Olimpíadas 2024: entenda a polêmica no boxe com vitória de atleta reprovada em teste de gênero


Presença da argelina Imane Khelif em Paris gerou revolta do governo italiano antes do início dos Jogos; COI afirma que as atletas seguiram todas as ‘normas médicas aplicáveis’

Por André Esmeriz
Atualização:

A luta entre a italiana Angela Carini e a argelina Imane Khelif, válida pela primeira rodada da categoria até 66kg do boxe feminino nas Olimpíadas de Paris, durou apenas 45 segundos. Carini foi atingida por um golpe no rosto e abandonou a luta na sequência, alegando um problema no nariz. “Recebi duas pancadas no nariz e não estava conseguindo respirar. Isso me fez muito mal”, disse Carini.

Assim que o árbitro decretou a vitória de Imane Khelif, Angela Carini se recusou a cumprimentar a adversária e, ainda no ringue, não segurou as lágrimas.

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Angela Carini abandonou a luta contra a argelina Imane Khelif Foto: John Locher/AP

O episódio foi mais um capítulo da polêmica iniciada antes mesmo do início da luta. As pugilistas Imane Khelif, argelina, e Lin Yu-ting, taiwanesa, haviam sido desclassificadas da Copa do Mundo de 2023, em Nova Delhi, na Índia, organizada pela Federação Internacional de Boxe (IBA) após serem reprovadas nos testes de elegibilidade após a realização de testes de DNA. O presidente da entidade, Igor Kremlev, disse que “elas tinham cromossomos XY”.

A estreia da taiwanesa Lin Yu-ting na categoria até 57kg será nesta sexta-feira, 2, contra Sitora Turdibekova, do Usbequistão.

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Nesta quinta-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) rebateu as acusações às atletas, concentradas principalmente nas redes sociais. Segundo o órgão, as pugilistas sofreram “ataques enganosos em redes sociais”, pois os “procedimentos a que foram submetidas eram pouco claros e arbitrários”.

O COI afirmou ainda que as atletas sempre estiveram dentro dos parâmetros estabelecidos pelo próprio comitê, pela Unidade de Boxe de Paris 2024 (PBU) e competiram em disputas internacionais de boxe, incluindo os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e o Campeonato Mundial da própria IBA.

O órgão também explicou que Imane Khelif e Lin Yu-ting tinham todas as “normas médicas aplicáveis estabelecidas pela PBU”.

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O COI lembra que as mesmas regras aplicadas para os Jogos Olímpicos de Paris foram também usadas nas competições anteriores e classificatórias para os jogos. Ou seja, a competição olímpica teria apenas mantido os critérios estabelecidos em disputas como os campeonatos continentais (Jogos Europeus de 2023, Jogos Asiáticos, Jogos Pan-Americanos e Jogos do Pacífico), além de outros quatro torneios que envolveram mais de 1.471 boxeadores de 172 Comitês Olímpicos Nacionais (CONs) diferentes.

A instituição ainda se solidariza com os ataques que as atletas têm recebido. “Toda pessoa tem o direito de praticar esporte sem discriminação (...) O COI está comprometido em proteger os direitos humanos de todos os atletas participantes nos Jogos Olímpicos conforme a Carta Olímpica, o Código de Ética do COI e o Marco Estratégico do COI sobre Direitos Humanos. O COI está entristecido pelo abuso que as duas atletas estão recebendo atualmente”, diz o texto.

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Embate entre COI e IBA

As relações entre o COI e a IBA, entidade que desclassificou as pugilistas, estão cortadas desde o ano passado, quando a instituição de boxe deixou de ser reconhecida pelo comitê olímpico. Sobre a decisão da IBA de barrar Imane Khelif e Lin Yu-ting do Mundial de Boxe, o COI afirmou que foi uma ação arbitrária.

