Imperador é apelido


Por Antero Greco

A estreia de Adriano ficou um tempão na base do vai, não vai, mas agora finalmente parece que vai. A perspectiva da volta aos gramados, depois de mais de seis meses de espera, inspirou manchetes, que refletem a ansiedade do torcedor do Corinthians para ver o Imperador em ação. O que deve ocorrer hoje contra o Atlético-GO, talvez por alguns minutos.Imperador. Taí palavra que atrai atenção. Três anos atrás, quando era editor de Esportes do Estado (hoje sob o comando da tarimbada dupla Luiz Prosperi/Gilson Vilhena), encasquetei com a história de Adriano 'Imperador'. Fiquei cismado porque, após um de seus frequentes sumiços e crises de identidade, veio a público nervoso da silva exigir o tratamento imperial, porque assim se sentia. "Sou Imperador mesmo!"Aquilo soou como audácia maior do que o peso que ostentava. Era sinal de ego inflado a ponto de estourar e indício de que andava perdidinho. Determinei que fosse tratado em nossas páginas pelo nome civil. Assim, por um período, foi Imperador só pra turma dele, ora essa!Reconheço hoje a reação de italiano sangue quente, com espinha inflexível e metido a querer tudo na linha. As coisas mudaram. A vida pregou peças em Adriano. Fez, por exemplo, que caísse do cavalo em Roma, a terra dos césares e dos imperadores de verdade, onde o apelido faria mais sentido. Voltou pra cá sem graça - jamais colou a desculpa de que preferira sair da Itália - e tenta reiniciar sua trajetória talentosa, mas acidentada, num time de apelo popular.Acho simpático o epíteto de Imperador. Na verdade, gosto de termos que definam um jogador, que colem nele como selo de personalidade. Houve épocas em que éramos pródigos na criação desses jargões, que indicavam visão generosa e descontraída do futebol e seus artistas. Havia um toque de poesia. Não é delicado evocar Leônidas da Silva, o Diamante Negro? Ou Telê Santana como Fio de Esperança? Ou Ademir da Guia, o Divino? Djalma Santos, o Lorde? Ivair, o Príncipe? Sem contar o máximo: Pelé, o Rei, o Craque Café, ou Ele, como dizia o insuperável Walter Abraão? Havia cronistas e jornais que deliciavam o público ao bolar denominações próprias para os craques. Servílio era o Bailarino e Garrincha, a Alegria do Povo. Castilho, a Leiteira, pois fechava o gol e garantia o leite das crianças da turma do Fluminense. Rivellino por muito tempo foi o Reizinho do Parque; Jairzinho, o Furacão da Copa (de 1970). Até hoje não chamamos Zico de Galinho? Ou Gérson de Canhotinha de Ouro? A lista é extensa, sei que você em casa vai lembrar de muitos outros. E tenho certeza de que se flagrará com um sorriso nostálgico, porque as alcunhas tornavam os profissionais mais próximos da gente comum. Com o tempo, essa prática se perdeu por aqui, embora os latino-americanos, argentinos em especial, ainda curtam inventar cognomes. Principalmente para designar boxeadores. Os casos menos antigos que temos no Brasil são os de Ronaldo, o Fenômeno; Edilson, o Capetinha; Marcelinho, o Pé de Anjo; Edmundo, o Animal; São Marcos; Romário, o Baixinho, Vagner Love. Pouco. Rareiam até os diminutivos carinhosos de infância, pois muitos hoje soam politicamente incorretos. Prevalecem nomes de registro, de preferência os compostos ou que tenham origem anglo-saxônica. Há menos Pituca, Maizena, Alfinete e mais Jackson, Jefferson, William e por aí vai. Qual Adriano andará pelo Parque São Jorge? Aquele descompromissado da última fase na Inter ou o decisivo no título do Fla em 2009? Torço por Adriano ligado, que logo encontre a melhor forma, ajude o Corinthians na reta final do Brasileiro e honre o apelido. E que a gente um dia recupere o singelo costume de destacar jogadores por definições lúdicas - pomposas ou bregas, mas simpáticas. Isso humaniza futebol tão impessoal.Tensão na Vila. O clássico que Palmeiras e Santos fazem na Baixada tem componentes claros de tensão. De ambos os lados. O campeão da América faz campanha muito abaixo da qualidade de seu elenco e já jogou a toalha. A equipe de Felipão há muito procura o rumo e só acumula frustrações. Agora, se contenta com vaga na Libertadores - e até isso parece fora de seu alcance. Mas são times que têm história. Que ela prevaleça.Seleção. A vitória sobre a Costa Rica, na madrugada de ontem? Zzzz...

