Sem clube desde que foi demitido pelo Flamengo em abril, Vítor Pereira parece não ter boas lembranças do futebol brasileiro. Sem deixar saudades nem no clube rubro-negro nem no Corinthians, o treinador português contou em entrevista que “é preciso ter estômago” para um profissional europeu trabalhar no Brasil.
“O que eu gostei menos foi da falta de educação (dos brasileiros). Muita falta de educação”, enfatizou o treinador português. “Não estou a apontar especificamente A ou B ou C. Mas é uma falta de educação geral. É preciso ter estômago. Não é da imprensa especificamente, é do futebol em si. Tudo que envolve, toda a volta do futebol.”
Vítor Pereira não entrou em detalhes sobre exatamente o que o incomodou no Brasil. Sua passagem foi conturbada pelo País, especialmente sua ida para o Flamengo. O português de 55 anos disse que não continuaria no comando do Corinthians por razões familiares, e que voltaria para Portugal. Entretanto, acabou trocando o Parque São Jorge pela Gávea, assumindo o posto deixado por Dorival Júnior. Sua escolha por um novo clube foi bastante criticada, principalmente pela torcida alvinegra. No Rio, perdeu cinco títulos.
“Às vezes passa-se para lá do limite. A emoção extravasa para lá do limite e dizem coisas que nós aqui não estamos preparados. Lá (no Brasil) pode ser normal. Dá para perceber que lá é cultural. Agora, para nós, é um pouquinho difícil”, disse o técnico. “Nesta semana, ouvi o Renato (Gaúcho) dizendo que, de fato, eu, com 55 anos, estou a ouvir… que já não tenho paciência para isso”, completou.
Mas não só de críticas foram as declarações do português. Vítor Pereira enfatizou o peso que as torcidas têm nos estádios. Para ele, é um ponto positivo a se destacar. Vale lembrar que o treinador comandou os dois times mais populares do Brasil. “Agora, a emoção... Jogar com estádios cheios é de arrepiar. Isso é a coisa mais bonita que se vê no Brasil. Há muitos estádios que arrepiam mesmo”, enfatizou.
O treinador foi demitido do Flamengo após a péssima atuação diante do Fluminense, pelo segundo jogo da final do Campeonato Carioca. Foram apenas 18 jogos no comando do clube rubro-negro, com dez vitórias, um empate e sete derrotas em pouco menos de quatro meses de trabalho. Desde Jorge Jesus, na temporada 2019-2020, o time carioca já soma nove técnicos: Jesus, Domenec Torrent, Rogério Ceni, Renato Gaúcho, Maurício Souza, Paulo Sousa, Dorival Júnior, Vítor Pereira e Jorge Sampaoli (atualmente).