Olimpíadas: as lições boas e ruins que Paris-2024 deixa para Los Angeles-2028


Capital francesa é elogiada por envolvimento da cidade e cenários de cartão postal, mas peca na comunicação e tratamento dos atletas na Vila Olímpica

Por Marcos Antomil
Atualização:

PARIS - Os Jogos Olímpicos de Paris chegam ao fim neste domingo com uma série de ensinamentos para as próximas edições do maior e mais importante evento esportivo do planeta. A capital francesa voltou a abrigar a Olimpíada após 100 anos e dará passagem, em 2028, a outra cidade que será sede pela terceira vez na história: Los Angeles, nos Estados Unidos.

Los Angeles recebeu os Jogos Olímpicos em 1932 e 1984. A cidade californiana é conhecida por causa de Hollywood, sede da indústria cinematográfica norte-americana, e por unir cultura e esporte. O evento de 2028 será o último de uma série de competições de alto escalão que os Estados Unidos sediarão nos próximos anos, incluindo o Mundial de Clubes de 2025 e a Copa do Mundo de 2026. Portanto, a própria cidade terá a seu favor a expertise de ter organizado eventos globais em curto espaço de tempo.

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Público acompanha subida da pira olímpica, em formato de balão, nos Jogos Olímpicos de Paris. Foto: Natacha Pisarenko/AP

Los Angeles respira esporte e conta com times importantes nas ligas de basquete, futebol americano, beisebol, futebol e hóquei. Tanto que o beisebol (e a versão feminina, o softbol) deve retornar ao programa olímpico em 2028. O boxe corre o risco de ficar fora dos próximos Jogos por divergências entre a federação do esporte e o Comitê Olímpico Internacional. Do mesmo modo, o breaking deixa o calendário olímpico e deve ser substituído por outros esportes: críquete, flag football, lacrosse e squash.

Transporte público, envolvimento da cidade e problemas de informação

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Entre os pontos positivos que a capital francesa deixou de legado para as próximas edições de Jogos Olímpicos podem citar o bom funcionamento do transporte público e a extensa malha ferroviária. Paris é uma cidade conectada por vastas de linhas de metrô, que ultrapassam os limites da cidade e levam até outros municípios da região.

No entanto, como o tema segurança se tornou tópico imprescindível nessa Olimpíada - fato que deve se repetir em Los Angeles -, algumas estações mais próximas às sedes, arenas e estádios foram fechadas, obrigando o espectador a parar ao menos uma estação antes e completar o trajeto a pé.

A partir dessa circunstância é inserido um outro ponto que precisa de revisão. Os voluntários, de uma maneira geral, foram mal instruídos para passar informações sobre localização e rotas a se seguir. Uma tarefa que pode ser facilmente corrigida, principalmente diante da má sinalização apresentada na capital francesa, seja nas estações de metrô, ruas e arenas.

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Arena do skate park foi instalada na Praça da Concórdia. Foto: Franck Fife/AFP

Paris pôde abarcar toda a cidade e arredores na realização dos Jogos Olímpicos. Diferentemente do Rio de Janeiro, em que havia um Parque Olímpico, a capital francesa espalhou pela região os palcos de diferentes modalidade. Até mesmo o Taiti, território ultramarino francês, foi utilizado para o surfe. As exceções foram a Arena Paris Sud, que sediava concomitantemente tênis de mesa, handebol e vôlei, e a Praça da Concórdia, com skate, BMX freestyle, basquete 3x3 e breaking. Com isso, apesar de movimentar toda a cidade, o torcedor se viu obrigado a escolher um menor número de esportes para acompanhar a cada dia.

Cartões postais compõem a cena dos Jogos da equidade de gênero

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Não se pode negar que Paris é uma cidade com pontos turísticos próprios para cartão postal. A montagem das arenas nesses locais foi uma escolha aplaudida junto à organização. O vôlei de praia aos pés da Torre Eiffel, o judô e as lutas no Campo de Marte, o tiro com arco no Palácio dos Inválidos, o tae kwon do no Grand Palais, o hipismo em Versalhes... a lista é extensa e serve de referência para Los Angeles.

O tae kwon do foi realizado no Grand Palais, em Paris. Foto: Andrew Medichini/AP

O COI promoveu em Paris-2024 os Jogos mais parelhos na presença masculina e feminina em competições esportivas. A equidade de gênero deve ser perseguida e levada a um novo patamar em Los Angeles-2028. Foi interessante acompanhar as modalidades mistas e as disputas por equipes incluindo homens e mulheres.

