Marcus D’Almeida, antigo ‘Neymar arqueiro’, alcança o topo do tiro com arco após fortalecer a mente


Nº 1 do ranking mundial, brasileiro cresce depois de frustração em Tóquio e almeja medalha olímpica em Paris

Por Ricardo Magatti
Atualização:

Quando Marcus D’Almeida foi campeão mundial júnior, era chamado de “Neymar arqueiro” pelos oponentes asiáticos. O apelido não sobreviveu muito porque o “atleta revelação”, “atleta em ascensão”, expressões que ouvia no alto-falante das competições, virou número 1 do mundo. Em fevereiro, ele se tornou o primeiro brasileiro a assumir a liderança do ranking mundial do tiro com arco em sua categoria, o arco recurvo.

Depois de ser vice-campeão do Mundial de Yankton, nos Estados Unidos, em 2021, ouro do Pan-Americano da modalidade em 2022, campeã etapa de Paris da Copa do Mundo, batendo o campeão olímpico Mete Gazoz, nas semifinais, e ganhar o Vegas Shoot, que lhe colocou no topo do ranking, D’Almeida passou a ser uma referência no esporte que trabalha também para desenvolver no Brasil.

Sempre foi respeitado, ele diz, mas hoje é valorizado mundialmente, fato comprovado em ações aparentemente pequenas, de bastidor. “Hoje, os caras de fora querem treinar com a gente. Na Copa do Mundo, a gente treina com algumas equipes e as potências nos chamam”, exemplifica em entrevista ao Estadão. “Nunca fui desrespeitado, mas hoje existe um know how”.

continua após a publicidade

Antes de chegar ao topo, o carioca de 25 anos passou por uma frustração na Olimpíada de Tóquio, a segunda de sua carreira. No Japão, esperava ir mais longe depois dos bons resultados que ele já havia obtido. D’Almeida terminou na nona colocação geral. A marca representou o melhor resultado da história do tiro com arco do País em Jogos Olímpicos, mas não lhe agradou.

Marcus D'Almeida é hoje o melhor arqueiro do mundo em sua categoria, o arco recurvo Foto: World Archery

“Aquela derrota doeu, pesou muito”, admite. “Eu sentia que do jeito que perdi, poderia ter ganhado. Então, foi isso que doeu muito”. O revés, para o italiano Mauro Nespoli, ele usou como combustível para evoluir até alcançar a liderança do ranking mundial.

continua após a publicidade

A evolução maior foi no aspecto mental. “Psicologicamente, fui me tornando mais frio”, entende. “Fui tendo mais ciência do que estou fazendo. Nem sempre tenho que estar perfeito na competição. Eu posso ganhar não estando perfeito, pela quantidade que treino. Então, é isso que fui entendendo”.

Para ele, o nível que alcançou atribui 90% à força mental. O restante é técnica. “Eu construí essa técnica. É quase automático”. Para crescer mentalmente, o brasileiro teve de “ouvir seus demônios”, como define. Ele faz há oito anos acompanhamento com a psicóloga Aline Wolff, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Disparos, terapia e musculação

continua após a publicidade

Os disparos de D’Almeida têm sido precisos em direção ao alvo central, que tem o tamanho de um CD. A flecha mede 78,74cm e atinge 220km/h disparada de uma distância de 70 metros, a partir de um arco que, quando puxado, pesa 25kg.

Ele dispara de 1200 a 2 mil tiros por semana durante os treinos de segunda a sábado no CT da Confederação da modalidade, em Maricá, no litoral do Rio de Janeiro. São mais ou menos sete horas por dia fazendo trabalho de campo. A rotina do arqueiro também envolve preparação física, sessões de fisioterapia e musculação.

continua após a publicidade

É acompanhado por uma nutricionista, além da psicóloga e, claro, do técnico, o italiano Alberto Zagami, que comanda os treinos do brasileiro desde o início do ano passado. O profissional foi contratado pela CBAT para o lugar do cubano Jorge Carrasco. “Eu nunca fui fechado a muitas coisas. Não posso parar no tempo. Tenho que ter um filtro bom para entender o que vai me ajudar e o que não cabe mais”, salienta.

