Brasileiro foi promessa do futebol na base e agora é esperança de medalha na vela em Paris-2024


Após passar em teste do Figueirense e sonhar com o Corinthians, paulista Mateus Isaac faz carreira nas águas e, aos 30 anos, busca coroar trajetória de destaque no windsurf com pódio

Por Felipe Rosa Mendes
Atualização:

Poucos são os atletas de sucesso que um dia foram considerados uma “promessa” do esporte. Mais raros ainda são aqueles que se tornaram alvo de expectativas em duas modalidades diferentes. Bem diferentes no caso de Mateus Isaac, brasileiro que precisou decidir entre o futebol e a vela em sua trajetória esportiva. Agora ele é candidato a medalha na Olimpíada de Paris-2024.

Mateus é uma das apostas de medalha na estreante IQFoil, classe da vela que representa o windsurf no programa olímpico. O paulistano de 30 anos, portanto, vai estrear em uma Olimpíada, no embalo de bons resultados neste ciclo olímpico, principalmente em 2022, quando chegou a liderar o ranking mundial da categoria.

Mateus Isaac está classificado para a Olimpíada de Paris-2024 e mora e treina em Ilhabela. Foto: Werther Santana/Estadão
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A chegada ao topo, em janeiro daquele ano, confirmou a “promessa”, no caso da vela brasileira. Mateus conviveu com o status de aposta esportiva desde a infância, quando conseguia se destacar no futebol e no windsurf, modalidade que começou a praticar aos sete anos.

“Cresci gostando de esportes em geral. Meus pais sempre me incentivaram. Meu pai, por exemplo, veleja há 40 anos. Eu gostava de jogar bola, lutava judô e fazia capoeira. Mas o futebol era o que eu mais gostava. Então, eu falei para os meus pais: ‘pô, vou tentar’”, conta Mateus em entrevista ao Estadão.

Na época, tinha 10 anos e morava em Florianópolis. “Fiz um teste no Figueirense e passei. Também joguei numa escola do Vasco por lá, o Vasquinho. Eu gostava de jogar bola, queria jogar no Corinthians, meu time do coração. Mas nunca tive maiores sonhos. Apenas gostava de futebol.”

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Viver na Ilha de Santa Catarina trazia a possibilidade de viver suas duas maiores paixões ao mesmo tempo: a vela e o futebol. E foi aí que o esporte de vela e prancha acabou conquistando maior espaço na vida de Mateus. “Por estar muito perto do mar, eu velejava todos os dias.”

A escolha pela vela não trouxe nenhum arrependimento. O então adolescente se desenvolveu rápido. Conquistou títulos em séries nas categorias sub-14 e sub-16. Foram dois títulos mundiais júnior. Já entre os adultos foi campeão brasileiro por sete vezes e penta sul-americano.

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Entre 2021 e 2022, viveu seu melhor no circuito profissional. Perambulou pelas primeiras posições do ranking ao obter resultados de expressão em nível mundial, como o terceiro lugar no Campeonato Europeu de 2021, disputado justamente em Marselha, raia que receberá a vela nos Jogos Olímpicos. No ano passado, foi campeão pan-americano em Santiago.

A classe IQFoil conta com um “hidrofoil”, espécie de quilha semelhante ao formato de um avião Foto: Werther Santana/Estadão

Estágio no Havaí

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Após finalizar o Ensino Médio em São Paulo, Mateus acelerou seu desenvolvimento físico e técnico nos ventos do Havaí. “Passei cinco anos lá fazendo faculdade. Na época eu consegui trabalhar para uma marca de windsurf. Ajudava a desenvolver os equipamentos. Estudava, competia e trabalhava. Foi onde tudo começou na minha carreira profissional.”

O brasileiro conta que o Havaí não é conhecido apenas pelas ondas grandes e pelo surfe. “Eu morei na Ilha de Maui, que é a capital mundial do windsurf. É um lugar onde tive muitas memórias, sinto falta de lá.”