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Modalidades que precisam repensar seu funcionamento

Em contrapartida, há esportes que deveriam passar por revisão para a próxima Olimpíada. O hipismo tem assistido a reiterados casos de maus tratos a cavalos, por exemplo. Seria relevante discutir como as competições de skate podem privilegiar a constância dos atletas. Em Paris, a possibilidade de descartar mais notas do que as de fato contabilizadas favoreceu quem errou mais vezes. O que é completamente diferente do que ocorre com a ginástica, em que um detalhe pode custar uma medalha, sem chance de repetir a apresentação.

As competições de hipismo foram realizadas em Versalhes. Foto: Mosa'ab Elshamy/AP
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Outra questão apresentada por atletas durante os Jogos de Paris foi a realização de provas ao ar livre, sob sol, com temperaturas superiores a 30ºC. Diferentemente do atletismo, o skate, o hipismo e o ciclismo BMX freestyle poderiam contar com ambientes cobertos e climatizados. Até mesmo o público não escapou do sol forte nessas arenas, que não contam com espaço cobertura para torcedores e imprensa.

As modalidades que atendem a critérios subjetivos também poderia estudar maneiras de torná-las mais acessíveis ao público com questões objetivas, de acerto e erro. Para isso, é relevante adotar uma postura semelhante à do futebol, em que um árbitro não pode apitar um jogo do seu país de origem. Por mais que não se questione a idoneidade dos juízes, é de bom tom evitar constrangimentos, suspeições ou possíveis conflitos de interesse.

O surfe é outro esporte que deveria rever o formato da competição. A falta de ondas tirou a chance de Gabriel Medina conquistar a medalha de ouro para o Brasil. O surfista, que ficou com o bronze, sugeriu que as futuras competições pudessem acontecer em um local com ondas artificiais.

Polêmicas com a Vila Olímpica e Cerimônia de Abertura

A organização dos Jogos de Paris enfrentou uma série de reclamações sobre a Vila Olímpica. Falta de comida, quartos sem ar-condicionado e colchões desconfortáveis atrapalharam o rendimento de atletas. Procurada pela reportagem do Estadão para tratar do tema, a entidade ainda não respondeu.

Espectadores se protegem da chuva durante cerimônia de abertura dos Jogos, às margens do Rio Sena. Foto: Thibault Camus/AP

Não menos importante foi a polêmica Cerimônia de Abertura. Feito praticamente em sua totalidade no Rio Sena e culminando no Trocadéro, o evento privilegiou somente os telespectadores. Quem acompanhou presencialmente, não somente por causa da chuva, saiu frustrado. Há de se constatar um dano grave de comunicação pelo ruído gerado na apresentação de uma releitura de “um grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo”, segundo o diretor artístico do espetáculo, Thomas Jolly, que foi entendida e repercutida erroneamente como uma interpretação da “Última Ceia”, de Leonardo da Vinci.

PARIS - Os Jogos Olímpicos de Paris chegam ao fim neste domingo com uma série de ensinamentos para as próximas edições do maior e mais importante evento esportivo do planeta. A capital francesa voltou a abrigar a Olimpíada após 100 anos e dará passagem, em 2028, a outra cidade que será sede pela terceira vez na história: Los Angeles, nos Estados Unidos.

Los Angeles recebeu os Jogos Olímpicos em 1932 e 1984. A cidade californiana é conhecida por causa de Hollywood, sede da indústria cinematográfica norte-americana, e por unir cultura e esporte. O evento de 2028 será o último de uma série de competições de alto escalão que os Estados Unidos sediarão nos próximos anos, incluindo o Mundial de Clubes de 2025 e a Copa do Mundo de 2026. Portanto, a própria cidade terá a seu favor a expertise de ter organizado eventos globais em curto espaço de tempo.

Público acompanha subida da pira olímpica, em formato de balão, nos Jogos Olímpicos de Paris. Foto: Natacha Pisarenko/AP

Los Angeles respira esporte e conta com times importantes nas ligas de basquete, futebol americano, beisebol, futebol e hóquei. Tanto que o beisebol (e a versão feminina, o softbol) deve retornar ao programa olímpico em 2028. O boxe corre o risco de ficar fora dos próximos Jogos por divergências entre a federação do esporte e o Comitê Olímpico Internacional. Do mesmo modo, o breaking deixa o calendário olímpico e deve ser substituído por outros esportes: críquete, flag football, lacrosse e squash.

