Walter recomeça no futebol após bater 123 kg, seu maior peso: ‘A briga com a balança é dura demais’


Atacante reencontra felicidade no Pelotas, perde 13 kg, mas se dói com ofensas associadas à sua forma física: ‘Eles me xingam de gordo, baleia. É triste’

Por Ricardo Magatti
Atualização:

Acossado por problemas com a balança em boa parte de sua carreira, Walter, aos 33 anos, ganhou mais uma chance de recomeçar no futebol. A oportunidade foi dada pelo Pelotas, clube gaúcho que disputa a segunda divisão estadual. Parte de seus dramas e fantasmas ficaram para trás, como a suspensão por dois anos por doping, mas a luta para retomar a forma física ideal continua.

O atacante chegou em maio à equipe gaúcha com 123 kg, mas diz já ter perdido 13 em pouco mais de dois meses e reencontrou a felicidade no sul do País, onde deu seus primeiros passos como profissional, no Inter. “Estou feliz e gostando de novo de jogar futebol”, resume Walter no começo da entrevista ao Estadão. “Pode ter certeza de que estou bem melhor hoje do que quando cheguei”.

Sincero, Walter revisitou seu passado e comentou sobre seus erros e arrependimentos. O maior deles, conta, foi não ter conseguido manter seu casamento de pé. “Doeu muito. Eu perdi uma parceira, que ficou do meu lado no pior momento da minha vida (suspensão por doping)”, diz. “Cheguei numa fase em que quase parei de jogar futebol. Passei por problemas familiares tristes. Sofri demais, eu sofro calado”.

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O pernambucano do Recife virou celebridade em Pelotas, com pedidos de fotos e autógrafos pela cidade. Sempre mostra habilidade com a bola, mas o peso permanece sendo uma dificuldade, tanto que não saiu do banco nos últimos três jogos e ainda busca seu primeiro gol.

Walter ganhou do Pelotas chance para recomeçar a carreira no futebol Foto: Lucas Canez/EC Pelotas

“A briga com a balança é dura”, admite. “Eu ganho peso muito rápido se der mole e perco rápido quando tenho foco. Eu perdi 13 quilos desde que cheguei. Hoje, estou com 110 kg. Se eu perder mais uns cinco ou dez, penso que estarei bem”, detalha o atleta, segundo o qual seu treino melhorou de 30% para 90% graças aos quilos eliminados com o suporte dos profissionais do Pelotas.

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O atacante considera ser vítima de gordofobia. São muitos os ataques e comentários ofensivos que recebe em suas redes sociais, disse. “Eles me xingam de gordo, de baleia. É muito feio, complicado”, relata. “As coisas que eu escuto, se são outras pessoas, não aguentam. Minha vontade é xingar de volta, mas se eu fizer alguma coisa, sou o errado. Eles podem xingar, a gente não”.

Walter ouve e lê tantos insultos que afirmou ter até se acostumado com eles, embora as palavras ofensivas lhe incomodam. Ele reconhece ter se abalado em alguns momentos com os xingamento associados à sua forma física, mas não a ponto de impactar em seu desempenho. “Sofro muito, não tenho sangue de barata para aguentar tudo o que ouço. São coisas muito pesadas, dói muito em mim”, afirma.

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“Mas eu tiro de letra porque eles me chamam de gordo, e eu digo: ‘beleza, depois a gente tira uma foto, o gordinho é carinhoso’”, conta, aos risos.

O que ele não tirou de letra foram os problemas gerados pelo afastamento forçado do futebol. Foram dois anos longes dos gramados por causa de uma suspensão por doping em razão do uso de furosemida e metabólicos de sibutramina, encontrados em remédios para emagrecer. Duas temporadas sem jogar mexeram com o psicológico do atleta e lhe fizeram perder dinheiro.

“Foi o pior momento da minha vida. As pessoas me chamando de drogado, rindo da minha cara”, recorda-se ele, revoltado até hoje com o segundo julgamento que aumentou de um ano para dois anos o gancho. “Foi covardia o que fizeram comigo, foi uma máfia”, contesta. “Um ano é muito pra um jogador de futebol. É o que o cara sabe fazer. Tive de ter muita cabeça pra não fazer um monte de coisa errada”.