Da capital mundial do windsurf, Mateus foi morar na capital brasileira da vela. Em Ilhabela, no litoral de São Paulo, o velejador se fixou durante a pandemia. E mantém uma rotina diária de treino puxado, entre bicicleta, remo ergométrico, musculação e, claro, algumas horas no mar, de frente para sua casa. O trabalho todo é coordenado pelo experiente técnico Bruno Prada, dono de duas medalhas olímpicas.

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“É tudo muito prático e fácil por aqui”, diz Mateus, na entrevista concedida no píer onde costuma montar o seu equipamento. “O Bruno Prada mora a 15 minutos daqui. Treinamos por duas ou três horas ali no meio do mar, onde a profundidade é de apenas dois metros, longe dos iates e dos barcos.”

‘Voando’ no mar

A classe IQFoil, que terá em Mateus o representante brasileiro, é uma das novidades da vela na Olimpíada. Substituirá a RS:X como categoria do windsurfing no programa. Entre uma e outra diferença técnica, o IQFoil se destaca por um impacto visual. A quilha do RS:X foi trocada na nova classe pelo chamado “hidrofoil”, uma espécie de quilha mais elaborada, semelhante ao formato de um avião.

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Com o novo recurso, a prancha fica mais alta que a linha do mar. Na prática, o atleta não flutua, ele parece “voar” sobre a água. “Tudo fica todo para fora da água: você, a prancha, a vela. Não tem atrito, não tem contato nenhum com a água durante o velejo.”

O formato mais aerodinâmico permite velocidades maiores, de até 65km/h. “O IQFoil é a evolução da RS:X”, explica Mateus, antes de recorrer a uma metáfora futebolística. “Imagine que a primeira classe é como se fosse uma chuteira desenvolvida em 2006 e outra, desenvolvida em 2019.”

“Voando” na água, Mateus evita falar em favoritismo para a Olimpíada. Após figurar no topo do ranking, ele sofreu quedas seguidas nos últimos meses e ocupa atualmente o 20º lugar. Mesmo assim, mantém a confiança em alta, principalmente por já conhecer bem a raia de Marselha.

Matheus Isaac conhece bem Marselha, onde serão realizadas as regatas de vela. Foto: Werther Santana/Estadão

“Vou para Marselha todos os anos desde 2021. Já passei meses seguidos treinando lá. Estou muito feliz com o nosso planejamento. Nos próximos meses, até os Jogos, vou alternar blocos de três semanas treinando lá. E volto para cá para descansar a cabeça. E retorno para a França nove dias antes do início da Olimpíada.”

A classe iQFoil contará com 24 competidores na Olimpíada. Somente os 10 melhores avançarão para a fase de mata-mata, que contará com um novo formato em Paris-2024. “A meta é chegar lá muito bem preparado e com chances de brigar por uma medalha. Quero ficar entre os 10 melhores para entrar na última regata. E aí, no último dia, vamos para cima com tudo para ter chance de brigar por uma medalha.”

Poucos são os atletas de sucesso que um dia foram considerados uma “promessa” do esporte. Mais raros ainda são aqueles que se tornaram alvo de expectativas em duas modalidades diferentes. Bem diferentes no caso de Mateus Isaac, brasileiro que precisou decidir entre o futebol e a vela em sua trajetória esportiva. Agora ele é candidato a medalha na Olimpíada de Paris-2024.

Mateus é uma das apostas de medalha na estreante IQFoil, classe da vela que representa o windsurf no programa olímpico. O paulistano de 30 anos, portanto, vai estrear em uma Olimpíada, no embalo de bons resultados neste ciclo olímpico, principalmente em 2022, quando chegou a liderar o ranking mundial da categoria.

Mateus Isaac está classificado para a Olimpíada de Paris-2024 e mora e treina em Ilhabela. Foto: Werther Santana/Estadão

A chegada ao topo, em janeiro daquele ano, confirmou a “promessa”, no caso da vela brasileira. Mateus conviveu com o status de aposta esportiva desde a infância, quando conseguia se destacar no futebol e no windsurf, modalidade que começou a praticar aos sete anos.

“Cresci gostando de esportes em geral. Meus pais sempre me incentivaram. Meu pai, por exemplo, veleja há 40 anos. Eu gostava de jogar bola, lutava judô e fazia capoeira. Mas o futebol era o que eu mais gostava. Então, eu falei para os meus pais: ‘pô, vou tentar’”, conta Mateus em entrevista ao Estadão.