Transporte público, envolvimento da cidade e problemas de informação

Entre os pontos positivos que a capital francesa deixou de legado para as próximas edições de Jogos Olímpicos podem citar o bom funcionamento do transporte público e a extensa malha ferroviária. Paris é uma cidade conectada por vastas de linhas de metrô, que ultrapassam os limites da cidade e levam até outros municípios da região.

No entanto, como o tema segurança se tornou tópico imprescindível nessa Olimpíada - fato que deve se repetir em Los Angeles -, algumas estações mais próximas às sedes, arenas e estádios foram fechadas, obrigando o espectador a parar ao menos uma estação antes e completar o trajeto a pé.

A partir dessa circunstância é inserido um outro ponto que precisa de revisão. Os voluntários, de uma maneira geral, foram mal instruídos para passar informações sobre localização e rotas a se seguir. Uma tarefa que pode ser facilmente corrigida, principalmente diante da má sinalização apresentada na capital francesa, seja nas estações de metrô, ruas e arenas.

Arena do skate park foi instalada na Praça da Concórdia. Foto: Franck Fife/AFP

Paris pôde abarcar toda a cidade e arredores na realização dos Jogos Olímpicos. Diferentemente do Rio de Janeiro, em que havia um Parque Olímpico, a capital francesa espalhou pela região os palcos de diferentes modalidade. Até mesmo o Taiti, território ultramarino francês, foi utilizado para o surfe. As exceções foram a Arena Paris Sud, que sediava concomitantemente tênis de mesa, handebol e vôlei, e a Praça da Concórdia, com skate, BMX freestyle, basquete 3x3 e breaking. Com isso, apesar de movimentar toda a cidade, o torcedor se viu obrigado a escolher um menor número de esportes para acompanhar a cada dia.

Cartões postais compõem a cena dos Jogos da equidade de gênero

Não se pode negar que Paris é uma cidade com pontos turísticos próprios para cartão postal. A montagem das arenas nesses locais foi uma escolha aplaudida junto à organização. O vôlei de praia aos pés da Torre Eiffel, o judô e as lutas no Campo de Marte, o tiro com arco no Palácio dos Inválidos, o tae kwon do no Grand Palais, o hipismo em Versalhes... a lista é extensa e serve de referência para Los Angeles.

O tae kwon do foi realizado no Grand Palais, em Paris. Foto: Andrew Medichini/AP

O COI promoveu em Paris-2024 os Jogos mais parelhos na presença masculina e feminina em competições esportivas. A equidade de gênero deve ser perseguida e levada a um novo patamar em Los Angeles-2028. Foi interessante acompanhar as modalidades mistas e as disputas por equipes incluindo homens e mulheres.

Modalidades que precisam repensar seu funcionamento

Em contrapartida, há esportes que deveriam passar por revisão para a próxima Olimpíada. O hipismo tem assistido a reiterados casos de maus tratos a cavalos, por exemplo. Seria relevante discutir como as competições de skate podem privilegiar a constância dos atletas. Em Paris, a possibilidade de descartar mais notas do que as de fato contabilizadas favoreceu quem errou mais vezes. O que é completamente diferente do que ocorre com a ginástica, em que um detalhe pode custar uma medalha, sem chance de repetir a apresentação.

As competições de hipismo foram realizadas em Versalhes. Foto: Mosa'ab Elshamy/AP

Outra questão apresentada por atletas durante os Jogos de Paris foi a realização de provas ao ar livre, sob sol, com temperaturas superiores a 30ºC. Diferentemente do atletismo, o skate, o hipismo e o ciclismo BMX freestyle poderiam contar com ambientes cobertos e climatizados. Até mesmo o público não escapou do sol forte nessas arenas, que não contam com espaço cobertura para torcedores e imprensa.

As modalidades que atendem a critérios subjetivos também poderia estudar maneiras de torná-las mais acessíveis ao público com questões objetivas, de acerto e erro. Para isso, é relevante adotar uma postura semelhante à do futebol, em que um árbitro não pode apitar um jogo do seu país de origem. Por mais que não se questione a idoneidade dos juízes, é de bom tom evitar constrangimentos, suspeições ou possíveis conflitos de interesse.

O surfe é outro esporte que deveria rever o formato da competição. A falta de ondas tirou a chance de Gabriel Medina conquistar a medalha de ouro para o Brasil. O surfista, que ficou com o bronze, sugeriu que as futuras competições pudessem acontecer em um local com ondas artificiais.

