O Ministério Público dos Estados Unidos pede uma pena de 10 anos de prisão e uma multa de pelo menos R$ 26 milhões (US$ 6,6 milhões) a José Maria Marin, condenado no final de 2017 por corrupção por um tribunal em Nova Iorque. Sua sentença será anunciada no dia 22 de agosto pela juíza Pamela Chan.
“O réu subestima dramaticamente a seriedade de seus crimes e a necessidade de promover o respeito pela lei”, afirma o documento de quase 50 páginas entregue à Corte pelos procuradores.
A defesa de Marin havia solicitado uma sentença muito abaixo das diretrizes da lei americana ao afirmar que sua culpa foi exagerada e que seus 86 anos de idade e sua saúde justifiquem extrema clemência. Além disso, seus advogados avaliam que ele já cumpriu sua sentença, diante das condições em que esteve desde 2015, quando foi preso em Zurique e depois em prisão domiciliar nos EUA. Para a defesa, os três anos “completamente satisfazem os interesses” de punir a corrupção. Um dos motivos para o argumento seria de que seu caso teria sido amplamente divulgado pela imprensa, além do fato de ele ter um histórico de “serviços público” e até de não falar inglês. A promotoria concorda que sua idade e saúde devem ser levados em conta e reduziu o pedido de prisão de 24 anos para dez. Mas, ainda assim, a punição precisa exemplar. “Marin viveu um estilo de vida ativo e aparentemente desimpedido por sua idade avançada”, respondeu a promotoria, que estima que ele apenas permaneceu preso por 13 meses até hoje. “Por exemplo, nos três anos anteriores à sua prisão, viajou pelo mundo (para eventos relacionados ao futebol ou não), incluindo viagens para Brasil, Nova York, Londres, Miami, Suíça, Argentina, Las Vegas, Paris, Budapeste, Suécia, Tóquio e Paraguai.” Ainda segundo a Procuradoria, Marin e outros cartolas do futebol confiaram no sistema financeiro dos EUA para corromper “o jogo que deveriam proteger, fraudando as instituições de centenas de milhões de dólares que deveriam ter ido para essas organizações para ser gasto em coisas como desenvolvimento e liga de mulheres e jovens”. Para os procuradores, uma sentença não pode permitir que um criminoso aproveite os frutos de seus crimes “até que ele se considere velho demais para pagar as consequências”. “Marin continuou a corrupção por cobiça e até hoje não mostrou remorso por sua conduta”, justificou a promotoria. “É imperativo que a sentença mostre claramente que tal conduta encontrará uma punição significativa. Só assim ela irá impedir que outros dirigentes que governam o futebol a causar dano às organizações”, disse. Segundo os procuradores, Marin recebeu propina anuais de milhões de dólares por direitos de marketing e imagens para torneios da Copa do Brasil, Copa América e Libertadores, e a maior parte dessa propina está na conta de sua empresa fantasma aberta no banco de investimentos Morgan Stanley, em Nova York. A procuradoria afirma que Marin abusou de seu poder como presidente da CBF e recebeu mais de US$ 3,3 milhões em propinas e concordou em receber aproximadamente US$ 7 milhões a mais. O caso ainda envolve milhões de dólares e os procuradores insistem que o brasileiro também deve pagar uma “multa substancial”, que seria duas vezes o valor recebido em propinas. No total, portanto, ele pagaria US$ 6,6 milhões. Para os advogados de Marin, a multa máxima não pode passar de US$ 2 milhões. Apresentando-se como vítimas, a Fifa, Conmebol e Concacaf querem recuperar pelo menos US$ 120 milhões de Marin, o ex-presidente da CBF, e outros condenados no esquema de corrupção do futebol. As entidades agora acusam seus ex-líderes de ter causado um “dano irreparável”às instituições.