O Banco Central (BC) reconheceu que o cenário para a inflação piorou desde dezembro. Na ata da primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) liderada por Alexandre Tombini, a instituição admite que a inflação subiu e está acima do centro da meta, mas o BC acredita que a trajetória dos preços deve reagir positivamente à alta do juro. Entre analistas, há dúvidas sobre essa leitura e o pessimismo com a inflação segue forte, com muitos cobrando uma dosagem maior da taxa de juros. Para explicar a subida do juro básico da economia, que passou de 10,75% para 11,25% na semana passada, o Copom subiu o tom na comparação com dezembro ao falar da inflação na ata da reunião divulgada ontem. No texto, o BC chama atenção para o aumento dos preços dos alimentos, o maior do uso da capacidade instalada e o ganho de renda dos trabalhadores. "No último trimestre do ano passado, a inflação foi forte e negativamente influenciada pela dinâmica dos preços de alimentos", reconhece o BC, ao comentar que essa evolução gera inércia nos índices e piora as expectativas dos analistas para a inflação futura. Além disso, os diretores do BC citam como "relevantes" os riscos criados pelo descompasso entre o crescimento acelerado da demanda interna e a expansão mais lenta da oferta de mercadorias e serviços. A diferença de ritmo eleva o uso da capacidade da economia e favorece os aumentos. A ata cita ainda que um dos riscos é que, diante de eventual falta de mão de obra, sejam concedidos aumentos reais de salário para conquistar empregados. Para o BC, um "risco importante" é que a renda suba mais que a produtividade, o que reforça o aumento da demanda e o risco de inflação maior. O tom adotado pelo BC foi menos pessimista que o esperado, porque "acredita que será bem sucedido no controle da inflação", diz a economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli.