PARIS - Vai doer bastante em Rafaela Silva a derrota que tirou da judoca o que seria a sua segunda medalha olímpica. Desclassificada por um golpe irregular na luta com a japonesa Haruka Funakubo, a brasileira chorou na maior parte de todas as entrevistas que deu após o combate.
“Quando é no detalhe assim dói”, disse ela, enquanto as lágrimas percorriam seu rosto. “Eu não sei o que é mais difícil, você tomar o ippon e não ter condições de avaliar a luta ou perder da maneira que foi. Acabei sendo penalizada no finalzinho e volto pra casa sem a medalha”.
A primeira brasileira da modalidade a vencer Olimpíadas, Mundial e Pan-Americano foi a Paris após superar punição por doping que a deixou fora de Tóquio-2020. Por isso e por tudo de que prescindiu, a carioca cria da Cidade de Deus, favela da zona oeste do Rio, desabou no choro enquanto falava com a imprensa. Lembrou das atribulações pelas quais passou até chegar à disputa de sua terceira edição de Olimpíadas.
“Treinei, estudei, foquei nas minhas adversárias. É uma competição dura, a medalha acaba sendo definida no detalhe e infelizmente não foi ao meu favor”, lamentou.
A judoca brasileira perdeu nas semifinais para a sul-coreana Mimi Huh, a qual nunca venceu. Aos cinco minutos do golden score na disputa pelo bronze, Rafaela se defendeu de um golpe da japonesa. O árbitro pediu a análise dos juízes de mesa e desclassificou a brasileira porque, na avaliação dos juízes, ela caiu projetando a cabeça para frente do corpo, tocando a testa no tatame antes do restante do corpo. Pelas regras no judô, esse é um movimento considerado ilegal e que resulta em eliminação.
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A judoca ainda assistirá à luta, mas não contestou a decisão da arbitragem. “Essa regra é para proteger os atletas, de fato, quando têm apoio de cabeça e corremos risco de machucar a cervical. Preciso avaliar, ainda não assisti à luta”, avaliou. “Senti que encostei a cabeça, é a regra, infelizmente não foi ao meu favor hoje”.
Rafaela revelou ter machucado o joelho esquerdo no primeiro golpe que sofreu da coreana nas semifinais. Teve de lutar o restante desse combate e o seguinte contundida. “É uma lesão bem chata. O médico já havia falado comigo que o pior dessa lesão é a falta de confiança. Estava sentindo bastante incômodo durante a luta, tentei buscar até o final, mas não consegui”, contou.
“Tenho que aprender a lidar com isso, não fico dando desculpa na lesão. Às vezes a gente perde, ganha. Agora é tratar porque ainda tem a competição por equipes”.
A vontade da judoca de 32 anos não é encerrar sua participa olímpica em Paris. O plano é seguir lutando e se classificar para os Jogos de Los Angeles, em 2026. “Não vou parar aqui hoje. Já tinha falado que meu objetivo é ir até Los Angeles”.