Olimpíadas 2024: entenda a regra polêmica que tirou bronze do brasileiro Rafael Macedo no judô


Brasileiro ia bem em luta contra francês, mas foi desclassificado após receber punição por “motivo indeterminado”; treinador revela inconformismo e judoca evita contestar decisão da arbitragem

Por Ingrid Gonzaga e Ricardo Magatti
Atualização:

PARIS - A disputa de bronze do judoca Rafael Macedo, da categoria até 90kg dos Jogos Olímpicos de Paris, poderia ter terminado em medalha, mas acabou em polêmica. Em uma decisão não explicada pelo árbitro, o atleta brasileiro recebeu um shido — isto é, uma punição — enquanto lutava no solo. Rafael, porém, já tinha duas punições e não poderia receber outra (na modalidade, três punições levam a uma desclassificação).

Nem mesmo o site oficial do Comitê Olímpico Internacional (COI) determina a punição. A decisão foi classificada como “shido indeterminado”. No momento, explicou-se que o shido teria supostamente sido dado por conta de um tipo de pegada que é proibida no judô: quando um atleta coloca os dedos por dentro da manga do judogui do adversário. Mas isso não foi indicado pelo árbitro, que deve sinalizar com as mãos o motivo de cada advertência.

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Outro sinal que indica que não seria esse o motivo da punição é a atitude do próprio francês durante a luta. Quando ambos os judocas estão no chão, Rafael passa seu joelho por cima do pescoço do adversário, que aponta em direção à própria cabeça. O árbitro interrompe o combate logo em seguida.

Rafael Macedo ficou sem o bronze em Paris após receber punição da arbitragem Foto: Luiza Moraes/COB

Luiza Marcon, árbitra nacional de judô, explica o que pode ter acontecido. “Na regra, diz que as técnicas em que você faz como se fosse uma tesoura com as pernas no tronco ou na cabeça do adversário, estica as pernas e acaba apertando ou o tronco ou a cabeça entre os joelhos, isso é hansoku-make, uma punição que causa desclassificação imediata”, conta.

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Sendo assim, ainda que tivesse realizado o mesmo movimento com as pernas no momento em que não tinha outras punições, Rafael teria sido desclassificado. “Quando ele cruzou as pernas na cabeça do francês, a arbitragem parou e entendeu que ele fez essa chave proibida, que ele apertou a cabeça do francês esticando as pernas que estavam cruzadas. Por isso, foi dado hansoku-make. Foi esse símbolo que o árbitro fez: ele mostrou a cruzada com as mãos e deu hansoku-make”, explica.

Marcelo Theotonio, chefe de equipe da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), comentou a situação: “Realmente ficou confuso, não entendemos a punição. Inicialmente entendemos que ele tinha dado punição por pegar dentro do quimono. Não foi isso, não ficou claro. Quando fomos até a mesa, conversar com os responsáveis pela arbitragem, essa posição, quando você pressiona só a cabeça, é realmente considerado mate e shido. Seria esse último ponto que o Rafael sofreu”.

Motivo da punição não é informado no site oficial Foto: Reprodução/COI
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Kiko Pereira, técnico da seleção brasileira de judô, expressou inconformismo com a decisão em declaração a jornalistas depois da luta, ainda que não tenha achado que a arbitragem foi tendenciosa. “Esse último (golpe de Macedo) foi waza-ari. Teve um outro que quase foi. Se está na regra de lançar cabeça, está certo, mas não é uma punição comum”, afirmou. “Eu vi poucas vezes, ainda mais numa final, numa disputa de medalha. O Rafael estava bem melhor, tanto que o lance que definiu ele estava nas costas dele (do francês), derrubou, tem que ver se não foi waza-ari”.

Rafael estava plácido após a luta. Não mostrou indignação com o resultado e aceitou a punição aplicada pela arbitragem, embora não tenha entendido. “Não entendi direito a punição, acredito que os árbitros têm muitas câmeras, vão sempre avaliar da melhor forma. Respeito a decisão deles. Saio tranquilo porque dei o meu melhor. Fiz tudo que eu sei, faz parte”, disse.

No judô, não há possibilidade de pedido de recurso para revisão de resultados. Existe apenas um protocolo de esclarecimento, em que os árbitros explicam suas decisões. “O duro é que tem um guia que mostra uma situação um pouco diferente. Mas ali eles abriram um outro guia, com uma regra mais atualizada, e mostra que é shido. É uma pena, lamentável. Era evidente que o Rafael estava superior na luta. É bastante discutível, mas ele vai manter o foco na disputa por equipes”, lamenta Theotonio.

