Márcia De Chiara Pelo segundo mês consecutivo, o emprego formal na construção civil no Estado de São Paulo desacelerou em setembro na comparação com o mês anterior. Em setembro, existiam no Estado 806,9 milhões de trabalhadores empregados na construção civil paulista, um volume 0,34% maior que no mês anterior, apontam os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, elaborados pelo Sinduscon-SP, que reúne as construtoras. Em julho, o estoque de empregados no setor tinha crescido 0,88% em relação a junho e em agosto, 0,54% ante julho. Entre contratações e demissões, as construtoras com obras no Estado de São Paulo abriram 2.724 vagas com carteira assinada em setembro, um volume quase 40% menor do que em agosto, quando o saldo de contratações foi de 4.350 vagas. Pesquisa do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP)feita em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que em duas das dez regiões pesquisadas, as demissões superaram as admissões de trabalhadores em setembro. Na região de São José dos Campos, por exemplo, as demissões superaram as contratações em 581 vagas. A região de Presidente Prudente foi outra em que o saldo do emprego em setembro ficou negativo em 35 postos de trabalho no setor. "A torneira está pingando mais devagar", afirma o vice-presidente de economia do Sinduscon-SP, Eduardo Zaidan. No entanto, ele não encara essa desaceleração do emprego como um sinal preocupante. "O estoque de cerca de 807 mil trabalhadores empregados na construção civil paulista é recorde. Desde 1995 jamais alcançamos esses níveis em São Paulo", ressalta. Segundo Zaidan, em novembro e emprego deve cair no setor por uma questão sazonal. É que no fim do ano muitas obras são concluídas. Na análise do executivo, o cenário poderá virar alvo de preocupação se o emprego continuar recuando entre março e abril de 2012, quando várias empresas começam a erguer novos empreendimentos. Longo prazo Mas o vice-presidente de economia do Sinduscon-SP pondera que, pela carteira da sua empresa, por exemplo, já existem obras contratadas para serem iniciadas na metade do ano que vem e no fim de 2012 e início de 2013. "A reversão até pode não acontecer", prevê. Até setembro, foram criadas neste ano 300 mil vagas na construção civil em todo o País. Só no Estado de São Paulo foram abertos 59 mil postos de trabalho líquidos, isto é, já levando em conta as demissões. Na cidade de São Paulo foram criadas 30 mil vagas neste ano. Apesar de a construção civil ser uma atividade que lida com prazos mais longos do que outros setores da economia e, portanto, teria mais resistência às oscilações no ritmo atividade provocadas pelo cenário internacional, nas últimas semanas várias construtoras iniciaram uma espécie de "desova" de imóveis encalhados. A Even, por exemplo, colocou mais de 30 empreendimentos localizados em todas as regiões de São Paulo, com descontos de até 36% sobre o preço de tabela. A Gafisa, por sua vez, ofertou cerca de 140 imóveis, em fase de construção ou prontos para morar com desconto de até 30%. Na análise do vice-presidente de habitação do Secovi-SP, Flávio Prando, com a aproximação do fim de ano, as empresas do setor listadas na Bolsa estão pressionadas para atingir as metas traçadas de vendas. Isso explica, segundo ele, as decisões ousadas das construtoras, diante de uma certa acomodação nos negócios.