Ninguém ouviu falar dela nos últimos dois anos. Desde que deixou o time do Vasco da Gama no final da temporada 2001/2002, Márcia Fu se aventurou por seis meses no vôlei de praia e depois sumiu. Nesse tempo, a atacante que era símbolo de garra na Seleção Brasileira Feminina de Vôlei medalha de bronze em Atlanta/96, cuidou da saúde e se tratou de um câncer na bexiga. Totalmente restabelecida e bem-humorada como nunca, Márcia Fu agora faz planos. E muitos. Ao mesmo tempo que quer voltar a jogar, seja nas quadras ou na praia, pretende se arriscar na carreira política sendo candidata a vereadora nas eleições de 3 de outubro pelo Partido Progressista (o de Paulo Maluf) de Juiz de Fora. Os planos políticos já estão praticamente certos, mas o que Márcia mais quer é voltar a jogar. Aos 34 anos, ela está cheia de disposição. ?É a coisa que eu mais gosto de fazer na vida. Faz falta para mim aquela rotina de competições, partidas e emoções do vôlei. Não acho que seja desgastante?, diz ela, que afirma estar fazendo alguns contatos para voltar. Mas que ainda não tem nada definido. Márcia fez parte da geração que colocou o vôlei feminino brasileiro no grupo dos melhores do mundo. Em 1987 e 1989, ela estava ao lado de Ana Moser e Fernanda Venturini no time que conquistou o bicampeonato mundial juvenil. A base do time foi a mesma para a Seleção principal que passou a colecionar títulos e medalhas a partir do início dos anos 90. ?Nossa geração foi ótima. E fomos jogando juntas desde 1987. Nesse tempo todo já nos conhecíamos muito bem e ficava mais fácil para jogar.? Em 1994, com Márcia na quadra, o Brasil conseguiu seu mais expressivo resultado, com o vice-campeonato no Mundial disputado em São Paulo. A derrota na decisão foi para Cuba, que virou uma pedra no sapato brasileiro dois anos depois, na Olimpíada de Atlanta, derrotando a Seleção na semifinal, em um jogo histórico que terminou em uma briga entre as jogadoras dos dois times. ?Apesar disso tudo, não torço contra Cuba. Também não posso dizer que amo os cubanos. Ficou uma rivalidade muito grande. Respeito muito o povo cubano e a cultura deles, mas na quadra é confusão na certa. Acho que às vezes que perdemos para elas foi mais pela força física delas. As cubanas nunca foram tão habilidosas quanto as chinesas.? Luta - Márcia foi dando um tempo na carreira aos poucos. Primeiro abandonou a Seleção Brasileira, depois jogou no Vasco da Gama, e se arriscou por seis meses na praia. Teve de parar de vez há dois anos, quando descobriu quase que por acaso que tinha um câncer na bexiga. ?Descobri logo depois da morte da minha mãe. Nunca havia sentido dor. Fiz uma série de exames e descobri uma mancha na região. Para minha sorte, descobri bem no início. Fiz uma operação, não precisei fazer quimioterapia, nem nenhum outro tratamento. Graças a Deus superei rápido.? Agora, Márcia ensaia os primeiros passos na política. E acha que pode ajudar a encontrar outros talentos em Juiz de Fora, como Giovane e André Nascimento, da Seleção Masculina. ?Juiz de Fora é uma cidade que tem carência no esporte. Temos pessoas com talento, mas falta um pouco de estrutura. E quero também fazer eventos para os mais idosos, que também precisam praticar esporte?, diz ela, ensaiando para o palanque. Antes, Márcia vai assumir o lado torcedora. Garante que vai ficar, ao lado do namorado Felipe e dos sete gatos persas que tem em casa, torcendo para o Brasil em Atenas. ?O José Roberto Guimarães é muito competente, tem experiência e merece estar onde está. E eu adoro a Érika (atacante). Em agosto, vou ficar torcendo muito por eles.?
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