Polêmicas com a Vila Olímpica e Cerimônia de Abertura

A organização dos Jogos de Paris enfrentou uma série de reclamações sobre a Vila Olímpica. Falta de comida, quartos sem ar-condicionado e colchões desconfortáveis atrapalharam o rendimento de atletas. Procurada pela reportagem do Estadão para tratar do tema, a entidade ainda não respondeu.

Espectadores se protegem da chuva durante cerimônia de abertura dos Jogos, às margens do Rio Sena. Foto: Thibault Camus/AP

Não menos importante foi a polêmica Cerimônia de Abertura. Feito praticamente em sua totalidade no Rio Sena e culminando no Trocadéro, o evento privilegiou somente os telespectadores. Quem acompanhou presencialmente, não somente por causa da chuva, saiu frustrado. Há de se constatar um dano grave de comunicação pelo ruído gerado na apresentação de uma releitura de “um grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo”, segundo o diretor artístico do espetáculo, Thomas Jolly, que foi entendida e repercutida erroneamente como uma interpretação da “Última Ceia”, de Leonardo da Vinci.

PARIS - Os Jogos Olímpicos de Paris chegam ao fim neste domingo com uma série de ensinamentos para as próximas edições do maior e mais importante evento esportivo do planeta. A capital francesa voltou a abrigar a Olimpíada após 100 anos e dará passagem, em 2028, a outra cidade que será sede pela terceira vez na história: Los Angeles, nos Estados Unidos.

Los Angeles recebeu os Jogos Olímpicos em 1932 e 1984. A cidade californiana é conhecida por causa de Hollywood, sede da indústria cinematográfica norte-americana, e por unir cultura e esporte. O evento de 2028 será o último de uma série de competições de alto escalão que os Estados Unidos sediarão nos próximos anos, incluindo o Mundial de Clubes de 2025 e a Copa do Mundo de 2026. Portanto, a própria cidade terá a seu favor a expertise de ter organizado eventos globais em curto espaço de tempo.

Público acompanha subida da pira olímpica, em formato de balão, nos Jogos Olímpicos de Paris. Foto: Natacha Pisarenko/AP

Los Angeles respira esporte e conta com times importantes nas ligas de basquete, futebol americano, beisebol, futebol e hóquei. Tanto que o beisebol (e a versão feminina, o softbol) deve retornar ao programa olímpico em 2028. O boxe corre o risco de ficar fora dos próximos Jogos por divergências entre a federação do esporte e o Comitê Olímpico Internacional. Do mesmo modo, o breaking deixa o calendário olímpico e deve ser substituído por outros esportes: críquete, flag football, lacrosse e squash.

Transporte público, envolvimento da cidade e problemas de informação

Entre os pontos positivos que a capital francesa deixou de legado para as próximas edições de Jogos Olímpicos podem citar o bom funcionamento do transporte público e a extensa malha ferroviária. Paris é uma cidade conectada por vastas de linhas de metrô, que ultrapassam os limites da cidade e levam até outros municípios da região.

No entanto, como o tema segurança se tornou tópico imprescindível nessa Olimpíada - fato que deve se repetir em Los Angeles -, algumas estações mais próximas às sedes, arenas e estádios foram fechadas, obrigando o espectador a parar ao menos uma estação antes e completar o trajeto a pé.

A partir dessa circunstância é inserido um outro ponto que precisa de revisão. Os voluntários, de uma maneira geral, foram mal instruídos para passar informações sobre localização e rotas a se seguir. Uma tarefa que pode ser facilmente corrigida, principalmente diante da má sinalização apresentada na capital francesa, seja nas estações de metrô, ruas e arenas.

Arena do skate park foi instalada na Praça da Concórdia. Foto: Franck Fife/AFP

Paris pôde abarcar toda a cidade e arredores na realização dos Jogos Olímpicos. Diferentemente do Rio de Janeiro, em que havia um Parque Olímpico, a capital francesa espalhou pela região os palcos de diferentes modalidade. Até mesmo o Taiti, território ultramarino francês, foi utilizado para o surfe. As exceções foram a Arena Paris Sud, que sediava concomitantemente tênis de mesa, handebol e vôlei, e a Praça da Concórdia, com skate, BMX freestyle, basquete 3x3 e breaking. Com isso, apesar de movimentar toda a cidade, o torcedor se viu obrigado a escolher um menor número de esportes para acompanhar a cada dia.