Na época, tinha 10 anos e morava em Florianópolis. “Fiz um teste no Figueirense e passei. Também joguei numa escola do Vasco por lá, o Vasquinho. Eu gostava de jogar bola, queria jogar no Corinthians, meu time do coração. Mas nunca tive maiores sonhos. Apenas gostava de futebol.”

Viver na Ilha de Santa Catarina trazia a possibilidade de viver suas duas maiores paixões ao mesmo tempo: a vela e o futebol. E foi aí que o esporte de vela e prancha acabou conquistando maior espaço na vida de Mateus. “Por estar muito perto do mar, eu velejava todos os dias.”

A escolha pela vela não trouxe nenhum arrependimento. O então adolescente se desenvolveu rápido. Conquistou títulos em séries nas categorias sub-14 e sub-16. Foram dois títulos mundiais júnior. Já entre os adultos foi campeão brasileiro por sete vezes e penta sul-americano.

Entre 2021 e 2022, viveu seu melhor no circuito profissional. Perambulou pelas primeiras posições do ranking ao obter resultados de expressão em nível mundial, como o terceiro lugar no Campeonato Europeu de 2021, disputado justamente em Marselha, raia que receberá a vela nos Jogos Olímpicos. No ano passado, foi campeão pan-americano em Santiago.

A classe IQFoil conta com um “hidrofoil”, espécie de quilha semelhante ao formato de um avião Foto: Werther Santana/Estadão

Estágio no Havaí

Após finalizar o Ensino Médio em São Paulo, Mateus acelerou seu desenvolvimento físico e técnico nos ventos do Havaí. “Passei cinco anos lá fazendo faculdade. Na época eu consegui trabalhar para uma marca de windsurf. Ajudava a desenvolver os equipamentos. Estudava, competia e trabalhava. Foi onde tudo começou na minha carreira profissional.”

O brasileiro conta que o Havaí não é conhecido apenas pelas ondas grandes e pelo surfe. “Eu morei na Ilha de Maui, que é a capital mundial do windsurf. É um lugar onde tive muitas memórias, sinto falta de lá.”

Da capital mundial do windsurf, Mateus foi morar na capital brasileira da vela. Em Ilhabela, no litoral de São Paulo, o velejador se fixou durante a pandemia. E mantém uma rotina diária de treino puxado, entre bicicleta, remo ergométrico, musculação e, claro, algumas horas no mar, de frente para sua casa. O trabalho todo é coordenado pelo experiente técnico Bruno Prada, dono de duas medalhas olímpicas.

“É tudo muito prático e fácil por aqui”, diz Mateus, na entrevista concedida no píer onde costuma montar o seu equipamento. “O Bruno Prada mora a 15 minutos daqui. Treinamos por duas ou três horas ali no meio do mar, onde a profundidade é de apenas dois metros, longe dos iates e dos barcos.”

‘Voando’ no mar

A classe IQFoil, que terá em Mateus o representante brasileiro, é uma das novidades da vela na Olimpíada. Substituirá a RS:X como categoria do windsurfing no programa. Entre uma e outra diferença técnica, o IQFoil se destaca por um impacto visual. A quilha do RS:X foi trocada na nova classe pelo chamado “hidrofoil”, uma espécie de quilha mais elaborada, semelhante ao formato de um avião.

Com o novo recurso, a prancha fica mais alta que a linha do mar. Na prática, o atleta não flutua, ele parece “voar” sobre a água. “Tudo fica todo para fora da água: você, a prancha, a vela. Não tem atrito, não tem contato nenhum com a água durante o velejo.”

O formato mais aerodinâmico permite velocidades maiores, de até 65km/h. “O IQFoil é a evolução da RS:X”, explica Mateus, antes de recorrer a uma metáfora futebolística. “Imagine que a primeira classe é como se fosse uma chuteira desenvolvida em 2006 e outra, desenvolvida em 2019.”