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As disputas do judô continuam. Nesta quinta-feira, Mayra Aguiar e Leonardo Gonçalves entram no tatame para mais um dia de combates. As lutas preliminares começam às 5h (horário de Brasília). A disputa por equipes acontece no próximo sábado, no mesmo horário.

PARIS - A disputa de bronze do judoca Rafael Macedo, da categoria até 90kg dos Jogos Olímpicos de Paris, poderia ter terminado em medalha, mas acabou em polêmica. Em uma decisão não explicada pelo árbitro, o atleta brasileiro recebeu um shido — isto é, uma punição — enquanto lutava no solo. Rafael, porém, já tinha duas punições e não poderia receber outra (na modalidade, três punições levam a uma desclassificação).

Nem mesmo o site oficial do Comitê Olímpico Internacional (COI) determina a punição. A decisão foi classificada como “shido indeterminado”. No momento, explicou-se que o shido teria supostamente sido dado por conta de um tipo de pegada que é proibida no judô: quando um atleta coloca os dedos por dentro da manga do judogui do adversário. Mas isso não foi indicado pelo árbitro, que deve sinalizar com as mãos o motivo de cada advertência.

Outro sinal que indica que não seria esse o motivo da punição é a atitude do próprio francês durante a luta. Quando ambos os judocas estão no chão, Rafael passa seu joelho por cima do pescoço do adversário, que aponta em direção à própria cabeça. O árbitro interrompe o combate logo em seguida.

Rafael Macedo ficou sem o bronze em Paris após receber punição da arbitragem Foto: Luiza Moraes/COB

Luiza Marcon, árbitra nacional de judô, explica o que pode ter acontecido. “Na regra, diz que as técnicas em que você faz como se fosse uma tesoura com as pernas no tronco ou na cabeça do adversário, estica as pernas e acaba apertando ou o tronco ou a cabeça entre os joelhos, isso é hansoku-make, uma punição que causa desclassificação imediata”, conta.

Sendo assim, ainda que tivesse realizado o mesmo movimento com as pernas no momento em que não tinha outras punições, Rafael teria sido desclassificado. “Quando ele cruzou as pernas na cabeça do francês, a arbitragem parou e entendeu que ele fez essa chave proibida, que ele apertou a cabeça do francês esticando as pernas que estavam cruzadas. Por isso, foi dado hansoku-make. Foi esse símbolo que o árbitro fez: ele mostrou a cruzada com as mãos e deu hansoku-make”, explica.

Marcelo Theotonio, chefe de equipe da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), comentou a situação: “Realmente ficou confuso, não entendemos a punição. Inicialmente entendemos que ele tinha dado punição por pegar dentro do quimono. Não foi isso, não ficou claro. Quando fomos até a mesa, conversar com os responsáveis pela arbitragem, essa posição, quando você pressiona só a cabeça, é realmente considerado mate e shido. Seria esse último ponto que o Rafael sofreu”.

Motivo da punição não é informado no site oficial Foto: Reprodução/COI

Kiko Pereira, técnico da seleção brasileira de judô, expressou inconformismo com a decisão em declaração a jornalistas depois da luta, ainda que não tenha achado que a arbitragem foi tendenciosa. “Esse último (golpe de Macedo) foi waza-ari. Teve um outro que quase foi. Se está na regra de lançar cabeça, está certo, mas não é uma punição comum”, afirmou. “Eu vi poucas vezes, ainda mais numa final, numa disputa de medalha. O Rafael estava bem melhor, tanto que o lance que definiu ele estava nas costas dele (do francês), derrubou, tem que ver se não foi waza-ari”.

Rafael estava plácido após a luta. Não mostrou indignação com o resultado e aceitou a punição aplicada pela arbitragem, embora não tenha entendido. “Não entendi direito a punição, acredito que os árbitros têm muitas câmeras, vão sempre avaliar da melhor forma. Respeito a decisão deles. Saio tranquilo porque dei o meu melhor. Fiz tudo que eu sei, faz parte”, disse.

No judô, não há possibilidade de pedido de recurso para revisão de resultados. Existe apenas um protocolo de esclarecimento, em que os árbitros explicam suas decisões. “O duro é que tem um guia que mostra uma situação um pouco diferente. Mas ali eles abriram um outro guia, com uma regra mais atualizada, e mostra que é shido. É uma pena, lamentável. Era evidente que o Rafael estava superior na luta. É bastante discutível, mas ele vai manter o foco na disputa por equipes”, lamenta Theotonio.

