JOSÉ GABRIEL NAVARRO O tempo está favorável para se comprar aparelhos de som e de DVD e, principalmente, televisores. Todos esses produtos têm registrado diminuição nos preços ao longo deste ano, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em toda a região metropolitana de São Paulo entre janeiro e agosto de 2012. No caso das TVs, a queda acumulada no período foi de 13,05%. A redução dos preços se reflete nas promoções de grandes redes varejistas. Há televisões digitais com R$ 1.000 de desconto no Carrefour, aparelhos de DVD por R$ 79 no Magazine Luiza, e mini system de R$ 399 na Casas Bahia, valor R$ 200 mais barato. "A tendência de queda nos preços desses equipamentos vem desde 2007", explica a assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) Julia Ximenes. Naquele ano, conta a economista, o IPCA geral fechou com aumento de 3,89%, enquanto os preços dos aparelhos eletrônicos registraram queda de 6,28%. "Essa proporção entre os dois índices tem se mantido ao longo dos anos, embora em 2010 ela tenha sido mais sutil." Para a especialista, o que justifica o movimento de diminuição nos valores dos eletrônicos é o processo de inovação tecnológica constante que os fabricantes adotaram para disputar a preferência da freguesia. "Essa indústria tem essa característica: os equipamentos se tornam 'antigos' muito rapidamente, e os preços caem para ceder lugar a uma nova linha de produtos. Com os aparelhos de Blu-ray em ascensão, certamente o aparelho de DVD vai ter o valor diminuído. E tanto eles como os aparelhos de som são vendidos no comércio irregular, fazendo o varejo baixar os preços", diz Julia. "A queda mais acentuada é a dos televisores porque, com eles, a mudança de tecnologia é ainda mais ágil." Cenário Vale lembrar que os preços caíram ao mesmo tempo em que subiu o dólar -- a moeda dos Estados Unidos é a mais usada no mundo para importação de peças de eletrônicos. O valor de US$ 1 cresceu de R$ 1,87 para R$ 2,04 de janeiro a agosto, uma alta de 9%. "O dólar interfere, sim. O Brasil não tem indústria suficientemente desenvolvida para competir com um peças chinesas, por exemplo", diz Julia. "Pela lógica do preço, a gente vê que o impacto, porém, é baixo." A queda nos valores pode vir do além-mar. Essa é a visão do conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP) José Dutra Vieira Sobrinho. "O dólar subiu, mas me parece que, no mercado internacional, o preço dos eletrônicos está baixando", conclui o economista. "Os fabricantes lançam, trazem os aparelhos mais e mais novos e os preços caem uma barbaridade em meio à concorrência e à modernização." Dados da Agência de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos indicam que os preços de componentes e acessórios de eletrônicos têm caído com frequência naquele país. Em agosto, por exemplo, não houve aumento nenhum. Ainda segundo Vieira, nos últimos três meses, o dólar permaneceu com valor estável no Brasil. "E a cotação da moeda americana por aqui ainda é muito baixa", diz ele, para quem o dólar deveria valer mais ante o real. ::