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Walter tem contrato curto com o Pelotas e espera levar o time à elite do futebol gaúcho Foto: Heitor Araújo/EC Pelotas

Recomeço

Revelado pelo Inter de Porto Alegre, Walter jogou fora do Brasil, no Porto, de Portugal, e passou por outros grandes clubes do País, como Cruzeiro, Goiás e Athletico-PR, última equipe da Série A que defendeu. Desde então, tem rodado por times menores sem se firmar, sobretudo pelos problemas para se manter no peso ideal. Não disputou mais de dez partidas por um único time desde 2021, quando vestiu a camisa do Botafogo de Ribeirão Preto.

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Em 2022, passou por Santa Cruz, Amazonas e Goiânia. Em 2023, jogou no modesto Afogados da Ingazeira, do interior do Pernambuco, antes de se transferir para o Pelotas. O atacante, autor de 111 gols em sua trajetória no futebol e conhecido pela técnica apurada, só se mantém na ativa graças à filha, o combustível para continuar lutando contra a balança e os comentários odiosos. Não fosse ela e o apoio das pessoas que gostam do atleta, ele já teria largado a bola.

“O futebol é engraçado. Aqui no Pelotas, teve momento em que pensei em parar. Tem o peso, o frio, pensava em ir pra casa. Mas tem o presidente do clube (Rodrigo Brito), que confiou em mim, a minha filha que gosta de me ver jogar, as pessoas que gostam de mim. Isso me dá força, não penso em parar”.

Revelado pelo Inter, Walter passou por Fluminense, Athletico-PR e outros grandes clubes brasileiro Foto: Nelson Perez/Fluminense
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Seu plano é jogar “mais uns dois ou três anos” até se aposentar. Depois, fará o que pouco fez em sua vida: estudar. A ideia é obter todas as licenças da CBF para ser técnico no futuro. “Penso que tenho tudo pra ser um bom técnico. Tem coisas boas e ruins que absorvi de cada treinador”.

Antes de ser técnico, porém, ele quer se tornar embaixador do Pelotas. Isso se as coisas acontecerem como ele planeja. Seu contrato é curto, vence já no fim de agosto, e só será renovado caso o time gaúcho conquiste o acesso à elite do Estadual. A equipe está a um empate de avançar à semifinal.

“Conversei com o presidente, temos um plano de, se o time subir, renovar o contrato, jogar o Campeonato Gaúcho e depois encerrar a carreira aqui e virar um embaixador do Pelotas. Foi um convite que ele fez pra mim e eu gostei muito”, revela.

Doping, sobrepeso, sumiço do pai, separação da mulher, distância da filha, ofensas de torcedores, problemas financeiros e, sobretudo, muitas escolhas erradas. Nada disso mais abala Walter quando ele lembra que saiu da favela do Coque, no Recife, sem qualquer perspectiva positiva.

“Posso falar que sou realizado. Cheguei muito longe”, considera. “Saí do Coque, uma favela, e hoje sou respeitado por onde passo, as pessoas querem tirar fotos comigo. As pessoas falam que tenho uma luz muito grande”.

Acossado por problemas com a balança em boa parte de sua carreira, Walter, aos 33 anos, ganhou mais uma chance de recomeçar no futebol. A oportunidade foi dada pelo Pelotas, clube gaúcho que disputa a segunda divisão estadual. Parte de seus dramas e fantasmas ficaram para trás, como a suspensão por dois anos por doping, mas a luta para retomar a forma física ideal continua.

O atacante chegou em maio à equipe gaúcha com 123 kg, mas diz já ter perdido 13 em pouco mais de dois meses e reencontrou a felicidade no sul do País, onde deu seus primeiros passos como profissional, no Inter. “Estou feliz e gostando de novo de jogar futebol”, resume Walter no começo da entrevista ao Estadão. “Pode ter certeza de que estou bem melhor hoje do que quando cheguei”.

Sincero, Walter revisitou seu passado e comentou sobre seus erros e arrependimentos. O maior deles, conta, foi não ter conseguido manter seu casamento de pé. “Doeu muito. Eu perdi uma parceira, que ficou do meu lado no pior momento da minha vida (suspensão por doping)”, diz. “Cheguei numa fase em que quase parei de jogar futebol. Passei por problemas familiares tristes. Sofri demais, eu sofro calado”.