“Voando” na água, Mateus evita falar em favoritismo para a Olimpíada. Após figurar no topo do ranking, ele sofreu quedas seguidas nos últimos meses e ocupa atualmente o 20º lugar. Mesmo assim, mantém a confiança em alta, principalmente por já conhecer bem a raia de Marselha.

Matheus Isaac conhece bem Marselha, onde serão realizadas as regatas de vela. Foto: Werther Santana/Estadão

“Vou para Marselha todos os anos desde 2021. Já passei meses seguidos treinando lá. Estou muito feliz com o nosso planejamento. Nos próximos meses, até os Jogos, vou alternar blocos de três semanas treinando lá. E volto para cá para descansar a cabeça. E retorno para a França nove dias antes do início da Olimpíada.”

A classe iQFoil contará com 24 competidores na Olimpíada. Somente os 10 melhores avançarão para a fase de mata-mata, que contará com um novo formato em Paris-2024. “A meta é chegar lá muito bem preparado e com chances de brigar por uma medalha. Quero ficar entre os 10 melhores para entrar na última regata. E aí, no último dia, vamos para cima com tudo para ter chance de brigar por uma medalha.”

Poucos são os atletas de sucesso que um dia foram considerados uma “promessa” do esporte. Mais raros ainda são aqueles que se tornaram alvo de expectativas em duas modalidades diferentes. Bem diferentes no caso de Mateus Isaac, brasileiro que precisou decidir entre o futebol e a vela em sua trajetória esportiva. Agora ele é candidato a medalha na Olimpíada de Paris-2024.

Mateus é uma das apostas de medalha na estreante IQFoil, classe da vela que representa o windsurf no programa olímpico. O paulistano de 30 anos, portanto, vai estrear em uma Olimpíada, no embalo de bons resultados neste ciclo olímpico, principalmente em 2022, quando chegou a liderar o ranking mundial da categoria.

Mateus Isaac está classificado para a Olimpíada de Paris-2024 e mora e treina em Ilhabela. Foto: Werther Santana/Estadão

A chegada ao topo, em janeiro daquele ano, confirmou a “promessa”, no caso da vela brasileira. Mateus conviveu com o status de aposta esportiva desde a infância, quando conseguia se destacar no futebol e no windsurf, modalidade que começou a praticar aos sete anos.

“Cresci gostando de esportes em geral. Meus pais sempre me incentivaram. Meu pai, por exemplo, veleja há 40 anos. Eu gostava de jogar bola, lutava judô e fazia capoeira. Mas o futebol era o que eu mais gostava. Então, eu falei para os meus pais: ‘pô, vou tentar’”, conta Mateus em entrevista ao Estadão.

Na época, tinha 10 anos e morava em Florianópolis. “Fiz um teste no Figueirense e passei. Também joguei numa escola do Vasco por lá, o Vasquinho. Eu gostava de jogar bola, queria jogar no Corinthians, meu time do coração. Mas nunca tive maiores sonhos. Apenas gostava de futebol.”

Viver na Ilha de Santa Catarina trazia a possibilidade de viver suas duas maiores paixões ao mesmo tempo: a vela e o futebol. E foi aí que o esporte de vela e prancha acabou conquistando maior espaço na vida de Mateus. “Por estar muito perto do mar, eu velejava todos os dias.”

A escolha pela vela não trouxe nenhum arrependimento. O então adolescente se desenvolveu rápido. Conquistou títulos em séries nas categorias sub-14 e sub-16. Foram dois títulos mundiais júnior. Já entre os adultos foi campeão brasileiro por sete vezes e penta sul-americano.

Entre 2021 e 2022, viveu seu melhor no circuito profissional. Perambulou pelas primeiras posições do ranking ao obter resultados de expressão em nível mundial, como o terceiro lugar no Campeonato Europeu de 2021, disputado justamente em Marselha, raia que receberá a vela nos Jogos Olímpicos. No ano passado, foi campeão pan-americano em Santiago.

A classe IQFoil conta com um “hidrofoil”, espécie de quilha semelhante ao formato de um avião Foto: Werther Santana/Estadão

Estágio no Havaí

Após finalizar o Ensino Médio em São Paulo, Mateus acelerou seu desenvolvimento físico e técnico nos ventos do Havaí. “Passei cinco anos lá fazendo faculdade. Na época eu consegui trabalhar para uma marca de windsurf. Ajudava a desenvolver os equipamentos. Estudava, competia e trabalhava. Foi onde tudo começou na minha carreira profissional.”

