Primeiro medalhista de ouro do Brasil nos Jogos de Tóquio, Italo Ferreira estava radiante com o feito na praia de Tsurigasaki, no litoral do Japão. Ele ganhou de Kanoa Igarashi na final, subiu ao lugar mais alto do pódio e homenageou sua avó, que morreu em 2019. "Queria que ela estivesse aqui para me ver campeão olímpico", disse.
Ele confessa que tinha uma relação muito próxima com sua avó Mariquinha. "Ela era uma figura, a gente sempre brincava. Quando fui campeão mundial levei o troféu no quarto dela e agora vou levar essa medalha de novo lá. É um ritual. Lá de cima sei que ela está muito orgulhosa", afirmou.
O surfista sabe que o Japão guarda lembranças para ele, que conquistou o evento de surfe nos Jogos de Tóquio e também foi no país asiático que ganhou o ISA Games, em 2019. Além dos títulos, outra semelhança curiosa é sobre os perrengues que passou nos dois eventos.
Fotos do dia 27 de julho na Olimpíada de Tóquio 2020
No ISA Games de 2019, a história daria um bom filme. O surfista potiguar estava nos Estados Unidos e teve seus documentos furtados. Sem o passaporte, não podia viajar para competir no Japão. Fez tudo às pressas, falou com embaixada, recorreu a todas as pessoas possíveis e acabou chegando na praia da competição durante a realização de sua bateria. Entrou na água com um bermuda jeans, com a prancha emprestada de Filipe Toledo, e conseguiu se classificar. Depois, foi campeão.
Todo esse esforço premia o surfista, que agora já tem no currículo os principais títulos da modalidade. "Espero que tudo isso sirva de inspiração para aqueles que vêm de baixo. Eu vivo intensamente e fiz valer a pena meu último mês de treinamento. Toda a competição me desafio e no meio do caminho preciso desviar dos obstáculos", concluiu.