O colapso de Damar Hamlin, jogador do Buffalo Bills, que teve uma parada cardíaca em campo momentos depois de receber uma pancada na cabeça e no peito, foi uma das crises médicas mais graves da NFL em décadas.
Em um comunicado na terça-feira, os Bills admitiram que Hamlin havia sofrido uma parada cardíaca e que a equipe de emergência reavivou seus batimentos cardíacos em campo. Ele havia sido sedado e estava em estado crítico.
storyA declaração surpreendeu pela sinceridade. As consequências para a saúde de jogar futebol americano e os protocolos da liga são muito examinados, mas a NFL e suas equipes normalmente divulgam apenas algumas informações sobre lesões.
Essa abordagem gerou um debate significativo sobre o histórico de segurança da liga e sobre quanto progresso ela teve. Especialmente quando se trata de informações sobre a NFL, a liga e seus times controlam o que é dito - e do que não é.
Quais informações a NFL divulga?
Para os torcedores, a atualização mais familiar sobre a saúde do jogador é o relatório semanal de lesões. Por exemplo, antes do jogo de segunda-feira contra o Bengals, o Bills listou Jordan Poyer como “dúvida” por causa de uma lesão no joelho. (Ele foi finalmente considerado disponível para jogar.)
Mas os relatórios, embora a liga exija que sejam “críveis, precisos e específicos”, não detalham os diagnósticos ou dizem muito sobre a gravidade de uma lesão. Em vez disso, os jornalistas geralmente acabam tendo que extrair respostas de treinadores acostumados a ficar de boca fechada nas entrevistas.
Essas divulgações sobre lesões dificilmente estão enraizadas em promover a responsabilidade pelos cuidados na saúde: elas foram lançadas em 1947 na verdade como uma forma de combater o jogo de apostas.
Em 2016, o The New York Times descobriu que estudos da liga, usados em muitos artigos publicados e revisados por pares, não incluíram mais de 100 concussões diagnosticadas. Na época, a NFL disse que as equipes não eram obrigadas a enviar dados para os estudos e que não havia tentado “alterar ou suprimir a taxa de concussões”.
A liga divulga informações sobre problemas cardíacos?
Não nos dados que publica rotineiramente. Os jogadores de futebol americano estão preocupados com problemas cardíacos há décadas, e os pesquisadores há muito tempo estudam os ex-atletas. Em 2019, por exemplo, um estudo publicado no Journal of the American Heart Association descobriu que ex-jogadores da NFL eram muito mais propensos a ter fibrilação atrial do que pessoas comuns em geral.
As preocupações com os riscos cardíacos se estendem aos jogadores atuais. Na temporada regular de 2019, a NFL estava tão preocupada com a ameaça de parada cardíaca súbita que divulgou um vídeo educacional para as equipes.
Nesta apresentação, Jonathan A. Drezner, médico da equipe do Seattle Seahawks e diretor do Centro de Cardiologia Esportiva da Universidade de Washington, alertou que a parada cardíaca súbita foi a principal causa de morte entre os atletas que se exercitam. A maioria dos casos, observou ele, ocorreu em jogadores de basquete, futebol ou futebol americano e muitas vezes pode ser atribuída à fibrilação ventricular.
Autoridades da NFL esperavam que os profissionais da área médica das equipes revisassem esse vídeo anualmente. Os médicos achavam que os times deveriam incluir a parada cardíaca súbita na pré-temporada para emergências no jogo.
A NFL, como outras ligas profissionais e a NCAA (liga universitária), estava preocupada nos primeiros meses da pandemia de coronavírus com a possibilidade de a covid-19 causar problemas cardíacos em atletas. Em alguns casos, a NFL recomendou que os jogadores com teste positivo para o vírus fossem submetidos a certos exames cardíacos, como um eletrocardiograma, que registra a atividade elétrica do coração, e um ecocardiograma, um ultrassom que permite aos médicos avaliar visualmente a estrutura e a função do coração.
Quão comuns são as concussões na NFL?
Pela contagem da NFL, as concussões são menos comuns do que antes. Na pré-temporada e na temporada regular de 2015, incluindo os treinos, a liga registrou formalmente 275 concussões, o que pode ser difícil de diagnosticar. Em 2021, esse número caiu para 187.
As concussões caíram especialmente na temporada de 2018, depois que a liga introduziu uma regra que proibia os jogadores de abaixar a cabeça e bater nos adversários com seus capacetes. Foram 214 naquele ano, incluindo treinos e jogos da pré-temporada, abaixo dos 281 da temporada anterior.
A crescente percepção de que gerações de jogadores enfrentam as consequências de lesões na cabeça, incluindo encefalopatia traumática crônica, uma doença cerebral degenerativa, representa sérias ameaças legais e médicas para a NFL.