Como atletas brasileiros de destaque em outras modalidades com pouco apelo e popularidade no País, o arqueiro trabalha para desenvolver o seu esporte. Embora o cenário seja longe do ideal, ele vê avanços, sobretudo pelo interesse e surgimento de jovens talentosos no tiro com arco. “Eu falo pra molecada que está vindo: ‘cara, eu comecei aqui, eu treinei aqui no Brasil, eu fiz algumas coisas fora, mas fiz quase tudo em casa’. É o simples que faz a diferença. Fazer seu trabalho contínuo que te faz chegar lá”, aconselha.

Maduro e mais bem preparado mentalmente, ele considera não ter alcançado a sua melhor versão, mas espera encontrá-la em Paris-2024. Lá, Marcus D’Almeida, sem paralelos com Neymar, terá nova oportunidade para buscar a medalha olímpica. “É o meu grande sonho”.

Quando Marcus D’Almeida foi campeão mundial júnior, era chamado de “Neymar arqueiro” pelos oponentes asiáticos. O apelido não sobreviveu muito porque o “atleta revelação”, “atleta em ascensão”, expressões que ouvia no alto-falante das competições, virou número 1 do mundo. Em fevereiro, ele se tornou o primeiro brasileiro a assumir a liderança do ranking mundial do tiro com arco em sua categoria, o arco recurvo.

Depois de ser vice-campeão do Mundial de Yankton, nos Estados Unidos, em 2021, ouro do Pan-Americano da modalidade em 2022, campeã etapa de Paris da Copa do Mundo, batendo o campeão olímpico Mete Gazoz, nas semifinais, e ganhar o Vegas Shoot, que lhe colocou no topo do ranking, D’Almeida passou a ser uma referência no esporte que trabalha também para desenvolver no Brasil.

Sempre foi respeitado, ele diz, mas hoje é valorizado mundialmente, fato comprovado em ações aparentemente pequenas, de bastidor. “Hoje, os caras de fora querem treinar com a gente. Na Copa do Mundo, a gente treina com algumas equipes e as potências nos chamam”, exemplifica em entrevista ao Estadão. “Nunca fui desrespeitado, mas hoje existe um know how”.

Antes de chegar ao topo, o carioca de 25 anos passou por uma frustração na Olimpíada de Tóquio, a segunda de sua carreira. No Japão, esperava ir mais longe depois dos bons resultados que ele já havia obtido. D’Almeida terminou na nona colocação geral. A marca representou o melhor resultado da história do tiro com arco do País em Jogos Olímpicos, mas não lhe agradou.

Marcus D'Almeida é hoje o melhor arqueiro do mundo em sua categoria, o arco recurvo Foto: World Archery

“Aquela derrota doeu, pesou muito”, admite. “Eu sentia que do jeito que perdi, poderia ter ganhado. Então, foi isso que doeu muito”. O revés, para o italiano Mauro Nespoli, ele usou como combustível para evoluir até alcançar a liderança do ranking mundial.

A evolução maior foi no aspecto mental. “Psicologicamente, fui me tornando mais frio”, entende. “Fui tendo mais ciência do que estou fazendo. Nem sempre tenho que estar perfeito na competição. Eu posso ganhar não estando perfeito, pela quantidade que treino. Então, é isso que fui entendendo”.

Para ele, o nível que alcançou atribui 90% à força mental. O restante é técnica. “Eu construí essa técnica. É quase automático”. Para crescer mentalmente, o brasileiro teve de “ouvir seus demônios”, como define. Ele faz há oito anos acompanhamento com a psicóloga Aline Wolff, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Disparos, terapia e musculação

Os disparos de D’Almeida têm sido precisos em direção ao alvo central, que tem o tamanho de um CD. A flecha mede 78,74cm e atinge 220km/h disparada de uma distância de 70 metros, a partir de um arco que, quando puxado, pesa 25kg.

