Análise|Mike Tyson x Jake Paul: que os Deuses do ringue evitem o pior para o bem do boxe


Lenda do boxe enfrenta o youtuber que desbancou grandes nomes do mundo da luta e é 31 anos mais novo que ‘Iron Mike’

Por Wilson Baldini Jr

Loucura ou Marmelada? É difícil prever o que acontecerá no ringue armado no centro do gramado do AT&T Stadium, casa do Dallas Cowboys (time da NFL), no Texas, onde nesta sexta-feira Mike Tyson, uma das maiores lendas do boxe mundial, vai enfrentar o youtuber Jake Paul. O evento terá transmissão ao vivo pela Netflix a partir das 22h (Brasília).

Cerca de US$ 80 milhões (R$ 480 milhões) são um dos motivos que levam o renomado boxeador a voltar a lutar aos 58 anos, frente a um adversário que tinha sete anos quando ele pendurou as luvas em 2005.

Na terça-feira, durante o treino aberto para a imprensa e público, Tyson afirmou que seus filhos “vão saber na sexta-feira porque ele é tão especial no boxe”. Jake Paul, que vai receber bolsa semelhante, aproveitou a presença da mãe no treino para prometer um “nocaute rápido”.

continua após a publicidade

Partindo do princípio de que a luta será ‘de verdade’, Tyson só teria os muitos dólares para ganhar. Derrotar Paul, mesmo que seja por nocaute em poucos segundos como antigamente, pouco vai acrescentar à carreira.

O influenciador digital também pouco tem a perder, pois sua propaganda já foi feita com muito sucesso, independentemente do resultado. Perder para um mito não vai manchar sua carreira.

continua após a publicidade

PSICOLÓGICO

Este é um ponto favorável a Tyson, acostumado com a pressão dos grandes eventos. Em quase duas décadas como pugilista profissional, o Iron Man passou por momentos bizarros, como quando mordeu as orelhas de Evander Holyfield, em 1997, e causou uma balbúrdia no ginásio do MGM Hotel, em Las Vegas.

Jake Paul não tem receio do contato com o público, mas jamais enfrentou um adversário com o espírito ‘assassino’ de Tyson. Os primeiros minutos poderão ser decisivos e qualquer vacilo por parte do youtuber será fatal.

continua após a publicidade
Mike Tyson e Jake Paul se encaram antes de luta de boxe Foto: Julio Cortez/AP

GEORGE FOREMAN

Um vitória de Tyson pode lhe garantir novos eventos milionários. Mais do que isso. Poderá criar uma nova tendência no esporte, ao elevar a idade máxima para se praticar as modalidades em alto nível.

continua após a publicidade

Em 1987, George Foreman, aos 38 anos, revolucionou o esporte, ao mostrar que o final de uma carreira de um atleta não deveria ser definido apenas por sua idade. “Big George” foi ser campeão mundial pela segunda vez aos 45 anos, 21 anos após após se aposentar, ao nocautear o invicto Michael Moorer, duas décadas mais jovem.

O avanço da Medicina, da alimentação e dos métodos de treinamento ajudaram a prorrogar a aposentadoria dos atletas e, com isso, atualmente é comum ver esportistas próximos aos 40 anos em plena atividade. Cristiano Ronaldo, LeBron James e Lewis Hamilton são alguns exemplos.

Já uma vitória de Jake Paul vai causar uma invasão de ‘valentões’ famosos, que terão a ilusão de poder enfrentar qualquer um e serão encorajados por seus infinitos seguidores.

continua após a publicidade

O próprio Jake Paul já disse que planeja uma luta contra o mexicano Saul Canelo Alvarez, um dos maiores nomes da ‘nobre arte’ na atualidade.

MARMELADA

Vários meios de comunicação analisam o evento desta sexta-feira com uma “luta de verdade”, envolvendo Katie Taylor e Amanda Serrano (título unificado dos pesos superleves), e uma “marmelada” entre Paul e Tyson.

continua após a publicidade
Mike Tyson, durante coletiva antes de luta contra Jake Paul Foto: Timothy A. Clary/TIMOTHY A. CLARY

Se a luta for apenas uma exibição ou ‘armada’, os organizadores correm o risco de ficarem marcados por promover um dos maiores fiascos das transmissões esportivas em todos os tempos. Os esperados 80 mil espectadores que deverão lotar o estádio estão aguardando um duelo real. O resultado será inscrito nos cartéis oficiais dos lutadores. Qualquer coisa diferente disso vai desagradar os fãs e um grande número de processos deverá chegar aos tribunais de Dallas e região.