“Esta decisão foi inicialmente tomada unicamente pelo secretário-Geral e CEO da IBA. O Conselho da IBA apenas a ratificou posteriormente e somente depois solicitou que um procedimento a ser seguido em casos semelhantes no futuro fosse estabelecido e refletido nos Regulamentos da IBA. As atas também dizem que a IBA deve “estabelecer um procedimento claro sobre testes de gênero”, explica.

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O COI também insiste que ambas boxeadoras já atuaram em competições de alto nível na categoria feminina e que as regras de elegibilidade “não devem ser alteradas durante uma competição em andamento”, completa a carta.

A IBA já havia deixado de organizar o torneio de boxe olímpico desde 2019 por falhas recorrentes em integridade e transparência na governança da associação, acusada de manipulação de resultados e corrupção. A modalidade correu o risco de deixar o programa, mas o COI fez uma força-tarefa para tomar frente da organização do boxe nos Jogos.

”Não sou ninguém para julgar e não tenho nada contra minha adversária. Eu tinha uma tarefa e tentei executá-la. Tudo o que aconteceu antes do jogo não teve absolutamente nenhuma influência”, garantiu Carini.

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O governo italiano, por meio da ministra da Família, Eugenia Roccella, classificou como “muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino”. Não há comprovação de que as duas atletas em questão sejam trans.

”É muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino, homens que se identificam como mulheres e que, em competições recentes, foram excluídas. É surpreendente que não existam critérios certos, rigorosos e uniformes, e que precisamente nos Jogos Olímpicos, que simbolizam a lealdade, possam haver suspeitas de uma competição desigual e até potencialmente arriscada”, afirmou Roccella.

A luta entre a italiana Angela Carini e a argelina Imane Khelif, válida pela primeira rodada da categoria até 66kg do boxe feminino nas Olimpíadas de Paris, durou apenas 45 segundos. Carini foi atingida por um golpe no rosto e abandonou a luta na sequência, alegando um problema no nariz. “Recebi duas pancadas no nariz e não estava conseguindo respirar. Isso me fez muito mal”, disse Carini.

Assim que o árbitro decretou a vitória de Imane Khelif, Angela Carini se recusou a cumprimentar a adversária e, ainda no ringue, não segurou as lágrimas.

Angela Carini abandonou a luta contra a argelina Imane Khelif Foto: John Locher/AP

O episódio foi mais um capítulo da polêmica iniciada antes mesmo do início da luta. As pugilistas Imane Khelif, argelina, e Lin Yu-ting, taiwanesa, haviam sido desclassificadas da Copa do Mundo de 2023, em Nova Delhi, na Índia, organizada pela Federação Internacional de Boxe (IBA) após serem reprovadas nos testes de elegibilidade após a realização de testes de DNA. O presidente da entidade, Igor Kremlev, disse que “elas tinham cromossomos XY”.

A estreia da taiwanesa Lin Yu-ting na categoria até 57kg será nesta sexta-feira, 2, contra Sitora Turdibekova, do Usbequistão.

Nesta quinta-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) rebateu as acusações às atletas, concentradas principalmente nas redes sociais. Segundo o órgão, as pugilistas sofreram “ataques enganosos em redes sociais”, pois os “procedimentos a que foram submetidas eram pouco claros e arbitrários”.

O COI afirmou ainda que as atletas sempre estiveram dentro dos parâmetros estabelecidos pelo próprio comitê, pela Unidade de Boxe de Paris 2024 (PBU) e competiram em disputas internacionais de boxe, incluindo os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e o Campeonato Mundial da própria IBA.

O órgão também explicou que Imane Khelif e Lin Yu-ting tinham todas as “normas médicas aplicáveis estabelecidas pela PBU”.

O COI lembra que as mesmas regras aplicadas para os Jogos Olímpicos de Paris foram também usadas nas competições anteriores e classificatórias para os jogos. Ou seja, a competição olímpica teria apenas mantido os critérios estabelecidos em disputas como os campeonatos continentais (Jogos Europeus de 2023, Jogos Asiáticos, Jogos Pan-Americanos e Jogos do Pacífico), além de outros quatro torneios que envolveram mais de 1.471 boxeadores de 172 Comitês Olímpicos Nacionais (CONs) diferentes.