O brasileiro conta que o Havaí não é conhecido apenas pelas ondas grandes e pelo surfe. “Eu morei na Ilha de Maui, que é a capital mundial do windsurf. É um lugar onde tive muitas memórias, sinto falta de lá.”

Da capital mundial do windsurf, Mateus foi morar na capital brasileira da vela. Em Ilhabela, no litoral de São Paulo, o velejador se fixou durante a pandemia. E mantém uma rotina diária de treino puxado, entre bicicleta, remo ergométrico, musculação e, claro, algumas horas no mar, de frente para sua casa. O trabalho todo é coordenado pelo experiente técnico Bruno Prada, dono de duas medalhas olímpicas.

“É tudo muito prático e fácil por aqui”, diz Mateus, na entrevista concedida no píer onde costuma montar o seu equipamento. “O Bruno Prada mora a 15 minutos daqui. Treinamos por duas ou três horas ali no meio do mar, onde a profundidade é de apenas dois metros, longe dos iates e dos barcos.”

‘Voando’ no mar

A classe IQFoil, que terá em Mateus o representante brasileiro, é uma das novidades da vela na Olimpíada. Substituirá a RS:X como categoria do windsurfing no programa. Entre uma e outra diferença técnica, o IQFoil se destaca por um impacto visual. A quilha do RS:X foi trocada na nova classe pelo chamado “hidrofoil”, uma espécie de quilha mais elaborada, semelhante ao formato de um avião.

Com o novo recurso, a prancha fica mais alta que a linha do mar. Na prática, o atleta não flutua, ele parece “voar” sobre a água. “Tudo fica todo para fora da água: você, a prancha, a vela. Não tem atrito, não tem contato nenhum com a água durante o velejo.”

O formato mais aerodinâmico permite velocidades maiores, de até 65km/h. “O IQFoil é a evolução da RS:X”, explica Mateus, antes de recorrer a uma metáfora futebolística. “Imagine que a primeira classe é como se fosse uma chuteira desenvolvida em 2006 e outra, desenvolvida em 2019.”

“Voando” na água, Mateus evita falar em favoritismo para a Olimpíada. Após figurar no topo do ranking, ele sofreu quedas seguidas nos últimos meses e ocupa atualmente o 20º lugar. Mesmo assim, mantém a confiança em alta, principalmente por já conhecer bem a raia de Marselha.

Matheus Isaac conhece bem Marselha, onde serão realizadas as regatas de vela. Foto: Werther Santana/Estadão

“Vou para Marselha todos os anos desde 2021. Já passei meses seguidos treinando lá. Estou muito feliz com o nosso planejamento. Nos próximos meses, até os Jogos, vou alternar blocos de três semanas treinando lá. E volto para cá para descansar a cabeça. E retorno para a França nove dias antes do início da Olimpíada.”

A classe iQFoil contará com 24 competidores na Olimpíada. Somente os 10 melhores avançarão para a fase de mata-mata, que contará com um novo formato em Paris-2024. “A meta é chegar lá muito bem preparado e com chances de brigar por uma medalha. Quero ficar entre os 10 melhores para entrar na última regata. E aí, no último dia, vamos para cima com tudo para ter chance de brigar por uma medalha.”

Poucos são os atletas de sucesso que um dia foram considerados uma “promessa” do esporte. Mais raros ainda são aqueles que se tornaram alvo de expectativas em duas modalidades diferentes. Bem diferentes no caso de Mateus Isaac, brasileiro que precisou decidir entre o futebol e a vela em sua trajetória esportiva. Agora ele é candidato a medalha na Olimpíada de Paris-2024.

Mateus é uma das apostas de medalha na estreante IQFoil, classe da vela que representa o windsurf no programa olímpico. O paulistano de 30 anos, portanto, vai estrear em uma Olimpíada, no embalo de bons resultados neste ciclo olímpico, principalmente em 2022, quando chegou a liderar o ranking mundial da categoria.