O pernambucano do Recife virou celebridade em Pelotas, com pedidos de fotos e autógrafos pela cidade. Sempre mostra habilidade com a bola, mas o peso permanece sendo uma dificuldade, tanto que não saiu do banco nos últimos três jogos e ainda busca seu primeiro gol.

Walter ganhou do Pelotas chance para recomeçar a carreira no futebol Foto: Lucas Canez/EC Pelotas

“A briga com a balança é dura”, admite. “Eu ganho peso muito rápido se der mole e perco rápido quando tenho foco. Eu perdi 13 quilos desde que cheguei. Hoje, estou com 110 kg. Se eu perder mais uns cinco ou dez, penso que estarei bem”, detalha o atleta, segundo o qual seu treino melhorou de 30% para 90% graças aos quilos eliminados com o suporte dos profissionais do Pelotas.

O atacante considera ser vítima de gordofobia. São muitos os ataques e comentários ofensivos que recebe em suas redes sociais, disse. “Eles me xingam de gordo, de baleia. É muito feio, complicado”, relata. “As coisas que eu escuto, se são outras pessoas, não aguentam. Minha vontade é xingar de volta, mas se eu fizer alguma coisa, sou o errado. Eles podem xingar, a gente não”.

Walter ouve e lê tantos insultos que afirmou ter até se acostumado com eles, embora as palavras ofensivas lhe incomodam. Ele reconhece ter se abalado em alguns momentos com os xingamento associados à sua forma física, mas não a ponto de impactar em seu desempenho. “Sofro muito, não tenho sangue de barata para aguentar tudo o que ouço. São coisas muito pesadas, dói muito em mim”, afirma.

“Mas eu tiro de letra porque eles me chamam de gordo, e eu digo: ‘beleza, depois a gente tira uma foto, o gordinho é carinhoso’”, conta, aos risos.

O que ele não tirou de letra foram os problemas gerados pelo afastamento forçado do futebol. Foram dois anos longes dos gramados por causa de uma suspensão por doping em razão do uso de furosemida e metabólicos de sibutramina, encontrados em remédios para emagrecer. Duas temporadas sem jogar mexeram com o psicológico do atleta e lhe fizeram perder dinheiro.

“Foi o pior momento da minha vida. As pessoas me chamando de drogado, rindo da minha cara”, recorda-se ele, revoltado até hoje com o segundo julgamento que aumentou de um ano para dois anos o gancho. “Foi covardia o que fizeram comigo, foi uma máfia”, contesta. “Um ano é muito pra um jogador de futebol. É o que o cara sabe fazer. Tive de ter muita cabeça pra não fazer um monte de coisa errada”.

Walter tem contrato curto com o Pelotas e espera levar o time à elite do futebol gaúcho Foto: Heitor Araújo/EC Pelotas

Recomeço

Revelado pelo Inter de Porto Alegre, Walter jogou fora do Brasil, no Porto, de Portugal, e passou por outros grandes clubes do País, como Cruzeiro, Goiás e Athletico-PR, última equipe da Série A que defendeu. Desde então, tem rodado por times menores sem se firmar, sobretudo pelos problemas para se manter no peso ideal. Não disputou mais de dez partidas por um único time desde 2021, quando vestiu a camisa do Botafogo de Ribeirão Preto.

Em 2022, passou por Santa Cruz, Amazonas e Goiânia. Em 2023, jogou no modesto Afogados da Ingazeira, do interior do Pernambuco, antes de se transferir para o Pelotas. O atacante, autor de 111 gols em sua trajetória no futebol e conhecido pela técnica apurada, só se mantém na ativa graças à filha, o combustível para continuar lutando contra a balança e os comentários odiosos. Não fosse ela e o apoio das pessoas que gostam do atleta, ele já teria largado a bola.

“O futebol é engraçado. Aqui no Pelotas, teve momento em que pensei em parar. Tem o peso, o frio, pensava em ir pra casa. Mas tem o presidente do clube (Rodrigo Brito), que confiou em mim, a minha filha que gosta de me ver jogar, as pessoas que gostam de mim. Isso me dá força, não penso em parar”.