A estreia de Adriano ficou um tempão na base do vai, não vai, mas agora finalmente parece que vai. A perspectiva da volta aos gramados, depois de mais de seis meses de espera, inspirou manchetes, que refletem a ansiedade do torcedor do Corinthians para ver o Imperador em ação. O que deve ocorrer hoje contra o Atlético-GO, talvez por alguns minutos.Imperador. Taí palavra que atrai atenção. Três anos atrás, quando era editor de Esportes do Estado (hoje sob o comando da tarimbada dupla Luiz Prosperi/Gilson Vilhena), encasquetei com a história de Adriano 'Imperador'. Fiquei cismado porque, após um de seus frequentes sumiços e crises de identidade, veio a público nervoso da silva exigir o tratamento imperial, porque assim se sentia. "Sou Imperador mesmo!"Aquilo soou como audácia maior do que o peso que ostentava. Era sinal de ego inflado a ponto de estourar e indício de que andava perdidinho. Determinei que fosse tratado em nossas páginas pelo nome civil. Assim, por um período, foi Imperador só pra turma dele, ora essa!Reconheço hoje a reação de italiano sangue quente, com espinha inflexível e metido a querer tudo na linha. As coisas mudaram. A vida pregou peças em Adriano. Fez, por exemplo, que caísse do cavalo em Roma, a terra dos césares e dos imperadores de verdade, onde o apelido faria mais sentido. Voltou pra cá sem graça - jamais colou a desculpa de que preferira sair da Itália - e tenta reiniciar sua trajetória talentosa, mas acidentada, num time de apelo popular.Acho simpático o epíteto de Imperador. Na verdade, gosto de termos que definam um jogador, que colem nele como selo de personalidade. Houve épocas em que éramos pródigos na criação desses jargões, que indicavam visão generosa e descontraída do futebol e seus artistas. Havia um toque de poesia. Não é delicado evocar Leônidas da Silva, o Diamante Negro? Ou Telê Santana como Fio de Esperança? Ou Ademir da Guia, o Divino? Djalma Santos, o Lorde? Ivair, o Príncipe? Sem contar o máximo: Pelé, o Rei, o Craque Café, ou Ele, como dizia o insuperável Walter Abraão? Havia cronistas e jornais que deliciavam o público ao bolar denominações próprias para os craques. Servílio era o Bailarino e Garrincha, a Alegria do Povo. Castilho, a Leiteira, pois fechava o gol e garantia o leite das crianças da turma do Fluminense. Rivellino por muito tempo foi o Reizinho do Parque; Jairzinho, o Furacão da Copa (de 1970). Até hoje não chamamos Zico de Galinho? Ou Gérson de Canhotinha de Ouro? A lista é extensa, sei que você em casa vai lembrar de muitos outros. E tenho certeza de que se flagrará com um sorriso nostálgico, porque as alcunhas tornavam os profissionais mais próximos da gente comum. Com o tempo, essa prática se perdeu por aqui, embora os latino-americanos, argentinos em especial, ainda curtam inventar cognomes. Principalmente para designar boxeadores. Os casos menos antigos que temos no Brasil são os de Ronaldo, o Fenômeno; Edilson, o Capetinha; Marcelinho, o Pé de Anjo; Edmundo, o Animal; São Marcos; Romário, o Baixinho, Vagner Love. Pouco. Rareiam até os diminutivos carinhosos de infância, pois muitos hoje soam politicamente incorretos. Prevalecem nomes de registro, de preferência os compostos ou que tenham origem anglo-saxônica. Há menos Pituca, Maizena, Alfinete e mais Jackson, Jefferson, William e por aí vai. Qual Adriano andará pelo Parque São Jorge? Aquele descompromissado da última fase na Inter ou o decisivo no título do Fla em 2009? Torço por Adriano ligado, que logo encontre a melhor forma, ajude o Corinthians na reta final do Brasileiro e honre o apelido. E que a gente um dia recupere o singelo costume de destacar jogadores por definições lúdicas - pomposas ou bregas, mas simpáticas. Isso humaniza futebol tão impessoal.Tensão na Vila. O clássico que Palmeiras e Santos fazem na Baixada tem componentes claros de tensão. De ambos os lados. O campeão da América faz campanha muito abaixo da qualidade de seu elenco e já jogou a toalha. A equipe de Felipão há muito procura o rumo e só acumula frustrações. Agora, se contenta com vaga na Libertadores - e até isso parece fora de seu alcance. Mas são times que têm história. Que ela prevaleça.Seleção. A vitória sobre a Costa Rica, na madrugada de ontem? Zzzz...