Cartões postais compõem a cena dos Jogos da equidade de gênero

Não se pode negar que Paris é uma cidade com pontos turísticos próprios para cartão postal. A montagem das arenas nesses locais foi uma escolha aplaudida junto à organização. O vôlei de praia aos pés da Torre Eiffel, o judô e as lutas no Campo de Marte, o tiro com arco no Palácio dos Inválidos, o tae kwon do no Grand Palais, o hipismo em Versalhes... a lista é extensa e serve de referência para Los Angeles.

O tae kwon do foi realizado no Grand Palais, em Paris. Foto: Andrew Medichini/AP

O COI promoveu em Paris-2024 os Jogos mais parelhos na presença masculina e feminina em competições esportivas. A equidade de gênero deve ser perseguida e levada a um novo patamar em Los Angeles-2028. Foi interessante acompanhar as modalidades mistas e as disputas por equipes incluindo homens e mulheres.

Modalidades que precisam repensar seu funcionamento

Em contrapartida, há esportes que deveriam passar por revisão para a próxima Olimpíada. O hipismo tem assistido a reiterados casos de maus tratos a cavalos, por exemplo. Seria relevante discutir como as competições de skate podem privilegiar a constância dos atletas. Em Paris, a possibilidade de descartar mais notas do que as de fato contabilizadas favoreceu quem errou mais vezes. O que é completamente diferente do que ocorre com a ginástica, em que um detalhe pode custar uma medalha, sem chance de repetir a apresentação.

As competições de hipismo foram realizadas em Versalhes. Foto: Mosa'ab Elshamy/AP

Outra questão apresentada por atletas durante os Jogos de Paris foi a realização de provas ao ar livre, sob sol, com temperaturas superiores a 30ºC. Diferentemente do atletismo, o skate, o hipismo e o ciclismo BMX freestyle poderiam contar com ambientes cobertos e climatizados. Até mesmo o público não escapou do sol forte nessas arenas, que não contam com espaço cobertura para torcedores e imprensa.

As modalidades que atendem a critérios subjetivos também poderia estudar maneiras de torná-las mais acessíveis ao público com questões objetivas, de acerto e erro. Para isso, é relevante adotar uma postura semelhante à do futebol, em que um árbitro não pode apitar um jogo do seu país de origem. Por mais que não se questione a idoneidade dos juízes, é de bom tom evitar constrangimentos, suspeições ou possíveis conflitos de interesse.

O surfe é outro esporte que deveria rever o formato da competição. A falta de ondas tirou a chance de Gabriel Medina conquistar a medalha de ouro para o Brasil. O surfista, que ficou com o bronze, sugeriu que as futuras competições pudessem acontecer em um local com ondas artificiais.

Polêmicas com a Vila Olímpica e Cerimônia de Abertura

A organização dos Jogos de Paris enfrentou uma série de reclamações sobre a Vila Olímpica. Falta de comida, quartos sem ar-condicionado e colchões desconfortáveis atrapalharam o rendimento de atletas. Procurada pela reportagem do Estadão para tratar do tema, a entidade ainda não respondeu.

Espectadores se protegem da chuva durante cerimônia de abertura dos Jogos, às margens do Rio Sena. Foto: Thibault Camus/AP

Não menos importante foi a polêmica Cerimônia de Abertura. Feito praticamente em sua totalidade no Rio Sena e culminando no Trocadéro, o evento privilegiou somente os telespectadores. Quem acompanhou presencialmente, não somente por causa da chuva, saiu frustrado. Há de se constatar um dano grave de comunicação pelo ruído gerado na apresentação de uma releitura de “um grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo”, segundo o diretor artístico do espetáculo, Thomas Jolly, que foi entendida e repercutida erroneamente como uma interpretação da “Última Ceia”, de Leonardo da Vinci.

PARIS - Os Jogos Olímpicos de Paris chegam ao fim neste domingo com uma série de ensinamentos para as próximas edições do maior e mais importante evento esportivo do planeta. A capital francesa voltou a abrigar a Olimpíada após 100 anos e dará passagem, em 2028, a outra cidade que será sede pela terceira vez na história: Los Angeles, nos Estados Unidos.

Los Angeles recebeu os Jogos Olímpicos em 1932 e 1984. A cidade californiana é conhecida por causa de Hollywood, sede da indústria cinematográfica norte-americana, e por unir cultura e esporte. O evento de 2028 será o último de uma série de competições de alto escalão que os Estados Unidos sediarão nos próximos anos, incluindo o Mundial de Clubes de 2025 e a Copa do Mundo de 2026. Portanto, a própria cidade terá a seu favor a expertise de ter organizado eventos globais em curto espaço de tempo.