MEDO

Diante de tudo isso, o boxe surge como o provável único perdedor. O esporte mais antigo, no qual se busca aliar força, habilidade, agilidade, coragem e inteligência com os punhos, fica à mercê de críticos e, pior, diante de uma expectativa amedrontadora ao ver um homem de 58 anos, que ostenta a aura de ‘o mais temido do planeta’ - mas que sofre com problemas no fígado, coluna e joelhos - e de um ‘valentão’ que busca apenas notoriedade e fama. O melhor para a nobre arte seria não haver a luta. Que os ‘deuses dos ringues’ evitem o pior. Para o bem do boxe.

“Por mais que você seja rigoroso, você está exposto. Quem não tomou os devidos cuidados ao longo dos anos, de tomar essas pancadas na cabeça e se recuperar adequadamente, começa a ter problemas se expondo a essas pancadas. Pra quem é mais velho, você tem uma chance um pouco maior de uma concussão acontecer por conta de hidratação cerebral porque ao longo da vida o cérebro diminui um pouquinho e você está um pouco mais exposto. E tem o fator de quantas pancadas você levou na vida”, disse ao Estadão Ricardo Eid, médico do Esporte da Newon e referência em concussão cerebral

REGRAS

O resultado do duelo vai fazer parte dos cartéis oficiais dos lutadores. São previstos oito rounds de dois minutos e nocautes são permitidos. Os atletas não vão usar protetores de cabeça e as luvas serão de 14 onças (396 gramas - o normal entre pesos pesados é de dez onças (283 gramas).

A última vez que Tyson subiu em um ringue de boxe foi em 29 de novembro de 2020, quando realizou uma exibição contra o também ex-campeão Roy Jones Jr. O ‘Iron Man’ não faz um combate ‘de verdade’ desde 11 de junho de 2005, quando perdeu para o irlandês Kevin McBride.

Tyson soma 50 vitórias (44 nocautes) e seis derrotas. Ele foi o campeão mundial mais jovem dos pesos pesados, quando em 1986 conquistou o cinturão do Conselho Mundial de Boxe, ao derrotar o jamaicano Trevor Berbick. Ficou campeão até 1990, mas perdeu de forma surpreendente para James Buster Douglas.

Recuperou o título em 1996, ao vencer Frank Bruno, depois de passar três anos (1992 a 1995) na cadeia por estupro. Perdeu para Evander Holyfield no mesmo ano e nunca mais voltou a ser campeão. Teve uma chance, em 2002, mas perdeu para Lennox Lewis.

Jake Paul é um astro da internet, que se aventurou no boxe. Venceu lutadores famosos no MMA, mas sabe promover seus combates e possui um público fiel, o que lhe garante muito dinheiro. Sua vitória de maior repercussão foi sobre o brasileiro Anderson Silva, astro do UFC. Sua única derrota em dez combates foi para o britânico Tommy Fury, adversário mais graduado.

A bolsa de cada boxeador vai depender da venda de assinaturas na Netflix, mas a previsão inicial é de US$ 80 milhões para cada um.

Loucura ou Marmelada? É difícil prever o que acontecerá no ringue armado no centro do gramado do AT&T Stadium, casa do Dallas Cowboys (time da NFL), no Texas, onde nesta sexta-feira Mike Tyson, uma das maiores lendas do boxe mundial, vai enfrentar o youtuber Jake Paul. O evento terá transmissão ao vivo pela Netflix a partir das 22h (Brasília).

Cerca de US$ 80 milhões (R$ 480 milhões) são um dos motivos que levam o renomado boxeador a voltar a lutar aos 58 anos, frente a um adversário que tinha sete anos quando ele pendurou as luvas em 2005.

Na terça-feira, durante o treino aberto para a imprensa e público, Tyson afirmou que seus filhos “vão saber na sexta-feira porque ele é tão especial no boxe”. Jake Paul, que vai receber bolsa semelhante, aproveitou a presença da mãe no treino para prometer um “nocaute rápido”.

Partindo do princípio de que a luta será ‘de verdade’, Tyson só teria os muitos dólares para ganhar. Derrotar Paul, mesmo que seja por nocaute em poucos segundos como antigamente, pouco vai acrescentar à carreira.

O influenciador digital também pouco tem a perder, pois sua propaganda já foi feita com muito sucesso, independentemente do resultado. Perder para um mito não vai manchar sua carreira.