Mateus Isaac está classificado para a Olimpíada de Paris-2024 e mora e treina em Ilhabela. Foto: Werther Santana/Estadão

A chegada ao topo, em janeiro daquele ano, confirmou a “promessa”, no caso da vela brasileira. Mateus conviveu com o status de aposta esportiva desde a infância, quando conseguia se destacar no futebol e no windsurf, modalidade que começou a praticar aos sete anos.

“Cresci gostando de esportes em geral. Meus pais sempre me incentivaram. Meu pai, por exemplo, veleja há 40 anos. Eu gostava de jogar bola, lutava judô e fazia capoeira. Mas o futebol era o que eu mais gostava. Então, eu falei para os meus pais: ‘pô, vou tentar’”, conta Mateus em entrevista ao Estadão.

Na época, tinha 10 anos e morava em Florianópolis. “Fiz um teste no Figueirense e passei. Também joguei numa escola do Vasco por lá, o Vasquinho. Eu gostava de jogar bola, queria jogar no Corinthians, meu time do coração. Mas nunca tive maiores sonhos. Apenas gostava de futebol.”

Viver na Ilha de Santa Catarina trazia a possibilidade de viver suas duas maiores paixões ao mesmo tempo: a vela e o futebol. E foi aí que o esporte de vela e prancha acabou conquistando maior espaço na vida de Mateus. “Por estar muito perto do mar, eu velejava todos os dias.”

A escolha pela vela não trouxe nenhum arrependimento. O então adolescente se desenvolveu rápido. Conquistou títulos em séries nas categorias sub-14 e sub-16. Foram dois títulos mundiais júnior. Já entre os adultos foi campeão brasileiro por sete vezes e penta sul-americano.

Entre 2021 e 2022, viveu seu melhor no circuito profissional. Perambulou pelas primeiras posições do ranking ao obter resultados de expressão em nível mundial, como o terceiro lugar no Campeonato Europeu de 2021, disputado justamente em Marselha, raia que receberá a vela nos Jogos Olímpicos. No ano passado, foi campeão pan-americano em Santiago.

A classe IQFoil conta com um “hidrofoil”, espécie de quilha semelhante ao formato de um avião Foto: Werther Santana/Estadão

Estágio no Havaí

Após finalizar o Ensino Médio em São Paulo, Mateus acelerou seu desenvolvimento físico e técnico nos ventos do Havaí. “Passei cinco anos lá fazendo faculdade. Na época eu consegui trabalhar para uma marca de windsurf. Ajudava a desenvolver os equipamentos. Estudava, competia e trabalhava. Foi onde tudo começou na minha carreira profissional.”

O brasileiro conta que o Havaí não é conhecido apenas pelas ondas grandes e pelo surfe. “Eu morei na Ilha de Maui, que é a capital mundial do windsurf. É um lugar onde tive muitas memórias, sinto falta de lá.”

Da capital mundial do windsurf, Mateus foi morar na capital brasileira da vela. Em Ilhabela, no litoral de São Paulo, o velejador se fixou durante a pandemia. E mantém uma rotina diária de treino puxado, entre bicicleta, remo ergométrico, musculação e, claro, algumas horas no mar, de frente para sua casa. O trabalho todo é coordenado pelo experiente técnico Bruno Prada, dono de duas medalhas olímpicas.

“É tudo muito prático e fácil por aqui”, diz Mateus, na entrevista concedida no píer onde costuma montar o seu equipamento. “O Bruno Prada mora a 15 minutos daqui. Treinamos por duas ou três horas ali no meio do mar, onde a profundidade é de apenas dois metros, longe dos iates e dos barcos.”

‘Voando’ no mar

A classe IQFoil, que terá em Mateus o representante brasileiro, é uma das novidades da vela na Olimpíada. Substituirá a RS:X como categoria do windsurfing no programa. Entre uma e outra diferença técnica, o IQFoil se destaca por um impacto visual. A quilha do RS:X foi trocada na nova classe pelo chamado “hidrofoil”, uma espécie de quilha mais elaborada, semelhante ao formato de um avião.

