Autoridades olímpicas e líderes religiosos se reuniram em frente à Catedral de Notre Dame, neste domingo, em Paris, em busca da reconciliação. A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris causou mal-estar em grupos religiosos, incluindo o Vaticano, e provocou protestos no mundo todo ao retratar “A Última Ceia” com apresentação de drag queens, embora o diretor artístico e artistas tenham negado inspiração na pintura de Leonardo da Vinci, citando uma referência em uma festa pagã de Dionísio, um dos deuses do Olimpo. Os religiosos consideraram a encenação uma zombaria ao cristianismo.
“Queríamos mostrar que o mais importante é a paz”, afirmou o bispo católico Emmanuel Gobilliard no encontro, que foi inspirado na reunião do Barão Pierre de Coubertin, idealizador das Olimpíadas modernas, com líderes religiosos nos Jogos de Paris de 1924. De acordo com o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, o evento mostra como “a fé e o esporte podem se complementar”.
A proibição de manifestações religiosas nos Jogos também tem causado polêmica. Atletas francesas desistiram de participar da competição após a proibição do véu islâmico por mulheres muçulmanas nas provas. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) foi notificado pelo COI depois que a medalhista de bronze Rayssa Leal transmitiu uma mensagem religiosa por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na final do skate street feminino.
Apesar dos atritos recentes, a relação entre organizadores e líderes religiosos possibilitaram, ainda antes do início dos Jogos, a instalação de um centro religioso na Vila Olímpica, para atender aos atletas e oferecer um espaço de acolhimento para que eles possam rezar, fugir da pressão e conversar com um capelão. Representantes das religiões mais difundidas - budismo, cristianismo, hinduísmo, islamismo e judaísmo - oferecem conforto espiritual aos competidores.
“Acho que alguns dos atletas vêm rezar para diminuir a pressão, para tirar um tempo para sair da própria cabeça”, comentou o reverendo Jason Nioka, ex-campeão de judô, que comanda um grupo de aproximadamente 40 capelães católicos.
Cada religião recebeu um espaço, de acordo com o número esperado de fiéis, na estrutura fornecida pelo comitê organizador dos Jogos de Paris e instruções para o cumprimento das leis francesas em espaços públicos.