Money talks. World Cup walks. Enquanto o mundo já conta os dias para a Copa do Mundo do Catar, a Fifa divulgou nesta quinta, 16, as cidades que receberão os jogos da edição de 2026. Serão duas sedes no Canadá, três no México e onze (!) nos Estados Unidos. Uma Copa absolutamente superlativa, em todos os sentidos: 16 cidades e 48 seleções, pela primeira vez na história em três países diferentes.
Tamanho empreendimento logístico só poderia acontecer nos Estados Unidos. Depois de passar sufoco com as obras das Copas da África do Sul e do Brasil, e de apostas ousadas nas controversas Rússia e Catar, o principal torneio do futebol mundial volta a ser disputado em um ‘porto seguro’.
A aproximação da Fifa e dos EUA aumentou após o ‘Fifagate’, escândalo com cartolas da entidade que explodiu em 2015, e especialmente depois da chegada de Gianni Infantino à presidência da entidade. Já houve até rumores de uma possível mudança do escritório-sede da Fifa, hoje na Suíça, para o território americano, mas as conversas ainda não avançaram.
Era óbvio que os Estados Unidos seriam o país central no mundial de 2026, mas a divulgação das cidades-sede deixou isso ainda mais claro. Receberão jogos por lá: Seattle, San Francisco, Los Angeles, Kansas City, Dallas, Atlanta, Houston, Boston, Filadélfia, Miami e Nova York.
O México, com três sedes, será um importante coadjuvante. É o primeiro país a receber a Copa pela terceira vez (sediou em 1970 e 1986) e pode abocanhar a partida inaugural no tradicional Estádio Azteca, na Cidade do México. As cidades de Monterrey e Guadalajara foram as outras mexicanas escolhidas.
O Canadá, um mero figurante. Nem sequer emplacou suas três apostas. Edmonton ficou de fora e só Toronto e Vancouver foram eleitas. Montreal declinou da candidatura no ano passado. Ainda assim, será um momento histórico para os canadenses, que recebem o torneio masculino pela primeira vez.
Dos 80 jogos, os EUA receberão 60, o México, 10, e o Canadá, outros 10.
Será um enorme desafio logístico. O extremo oposto do que veremos em novembro no Catar.
O ‘micro-país’ do Oriente Médio tem cerca de 11 mil km². Não é muito mais do que o tamanho da região metropolitana de São Paulo. Para efeito de comparação, caberiam 15 territórios do Catar apenas no Estado da Flórida. Quem assistir à Copa por lá, vai ter a oportunidade de ver duas ou até três partidas por dia, se tiver disposição (e dinheiro para os ingressos, é claro). Nenhum estádio fica a mais de uma hora de distância de carro em Doha e suas imediações.
Daqui a quatro anos, o cenário será bem diferente. Não se cruza os Estados Unidos de costa a costa em menos de 5 horas de voo.
Para tentar reduzir os deslocamentos, a Fifa vai dividir os 16 grupos em três regiões: oeste, leste e central.
A Copa voltará a ser em junho, no verão norte-americano. Como bem lembrou o repórter Andrew Das, do New York Times, a região central tem três estádios com tetos retráteis: Dallas, Houston e Atlanta. Um elemento importante para a climatização do espaço, fugindo tanto das chuvas, quanto do forte calor. Os diferentes fusos horários serão outro quebra-cabeças.
Há um forte lobby de Nova York para receber a final. Los Angeles, que já sediará os Jogos Olímpicos em 2028, também quer a decisão. Infantino diz que a escolha ‘será feita na hora certa’.
Fato é que a Copa voltará à América do Norte 32 anos depois do tetracampeonato brasileiro no Rose Bowl, em Los Angeles. É uma nova tentativa de abrir o apetite dos norte-americanos pelo esporte mais popular do planeta (mas longe de ser o mais popular por lá).
O interesse vem crescendo nos últimos anos. No Brasil, em 2014, na Rússia, em 2018, e agora no Catar, veio dos Estados Unidos a maior compra de ingressos antecipados de torcedores estrangeiros.
A Fifa quer aproveitar esse entusiasmo. Uma escolha certa, mas megalomaníaca, exagerada e desafiadora ao mesmo tempo. Que seja a terra do hepta.