Público acompanha subida da pira olímpica, em formato de balão, nos Jogos Olímpicos de Paris. Foto: Natacha Pisarenko/AP

Los Angeles respira esporte e conta com times importantes nas ligas de basquete, futebol americano, beisebol, futebol e hóquei. Tanto que o beisebol (e a versão feminina, o softbol) deve retornar ao programa olímpico em 2028. O boxe corre o risco de ficar fora dos próximos Jogos por divergências entre a federação do esporte e o Comitê Olímpico Internacional. Do mesmo modo, o breaking deixa o calendário olímpico e deve ser substituído por outros esportes: críquete, flag football, lacrosse e squash.

Transporte público, envolvimento da cidade e problemas de informação

Entre os pontos positivos que a capital francesa deixou de legado para as próximas edições de Jogos Olímpicos podem citar o bom funcionamento do transporte público e a extensa malha ferroviária. Paris é uma cidade conectada por vastas de linhas de metrô, que ultrapassam os limites da cidade e levam até outros municípios da região.

No entanto, como o tema segurança se tornou tópico imprescindível nessa Olimpíada - fato que deve se repetir em Los Angeles -, algumas estações mais próximas às sedes, arenas e estádios foram fechadas, obrigando o espectador a parar ao menos uma estação antes e completar o trajeto a pé.

A partir dessa circunstância é inserido um outro ponto que precisa de revisão. Os voluntários, de uma maneira geral, foram mal instruídos para passar informações sobre localização e rotas a se seguir. Uma tarefa que pode ser facilmente corrigida, principalmente diante da má sinalização apresentada na capital francesa, seja nas estações de metrô, ruas e arenas.

Arena do skate park foi instalada na Praça da Concórdia. Foto: Franck Fife/AFP

Paris pôde abarcar toda a cidade e arredores na realização dos Jogos Olímpicos. Diferentemente do Rio de Janeiro, em que havia um Parque Olímpico, a capital francesa espalhou pela região os palcos de diferentes modalidade. Até mesmo o Taiti, território ultramarino francês, foi utilizado para o surfe. As exceções foram a Arena Paris Sud, que sediava concomitantemente tênis de mesa, handebol e vôlei, e a Praça da Concórdia, com skate, BMX freestyle, basquete 3x3 e breaking. Com isso, apesar de movimentar toda a cidade, o torcedor se viu obrigado a escolher um menor número de esportes para acompanhar a cada dia.

Cartões postais compõem a cena dos Jogos da equidade de gênero

Não se pode negar que Paris é uma cidade com pontos turísticos próprios para cartão postal. A montagem das arenas nesses locais foi uma escolha aplaudida junto à organização. O vôlei de praia aos pés da Torre Eiffel, o judô e as lutas no Campo de Marte, o tiro com arco no Palácio dos Inválidos, o tae kwon do no Grand Palais, o hipismo em Versalhes... a lista é extensa e serve de referência para Los Angeles.

O tae kwon do foi realizado no Grand Palais, em Paris. Foto: Andrew Medichini/AP

O COI promoveu em Paris-2024 os Jogos mais parelhos na presença masculina e feminina em competições esportivas. A equidade de gênero deve ser perseguida e levada a um novo patamar em Los Angeles-2028. Foi interessante acompanhar as modalidades mistas e as disputas por equipes incluindo homens e mulheres.

Modalidades que precisam repensar seu funcionamento

Em contrapartida, há esportes que deveriam passar por revisão para a próxima Olimpíada. O hipismo tem assistido a reiterados casos de maus tratos a cavalos, por exemplo. Seria relevante discutir como as competições de skate podem privilegiar a constância dos atletas. Em Paris, a possibilidade de descartar mais notas do que as de fato contabilizadas favoreceu quem errou mais vezes. O que é completamente diferente do que ocorre com a ginástica, em que um detalhe pode custar uma medalha, sem chance de repetir a apresentação.

As competições de hipismo foram realizadas em Versalhes. Foto: Mosa'ab Elshamy/AP

Outra questão apresentada por atletas durante os Jogos de Paris foi a realização de provas ao ar livre, sob sol, com temperaturas superiores a 30ºC. Diferentemente do atletismo, o skate, o hipismo e o ciclismo BMX freestyle poderiam contar com ambientes cobertos e climatizados. Até mesmo o público não escapou do sol forte nessas arenas, que não contam com espaço cobertura para torcedores e imprensa.