PSICOLÓGICO

Este é um ponto favorável a Tyson, acostumado com a pressão dos grandes eventos. Em quase duas décadas como pugilista profissional, o Iron Man passou por momentos bizarros, como quando mordeu as orelhas de Evander Holyfield, em 1997, e causou uma balbúrdia no ginásio do MGM Hotel, em Las Vegas.

Jake Paul não tem receio do contato com o público, mas jamais enfrentou um adversário com o espírito ‘assassino’ de Tyson. Os primeiros minutos poderão ser decisivos e qualquer vacilo por parte do youtuber será fatal.

Mike Tyson e Jake Paul se encaram antes de luta de boxe Foto: Julio Cortez/AP

GEORGE FOREMAN

Um vitória de Tyson pode lhe garantir novos eventos milionários. Mais do que isso. Poderá criar uma nova tendência no esporte, ao elevar a idade máxima para se praticar as modalidades em alto nível.

Em 1987, George Foreman, aos 38 anos, revolucionou o esporte, ao mostrar que o final de uma carreira de um atleta não deveria ser definido apenas por sua idade. “Big George” foi ser campeão mundial pela segunda vez aos 45 anos, 21 anos após após se aposentar, ao nocautear o invicto Michael Moorer, duas décadas mais jovem.

O avanço da Medicina, da alimentação e dos métodos de treinamento ajudaram a prorrogar a aposentadoria dos atletas e, com isso, atualmente é comum ver esportistas próximos aos 40 anos em plena atividade. Cristiano Ronaldo, LeBron James e Lewis Hamilton são alguns exemplos.

Já uma vitória de Jake Paul vai causar uma invasão de ‘valentões’ famosos, que terão a ilusão de poder enfrentar qualquer um e serão encorajados por seus infinitos seguidores.

O próprio Jake Paul já disse que planeja uma luta contra o mexicano Saul Canelo Alvarez, um dos maiores nomes da ‘nobre arte’ na atualidade.

MARMELADA

Vários meios de comunicação analisam o evento desta sexta-feira com uma “luta de verdade”, envolvendo Katie Taylor e Amanda Serrano (título unificado dos pesos superleves), e uma “marmelada” entre Paul e Tyson.

Mike Tyson, durante coletiva antes de luta contra Jake Paul Foto: Timothy A. Clary/TIMOTHY A. CLARY

Se a luta for apenas uma exibição ou ‘armada’, os organizadores correm o risco de ficarem marcados por promover um dos maiores fiascos das transmissões esportivas em todos os tempos. Os esperados 80 mil espectadores que deverão lotar o estádio estão aguardando um duelo real. O resultado será inscrito nos cartéis oficiais dos lutadores. Qualquer coisa diferente disso vai desagradar os fãs e um grande número de processos deverá chegar aos tribunais de Dallas e região.

MEDO

Diante de tudo isso, o boxe surge como o provável único perdedor. O esporte mais antigo, no qual se busca aliar força, habilidade, agilidade, coragem e inteligência com os punhos, fica à mercê de críticos e, pior, diante de uma expectativa amedrontadora ao ver um homem de 58 anos, que ostenta a aura de ‘o mais temido do planeta’ - mas que sofre com problemas no fígado, coluna e joelhos - e de um ‘valentão’ que busca apenas notoriedade e fama. O melhor para a nobre arte seria não haver a luta. Que os ‘deuses dos ringues’ evitem o pior. Para o bem do boxe.

“Por mais que você seja rigoroso, você está exposto. Quem não tomou os devidos cuidados ao longo dos anos, de tomar essas pancadas na cabeça e se recuperar adequadamente, começa a ter problemas se expondo a essas pancadas. Pra quem é mais velho, você tem uma chance um pouco maior de uma concussão acontecer por conta de hidratação cerebral porque ao longo da vida o cérebro diminui um pouquinho e você está um pouco mais exposto. E tem o fator de quantas pancadas você levou na vida”, disse ao Estadão Ricardo Eid, médico do Esporte da Newon e referência em concussão cerebral

REGRAS

O resultado do duelo vai fazer parte dos cartéis oficiais dos lutadores. São previstos oito rounds de dois minutos e nocautes são permitidos. Os atletas não vão usar protetores de cabeça e as luvas serão de 14 onças (396 gramas - o normal entre pesos pesados é de dez onças (283 gramas).

A última vez que Tyson subiu em um ringue de boxe foi em 29 de novembro de 2020, quando realizou uma exibição contra o também ex-campeão Roy Jones Jr. O ‘Iron Man’ não faz um combate ‘de verdade’ desde 11 de junho de 2005, quando perdeu para o irlandês Kevin McBride.

