Olimpíadas 2024 marcam redenção de Biles, Rebeca como lenda e auge da ginástica do Brasil


Brasileira encerra a competição com quatro medalhas, incluindo o ouro no solo, e se torna a maior atleta olímpica da história do Pais; Biles tem volta redentora após apagão mental

Por Ricardo Magatti
Atualização:

PARIS - A ausência no pódio da prova da trave não apagou o brilho de Rebeca Andrade e Simone Biles, que se enfrentaram nesta terça-feira, 5, pela última vez nas Olimpíadas de Paris. Os jogos parisienses marcaram a volta redentora da americana, que desistiu de quase todas as disputas em Tóquio depois de um apagão mental, elevaram a brasileira à condição de maior atleta olímpica da história do País e apresentaram o auge do Brasil na ginástica artística.

Rebeca adicionou à sua galeria de conquistas quatro medalhas que conquistou em Paris - bronze por equipes, prata no individual geral e no salto e o ouro no solo. Com a duas que já tinha ganhado em Tóquio-2020 - ouro no salto e prata no individual geral - passou a ostentar seis medalhas e se transformou na atleta brasileira, entre homens e mulheres, com mais conquistas olímpicas na história do Brasil.

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“Os meus sonhos estão sendo alcançados e eu estou ficando gigante, né?”, havia dito a ginasta, que deixou para trás os velejadores Torben Grael e Robert Scheidt para se tornar a maior atleta olímpica da história do País. “Eu estou inteira, estou aqui, feliz, curti, vivi Paris e fechei com chave de ouro. Nossa, eu estou explodindo”, confessou.

Rebeca Andrade conquistou a medalha de ouro no solo em Paris. Foto: Gabriel Bouys/AFP

Biles repetiu depois de algumas das finais que sua jornada em Paris foi de redenção após a sua pausa para cuidar da saúde mental em Tóquio. “Definitivamente foi uma redenção pra mim. Foi difícil, mas nós conseguimos”, resumiu a americana em entrevista coletiva.

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A performance em Paris representa o apogeu da ginástica artística brasileira. Em um esporte polarizado, com predomínio de poucas nações no topo, o Brasil passou a ser o primeiro país do hemisfério sul a ganhar uma medalha na prova por equipes – independentemente da colocação. Desde a Segunda Guerra Mundial, União Soviética e Rússia conquistaram 15 medalhas, Estados Unidos, dez. Membros do Leste Europeu somam 24 pódios, enquanto a Ásia já levou quatro.

“A vitória coroa o trabalho de muita gente. Quando é um resultado por equipe, todo mundo ganha. É uma caminhada tão longa para você chegar aqui e conseguir um resultado inédito desse”, vibrou Chico Porath, técnico da seleção brasileira de ginástica.

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Trave tem tensão, quedas, decepção e vaias

No quarto e último dia da final da ginástica, as arquibancadas da Arena Bercy foram tomadas de novo por uma maioria ruidosa de torcedores dos Estados Unidos. Berravam a cada vez em que surgia no telão Simone Biles e Sunisa Lee, esta que caiu da trave com a barriga no chão e deixou o aparelho frustrada.

Os americanos predominaram e se destacaram em quantidade e volume, mas os brasileiros, o segundo maior público na arena, demonstraram razoável capacidade de apoio a Rebeca e Júlia. “Brasil, Brasil, Brasil”, cantaram alto quanto Biles esperava sua nota após a apresentação na trave. A superestrela da ginástica também caiu, bem como a brasileira Júlia Soares e a romena Sabrina Maneca.

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Depois de minutos de tensão, os juízes anunciaram: 13.100 para Biles, que evidenciou, pela sua reação, seu descontentamento com a nota, com um sorriso amarelo. O caminho estava aberto para Rebeca brilhar e levar ao menos o bronze. A brasileira se equilibrou na trave. O problema é que sua performance foi simples, com erros de conexões, e lhe rendeu uma nota de partida, que compreende o nível de dificuldade, baixa. Ela recebeu 5.700 pelo grau de dificuldade e 8.233 pela execução. Com 13.933, ficou fora do pódio. Tudo bem porque a redenção, com uma jornada de brilho, veio na prova seguinte, o solo.

Rebeca Andrade terminou final da trave em quarto. Foto: Chang W. Lee/NYT

Solo tem brilho das superestrelas

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Simone Biles havia brincando que não queria mais competir com Rebeca porque a brasileira é a oponente que mais havia se aproximado dela. Ela estava certa. A paulista de Guarulhos não só se aproximou em provas anteriores, como superou a superestrela dos Estados Unidos no solo, ao levar o ouro e deixar a rival com a prata.