Com o novo recurso, a prancha fica mais alta que a linha do mar. Na prática, o atleta não flutua, ele parece “voar” sobre a água. “Tudo fica todo para fora da água: você, a prancha, a vela. Não tem atrito, não tem contato nenhum com a água durante o velejo.”

O formato mais aerodinâmico permite velocidades maiores, de até 65km/h. “O IQFoil é a evolução da RS:X”, explica Mateus, antes de recorrer a uma metáfora futebolística. “Imagine que a primeira classe é como se fosse uma chuteira desenvolvida em 2006 e outra, desenvolvida em 2019.”

“Voando” na água, Mateus evita falar em favoritismo para a Olimpíada. Após figurar no topo do ranking, ele sofreu quedas seguidas nos últimos meses e ocupa atualmente o 20º lugar. Mesmo assim, mantém a confiança em alta, principalmente por já conhecer bem a raia de Marselha.

Matheus Isaac conhece bem Marselha, onde serão realizadas as regatas de vela. Foto: Werther Santana/Estadão

“Vou para Marselha todos os anos desde 2021. Já passei meses seguidos treinando lá. Estou muito feliz com o nosso planejamento. Nos próximos meses, até os Jogos, vou alternar blocos de três semanas treinando lá. E volto para cá para descansar a cabeça. E retorno para a França nove dias antes do início da Olimpíada.”

A classe iQFoil contará com 24 competidores na Olimpíada. Somente os 10 melhores avançarão para a fase de mata-mata, que contará com um novo formato em Paris-2024. “A meta é chegar lá muito bem preparado e com chances de brigar por uma medalha. Quero ficar entre os 10 melhores para entrar na última regata. E aí, no último dia, vamos para cima com tudo para ter chance de brigar por uma medalha.”

Poucos são os atletas de sucesso que um dia foram considerados uma “promessa” do esporte. Mais raros ainda são aqueles que se tornaram alvo de expectativas em duas modalidades diferentes. Bem diferentes no caso de Mateus Isaac, brasileiro que precisou decidir entre o futebol e a vela em sua trajetória esportiva. Agora ele é candidato a medalha na Olimpíada de Paris-2024.

Mateus é uma das apostas de medalha na estreante IQFoil, classe da vela que representa o windsurf no programa olímpico. O paulistano de 30 anos, portanto, vai estrear em uma Olimpíada, no embalo de bons resultados neste ciclo olímpico, principalmente em 2022, quando chegou a liderar o ranking mundial da categoria.

Mateus Isaac está classificado para a Olimpíada de Paris-2024 e mora e treina em Ilhabela. Foto: Werther Santana/Estadão

A chegada ao topo, em janeiro daquele ano, confirmou a “promessa”, no caso da vela brasileira. Mateus conviveu com o status de aposta esportiva desde a infância, quando conseguia se destacar no futebol e no windsurf, modalidade que começou a praticar aos sete anos.

“Cresci gostando de esportes em geral. Meus pais sempre me incentivaram. Meu pai, por exemplo, veleja há 40 anos. Eu gostava de jogar bola, lutava judô e fazia capoeira. Mas o futebol era o que eu mais gostava. Então, eu falei para os meus pais: ‘pô, vou tentar’”, conta Mateus em entrevista ao Estadão.

Na época, tinha 10 anos e morava em Florianópolis. “Fiz um teste no Figueirense e passei. Também joguei numa escola do Vasco por lá, o Vasquinho. Eu gostava de jogar bola, queria jogar no Corinthians, meu time do coração. Mas nunca tive maiores sonhos. Apenas gostava de futebol.”

Viver na Ilha de Santa Catarina trazia a possibilidade de viver suas duas maiores paixões ao mesmo tempo: a vela e o futebol. E foi aí que o esporte de vela e prancha acabou conquistando maior espaço na vida de Mateus. “Por estar muito perto do mar, eu velejava todos os dias.”

A escolha pela vela não trouxe nenhum arrependimento. O então adolescente se desenvolveu rápido. Conquistou títulos em séries nas categorias sub-14 e sub-16. Foram dois títulos mundiais júnior. Já entre os adultos foi campeão brasileiro por sete vezes e penta sul-americano.

