O velório de Pelé atraiu 230 mil pessoas na Vila Belmiro, em Santos, e mobilizou autoridades e personalidades do esportes mundial. No entanto, nenhum dos principais jogadores da atualidade ou ex-jogadores pentacampeões mundiais foram pessoalmente à cerimônia dar o último adeus ao Rei.
Do grupo do tetra, apenas Mauro Silva marcou presença. Mas o ex-meio-campista é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e esteve representando a entidade que comanda o futebol no Estado.
No Catar, onde acompanhou a Copa do Mundo, Kaká disse que os brasileiros, de forma geral, não valorizam os ídolos do esporte e que Ronaldo, no Brasil, era “só um gordo andando pela rua”. No entanto, nem ele nem outro jogador do penta foi ao velório de Pelé. Também não estiveram a um evento organizado pela Conmebol durante o Mundial em homenagem ao Rei.
Ronaldo, Romário e Neymar foram ausências sentidas. Os três mandaram coroas de flores, mas os dois primeiros não explicaram porque não puderam estar na solenidade. Neymar, astro do Paris Saint-Germain e revelado pelo Santos, não pôde comparecer à Vila porque, segundo o pai do atleta, Neymar da Silva Santos, que o representou na solenidade, não foi liberado pelo clube francês.
“Não, não, não consegue”, respondeu o pai de Neymar, em tom de irritação, ao ser questionado se o filho estaria na cerimônia. “Meu filho pediu para que eu estivesse aqui no lugar dele e trouxesse apoio à família”. Também era esperado que o técnico Tite, comandante da seleção brasileira nas últimas duas Copas do Mundo, estivesse na Vila. Não esteve.
Essas ausências, sobretudo dos principais nomes do penta, incluindo Ronaldinho Gaúcho e o capitão Cafu, provocaram críticas e geraram bastante estranhamento. Amigos, ex-atletas históricos do Santos e a família de Pelé não entenderam algumas das faltas.
Mas Pelé não esteve sozinho. Ídolos do Santos e companheiros do Rei, como Manoel Maria, Clodoaldo, Lima, Lalá, e Aguinaldo, goleiro que carregou Pelé no colo quando ele anotou o seu milésimo gol, foram dar adeus ao amigo e se emocionaram. Outras figuras importantes do clube, como Narciso, Leo, Elano, Zé Roberto e Serginho Chulapa foram se despedir também. Chulapa, em particular, chorou muito. Zé Roberto carregou com Edinho, filho de Pelé, o caixão ao entrar na Vila.
Atual técnico do Santos, Odair Hellmann também esteve presente, além do coordenador de futebol Paulo Roberto Falcão. Do atual elenco do Santos, foram ao velório o zagueiro Messias, o meio-campista Vinícius Zanocelo e os atacantes Soteldo, Ângelo e Marcos Leonardo. Atletas do time sub-20 que disputarão a Copinha também deram adeus ao Rei.
“O Rei foi o mais emblemático entre os Meninos da Vila. Todo mundo sonha em ser um Pelé pela sua grandeza. O Rei me lembra títulos, Copa do Mundo e genialidade. O maior de todos”, disse o garoto Ângelo, que vestia uma camisa com a imagem de Pelé. O único ex-jogador que não atuou no Santos a comparecer até o momento foi Emerson Sheik, ex-Corinthians e campeão do mundo com o time.
Entre a madrugada e a manhã de terça-feira, passaram pelo velório do Rei Pelé mais alguns ex-jogadores, entre eles Neto, Careca, Aranha e Marcelinho Carioca, todos que defenderam o Santos. “O que está acontecendo é muito pouco. As pessoas precisavam entender quem foi Pelé”, criticou Neto, hoje apresentador da Band, em depoimento à Santos TV. “Será que eles são importantes? Talvez as pessoas só vão onde ganham cachê. São campeões do mundo e não vieram ver o Pelé? No mínimo, é falta de respeito”, esbravejou o ex-jogador.
Entre os clubes, o São Paulo foi representado pelo presidente Julio Casares e o Palmeiras, pelo vice-presidente Tarso Gouveia. O Corinthians não mandou representantes nem dirigentes. Os atletas não foram à cerimônia, pois, segundo essas equipes, o início da pré-temporada foi o impeditivo.
Se faltaram atletas e ex-atletas de peso, sobraram autoridades importantes no velório do maior nome da história do futebol. Os presidentes da Fifa, Gianni Infantino, da Conmebol, Alejandro Domínguez, e da CBF, Ednaldo Rodrigues, além do ministro do STF, Gilmar Mendes, do governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e dos prefeitos da capital paulista, Ricardo Nunes, e de Santos, Rogério Santos, apareceram na Vila.
Infantino foi quem mais exaltou o Rei e disse que a Fifa pedirá a todos os países-membros da entidade que batizem pelo menos um estádio em cada país com o nome de Pelé. “Vamos homenagear o Rei como ele merece. Por esse motivo, pedimos um minuto de silêncio em todos os estádio e agora também vamos pedir a todas as federações no mundo inteiro que batizem um estádio de cada país com o nome de Pelé, porque os jovens têm de saber e lembrar quem ele era”.