Ainda lembraram que ele poderia marcar o 100º gol, agora pela contagem da Fifa, outra vez contra o Corinthians. Seria o "bicentenário" em cima do grande rival. Tudo conspirava a favor do veterano arqueiro.
Como no futebol o que se escreve em um domingo muda tudo no outro domingo, Rogério Ceni se estrepou no clássico diante do Corinthians, ontem, no Pacaembu. Nervoso, inconformado com a expulsão de Carlinhos Paraíba, aos 40 minutos do primeiro tempo, ele xingou à beça o assustado árbitro Rodrigo Braghetto. Mandou às favas o juiz de amarelo.
O descontrole do goleiro do São Paulo custou caro. O seu time, com um jogador a menos todo o segundo tempo, levou um sacode do Corinthians.
Para fechar a conta do clássico, Ceni deixou de cobrar uma falta, bem na posição em que é um especialista, que poderia ser o 100º. Naquela altura, seu time perdia por 3 a 0. E no finalzinho do jogo, ele falhou feio no chute longo de Jorge Henrique. Os mais cruéis diriam que foi um senhor frango do grande goleiro.
Bom, Rogério Ceni não pode pagar a fatura pela goleada sofrida. Que culpa ele tem se Paulo César Carpegiani admira tanto Carlinhos Paraíba? O treinador vê no volante o que a maioria dos treinadores não enxerga. Paraíba não é isso tudo e com ele no time é prejuízo certo.
Carpegiani tem como álibi a série de desfalques do São Paulo. Tem também a nítida noção que os meninos da base, que ele recorreu até por ordens superiores, não têm tanta qualidade assim. Difícil achar ali uma pepita de ouro. O elenco à sua disposição é bem fraco. E os 100% de aproveitamento até então não passava de uma fantasia.
Quanto ao Corinthians, todos os méritos. O time soube aproveitar a vantagem de um jogador a mais. Se impôs com autoridade de quem pensa e quer ir longe neste Brasileiro. A favor da equipe de Tite a boa organização. E ainda tem Alex para estrear, o goleiro Renan e mais tarde Adriano. O caminho está aberto para muitas ambições no Corinthians.
Ao São Paulo resta catar os cacos e repensar o seu projeto para o campeonato. Há muita ilusão no Morumbi para pouca realidade. É preciso pôr os pés no chão e afagar Rogério Ceni. Caiu uma tempestade em cima dele. Na quarta-feira, contra o Botafogo, ele tem a chance de reescrever a história a seu favor.