As disputas do judô continuam. Nesta quinta-feira, Mayra Aguiar e Leonardo Gonçalves entram no tatame para mais um dia de combates. As lutas preliminares começam às 5h (horário de Brasília). A disputa por equipes acontece no próximo sábado, no mesmo horário.

PARIS - A disputa de bronze do judoca Rafael Macedo, da categoria até 90kg dos Jogos Olímpicos de Paris, poderia ter terminado em medalha, mas acabou em polêmica. Em uma decisão não explicada pelo árbitro, o atleta brasileiro recebeu um shido — isto é, uma punição — enquanto lutava no solo. Rafael, porém, já tinha duas punições e não poderia receber outra (na modalidade, três punições levam a uma desclassificação).

Nem mesmo o site oficial do Comitê Olímpico Internacional (COI) determina a punição. A decisão foi classificada como “shido indeterminado”. No momento, explicou-se que o shido teria supostamente sido dado por conta de um tipo de pegada que é proibida no judô: quando um atleta coloca os dedos por dentro da manga do judogui do adversário. Mas isso não foi indicado pelo árbitro, que deve sinalizar com as mãos o motivo de cada advertência.

Outro sinal que indica que não seria esse o motivo da punição é a atitude do próprio francês durante a luta. Quando ambos os judocas estão no chão, Rafael passa seu joelho por cima do pescoço do adversário, que aponta em direção à própria cabeça. O árbitro interrompe o combate logo em seguida.

Rafael Macedo ficou sem o bronze em Paris após receber punição da arbitragem Foto: Luiza Moraes/COB

Luiza Marcon, árbitra nacional de judô, explica o que pode ter acontecido. “Na regra, diz que as técnicas em que você faz como se fosse uma tesoura com as pernas no tronco ou na cabeça do adversário, estica as pernas e acaba apertando ou o tronco ou a cabeça entre os joelhos, isso é hansoku-make, uma punição que causa desclassificação imediata”, conta.

Sendo assim, ainda que tivesse realizado o mesmo movimento com as pernas no momento em que não tinha outras punições, Rafael teria sido desclassificado. “Quando ele cruzou as pernas na cabeça do francês, a arbitragem parou e entendeu que ele fez essa chave proibida, que ele apertou a cabeça do francês esticando as pernas que estavam cruzadas. Por isso, foi dado hansoku-make. Foi esse símbolo que o árbitro fez: ele mostrou a cruzada com as mãos e deu hansoku-make”, explica.

Marcelo Theotonio, chefe de equipe da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), comentou a situação: “Realmente ficou confuso, não entendemos a punição. Inicialmente entendemos que ele tinha dado punição por pegar dentro do quimono. Não foi isso, não ficou claro. Quando fomos até a mesa, conversar com os responsáveis pela arbitragem, essa posição, quando você pressiona só a cabeça, é realmente considerado mate e shido. Seria esse último ponto que o Rafael sofreu”.

Motivo da punição não é informado no site oficial Foto: Reprodução/COI

Kiko Pereira, técnico da seleção brasileira de judô, expressou inconformismo com a decisão em declaração a jornalistas depois da luta, ainda que não tenha achado que a arbitragem foi tendenciosa. “Esse último (golpe de Macedo) foi waza-ari. Teve um outro que quase foi. Se está na regra de lançar cabeça, está certo, mas não é uma punição comum”, afirmou. “Eu vi poucas vezes, ainda mais numa final, numa disputa de medalha. O Rafael estava bem melhor, tanto que o lance que definiu ele estava nas costas dele (do francês), derrubou, tem que ver se não foi waza-ari”.

Rafael estava plácido após a luta. Não mostrou indignação com o resultado e aceitou a punição aplicada pela arbitragem, embora não tenha entendido. “Não entendi direito a punição, acredito que os árbitros têm muitas câmeras, vão sempre avaliar da melhor forma. Respeito a decisão deles. Saio tranquilo porque dei o meu melhor. Fiz tudo que eu sei, faz parte”, disse.

No judô, não há possibilidade de pedido de recurso para revisão de resultados. Existe apenas um protocolo de esclarecimento, em que os árbitros explicam suas decisões. “O duro é que tem um guia que mostra uma situação um pouco diferente. Mas ali eles abriram um outro guia, com uma regra mais atualizada, e mostra que é shido. É uma pena, lamentável. Era evidente que o Rafael estava superior na luta. É bastante discutível, mas ele vai manter o foco na disputa por equipes”, lamenta Theotonio.

As disputas do judô continuam. Nesta quinta-feira, Mayra Aguiar e Leonardo Gonçalves entram no tatame para mais um dia de combates. As lutas preliminares começam às 5h (horário de Brasília). A disputa por equipes acontece no próximo sábado, no mesmo horário.

