Fora dos Jogos Olímpicos de 2020 em função de doping, Rafaela Silva podia voltar ao pódio nas Olimpíadas de Paris. Depois de estar próxima do ouro e da prata, a brasileira teve a chance de obter a medalha de bronze na categoria até 57 kg, mas foi desclassificada do combate com Haruka Funakubo, do Japão, por mergulho. A brasileira já havia perdido para a sul-coreana Huh Mi-mi na semifinal.
Este foi o terceiro encontro de Funakubo (sexta no ranking mundial) e Rafaela (quarta no ranking), com uma vitória para cada – a mais recente de Rafaela. “A gente se conhece muito. Estou nessa categoria desde 2008. Já lutei muitas vezes contra essas adversárias. A medalha ficou no detalhe. Acabei falhando hoje e fiquei sem a medalha”, afirmou a brasileira, emocionada após a derrota. “Peço desculpas, mas hoje não consegui.”
Desde o início do embate, ainda na entrada das judocas, Rafaela mostrou que ‘virou a chave’ muito rápido após a derrota na semifinal. Se no embate com Mimi o erro da brasileira foi se esquivar dos ataques no golden score, Rafaela tentou, desde o primeiro golpe, propor seu ritmo na luta.
Depois da primeira punição, Rafaela se defendeu bem dos golpes de Funakubo, fechando a guarda no solo e evitando a imobilização. No golden score, a brasileira se viu em um cenário semelhante daquele de mais cedo, na semifinal. Se no começo da luta Rafaela entrou com ímpeto no tatame, no momento decisivo da luta ela não conseguiu aplicar seus ataques e recebeu a segunda punição no embate. Funakubo cresceu nesse momento de queda do ritmo de Rafaela.
Cerca de sete minutos após início do combate, Rafaela aparentou uma lesão no olho. Desse momento, até o fim da luta, a judoca levou a mão a face após cada intervenção do árbitro. Em uma dessas, após revisão de vídeo, foi considerado que Rafaela utilizou a cabeça para derrubar Funakubo, golpe que é proibido no judô – classificado como mergulho. É uma regra que cabe interpretação da comissão.
Combate na semifinal
No combate de mais cedo, Rafaela perdeu para Huh Mi-mi. Esse foi o quinto encontro das judocas, com todos os embates resultando em vitória para a sul-coreana.
No primeiro ataque, Huh Mi-mi acertou um wazari, retirado pela arbitragem rapidamente. Já Rafaela buscou colocar o jogo no solo e uma possível imobilização; nas arquibancada, a torcida presente fazia barulho a favor da brasileira. A sul-coreana até chegou a ‘correr’ do combate, mas a arbitragem não assinalou o shido.
No golden score, Rafaela chegou a ter duas punições – cenário que já havia tirado a brasileira em Londres-2012. Depois da segunda punição, passou a se proteger mais no combate, sem se arriscar, fato que possibilitou a Huh Mi-mi crescer no tatame, encaixar um Wazari e ganhar o combate. Naquele momento, a judoca já dominava o combate e as ofensivas contra Rafaela.
Nas Olimpíadas, Rafaela nunca havia sofrido um golpe antes do embate com a sul-coreana. Em Londres-2012, foi desclassificada por ter feito um movimento proibido; em Rio 2016, medalha de ouro. Já em Tóquio-2020, não participou, em função do doping.
Em Paris, Willian Lima (prata) e Larissa Pimenta (bronze) já subiram ao pódio em Paris neste domingo, 29. No caminho até a semifinal, Rafaela venceu, sem dificuldades, a turcomena Maysa Pardayeva por Ippon – pontuação mais alta do judô – nas oitavas de final. Nas quartas, outra luta rápida contra Eteri Liparterliani, da Geórgia.