A instituição ainda se solidariza com os ataques que as atletas têm recebido. “Toda pessoa tem o direito de praticar esporte sem discriminação (...) O COI está comprometido em proteger os direitos humanos de todos os atletas participantes nos Jogos Olímpicos conforme a Carta Olímpica, o Código de Ética do COI e o Marco Estratégico do COI sobre Direitos Humanos. O COI está entristecido pelo abuso que as duas atletas estão recebendo atualmente”, diz o texto.

Embate entre COI e IBA

As relações entre o COI e a IBA, entidade que desclassificou as pugilistas, estão cortadas desde o ano passado, quando a instituição de boxe deixou de ser reconhecida pelo comitê olímpico. Sobre a decisão da IBA de barrar Imane Khelif e Lin Yu-ting do Mundial de Boxe, o COI afirmou que foi uma ação arbitrária.

“Esta decisão foi inicialmente tomada unicamente pelo secretário-Geral e CEO da IBA. O Conselho da IBA apenas a ratificou posteriormente e somente depois solicitou que um procedimento a ser seguido em casos semelhantes no futuro fosse estabelecido e refletido nos Regulamentos da IBA. As atas também dizem que a IBA deve “estabelecer um procedimento claro sobre testes de gênero”, explica.

O COI também insiste que ambas boxeadoras já atuaram em competições de alto nível na categoria feminina e que as regras de elegibilidade “não devem ser alteradas durante uma competição em andamento”, completa a carta.

A IBA já havia deixado de organizar o torneio de boxe olímpico desde 2019 por falhas recorrentes em integridade e transparência na governança da associação, acusada de manipulação de resultados e corrupção. A modalidade correu o risco de deixar o programa, mas o COI fez uma força-tarefa para tomar frente da organização do boxe nos Jogos.

”Não sou ninguém para julgar e não tenho nada contra minha adversária. Eu tinha uma tarefa e tentei executá-la. Tudo o que aconteceu antes do jogo não teve absolutamente nenhuma influência”, garantiu Carini.

O governo italiano, por meio da ministra da Família, Eugenia Roccella, classificou como “muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino”. Não há comprovação de que as duas atletas em questão sejam trans.

”É muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino, homens que se identificam como mulheres e que, em competições recentes, foram excluídas. É surpreendente que não existam critérios certos, rigorosos e uniformes, e que precisamente nos Jogos Olímpicos, que simbolizam a lealdade, possam haver suspeitas de uma competição desigual e até potencialmente arriscada”, afirmou Roccella.

A luta entre a italiana Angela Carini e a argelina Imane Khelif, válida pela primeira rodada da categoria até 66kg do boxe feminino nas Olimpíadas de Paris, durou apenas 45 segundos. Carini foi atingida por um golpe no rosto e abandonou a luta na sequência, alegando um problema no nariz. “Recebi duas pancadas no nariz e não estava conseguindo respirar. Isso me fez muito mal”, disse Carini.

Assim que o árbitro decretou a vitória de Imane Khelif, Angela Carini se recusou a cumprimentar a adversária e, ainda no ringue, não segurou as lágrimas.

Angela Carini abandonou a luta contra a argelina Imane Khelif Foto: John Locher/AP

O episódio foi mais um capítulo da polêmica iniciada antes mesmo do início da luta. As pugilistas Imane Khelif, argelina, e Lin Yu-ting, taiwanesa, haviam sido desclassificadas da Copa do Mundo de 2023, em Nova Delhi, na Índia, organizada pela Federação Internacional de Boxe (IBA) após serem reprovadas nos testes de elegibilidade após a realização de testes de DNA. O presidente da entidade, Igor Kremlev, disse que “elas tinham cromossomos XY”.