PARIS - A disputa de bronze do judoca Rafael Macedo, da categoria até 90kg dos Jogos Olímpicos de Paris, poderia ter terminado em medalha, mas acabou em polêmica. Em uma decisão não explicada pelo árbitro, o atleta brasileiro recebeu um shido — isto é, uma punição — enquanto lutava no solo. Rafael, porém, já tinha duas punições e não poderia receber outra (na modalidade, três punições levam a uma desclassificação).

Nem mesmo o site oficial do Comitê Olímpico Internacional (COI) determina a punição. A decisão foi classificada como “shido indeterminado”. No momento, explicou-se que o shido teria supostamente sido dado por conta de um tipo de pegada que é proibida no judô: quando um atleta coloca os dedos por dentro da manga do judogui do adversário. Mas isso não foi indicado pelo árbitro, que deve sinalizar com as mãos o motivo de cada advertência.

Outro sinal que indica que não seria esse o motivo da punição é a atitude do próprio francês durante a luta. Quando ambos os judocas estão no chão, Rafael passa seu joelho por cima do pescoço do adversário, que aponta em direção à própria cabeça. O árbitro interrompe o combate logo em seguida.

Rafael Macedo ficou sem o bronze em Paris após receber punição da arbitragem Foto: Luiza Moraes/COB

Luiza Marcon, árbitra nacional de judô, explica o que pode ter acontecido. “Na regra, diz que as técnicas em que você faz como se fosse uma tesoura com as pernas no tronco ou na cabeça do adversário, estica as pernas e acaba apertando ou o tronco ou a cabeça entre os joelhos, isso é hansoku-make, uma punição que causa desclassificação imediata”, conta.

Sendo assim, ainda que tivesse realizado o mesmo movimento com as pernas no momento em que não tinha outras punições, Rafael teria sido desclassificado. “Quando ele cruzou as pernas na cabeça do francês, a arbitragem parou e entendeu que ele fez essa chave proibida, que ele apertou a cabeça do francês esticando as pernas que estavam cruzadas. Por isso, foi dado hansoku-make. Foi esse símbolo que o árbitro fez: ele mostrou a cruzada com as mãos e deu hansoku-make”, explica.

Marcelo Theotonio, chefe de equipe da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), comentou a situação: “Realmente ficou confuso, não entendemos a punição. Inicialmente entendemos que ele tinha dado punição por pegar dentro do quimono. Não foi isso, não ficou claro. Quando fomos até a mesa, conversar com os responsáveis pela arbitragem, essa posição, quando você pressiona só a cabeça, é realmente considerado mate e shido. Seria esse último ponto que o Rafael sofreu”.

Motivo da punição não é informado no site oficial Foto: Reprodução/COI

Kiko Pereira, técnico da seleção brasileira de judô, expressou inconformismo com a decisão em declaração a jornalistas depois da luta, ainda que não tenha achado que a arbitragem foi tendenciosa. “Esse último (golpe de Macedo) foi waza-ari. Teve um outro que quase foi. Se está na regra de lançar cabeça, está certo, mas não é uma punição comum”, afirmou. “Eu vi poucas vezes, ainda mais numa final, numa disputa de medalha. O Rafael estava bem melhor, tanto que o lance que definiu ele estava nas costas dele (do francês), derrubou, tem que ver se não foi waza-ari”.

Rafael estava plácido após a luta. Não mostrou indignação com o resultado e aceitou a punição aplicada pela arbitragem, embora não tenha entendido. “Não entendi direito a punição, acredito que os árbitros têm muitas câmeras, vão sempre avaliar da melhor forma. Respeito a decisão deles. Saio tranquilo porque dei o meu melhor. Fiz tudo que eu sei, faz parte”, disse.

No judô, não há possibilidade de pedido de recurso para revisão de resultados. Existe apenas um protocolo de esclarecimento, em que os árbitros explicam suas decisões. “O duro é que tem um guia que mostra uma situação um pouco diferente. Mas ali eles abriram um outro guia, com uma regra mais atualizada, e mostra que é shido. É uma pena, lamentável. Era evidente que o Rafael estava superior na luta. É bastante discutível, mas ele vai manter o foco na disputa por equipes”, lamenta Theotonio.

As disputas do judô continuam. Nesta quinta-feira, Mayra Aguiar e Leonardo Gonçalves entram no tatame para mais um dia de combates. As lutas preliminares começam às 5h (horário de Brasília). A disputa por equipes acontece no próximo sábado, no mesmo horário.

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