Ele dispara de 1200 a 2 mil tiros por semana durante os treinos de segunda a sábado no CT da Confederação da modalidade, em Maricá, no litoral do Rio de Janeiro. São mais ou menos sete horas por dia fazendo trabalho de campo. A rotina do arqueiro também envolve preparação física, sessões de fisioterapia e musculação.

É acompanhado por uma nutricionista, além da psicóloga e, claro, do técnico, o italiano Alberto Zagami, que comanda os treinos do brasileiro desde o início do ano passado. O profissional foi contratado pela CBAT para o lugar do cubano Jorge Carrasco. “Eu nunca fui fechado a muitas coisas. Não posso parar no tempo. Tenho que ter um filtro bom para entender o que vai me ajudar e o que não cabe mais”, salienta.

Como atletas brasileiros de destaque em outras modalidades com pouco apelo e popularidade no País, o arqueiro trabalha para desenvolver o seu esporte. Embora o cenário seja longe do ideal, ele vê avanços, sobretudo pelo interesse e surgimento de jovens talentosos no tiro com arco. “Eu falo pra molecada que está vindo: ‘cara, eu comecei aqui, eu treinei aqui no Brasil, eu fiz algumas coisas fora, mas fiz quase tudo em casa’. É o simples que faz a diferença. Fazer seu trabalho contínuo que te faz chegar lá”, aconselha.

Maduro e mais bem preparado mentalmente, ele considera não ter alcançado a sua melhor versão, mas espera encontrá-la em Paris-2024. Lá, Marcus D’Almeida, sem paralelos com Neymar, terá nova oportunidade para buscar a medalha olímpica. “É o meu grande sonho”.

Quando Marcus D’Almeida foi campeão mundial júnior, era chamado de “Neymar arqueiro” pelos oponentes asiáticos. O apelido não sobreviveu muito porque o “atleta revelação”, “atleta em ascensão”, expressões que ouvia no alto-falante das competições, virou número 1 do mundo. Em fevereiro, ele se tornou o primeiro brasileiro a assumir a liderança do ranking mundial do tiro com arco em sua categoria, o arco recurvo.

Depois de ser vice-campeão do Mundial de Yankton, nos Estados Unidos, em 2021, ouro do Pan-Americano da modalidade em 2022, campeã etapa de Paris da Copa do Mundo, batendo o campeão olímpico Mete Gazoz, nas semifinais, e ganhar o Vegas Shoot, que lhe colocou no topo do ranking, D’Almeida passou a ser uma referência no esporte que trabalha também para desenvolver no Brasil.

Sempre foi respeitado, ele diz, mas hoje é valorizado mundialmente, fato comprovado em ações aparentemente pequenas, de bastidor. “Hoje, os caras de fora querem treinar com a gente. Na Copa do Mundo, a gente treina com algumas equipes e as potências nos chamam”, exemplifica em entrevista ao Estadão. “Nunca fui desrespeitado, mas hoje existe um know how”.

Antes de chegar ao topo, o carioca de 25 anos passou por uma frustração na Olimpíada de Tóquio, a segunda de sua carreira. No Japão, esperava ir mais longe depois dos bons resultados que ele já havia obtido. D’Almeida terminou na nona colocação geral. A marca representou o melhor resultado da história do tiro com arco do País em Jogos Olímpicos, mas não lhe agradou.

Marcus D'Almeida é hoje o melhor arqueiro do mundo em sua categoria, o arco recurvo Foto: World Archery

“Aquela derrota doeu, pesou muito”, admite. “Eu sentia que do jeito que perdi, poderia ter ganhado. Então, foi isso que doeu muito”. O revés, para o italiano Mauro Nespoli, ele usou como combustível para evoluir até alcançar a liderança do ranking mundial.