As modalidades que atendem a critérios subjetivos também poderia estudar maneiras de torná-las mais acessíveis ao público com questões objetivas, de acerto e erro. Para isso, é relevante adotar uma postura semelhante à do futebol, em que um árbitro não pode apitar um jogo do seu país de origem. Por mais que não se questione a idoneidade dos juízes, é de bom tom evitar constrangimentos, suspeições ou possíveis conflitos de interesse.

O surfe é outro esporte que deveria rever o formato da competição. A falta de ondas tirou a chance de Gabriel Medina conquistar a medalha de ouro para o Brasil. O surfista, que ficou com o bronze, sugeriu que as futuras competições pudessem acontecer em um local com ondas artificiais.

Polêmicas com a Vila Olímpica e Cerimônia de Abertura

A organização dos Jogos de Paris enfrentou uma série de reclamações sobre a Vila Olímpica. Falta de comida, quartos sem ar-condicionado e colchões desconfortáveis atrapalharam o rendimento de atletas. Procurada pela reportagem do Estadão para tratar do tema, a entidade ainda não respondeu.

Espectadores se protegem da chuva durante cerimônia de abertura dos Jogos, às margens do Rio Sena. Foto: Thibault Camus/AP

Não menos importante foi a polêmica Cerimônia de Abertura. Feito praticamente em sua totalidade no Rio Sena e culminando no Trocadéro, o evento privilegiou somente os telespectadores. Quem acompanhou presencialmente, não somente por causa da chuva, saiu frustrado. Há de se constatar um dano grave de comunicação pelo ruído gerado na apresentação de uma releitura de “um grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo”, segundo o diretor artístico do espetáculo, Thomas Jolly, que foi entendida e repercutida erroneamente como uma interpretação da “Última Ceia”, de Leonardo da Vinci.

PARIS - Os Jogos Olímpicos de Paris chegam ao fim neste domingo com uma série de ensinamentos para as próximas edições do maior e mais importante evento esportivo do planeta. A capital francesa voltou a abrigar a Olimpíada após 100 anos e dará passagem, em 2028, a outra cidade que será sede pela terceira vez na história: Los Angeles, nos Estados Unidos.

Los Angeles recebeu os Jogos Olímpicos em 1932 e 1984. A cidade californiana é conhecida por causa de Hollywood, sede da indústria cinematográfica norte-americana, e por unir cultura e esporte. O evento de 2028 será o último de uma série de competições de alto escalão que os Estados Unidos sediarão nos próximos anos, incluindo o Mundial de Clubes de 2025 e a Copa do Mundo de 2026. Portanto, a própria cidade terá a seu favor a expertise de ter organizado eventos globais em curto espaço de tempo.

Público acompanha subida da pira olímpica, em formato de balão, nos Jogos Olímpicos de Paris. Foto: Natacha Pisarenko/AP

Los Angeles respira esporte e conta com times importantes nas ligas de basquete, futebol americano, beisebol, futebol e hóquei. Tanto que o beisebol (e a versão feminina, o softbol) deve retornar ao programa olímpico em 2028. O boxe corre o risco de ficar fora dos próximos Jogos por divergências entre a federação do esporte e o Comitê Olímpico Internacional. Do mesmo modo, o breaking deixa o calendário olímpico e deve ser substituído por outros esportes: críquete, flag football, lacrosse e squash.

Transporte público, envolvimento da cidade e problemas de informação

Entre os pontos positivos que a capital francesa deixou de legado para as próximas edições de Jogos Olímpicos podem citar o bom funcionamento do transporte público e a extensa malha ferroviária. Paris é uma cidade conectada por vastas de linhas de metrô, que ultrapassam os limites da cidade e levam até outros municípios da região.

No entanto, como o tema segurança se tornou tópico imprescindível nessa Olimpíada - fato que deve se repetir em Los Angeles -, algumas estações mais próximas às sedes, arenas e estádios foram fechadas, obrigando o espectador a parar ao menos uma estação antes e completar o trajeto a pé.

A partir dessa circunstância é inserido um outro ponto que precisa de revisão. Os voluntários, de uma maneira geral, foram mal instruídos para passar informações sobre localização e rotas a se seguir. Uma tarefa que pode ser facilmente corrigida, principalmente diante da má sinalização apresentada na capital francesa, seja nas estações de metrô, ruas e arenas.

