou à época o advogado da mãe da filha de Valencia.
A dívida não impediu que o astro equatoriano fosse liberado para deixar o país e retornasse à Inglaterra, onde morava. Ele atuava pelo Everton em 2016. No futebol inglês, também defendeu o West Ham. Ele foi revelado pelo Emelec e também atuou no México. Lá, jogou por Pachuca e Tigres antes de ser comprado pelo Fenerbahçe, no qual é protagonista, com 15 gols em 22 partidas na atual temporada.