A evolução maior foi no aspecto mental. “Psicologicamente, fui me tornando mais frio”, entende. “Fui tendo mais ciência do que estou fazendo. Nem sempre tenho que estar perfeito na competição. Eu posso ganhar não estando perfeito, pela quantidade que treino. Então, é isso que fui entendendo”.

Para ele, o nível que alcançou atribui 90% à força mental. O restante é técnica. “Eu construí essa técnica. É quase automático”. Para crescer mentalmente, o brasileiro teve de “ouvir seus demônios”, como define. Ele faz há oito anos acompanhamento com a psicóloga Aline Wolff, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Disparos, terapia e musculação

Os disparos de D’Almeida têm sido precisos em direção ao alvo central, que tem o tamanho de um CD. A flecha mede 78,74cm e atinge 220km/h disparada de uma distância de 70 metros, a partir de um arco que, quando puxado, pesa 25kg.

Ele dispara de 1200 a 2 mil tiros por semana durante os treinos de segunda a sábado no CT da Confederação da modalidade, em Maricá, no litoral do Rio de Janeiro. São mais ou menos sete horas por dia fazendo trabalho de campo. A rotina do arqueiro também envolve preparação física, sessões de fisioterapia e musculação.

É acompanhado por uma nutricionista, além da psicóloga e, claro, do técnico, o italiano Alberto Zagami, que comanda os treinos do brasileiro desde o início do ano passado. O profissional foi contratado pela CBAT para o lugar do cubano Jorge Carrasco. “Eu nunca fui fechado a muitas coisas. Não posso parar no tempo. Tenho que ter um filtro bom para entender o que vai me ajudar e o que não cabe mais”, salienta.

Como atletas brasileiros de destaque em outras modalidades com pouco apelo e popularidade no País, o arqueiro trabalha para desenvolver o seu esporte. Embora o cenário seja longe do ideal, ele vê avanços, sobretudo pelo interesse e surgimento de jovens talentosos no tiro com arco. “Eu falo pra molecada que está vindo: ‘cara, eu comecei aqui, eu treinei aqui no Brasil, eu fiz algumas coisas fora, mas fiz quase tudo em casa’. É o simples que faz a diferença. Fazer seu trabalho contínuo que te faz chegar lá”, aconselha.

Maduro e mais bem preparado mentalmente, ele considera não ter alcançado a sua melhor versão, mas espera encontrá-la em Paris-2024. Lá, Marcus D’Almeida, sem paralelos com Neymar, terá nova oportunidade para buscar a medalha olímpica. “É o meu grande sonho”.

Quando Marcus D’Almeida foi campeão mundial júnior, era chamado de “Neymar arqueiro” pelos oponentes asiáticos. O apelido não sobreviveu muito porque o “atleta revelação”, “atleta em ascensão”, expressões que ouvia no alto-falante das competições, virou número 1 do mundo. Em fevereiro, ele se tornou o primeiro brasileiro a assumir a liderança do ranking mundial do tiro com arco em sua categoria, o arco recurvo.

Depois de ser vice-campeão do Mundial de Yankton, nos Estados Unidos, em 2021, ouro do Pan-Americano da modalidade em 2022, campeã etapa de Paris da Copa do Mundo, batendo o campeão olímpico Mete Gazoz, nas semifinais, e ganhar o Vegas Shoot, que lhe colocou no topo do ranking, D’Almeida passou a ser uma referência no esporte que trabalha também para desenvolver no Brasil.

Sempre foi respeitado, ele diz, mas hoje é valorizado mundialmente, fato comprovado em ações aparentemente pequenas, de bastidor. “Hoje, os caras de fora querem treinar com a gente. Na Copa do Mundo, a gente treina com algumas equipes e as potências nos chamam”, exemplifica em entrevista ao Estadão. “Nunca fui desrespeitado, mas hoje existe um know how”.