A estreia da taiwanesa Lin Yu-ting na categoria até 57kg será nesta sexta-feira, 2, contra Sitora Turdibekova, do Usbequistão.

Nesta quinta-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) rebateu as acusações às atletas, concentradas principalmente nas redes sociais. Segundo o órgão, as pugilistas sofreram “ataques enganosos em redes sociais”, pois os “procedimentos a que foram submetidas eram pouco claros e arbitrários”.

O COI afirmou ainda que as atletas sempre estiveram dentro dos parâmetros estabelecidos pelo próprio comitê, pela Unidade de Boxe de Paris 2024 (PBU) e competiram em disputas internacionais de boxe, incluindo os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e o Campeonato Mundial da própria IBA.

O órgão também explicou que Imane Khelif e Lin Yu-ting tinham todas as “normas médicas aplicáveis estabelecidas pela PBU”.

O COI lembra que as mesmas regras aplicadas para os Jogos Olímpicos de Paris foram também usadas nas competições anteriores e classificatórias para os jogos. Ou seja, a competição olímpica teria apenas mantido os critérios estabelecidos em disputas como os campeonatos continentais (Jogos Europeus de 2023, Jogos Asiáticos, Jogos Pan-Americanos e Jogos do Pacífico), além de outros quatro torneios que envolveram mais de 1.471 boxeadores de 172 Comitês Olímpicos Nacionais (CONs) diferentes.

A instituição ainda se solidariza com os ataques que as atletas têm recebido. “Toda pessoa tem o direito de praticar esporte sem discriminação (...) O COI está comprometido em proteger os direitos humanos de todos os atletas participantes nos Jogos Olímpicos conforme a Carta Olímpica, o Código de Ética do COI e o Marco Estratégico do COI sobre Direitos Humanos. O COI está entristecido pelo abuso que as duas atletas estão recebendo atualmente”, diz o texto.

Embate entre COI e IBA

As relações entre o COI e a IBA, entidade que desclassificou as pugilistas, estão cortadas desde o ano passado, quando a instituição de boxe deixou de ser reconhecida pelo comitê olímpico. Sobre a decisão da IBA de barrar Imane Khelif e Lin Yu-ting do Mundial de Boxe, o COI afirmou que foi uma ação arbitrária.

“Esta decisão foi inicialmente tomada unicamente pelo secretário-Geral e CEO da IBA. O Conselho da IBA apenas a ratificou posteriormente e somente depois solicitou que um procedimento a ser seguido em casos semelhantes no futuro fosse estabelecido e refletido nos Regulamentos da IBA. As atas também dizem que a IBA deve “estabelecer um procedimento claro sobre testes de gênero”, explica.

O COI também insiste que ambas boxeadoras já atuaram em competições de alto nível na categoria feminina e que as regras de elegibilidade “não devem ser alteradas durante uma competição em andamento”, completa a carta.

A IBA já havia deixado de organizar o torneio de boxe olímpico desde 2019 por falhas recorrentes em integridade e transparência na governança da associação, acusada de manipulação de resultados e corrupção. A modalidade correu o risco de deixar o programa, mas o COI fez uma força-tarefa para tomar frente da organização do boxe nos Jogos.

”Não sou ninguém para julgar e não tenho nada contra minha adversária. Eu tinha uma tarefa e tentei executá-la. Tudo o que aconteceu antes do jogo não teve absolutamente nenhuma influência”, garantiu Carini.

O governo italiano, por meio da ministra da Família, Eugenia Roccella, classificou como “muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino”. Não há comprovação de que as duas atletas em questão sejam trans.

”É muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino, homens que se identificam como mulheres e que, em competições recentes, foram excluídas. É surpreendente que não existam critérios certos, rigorosos e uniformes, e que precisamente nos Jogos Olímpicos, que simbolizam a lealdade, possam haver suspeitas de uma competição desigual e até potencialmente arriscada”, afirmou Roccella.

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