Uma das maiores judocas do peso pesado brasileiro anunciou a aposentadoria nesta quinta-feira. Sem conseguir lutar mais em alto nível por causa de grave lesão sofrida nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Maria Suelen Altheman colocou um fim na carreira de lutadora e agora se tornou treinadora. Ela vai preparar Beatriz Souza, com quem concorreu por vaga aos Jogos do Japão, para tentar colocar a sucessora em Paris 2024.
Maria Suelen defendeu a seleção brasileira por quase duas décadas e representou o País em três Olimpíadas e em nove mundiais. Vice-campeã mundial duas vezes, a judoca segue o caminho das contemporâneas Erika Miranda e Sarah Menezes, que também se tornaram treinadoras após o adeus aos tatames. Erika na Federação Alemã e Sarah na brasileira.
A última grande competição de Maria Suelen foi em Tóquio. Na competição, ela sofreu uma ruptura do tendão patelar do joelho esquerdo contra a francesa Romane Dicko e acabou se despedindo nas quartas de final. Após cirurgia, foram vários meses afastada e a volta não ocorreu como o esperado. Já sem conseguir impor o ritmo que a levou ao topo do ranking dos pesos pesados, ela começou a receber conselhos para parar, o que ocorreu oficialmente nesta quinta.
“Eu já vinha amadurecendo essa ideia de tirar o pé do acelerador depois da Olimpíada. Lá, eu acabei me machucando, cheguei no Brasil, fiz uma cirurgia de joelho e, no tempo de recuperação, amadureci ainda mais a ideia de parar. Eu não tinha tanta vontade de voltar a treinar e, conversando com alguns colegas que também passaram pelo processo, vi que realmente estava chegando a minha hora. Parecia que eu não tinha mais inspiração e motivos para voltar”, disse Maria Suelen, explicando o motivo de ter optado pela aposentadoria,
Agora ela trabalhará com Tiago Camilo e Leandro Guilheiro no Pinheiros. “Era uma coisa que eu tinha muita vontade de fazer: poder trabalhar com os atletas e estar do outro lado agora. É engraçado que os planos continuam os mesmos. É sempre medalha e resultados. Só que, agora, é com os atletas”, explicou. “É um prazer diferente, mas o objetivo é o mesmo. Se eles estão felizes, eu estou feliz. Se eles estão tristes, eu procuro uma forma de ajudar. Estou muito feliz com essa nova fase da minha vida”, garantiu.
“É bem gratificante ver minha geração se tornando treinadora. Antes só tinha a Rosicleia Campos e a Andrea, que era da base e agora subiu pro sênior. Acabava que o judô era visto como um esporte masculino, apesar de ter a categoria feminina.”, ressaltou. “É muito bom ver a mulherada ganhando cada vez mais espaço, porque a mulher tem muito a passar e tem muito conhecimento. E também tem essa parte que a mulher precisa de outra para conversar e ter uma troca. Eu acho que a evolução do judô feminino vem muito dessa união do grupo.”