Antes de chegar ao topo, o carioca de 25 anos passou por uma frustração na Olimpíada de Tóquio, a segunda de sua carreira. No Japão, esperava ir mais longe depois dos bons resultados que ele já havia obtido. D’Almeida terminou na nona colocação geral. A marca representou o melhor resultado da história do tiro com arco do País em Jogos Olímpicos, mas não lhe agradou.

Marcus D'Almeida é hoje o melhor arqueiro do mundo em sua categoria, o arco recurvo Foto: World Archery

“Aquela derrota doeu, pesou muito”, admite. “Eu sentia que do jeito que perdi, poderia ter ganhado. Então, foi isso que doeu muito”. O revés, para o italiano Mauro Nespoli, ele usou como combustível para evoluir até alcançar a liderança do ranking mundial.

A evolução maior foi no aspecto mental. “Psicologicamente, fui me tornando mais frio”, entende. “Fui tendo mais ciência do que estou fazendo. Nem sempre tenho que estar perfeito na competição. Eu posso ganhar não estando perfeito, pela quantidade que treino. Então, é isso que fui entendendo”.

Para ele, o nível que alcançou atribui 90% à força mental. O restante é técnica. “Eu construí essa técnica. É quase automático”. Para crescer mentalmente, o brasileiro teve de “ouvir seus demônios”, como define. Ele faz há oito anos acompanhamento com a psicóloga Aline Wolff, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Disparos, terapia e musculação

Os disparos de D’Almeida têm sido precisos em direção ao alvo central, que tem o tamanho de um CD. A flecha mede 78,74cm e atinge 220km/h disparada de uma distância de 70 metros, a partir de um arco que, quando puxado, pesa 25kg.

Ele dispara de 1200 a 2 mil tiros por semana durante os treinos de segunda a sábado no CT da Confederação da modalidade, em Maricá, no litoral do Rio de Janeiro. São mais ou menos sete horas por dia fazendo trabalho de campo. A rotina do arqueiro também envolve preparação física, sessões de fisioterapia e musculação.

É acompanhado por uma nutricionista, além da psicóloga e, claro, do técnico, o italiano Alberto Zagami, que comanda os treinos do brasileiro desde o início do ano passado. O profissional foi contratado pela CBAT para o lugar do cubano Jorge Carrasco. “Eu nunca fui fechado a muitas coisas. Não posso parar no tempo. Tenho que ter um filtro bom para entender o que vai me ajudar e o que não cabe mais”, salienta.

Como atletas brasileiros de destaque em outras modalidades com pouco apelo e popularidade no País, o arqueiro trabalha para desenvolver o seu esporte. Embora o cenário seja longe do ideal, ele vê avanços, sobretudo pelo interesse e surgimento de jovens talentosos no tiro com arco. “Eu falo pra molecada que está vindo: ‘cara, eu comecei aqui, eu treinei aqui no Brasil, eu fiz algumas coisas fora, mas fiz quase tudo em casa’. É o simples que faz a diferença. Fazer seu trabalho contínuo que te faz chegar lá”, aconselha.

Maduro e mais bem preparado mentalmente, ele considera não ter alcançado a sua melhor versão, mas espera encontrá-la em Paris-2024. Lá, Marcus D’Almeida, sem paralelos com Neymar, terá nova oportunidade para buscar a medalha olímpica. “É o meu grande sonho”.

Quando Marcus D’Almeida foi campeão mundial júnior, era chamado de “Neymar arqueiro” pelos oponentes asiáticos. O apelido não sobreviveu muito porque o “atleta revelação”, “atleta em ascensão”, expressões que ouvia no alto-falante das competições, virou número 1 do mundo. Em fevereiro, ele se tornou o primeiro brasileiro a assumir a liderança do ranking mundial do tiro com arco em sua categoria, o arco recurvo.

Depois de ser vice-campeão do Mundial de Yankton, nos Estados Unidos, em 2021, ouro do Pan-Americano da modalidade em 2022, campeã etapa de Paris da Copa do Mundo, batendo o campeão olímpico Mete Gazoz, nas semifinais, e ganhar o Vegas Shoot, que lhe colocou no topo do ranking, D’Almeida passou a ser uma referência no esporte que trabalha também para desenvolver no Brasil.

