Esta história dá um roteiro de filme de Holywood. Helio Castroneves saiu do inferno para o céu com sua terceira vitória nas 500 milhas de Indianápolis, ontem, com amplo domínio. Trinta e sete dias depois de ser absolvido de um julgamento por evasão fiscal, o brasileiro está de novo no topo da Indy e volta a ser a celebridade que era até o fim de 2008. "Este mês é inesquecível. Um amigo me mandou uma mensagem falando que isto dava um filme e eu respondi: ?uma história rumo ao Oscar!?", resume o bicampeão da categoria. Em três corridas disputadas, ele já é o vice-líder da temporada, com 117 pontos. O escocês Dario Franchitti, sétimo na corrida, soma 122. Classificação final da Indy 500, fotos e a tabela da temporada Como ele conseguiu dar a volta por cima tão rapidamente? "Eu tento responder a isso e não consigo, só digo obrigado", tentou falar, chorando, na entrevista coletiva após a vitória. "Mas creio que minhas lágrimas falam por mim." Todos na equipe compartilhavam da emoção com o brasileiro. Ele fez questão de agradecer ao lendário ex-piloto e dono da equipe, Roger Penske, ainda no pódio - com o tradicional leite dos campeões na mão. "Obrigado por dirigir a minha vida de novo." Sua família - pais, irmã e namorada - também choravam. "Obrigado Deus, por tudo dar certo", só conseguiu falar a irmã Katiúcia, também envolvida no processo e responsável por administrar sua carreira. A comemoração como Homem-Aranha, sua marca registrada, não era vista desde o ano passado. E a conquista foi totalmente estratégica, graças a uma parada a menos para um pitstop e uma ajuda inesperada com uma bandeira amarela na parte final no acidente entre Vitor Meira e Raphael Matos (leia ao lado). "Eu tive sorte de que todos pararam e eu não. Com o acidente nós decidimos não fazer o pitstop e deu tudo certo. Daí queria saber qual era a volta e estava em dez, nove, e começou a ficar confuso, então passei a acelerar", conta, sobre a parte final das 200 voltas da prova. Durante a corrida Castroneves teve problemas com seu rádio e o câmbio. Só por isso, mais a economia de combustível necessária, é que não liderou por mais voltas a corrida - 66, contra 73 do neozelandês Scott Dixon, o sexto colocado desta vez. A redenção na carreira garante ainda uma importante marca para Helinho: ele passa o bicampeão Emerson Fittipaldi (1989 e 1993) em total de conquistas, coincidentemente 20 anos depois da primeira, e o coloca entre os maiores vencedores da quase centenária prova. Sua equipe, a Penske, soma 15 vitórias, assumindo a marca de a maior vencedora. A vitória também leva Castroneves, aos 34 anos a aumentar sua conta bancária: ele deve embolsar cerca de US$ 3 milhões (cerca de R$ 6 milhões) em prêmios da prova e de seus patrocinadores. E que ninguém duvide: limpos e mais do que justos. O CALVÁRIO DE HELINHO Out/2008 - É indiciado nos EUA por sonegação. Paga US$ 10 milhões para não ser preso. Nov/08-Abr/09 - Fica fora das pistas e é julgado. É absolvido e volta à pistas no dia seguinte, com 7.º lugar em Long Beach. 24/Mai - É campeão das 500 milhas pela 3.ª vez na carreira. MAIORES CAMPEÕES 4 vitórias: A.J. Foyt (1961, 64, 67 e 77), Al Unser (1970, 71, 78 e 87) e Rick Mears (1979, 84, 88 e 91) 3 vitórias: Louis Meyer (1928, 33 e 36), Wibur Shaw (1937, 39 e 40), Mauri Rose (1941, 47 e 48), Johnny Rutherford (1974, 76 e 80), Bobby Unser (1968, 75 e 81) e Hélio Castroneves (2001, 2002 e 2009)