A estreia de Adriano ficou um tempão na base do vai, não vai, mas agora finalmente parece que vai. A perspectiva da volta aos gramados, depois de mais de seis meses de espera, inspirou manchetes, que refletem a ansiedade do torcedor do Corinthians para ver o Imperador em ação. O que deve ocorrer hoje contra o Atlético-GO, talvez por alguns minutos.Imperador. Taí palavra que atrai atenção. Três anos atrás, quando era editor de Esportes do Estado (hoje sob o comando da tarimbada dupla Luiz Prosperi/Gilson Vilhena), encasquetei com a história de Adriano 'Imperador'. Fiquei cismado porque, após um de seus frequentes sumiços e crises de identidade, veio a público nervoso da silva exigir o tratamento imperial, porque assim se sentia. "Sou Imperador mesmo!"Aquilo soou como audácia maior do que o peso que ostentava. Era sinal de ego inflado a ponto de estourar e indício de que andava perdidinho. Determinei que fosse tratado em nossas páginas pelo nome civil. Assim, por um período, foi Imperador só pra turma dele, ora essa!Reconheço hoje a reação de italiano sangue quente, com espinha inflexível e metido a querer tudo na linha. As coisas mudaram. A vida pregou peças em Adriano. Fez, por exemplo, que caísse do cavalo em Roma, a terra dos césares e dos imperadores de verdade, onde o apelido faria mais sentido. Voltou pra cá sem graça - jamais colou a desculpa de que preferira sair da Itália - e tenta reiniciar sua trajetória talentosa, mas acidentada, num time de apelo popular.Acho simpático o epíteto de Imperador. Na verdade, gosto de termos que definam um jogador, que colem nele como selo de personalidade. Houve épocas em que éramos pródigos na criação desses jargões, que indicavam visão generosa e descontraída do futebol e seus artistas. Havia um toque de poesia. Não é delicado evocar Leônidas da Silva, o Diamante Negro? Ou Telê Santana como Fio de Esperança? Ou Ademir da Guia, o Divino? Djalma Santos, o Lorde? Ivair, o Príncipe? Sem contar o máximo: Pelé, o Rei, o Craque Café, ou Ele, como dizia o insuperável Walter Abraão? Havia cronistas e jornais que deliciavam o público ao bolar denominações próprias para os craques. Servílio era o Bailarino e Garrincha, a Alegria do Povo. Castilho, a Leiteira, pois fechava o gol e garantia o leite das crianças da turma do Fluminense. Rivellino por muito tempo foi o Reizinho do Parque; Jairzinho, o Furacão da Copa (de 1970). Até hoje não chamamos Zico de Galinho? Ou Gérson de Canhotinha de Ouro? A lista é extensa, sei que você em casa vai lembrar de muitos outros. E tenho certeza de que se flagrará com um sorriso nostálgico, porque as alcunhas tornavam os profissionais mais próximos da gente comum. Com o tempo, essa prática se perdeu por aqui, embora os latino-americanos, argentinos em especial, ainda curtam inventar cognomes. Principalmente para designar boxeadores. Os casos menos antigos que temos no Brasil são os de Ronaldo, o Fenômeno; Edilson, o Capetinha; Marcelinho, o Pé de Anjo; Edmundo, o Animal; São Marcos; Romário, o Baixinho, Vagner Love. Pouco. Rareiam até os diminutivos carinhosos de infância, pois muitos hoje soam politicamente incorretos. Prevalecem nomes de registro, de preferência os compostos ou que tenham origem anglo-saxônica. Há menos Pituca, Maizena, Alfinete e mais Jackson, Jefferson, William e por aí vai. Qual Adriano andará pelo Parque São Jorge? Aquele descompromissado da última fase na Inter ou o decisivo no título do Fla em 2009? Torço por Adriano ligado, que logo encontre a melhor forma, ajude o Corinthians na reta final do Brasileiro e honre o apelido. E que a gente um dia recupere o singelo costume de destacar jogadores por definições lúdicas - pomposas ou bregas, mas simpáticas. Isso humaniza futebol tão impessoal.Tensão na Vila. O clássico que Palmeiras e Santos fazem na Baixada tem componentes claros de tensão. De ambos os lados. O campeão da América faz campanha muito abaixo da qualidade de seu elenco e já jogou a toalha. A equipe de Felipão há muito procura o rumo e só acumula frustrações. Agora, se contenta com vaga na Libertadores - e até isso parece fora de seu alcance. Mas são times que têm história. Que ela prevaleça.Seleção. A vitória sobre a Costa Rica, na madrugada de ontem? Zzzz...

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