Com uma apresentação sem erros, a brasileira, segunda a fazer sua série, levantou a plateia e recebeu 14.166. Biles saiu duas vezes do tablado, foi penalizada com 0,6. A supercampeã recebeu 14.133 dos juízes e teve que se contentar com a prata. Mas, quando recebeu o resultado, não pareceu chateada e mostrou felicidade por Rebeca. “Rebeca, Rebeca, Rebeca”, gritaram os brasileiros para a ginasta antes de ela subir no degrau mais alto do pódio.

Tão acostumada às conquistas, ela beijou sua segunda medalha de ouro olímpica, sorriu e vibrou. No pódio, foi reverenciada por Biles e Jordan Chiles, que abaixaram para a estrela maior aparecer, erguendo as mãos aos céus para celebrar e agradecer.

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Simone Biles e Jordan Chiles reverenciam Rebeca Andrade, ouro no solo Foto: Gabriel Bouys/AFP

Enquanto o hino tocava, se emocionou, limpou uma lágrima de seu olho esquerdo e não conseguiu cantar. Não tem problema porque milhares de brasileiros cantaram por ela na Arena Bercy.

“Chorei porque terminei a competição inteira. Orei bastante para Deus todos os dias, mesmo antes de vir para cá, pedindo para que fosse uma competição boa, para que eu aproveitasse e para que eu voltasse (para casa) sem me lesionar”, afirmou ela à TV Globo.

Mais disputas em Los Angeles-2028?

Rebeca estará em Los-Angeles, em 2028, mas já avisou que não disputará o individual geral por ser uma prova muito desgastante. “Enquanto meu corpo aguentar, eu vou estar aqui. Pode ser que eu não faça todos os aparelhos. É importante preparar também os fãs, porque, quando a gente se despede, é muito difícil”, explicou ela, que tem em sua carreira a superação de ter conseguido voltar a competir depois de três sérias lesões no joelho.

Já Biles não confirmou sua presença nas próximas Olimpíadas. Indicou, porém, que deve, sim, competir em casa. “Nunca diga nunca. A próxima Olimpíada será em casa, então nunca se sabe. Mas estou ficando muito velha”, disse ela aos repórteres.

Certo é que será uma Biles em versão diferente, sem mais a execução de seu duplo Yurchenko, que levou o nome de Biles 2 e impressiona o público com sua a beleza e dificuldade. “Definitivamente é a última vez que faço”, disse ela depois de executar o famoso salto e ganhar o ouro com ele.

O salto é uma combinação de movimentos com o duplo mortal carpado tem uma impressionante nota de partida, que compreende o grau de dificuldade, de 16.400.

PARIS - A ausência no pódio da prova da trave não apagou o brilho de Rebeca Andrade e Simone Biles, que se enfrentaram nesta terça-feira, 5, pela última vez nas Olimpíadas de Paris. Os jogos parisienses marcaram a volta redentora da americana, que desistiu de quase todas as disputas em Tóquio depois de um apagão mental, elevaram a brasileira à condição de maior atleta olímpica da história do País e apresentaram o auge do Brasil na ginástica artística.

Rebeca adicionou à sua galeria de conquistas quatro medalhas que conquistou em Paris - bronze por equipes, prata no individual geral e no salto e o ouro no solo. Com a duas que já tinha ganhado em Tóquio-2020 - ouro no salto e prata no individual geral - passou a ostentar seis medalhas e se transformou na atleta brasileira, entre homens e mulheres, com mais conquistas olímpicas na história do Brasil.

“Os meus sonhos estão sendo alcançados e eu estou ficando gigante, né?”, havia dito a ginasta, que deixou para trás os velejadores Torben Grael e Robert Scheidt para se tornar a maior atleta olímpica da história do País. “Eu estou inteira, estou aqui, feliz, curti, vivi Paris e fechei com chave de ouro. Nossa, eu estou explodindo”, confessou.

Rebeca Andrade conquistou a medalha de ouro no solo em Paris. Foto: Gabriel Bouys/AFP

Biles repetiu depois de algumas das finais que sua jornada em Paris foi de redenção após a sua pausa para cuidar da saúde mental em Tóquio. “Definitivamente foi uma redenção pra mim. Foi difícil, mas nós conseguimos”, resumiu a americana em entrevista coletiva.

