As atletas de ginástica artística ganharam o carinho do torcedor brasileiro nas Olimpíadas de Paris-2024. Nas redes sociais, seja pelo carisma ou pelas apresentações, o que mais se viu foi comoção e apoio a Rebeca Andrade, Flávia Saraiva e cia. Da mesma forma, sobraram reclamações quando os juízes davam notas abaixo do esperado. Mas como funciona a avaliação na ginástica?
Basicamente, as notas na ginástica são divididas em duas partes: as notas por dificuldade (D) e as notas por execução (E). A soma delas determina a avaliação geral da ginasta. Antigamente, as notas eram dadas no padrão de 0 a 10. Então, a partir 1976, nos Jogos de Montreal, a romena Nadia Comaneci começou a colecionar marcas impressionantes. Deste evento em diante, a nota máxima começou a ser dada com frequência exagerada, o que culminou numa ‘banalização do 10′.
Movimentos menos complexos, se executados da maneira correta, passaram a ganhar nota máxima nas mais diversas competições. Isso passou a incomodar o público que assistia as exibições (tanto fãs como atletas), chegando inclusive a render vaias na Olimpíada de Atenas-2004. Foi então que a Federação Internacional de Ginástica (FIG) optou por mudar o esquema de pontuação, que é adotado até hoje.
Como funciona a nota na ginástica hoje?
Basicamente, a nota de uma ginasta é a soma de D + E. Esse sistema foi implementado para valorizar tanto a complexidade quanto a qualidade da apresentação. A nota D é a soma dos valores dos oito elementos mais difíceis na ginástica feminina e dos dez mais difíceis na masculina. A nota E reflete a precisão e a estética da performance.
Ao todo, sete juízes fazem a avaliação das ginastas. Eles são divididos em dois grupos: dois juízes prestam atenção no grau de dificuldade/complexidade do exercício feito pelo atleta (ou seja, a nota D). Os outros cinco juízes são responsáveis por avaliar a execução, a qualidade e a precisão do movimento (ou seja, a nota E).
A nota D leva em consideração três critérios e começa no valor de zero:
- Dificuldade dos elementos: cada elemento do exercício tem seu próprio valor de dificuldade pré-definido. Os elementos são classificados em níveis de dificuldade: A (mais fácil, de pontuação 0,1) a I (mais difícil, de pontuação até 0,9). A pontuação do atleta é somada com base nos oito elementos mais difíceis apresentados pelo atleta.
- Requisitos de composição: Para cada aparelho de uma prova de ginástica, existem requisitos específicos que o exercício deve cumprir. Ou seja, movimentos obrigatórios a estarem presentes na apresentação, como a presença de saltos, giros, entre outros. Cumprir todos os requisitos adiciona pontos à nota D. Atendendo a todos os critérios, o atleta garante no mínimo uma nota 2,5.
- Conexões de elementos: a combinação de certos movimentos, de maneira fluida e sem interrupção, pode aumentar ainda mais a nota D.
Os dois juízes chegam a um consenso e divulgam uma única nota. Neste momento, é possível pedir uma reavaliação, desde que o atleta posterior não tenha terminado sua apresentação.
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A nota E leva em consideração quatro critérios e começa no valor de 10. Conforme a ginasta vai cometendo erros os pontos vão sendo descontado:
- Forma e técnica: qualquer erro técnico (dobrar os joelhos e posições do pés, por exemplo), resulta em desconto.
- Equilíbrio e estabilidade: este é o critério mais facilmente avaliado pelo público no geral. São perda de equilíbrios, passos na aterrissagem ou quedas. Resultam em deduções ainda maiores.
- Sincronização e fluidez: a falta de fluidez ou interrupções durante o exercício podem causar redução na nota.
- Erros graves: erros maiores, como quedas ou falhas em completar um elemento, resultam em deduções significativas (0.5 ponto ou mais).
São descartadas a maior e menor nota E. As três restantes são somadas e é feito uma média entre elas. Essa média é divulgada e somada à nota D. A soma de E + D resulta na nota final do ginasta.
Alterações no regulamento
A FIG, entidade máxima da ginástica mundial, pode alterar o regulamento das notas a cada ciclo olímpico com a revisão do Código de Pontos. Isso é feito para refletir o desenvolvimento do esporte e assegurar julgamentos justos e precisos.
Rebeca quer mais
Brasileira com o maior número de medalhas na história das Olimpíadas, Rebeca Andrade ainda pode ganhar mais em Paris. A paulista ainda tem mais três finais para disputar: trave, solo e salto. São necessárias mais duas medalhas para quebrar recordes. No sábado, dia 3, ela faz a final do salto. Depois, na segunda-feira, dia 5, busca medalhas na trave e no solo.