PARIS - Aos 34 anos, Valdileia Martins tem seu maior desafio na carreira de atleta. Competindo no salto em altura no Stade de France, em Saint-Denis, obteve a classificação para a final dos Jogos de Paris - sua primeira competição olímpica - igualando o recorde brasileiro ao passar pelo sarrafo a 1,92m, mas sofreu uma lesão que provocou uma corrida contra o tempo para que ela participe da decisão neste domingo. No momento em que se preparava para o salto, Valdileia sentiu dores e desistiu da competição.
“Colocamos como meta ser finalista olímpica e quebrar o recorde brasileiro. E eu igualei. Quando tentei 1,95 m, coloquei um pouco mais de força do que deveria e acabei torcendo o meu pé. Mas eu estou contente com o resultado, é o que eu imaginava, foi tudo como planejado. Eu treinei para sair na Olimpíada. Acho que foi um feito muito grande”, disse Valdileia.
Assim que a prova foi encerrada e a classificação confirmada para a final, as equipes médica e fisioterápica que dão suporte aos brasileiros que competem no atletismo iniciaram os procedimentos para recuperação de Valdileia. Ela sofreu uma entorse no médio pé esquerdo, apresentou dor no local e edema moderado. Essa lesão prejudica a corrida que antecede o salto e também o movimento de saltar, que são fundamentais nessa modalidade.
De acordo com apuração da reportagem do Estadão, de sexta-feira, data da lesão, para sábado, Valdileia apresentou boa evolução e permaneceu em tratamento intensivo.
Na última segunda-feira, Valdileia foi abalada por outra notícia. A atleta foi informada por familiares da morte do pai, Israel Martins, aos 74 anos, vítima de um ataque cardíaco. Ele foi um dos principais incentivadores da filha no esporte, a ajudou a improvisar materiais para simular uma prova de salto em altura em sua casa, em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), em Querência do Norte-PR.
“O MST lamenta o falecimento de Israel Martins, de 74 anos, camponês do assentamento Pontal do Tigre e pai da atleta Valdileia Martins, que compete nos Jogos Olímpicos de Paris. Israel foi um incentivador da prática esportiva e da luta pela terra. Solidariedade à família”, escreveu o grupo em publicação no X.
Valdileia não pôde acompanhar o velório do pai presencialmente e decidiu permanecer nos treinamentos para as provas do salto em altura dos Jogos de Paris. Tendo o pai como grande apoiador, a atleta optou por persistir em um sonho que também era dele.