Arena do skate park foi instalada na Praça da Concórdia. Foto: Franck Fife/AFP

Paris pôde abarcar toda a cidade e arredores na realização dos Jogos Olímpicos. Diferentemente do Rio de Janeiro, em que havia um Parque Olímpico, a capital francesa espalhou pela região os palcos de diferentes modalidade. Até mesmo o Taiti, território ultramarino francês, foi utilizado para o surfe. As exceções foram a Arena Paris Sud, que sediava concomitantemente tênis de mesa, handebol e vôlei, e a Praça da Concórdia, com skate, BMX freestyle, basquete 3x3 e breaking. Com isso, apesar de movimentar toda a cidade, o torcedor se viu obrigado a escolher um menor número de esportes para acompanhar a cada dia.

Cartões postais compõem a cena dos Jogos da equidade de gênero

Não se pode negar que Paris é uma cidade com pontos turísticos próprios para cartão postal. A montagem das arenas nesses locais foi uma escolha aplaudida junto à organização. O vôlei de praia aos pés da Torre Eiffel, o judô e as lutas no Campo de Marte, o tiro com arco no Palácio dos Inválidos, o tae kwon do no Grand Palais, o hipismo em Versalhes... a lista é extensa e serve de referência para Los Angeles.

O tae kwon do foi realizado no Grand Palais, em Paris. Foto: Andrew Medichini/AP

O COI promoveu em Paris-2024 os Jogos mais parelhos na presença masculina e feminina em competições esportivas. A equidade de gênero deve ser perseguida e levada a um novo patamar em Los Angeles-2028. Foi interessante acompanhar as modalidades mistas e as disputas por equipes incluindo homens e mulheres.

Modalidades que precisam repensar seu funcionamento

Em contrapartida, há esportes que deveriam passar por revisão para a próxima Olimpíada. O hipismo tem assistido a reiterados casos de maus tratos a cavalos, por exemplo. Seria relevante discutir como as competições de skate podem privilegiar a constância dos atletas. Em Paris, a possibilidade de descartar mais notas do que as de fato contabilizadas favoreceu quem errou mais vezes. O que é completamente diferente do que ocorre com a ginástica, em que um detalhe pode custar uma medalha, sem chance de repetir a apresentação.

As competições de hipismo foram realizadas em Versalhes. Foto: Mosa'ab Elshamy/AP

Outra questão apresentada por atletas durante os Jogos de Paris foi a realização de provas ao ar livre, sob sol, com temperaturas superiores a 30ºC. Diferentemente do atletismo, o skate, o hipismo e o ciclismo BMX freestyle poderiam contar com ambientes cobertos e climatizados. Até mesmo o público não escapou do sol forte nessas arenas, que não contam com espaço cobertura para torcedores e imprensa.

As modalidades que atendem a critérios subjetivos também poderia estudar maneiras de torná-las mais acessíveis ao público com questões objetivas, de acerto e erro. Para isso, é relevante adotar uma postura semelhante à do futebol, em que um árbitro não pode apitar um jogo do seu país de origem. Por mais que não se questione a idoneidade dos juízes, é de bom tom evitar constrangimentos, suspeições ou possíveis conflitos de interesse.

O surfe é outro esporte que deveria rever o formato da competição. A falta de ondas tirou a chance de Gabriel Medina conquistar a medalha de ouro para o Brasil. O surfista, que ficou com o bronze, sugeriu que as futuras competições pudessem acontecer em um local com ondas artificiais.

Polêmicas com a Vila Olímpica e Cerimônia de Abertura

A organização dos Jogos de Paris enfrentou uma série de reclamações sobre a Vila Olímpica. Falta de comida, quartos sem ar-condicionado e colchões desconfortáveis atrapalharam o rendimento de atletas. Procurada pela reportagem do Estadão para tratar do tema, a entidade ainda não respondeu.

Espectadores se protegem da chuva durante cerimônia de abertura dos Jogos, às margens do Rio Sena. Foto: Thibault Camus/AP

Não menos importante foi a polêmica Cerimônia de Abertura. Feito praticamente em sua totalidade no Rio Sena e culminando no Trocadéro, o evento privilegiou somente os telespectadores. Quem acompanhou presencialmente, não somente por causa da chuva, saiu frustrado. Há de se constatar um dano grave de comunicação pelo ruído gerado na apresentação de uma releitura de “um grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo”, segundo o diretor artístico do espetáculo, Thomas Jolly, que foi entendida e repercutida erroneamente como uma interpretação da “Última Ceia”, de Leonardo da Vinci.

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