A performance em Paris representa o apogeu da ginástica artística brasileira. Em um esporte polarizado, com predomínio de poucas nações no topo, o Brasil passou a ser o primeiro país do hemisfério sul a ganhar uma medalha na prova por equipes – independentemente da colocação. Desde a Segunda Guerra Mundial, União Soviética e Rússia conquistaram 15 medalhas, Estados Unidos, dez. Membros do Leste Europeu somam 24 pódios, enquanto a Ásia já levou quatro.

“A vitória coroa o trabalho de muita gente. Quando é um resultado por equipe, todo mundo ganha. É uma caminhada tão longa para você chegar aqui e conseguir um resultado inédito desse”, vibrou Chico Porath, técnico da seleção brasileira de ginástica.

Trave tem tensão, quedas, decepção e vaias

No quarto e último dia da final da ginástica, as arquibancadas da Arena Bercy foram tomadas de novo por uma maioria ruidosa de torcedores dos Estados Unidos. Berravam a cada vez em que surgia no telão Simone Biles e Sunisa Lee, esta que caiu da trave com a barriga no chão e deixou o aparelho frustrada.

Os americanos predominaram e se destacaram em quantidade e volume, mas os brasileiros, o segundo maior público na arena, demonstraram razoável capacidade de apoio a Rebeca e Júlia. “Brasil, Brasil, Brasil”, cantaram alto quanto Biles esperava sua nota após a apresentação na trave. A superestrela da ginástica também caiu, bem como a brasileira Júlia Soares e a romena Sabrina Maneca.

Depois de minutos de tensão, os juízes anunciaram: 13.100 para Biles, que evidenciou, pela sua reação, seu descontentamento com a nota, com um sorriso amarelo. O caminho estava aberto para Rebeca brilhar e levar ao menos o bronze. A brasileira se equilibrou na trave. O problema é que sua performance foi simples, com erros de conexões, e lhe rendeu uma nota de partida, que compreende o nível de dificuldade, baixa. Ela recebeu 5.700 pelo grau de dificuldade e 8.233 pela execução. Com 13.933, ficou fora do pódio. Tudo bem porque a redenção, com uma jornada de brilho, veio na prova seguinte, o solo.

Rebeca Andrade terminou final da trave em quarto. Foto: Chang W. Lee/NYT

Solo tem brilho das superestrelas

Simone Biles havia brincando que não queria mais competir com Rebeca porque a brasileira é a oponente que mais havia se aproximado dela. Ela estava certa. A paulista de Guarulhos não só se aproximou em provas anteriores, como superou a superestrela dos Estados Unidos no solo, ao levar o ouro e deixar a rival com a prata.

Com uma apresentação sem erros, a brasileira, segunda a fazer sua série, levantou a plateia e recebeu 14.166. Biles saiu duas vezes do tablado, foi penalizada com 0,6. A supercampeã recebeu 14.133 dos juízes e teve que se contentar com a prata. Mas, quando recebeu o resultado, não pareceu chateada e mostrou felicidade por Rebeca. “Rebeca, Rebeca, Rebeca”, gritaram os brasileiros para a ginasta antes de ela subir no degrau mais alto do pódio.

Tão acostumada às conquistas, ela beijou sua segunda medalha de ouro olímpica, sorriu e vibrou. No pódio, foi reverenciada por Biles e Jordan Chiles, que abaixaram para a estrela maior aparecer, erguendo as mãos aos céus para celebrar e agradecer.

Simone Biles e Jordan Chiles reverenciam Rebeca Andrade, ouro no solo Foto: Gabriel Bouys/AFP

Enquanto o hino tocava, se emocionou, limpou uma lágrima de seu olho esquerdo e não conseguiu cantar. Não tem problema porque milhares de brasileiros cantaram por ela na Arena Bercy.

“Chorei porque terminei a competição inteira. Orei bastante para Deus todos os dias, mesmo antes de vir para cá, pedindo para que fosse uma competição boa, para que eu aproveitasse e para que eu voltasse (para casa) sem me lesionar”, afirmou ela à TV Globo.

Mais disputas em Los Angeles-2028?

Rebeca estará em Los-Angeles, em 2028, mas já avisou que não disputará o individual geral por ser uma prova muito desgastante. “Enquanto meu corpo aguentar, eu vou estar aqui. Pode ser que eu não faça todos os aparelhos. É importante preparar também os fãs, porque, quando a gente se despede, é muito difícil”, explicou ela, que tem em sua carreira a superação de ter conseguido voltar a competir depois de três sérias lesões no joelho.