Tyson soma 50 vitórias (44 nocautes) e seis derrotas. Ele foi o campeão mundial mais jovem dos pesos pesados, quando em 1986 conquistou o cinturão do Conselho Mundial de Boxe, ao derrotar o jamaicano Trevor Berbick. Ficou campeão até 1990, mas perdeu de forma surpreendente para James Buster Douglas.

Recuperou o título em 1996, ao vencer Frank Bruno, depois de passar três anos (1992 a 1995) na cadeia por estupro. Perdeu para Evander Holyfield no mesmo ano e nunca mais voltou a ser campeão. Teve uma chance, em 2002, mas perdeu para Lennox Lewis.

Jake Paul é um astro da internet, que se aventurou no boxe. Venceu lutadores famosos no MMA, mas sabe promover seus combates e possui um público fiel, o que lhe garante muito dinheiro. Sua vitória de maior repercussão foi sobre o brasileiro Anderson Silva, astro do UFC. Sua única derrota em dez combates foi para o britânico Tommy Fury, adversário mais graduado.

A bolsa de cada boxeador vai depender da venda de assinaturas na Netflix, mas a previsão inicial é de US$ 80 milhões para cada um.

Loucura ou Marmelada? É difícil prever o que acontecerá no ringue armado no centro do gramado do AT&T Stadium, casa do Dallas Cowboys (time da NFL), no Texas, onde nesta sexta-feira Mike Tyson, uma das maiores lendas do boxe mundial, vai enfrentar o youtuber Jake Paul. O evento terá transmissão ao vivo pela Netflix a partir das 22h (Brasília).

Cerca de US$ 80 milhões (R$ 480 milhões) são um dos motivos que levam o renomado boxeador a voltar a lutar aos 58 anos, frente a um adversário que tinha sete anos quando ele pendurou as luvas em 2005.

Na terça-feira, durante o treino aberto para a imprensa e público, Tyson afirmou que seus filhos “vão saber na sexta-feira porque ele é tão especial no boxe”. Jake Paul, que vai receber bolsa semelhante, aproveitou a presença da mãe no treino para prometer um “nocaute rápido”.

Partindo do princípio de que a luta será ‘de verdade’, Tyson só teria os muitos dólares para ganhar. Derrotar Paul, mesmo que seja por nocaute em poucos segundos como antigamente, pouco vai acrescentar à carreira.

O influenciador digital também pouco tem a perder, pois sua propaganda já foi feita com muito sucesso, independentemente do resultado. Perder para um mito não vai manchar sua carreira.

PSICOLÓGICO

Este é um ponto favorável a Tyson, acostumado com a pressão dos grandes eventos. Em quase duas décadas como pugilista profissional, o Iron Man passou por momentos bizarros, como quando mordeu as orelhas de Evander Holyfield, em 1997, e causou uma balbúrdia no ginásio do MGM Hotel, em Las Vegas.

Jake Paul não tem receio do contato com o público, mas jamais enfrentou um adversário com o espírito ‘assassino’ de Tyson. Os primeiros minutos poderão ser decisivos e qualquer vacilo por parte do youtuber será fatal.

Mike Tyson e Jake Paul se encaram antes de luta de boxe Foto: Julio Cortez/AP

GEORGE FOREMAN

Um vitória de Tyson pode lhe garantir novos eventos milionários. Mais do que isso. Poderá criar uma nova tendência no esporte, ao elevar a idade máxima para se praticar as modalidades em alto nível.

Em 1987, George Foreman, aos 38 anos, revolucionou o esporte, ao mostrar que o final de uma carreira de um atleta não deveria ser definido apenas por sua idade. “Big George” foi ser campeão mundial pela segunda vez aos 45 anos, 21 anos após após se aposentar, ao nocautear o invicto Michael Moorer, duas décadas mais jovem.

O avanço da Medicina, da alimentação e dos métodos de treinamento ajudaram a prorrogar a aposentadoria dos atletas e, com isso, atualmente é comum ver esportistas próximos aos 40 anos em plena atividade. Cristiano Ronaldo, LeBron James e Lewis Hamilton são alguns exemplos.

Já uma vitória de Jake Paul vai causar uma invasão de ‘valentões’ famosos, que terão a ilusão de poder enfrentar qualquer um e serão encorajados por seus infinitos seguidores.