Revelado pelo Inter, Walter passou por Fluminense, Athletico-PR e outros grandes clubes brasileiro Foto: Nelson Perez/Fluminense

Seu plano é jogar “mais uns dois ou três anos” até se aposentar. Depois, fará o que pouco fez em sua vida: estudar. A ideia é obter todas as licenças da CBF para ser técnico no futuro. “Penso que tenho tudo pra ser um bom técnico. Tem coisas boas e ruins que absorvi de cada treinador”.

Antes de ser técnico, porém, ele quer se tornar embaixador do Pelotas. Isso se as coisas acontecerem como ele planeja. Seu contrato é curto, vence já no fim de agosto, e só será renovado caso o time gaúcho conquiste o acesso à elite do Estadual. A equipe está a um empate de avançar à semifinal.

“Conversei com o presidente, temos um plano de, se o time subir, renovar o contrato, jogar o Campeonato Gaúcho e depois encerrar a carreira aqui e virar um embaixador do Pelotas. Foi um convite que ele fez pra mim e eu gostei muito”, revela.

Doping, sobrepeso, sumiço do pai, separação da mulher, distância da filha, ofensas de torcedores, problemas financeiros e, sobretudo, muitas escolhas erradas. Nada disso mais abala Walter quando ele lembra que saiu da favela do Coque, no Recife, sem qualquer perspectiva positiva.

“Posso falar que sou realizado. Cheguei muito longe”, considera. “Saí do Coque, uma favela, e hoje sou respeitado por onde passo, as pessoas querem tirar fotos comigo. As pessoas falam que tenho uma luz muito grande”.

Acossado por problemas com a balança em boa parte de sua carreira, Walter, aos 33 anos, ganhou mais uma chance de recomeçar no futebol. A oportunidade foi dada pelo Pelotas, clube gaúcho que disputa a segunda divisão estadual. Parte de seus dramas e fantasmas ficaram para trás, como a suspensão por dois anos por doping, mas a luta para retomar a forma física ideal continua.

O atacante chegou em maio à equipe gaúcha com 123 kg, mas diz já ter perdido 13 em pouco mais de dois meses e reencontrou a felicidade no sul do País, onde deu seus primeiros passos como profissional, no Inter. “Estou feliz e gostando de novo de jogar futebol”, resume Walter no começo da entrevista ao Estadão. “Pode ter certeza de que estou bem melhor hoje do que quando cheguei”.

Sincero, Walter revisitou seu passado e comentou sobre seus erros e arrependimentos. O maior deles, conta, foi não ter conseguido manter seu casamento de pé. “Doeu muito. Eu perdi uma parceira, que ficou do meu lado no pior momento da minha vida (suspensão por doping)”, diz. “Cheguei numa fase em que quase parei de jogar futebol. Passei por problemas familiares tristes. Sofri demais, eu sofro calado”.

O pernambucano do Recife virou celebridade em Pelotas, com pedidos de fotos e autógrafos pela cidade. Sempre mostra habilidade com a bola, mas o peso permanece sendo uma dificuldade, tanto que não saiu do banco nos últimos três jogos e ainda busca seu primeiro gol.

Walter ganhou do Pelotas chance para recomeçar a carreira no futebol Foto: Lucas Canez/EC Pelotas

“A briga com a balança é dura”, admite. “Eu ganho peso muito rápido se der mole e perco rápido quando tenho foco. Eu perdi 13 quilos desde que cheguei. Hoje, estou com 110 kg. Se eu perder mais uns cinco ou dez, penso que estarei bem”, detalha o atleta, segundo o qual seu treino melhorou de 30% para 90% graças aos quilos eliminados com o suporte dos profissionais do Pelotas.

O atacante considera ser vítima de gordofobia. São muitos os ataques e comentários ofensivos que recebe em suas redes sociais, disse. “Eles me xingam de gordo, de baleia. É muito feio, complicado”, relata. “As coisas que eu escuto, se são outras pessoas, não aguentam. Minha vontade é xingar de volta, mas se eu fizer alguma coisa, sou o errado. Eles podem xingar, a gente não”.

Walter ouve e lê tantos insultos que afirmou ter até se acostumado com eles, embora as palavras ofensivas lhe incomodam. Ele reconhece ter se abalado em alguns momentos com os xingamento associados à sua forma física, mas não a ponto de impactar em seu desempenho. “Sofro muito, não tenho sangue de barata para aguentar tudo o que ouço. São coisas muito pesadas, dói muito em mim”, afirma.