Já Biles não confirmou sua presença nas próximas Olimpíadas. Indicou, porém, que deve, sim, competir em casa. “Nunca diga nunca. A próxima Olimpíada será em casa, então nunca se sabe. Mas estou ficando muito velha”, disse ela aos repórteres.

Certo é que será uma Biles em versão diferente, sem mais a execução de seu duplo Yurchenko, que levou o nome de Biles 2 e impressiona o público com sua a beleza e dificuldade. “Definitivamente é a última vez que faço”, disse ela depois de executar o famoso salto e ganhar o ouro com ele.

O salto é uma combinação de movimentos com o duplo mortal carpado tem uma impressionante nota de partida, que compreende o grau de dificuldade, de 16.400.

PARIS - A ausência no pódio da prova da trave não apagou o brilho de Rebeca Andrade e Simone Biles, que se enfrentaram nesta terça-feira, 5, pela última vez nas Olimpíadas de Paris. Os jogos parisienses marcaram a volta redentora da americana, que desistiu de quase todas as disputas em Tóquio depois de um apagão mental, elevaram a brasileira à condição de maior atleta olímpica da história do País e apresentaram o auge do Brasil na ginástica artística.

Rebeca adicionou à sua galeria de conquistas quatro medalhas que conquistou em Paris - bronze por equipes, prata no individual geral e no salto e o ouro no solo. Com a duas que já tinha ganhado em Tóquio-2020 - ouro no salto e prata no individual geral - passou a ostentar seis medalhas e se transformou na atleta brasileira, entre homens e mulheres, com mais conquistas olímpicas na história do Brasil.

“Os meus sonhos estão sendo alcançados e eu estou ficando gigante, né?”, havia dito a ginasta, que deixou para trás os velejadores Torben Grael e Robert Scheidt para se tornar a maior atleta olímpica da história do País. “Eu estou inteira, estou aqui, feliz, curti, vivi Paris e fechei com chave de ouro. Nossa, eu estou explodindo”, confessou.

Rebeca Andrade conquistou a medalha de ouro no solo em Paris. Foto: Gabriel Bouys/AFP

Biles repetiu depois de algumas das finais que sua jornada em Paris foi de redenção após a sua pausa para cuidar da saúde mental em Tóquio. “Definitivamente foi uma redenção pra mim. Foi difícil, mas nós conseguimos”, resumiu a americana em entrevista coletiva.

A performance em Paris representa o apogeu da ginástica artística brasileira. Em um esporte polarizado, com predomínio de poucas nações no topo, o Brasil passou a ser o primeiro país do hemisfério sul a ganhar uma medalha na prova por equipes – independentemente da colocação. Desde a Segunda Guerra Mundial, União Soviética e Rússia conquistaram 15 medalhas, Estados Unidos, dez. Membros do Leste Europeu somam 24 pódios, enquanto a Ásia já levou quatro.

“A vitória coroa o trabalho de muita gente. Quando é um resultado por equipe, todo mundo ganha. É uma caminhada tão longa para você chegar aqui e conseguir um resultado inédito desse”, vibrou Chico Porath, técnico da seleção brasileira de ginástica.

Trave tem tensão, quedas, decepção e vaias

No quarto e último dia da final da ginástica, as arquibancadas da Arena Bercy foram tomadas de novo por uma maioria ruidosa de torcedores dos Estados Unidos. Berravam a cada vez em que surgia no telão Simone Biles e Sunisa Lee, esta que caiu da trave com a barriga no chão e deixou o aparelho frustrada.

Os americanos predominaram e se destacaram em quantidade e volume, mas os brasileiros, o segundo maior público na arena, demonstraram razoável capacidade de apoio a Rebeca e Júlia. “Brasil, Brasil, Brasil”, cantaram alto quanto Biles esperava sua nota após a apresentação na trave. A superestrela da ginástica também caiu, bem como a brasileira Júlia Soares e a romena Sabrina Maneca.

Depois de minutos de tensão, os juízes anunciaram: 13.100 para Biles, que evidenciou, pela sua reação, seu descontentamento com a nota, com um sorriso amarelo. O caminho estava aberto para Rebeca brilhar e levar ao menos o bronze. A brasileira se equilibrou na trave. O problema é que sua performance foi simples, com erros de conexões, e lhe rendeu uma nota de partida, que compreende o nível de dificuldade, baixa. Ela recebeu 5.700 pelo grau de dificuldade e 8.233 pela execução. Com 13.933, ficou fora do pódio. Tudo bem porque a redenção, com uma jornada de brilho, veio na prova seguinte, o solo.