Sempre foi respeitado, ele diz, mas hoje é valorizado mundialmente, fato comprovado em ações aparentemente pequenas, de bastidor. “Hoje, os caras de fora querem treinar com a gente. Na Copa do Mundo, a gente treina com algumas equipes e as potências nos chamam”, exemplifica em entrevista ao Estadão. “Nunca fui desrespeitado, mas hoje existe um know how”.

Antes de chegar ao topo, o carioca de 25 anos passou por uma frustração na Olimpíada de Tóquio, a segunda de sua carreira. No Japão, esperava ir mais longe depois dos bons resultados que ele já havia obtido. D’Almeida terminou na nona colocação geral. A marca representou o melhor resultado da história do tiro com arco do País em Jogos Olímpicos, mas não lhe agradou.

Marcus D'Almeida é hoje o melhor arqueiro do mundo em sua categoria, o arco recurvo Foto: World Archery

“Aquela derrota doeu, pesou muito”, admite. “Eu sentia que do jeito que perdi, poderia ter ganhado. Então, foi isso que doeu muito”. O revés, para o italiano Mauro Nespoli, ele usou como combustível para evoluir até alcançar a liderança do ranking mundial.

A evolução maior foi no aspecto mental. “Psicologicamente, fui me tornando mais frio”, entende. “Fui tendo mais ciência do que estou fazendo. Nem sempre tenho que estar perfeito na competição. Eu posso ganhar não estando perfeito, pela quantidade que treino. Então, é isso que fui entendendo”.

Para ele, o nível que alcançou atribui 90% à força mental. O restante é técnica. “Eu construí essa técnica. É quase automático”. Para crescer mentalmente, o brasileiro teve de “ouvir seus demônios”, como define. Ele faz há oito anos acompanhamento com a psicóloga Aline Wolff, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Disparos, terapia e musculação

Os disparos de D’Almeida têm sido precisos em direção ao alvo central, que tem o tamanho de um CD. A flecha mede 78,74cm e atinge 220km/h disparada de uma distância de 70 metros, a partir de um arco que, quando puxado, pesa 25kg.

Ele dispara de 1200 a 2 mil tiros por semana durante os treinos de segunda a sábado no CT da Confederação da modalidade, em Maricá, no litoral do Rio de Janeiro. São mais ou menos sete horas por dia fazendo trabalho de campo. A rotina do arqueiro também envolve preparação física, sessões de fisioterapia e musculação.

É acompanhado por uma nutricionista, além da psicóloga e, claro, do técnico, o italiano Alberto Zagami, que comanda os treinos do brasileiro desde o início do ano passado. O profissional foi contratado pela CBAT para o lugar do cubano Jorge Carrasco. “Eu nunca fui fechado a muitas coisas. Não posso parar no tempo. Tenho que ter um filtro bom para entender o que vai me ajudar e o que não cabe mais”, salienta.

Como atletas brasileiros de destaque em outras modalidades com pouco apelo e popularidade no País, o arqueiro trabalha para desenvolver o seu esporte. Embora o cenário seja longe do ideal, ele vê avanços, sobretudo pelo interesse e surgimento de jovens talentosos no tiro com arco. “Eu falo pra molecada que está vindo: ‘cara, eu comecei aqui, eu treinei aqui no Brasil, eu fiz algumas coisas fora, mas fiz quase tudo em casa’. É o simples que faz a diferença. Fazer seu trabalho contínuo que te faz chegar lá”, aconselha.

Maduro e mais bem preparado mentalmente, ele considera não ter alcançado a sua melhor versão, mas espera encontrá-la em Paris-2024. Lá, Marcus D’Almeida, sem paralelos com Neymar, terá nova oportunidade para buscar a medalha olímpica. “É o meu grande sonho”.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.