Entre 2021 e 2022, viveu seu melhor no circuito profissional. Perambulou pelas primeiras posições do ranking ao obter resultados de expressão em nível mundial, como o terceiro lugar no Campeonato Europeu de 2021, disputado justamente em Marselha, raia que receberá a vela nos Jogos Olímpicos. No ano passado, foi campeão pan-americano em Santiago.

A classe IQFoil conta com um “hidrofoil”, espécie de quilha semelhante ao formato de um avião Foto: Werther Santana/Estadão

Estágio no Havaí

Após finalizar o Ensino Médio em São Paulo, Mateus acelerou seu desenvolvimento físico e técnico nos ventos do Havaí. “Passei cinco anos lá fazendo faculdade. Na época eu consegui trabalhar para uma marca de windsurf. Ajudava a desenvolver os equipamentos. Estudava, competia e trabalhava. Foi onde tudo começou na minha carreira profissional.”

O brasileiro conta que o Havaí não é conhecido apenas pelas ondas grandes e pelo surfe. “Eu morei na Ilha de Maui, que é a capital mundial do windsurf. É um lugar onde tive muitas memórias, sinto falta de lá.”

Da capital mundial do windsurf, Mateus foi morar na capital brasileira da vela. Em Ilhabela, no litoral de São Paulo, o velejador se fixou durante a pandemia. E mantém uma rotina diária de treino puxado, entre bicicleta, remo ergométrico, musculação e, claro, algumas horas no mar, de frente para sua casa. O trabalho todo é coordenado pelo experiente técnico Bruno Prada, dono de duas medalhas olímpicas.

“É tudo muito prático e fácil por aqui”, diz Mateus, na entrevista concedida no píer onde costuma montar o seu equipamento. “O Bruno Prada mora a 15 minutos daqui. Treinamos por duas ou três horas ali no meio do mar, onde a profundidade é de apenas dois metros, longe dos iates e dos barcos.”

‘Voando’ no mar

A classe IQFoil, que terá em Mateus o representante brasileiro, é uma das novidades da vela na Olimpíada. Substituirá a RS:X como categoria do windsurfing no programa. Entre uma e outra diferença técnica, o IQFoil se destaca por um impacto visual. A quilha do RS:X foi trocada na nova classe pelo chamado “hidrofoil”, uma espécie de quilha mais elaborada, semelhante ao formato de um avião.

Com o novo recurso, a prancha fica mais alta que a linha do mar. Na prática, o atleta não flutua, ele parece “voar” sobre a água. “Tudo fica todo para fora da água: você, a prancha, a vela. Não tem atrito, não tem contato nenhum com a água durante o velejo.”

O formato mais aerodinâmico permite velocidades maiores, de até 65km/h. “O IQFoil é a evolução da RS:X”, explica Mateus, antes de recorrer a uma metáfora futebolística. “Imagine que a primeira classe é como se fosse uma chuteira desenvolvida em 2006 e outra, desenvolvida em 2019.”

“Voando” na água, Mateus evita falar em favoritismo para a Olimpíada. Após figurar no topo do ranking, ele sofreu quedas seguidas nos últimos meses e ocupa atualmente o 20º lugar. Mesmo assim, mantém a confiança em alta, principalmente por já conhecer bem a raia de Marselha.

Matheus Isaac conhece bem Marselha, onde serão realizadas as regatas de vela. Foto: Werther Santana/Estadão

“Vou para Marselha todos os anos desde 2021. Já passei meses seguidos treinando lá. Estou muito feliz com o nosso planejamento. Nos próximos meses, até os Jogos, vou alternar blocos de três semanas treinando lá. E volto para cá para descansar a cabeça. E retorno para a França nove dias antes do início da Olimpíada.”

A classe iQFoil contará com 24 competidores na Olimpíada. Somente os 10 melhores avançarão para a fase de mata-mata, que contará com um novo formato em Paris-2024. “A meta é chegar lá muito bem preparado e com chances de brigar por uma medalha. Quero ficar entre os 10 melhores para entrar na última regata. E aí, no último dia, vamos para cima com tudo para ter chance de brigar por uma medalha.”

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