O próprio Jake Paul já disse que planeja uma luta contra o mexicano Saul Canelo Alvarez, um dos maiores nomes da ‘nobre arte’ na atualidade.

MARMELADA

Vários meios de comunicação analisam o evento desta sexta-feira com uma “luta de verdade”, envolvendo Katie Taylor e Amanda Serrano (título unificado dos pesos superleves), e uma “marmelada” entre Paul e Tyson.

Mike Tyson, durante coletiva antes de luta contra Jake Paul Foto: Timothy A. Clary/TIMOTHY A. CLARY

Se a luta for apenas uma exibição ou ‘armada’, os organizadores correm o risco de ficarem marcados por promover um dos maiores fiascos das transmissões esportivas em todos os tempos. Os esperados 80 mil espectadores que deverão lotar o estádio estão aguardando um duelo real. O resultado será inscrito nos cartéis oficiais dos lutadores. Qualquer coisa diferente disso vai desagradar os fãs e um grande número de processos deverá chegar aos tribunais de Dallas e região.

MEDO

Diante de tudo isso, o boxe surge como o provável único perdedor. O esporte mais antigo, no qual se busca aliar força, habilidade, agilidade, coragem e inteligência com os punhos, fica à mercê de críticos e, pior, diante de uma expectativa amedrontadora ao ver um homem de 58 anos, que ostenta a aura de ‘o mais temido do planeta’ - mas que sofre com problemas no fígado, coluna e joelhos - e de um ‘valentão’ que busca apenas notoriedade e fama. O melhor para a nobre arte seria não haver a luta. Que os ‘deuses dos ringues’ evitem o pior. Para o bem do boxe.

“Por mais que você seja rigoroso, você está exposto. Quem não tomou os devidos cuidados ao longo dos anos, de tomar essas pancadas na cabeça e se recuperar adequadamente, começa a ter problemas se expondo a essas pancadas. Pra quem é mais velho, você tem uma chance um pouco maior de uma concussão acontecer por conta de hidratação cerebral porque ao longo da vida o cérebro diminui um pouquinho e você está um pouco mais exposto. E tem o fator de quantas pancadas você levou na vida”, disse ao Estadão Ricardo Eid, médico do Esporte da Newon e referência em concussão cerebral

REGRAS

O resultado do duelo vai fazer parte dos cartéis oficiais dos lutadores. São previstos oito rounds de dois minutos e nocautes são permitidos. Os atletas não vão usar protetores de cabeça e as luvas serão de 14 onças (396 gramas - o normal entre pesos pesados é de dez onças (283 gramas).

A última vez que Tyson subiu em um ringue de boxe foi em 29 de novembro de 2020, quando realizou uma exibição contra o também ex-campeão Roy Jones Jr. O ‘Iron Man’ não faz um combate ‘de verdade’ desde 11 de junho de 2005, quando perdeu para o irlandês Kevin McBride.

Tyson soma 50 vitórias (44 nocautes) e seis derrotas. Ele foi o campeão mundial mais jovem dos pesos pesados, quando em 1986 conquistou o cinturão do Conselho Mundial de Boxe, ao derrotar o jamaicano Trevor Berbick. Ficou campeão até 1990, mas perdeu de forma surpreendente para James Buster Douglas.

Recuperou o título em 1996, ao vencer Frank Bruno, depois de passar três anos (1992 a 1995) na cadeia por estupro. Perdeu para Evander Holyfield no mesmo ano e nunca mais voltou a ser campeão. Teve uma chance, em 2002, mas perdeu para Lennox Lewis.

Jake Paul é um astro da internet, que se aventurou no boxe. Venceu lutadores famosos no MMA, mas sabe promover seus combates e possui um público fiel, o que lhe garante muito dinheiro. Sua vitória de maior repercussão foi sobre o brasileiro Anderson Silva, astro do UFC. Sua única derrota em dez combates foi para o britânico Tommy Fury, adversário mais graduado.

A bolsa de cada boxeador vai depender da venda de assinaturas na Netflix, mas a previsão inicial é de US$ 80 milhões para cada um.

Tudo Sobre
Análise por Wilson Baldini Jr

Wilson Baldini Jr. é jornalista esportivo desde 1987. Trabalhou na Folha de S. Paulo, Jovem Pan, Jornal da Tarde, ESPN Brasil, PSN, TV Globo, Lance! e tem mais de 25 anos de Estadão. Cobriu as Copas de 2006, 2010 e 2014, e as Olimpíadas de 2008 e 2012. Fez a cobertura de 36 lutas internacionais de boxe.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.