“Mas eu tiro de letra porque eles me chamam de gordo, e eu digo: ‘beleza, depois a gente tira uma foto, o gordinho é carinhoso’”, conta, aos risos.

O que ele não tirou de letra foram os problemas gerados pelo afastamento forçado do futebol. Foram dois anos longes dos gramados por causa de uma suspensão por doping em razão do uso de furosemida e metabólicos de sibutramina, encontrados em remédios para emagrecer. Duas temporadas sem jogar mexeram com o psicológico do atleta e lhe fizeram perder dinheiro.

“Foi o pior momento da minha vida. As pessoas me chamando de drogado, rindo da minha cara”, recorda-se ele, revoltado até hoje com o segundo julgamento que aumentou de um ano para dois anos o gancho. “Foi covardia o que fizeram comigo, foi uma máfia”, contesta. “Um ano é muito pra um jogador de futebol. É o que o cara sabe fazer. Tive de ter muita cabeça pra não fazer um monte de coisa errada”.

Walter tem contrato curto com o Pelotas e espera levar o time à elite do futebol gaúcho Foto: Heitor Araújo/EC Pelotas

Recomeço

Revelado pelo Inter de Porto Alegre, Walter jogou fora do Brasil, no Porto, de Portugal, e passou por outros grandes clubes do País, como Cruzeiro, Goiás e Athletico-PR, última equipe da Série A que defendeu. Desde então, tem rodado por times menores sem se firmar, sobretudo pelos problemas para se manter no peso ideal. Não disputou mais de dez partidas por um único time desde 2021, quando vestiu a camisa do Botafogo de Ribeirão Preto.

Em 2022, passou por Santa Cruz, Amazonas e Goiânia. Em 2023, jogou no modesto Afogados da Ingazeira, do interior do Pernambuco, antes de se transferir para o Pelotas. O atacante, autor de 111 gols em sua trajetória no futebol e conhecido pela técnica apurada, só se mantém na ativa graças à filha, o combustível para continuar lutando contra a balança e os comentários odiosos. Não fosse ela e o apoio das pessoas que gostam do atleta, ele já teria largado a bola.

“O futebol é engraçado. Aqui no Pelotas, teve momento em que pensei em parar. Tem o peso, o frio, pensava em ir pra casa. Mas tem o presidente do clube (Rodrigo Brito), que confiou em mim, a minha filha que gosta de me ver jogar, as pessoas que gostam de mim. Isso me dá força, não penso em parar”.

Revelado pelo Inter, Walter passou por Fluminense, Athletico-PR e outros grandes clubes brasileiro Foto: Nelson Perez/Fluminense

Seu plano é jogar “mais uns dois ou três anos” até se aposentar. Depois, fará o que pouco fez em sua vida: estudar. A ideia é obter todas as licenças da CBF para ser técnico no futuro. “Penso que tenho tudo pra ser um bom técnico. Tem coisas boas e ruins que absorvi de cada treinador”.

Antes de ser técnico, porém, ele quer se tornar embaixador do Pelotas. Isso se as coisas acontecerem como ele planeja. Seu contrato é curto, vence já no fim de agosto, e só será renovado caso o time gaúcho conquiste o acesso à elite do Estadual. A equipe está a um empate de avançar à semifinal.

“Conversei com o presidente, temos um plano de, se o time subir, renovar o contrato, jogar o Campeonato Gaúcho e depois encerrar a carreira aqui e virar um embaixador do Pelotas. Foi um convite que ele fez pra mim e eu gostei muito”, revela.

Doping, sobrepeso, sumiço do pai, separação da mulher, distância da filha, ofensas de torcedores, problemas financeiros e, sobretudo, muitas escolhas erradas. Nada disso mais abala Walter quando ele lembra que saiu da favela do Coque, no Recife, sem qualquer perspectiva positiva.

“Posso falar que sou realizado. Cheguei muito longe”, considera. “Saí do Coque, uma favela, e hoje sou respeitado por onde passo, as pessoas querem tirar fotos comigo. As pessoas falam que tenho uma luz muito grande”.

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