Rebeca Andrade terminou final da trave em quarto. Foto: Chang W. Lee/NYT

Solo tem brilho das superestrelas

Simone Biles havia brincando que não queria mais competir com Rebeca porque a brasileira é a oponente que mais havia se aproximado dela. Ela estava certa. A paulista de Guarulhos não só se aproximou em provas anteriores, como superou a superestrela dos Estados Unidos no solo, ao levar o ouro e deixar a rival com a prata.

Com uma apresentação sem erros, a brasileira, segunda a fazer sua série, levantou a plateia e recebeu 14.166. Biles saiu duas vezes do tablado, foi penalizada com 0,6. A supercampeã recebeu 14.133 dos juízes e teve que se contentar com a prata. Mas, quando recebeu o resultado, não pareceu chateada e mostrou felicidade por Rebeca. “Rebeca, Rebeca, Rebeca”, gritaram os brasileiros para a ginasta antes de ela subir no degrau mais alto do pódio.

Tão acostumada às conquistas, ela beijou sua segunda medalha de ouro olímpica, sorriu e vibrou. No pódio, foi reverenciada por Biles e Jordan Chiles, que abaixaram para a estrela maior aparecer, erguendo as mãos aos céus para celebrar e agradecer.

Simone Biles e Jordan Chiles reverenciam Rebeca Andrade, ouro no solo Foto: Gabriel Bouys/AFP

Enquanto o hino tocava, se emocionou, limpou uma lágrima de seu olho esquerdo e não conseguiu cantar. Não tem problema porque milhares de brasileiros cantaram por ela na Arena Bercy.

“Chorei porque terminei a competição inteira. Orei bastante para Deus todos os dias, mesmo antes de vir para cá, pedindo para que fosse uma competição boa, para que eu aproveitasse e para que eu voltasse (para casa) sem me lesionar”, afirmou ela à TV Globo.

Mais disputas em Los Angeles-2028?

Rebeca estará em Los-Angeles, em 2028, mas já avisou que não disputará o individual geral por ser uma prova muito desgastante. “Enquanto meu corpo aguentar, eu vou estar aqui. Pode ser que eu não faça todos os aparelhos. É importante preparar também os fãs, porque, quando a gente se despede, é muito difícil”, explicou ela, que tem em sua carreira a superação de ter conseguido voltar a competir depois de três sérias lesões no joelho.

Já Biles não confirmou sua presença nas próximas Olimpíadas. Indicou, porém, que deve, sim, competir em casa. “Nunca diga nunca. A próxima Olimpíada será em casa, então nunca se sabe. Mas estou ficando muito velha”, disse ela aos repórteres.

Certo é que será uma Biles em versão diferente, sem mais a execução de seu duplo Yurchenko, que levou o nome de Biles 2 e impressiona o público com sua a beleza e dificuldade. “Definitivamente é a última vez que faço”, disse ela depois de executar o famoso salto e ganhar o ouro com ele.

O salto é uma combinação de movimentos com o duplo mortal carpado tem uma impressionante nota de partida, que compreende o grau de dificuldade, de 16.400.

PARIS - A ausência no pódio da prova da trave não apagou o brilho de Rebeca Andrade e Simone Biles, que se enfrentaram nesta terça-feira, 5, pela última vez nas Olimpíadas de Paris. Os jogos parisienses marcaram a volta redentora da americana, que desistiu de quase todas as disputas em Tóquio depois de um apagão mental, elevaram a brasileira à condição de maior atleta olímpica da história do País e apresentaram o auge do Brasil na ginástica artística.

Rebeca adicionou à sua galeria de conquistas quatro medalhas que conquistou em Paris - bronze por equipes, prata no individual geral e no salto e o ouro no solo. Com a duas que já tinha ganhado em Tóquio-2020 - ouro no salto e prata no individual geral - passou a ostentar seis medalhas e se transformou na atleta brasileira, entre homens e mulheres, com mais conquistas olímpicas na história do Brasil.

“Os meus sonhos estão sendo alcançados e eu estou ficando gigante, né?”, havia dito a ginasta, que deixou para trás os velejadores Torben Grael e Robert Scheidt para se tornar a maior atleta olímpica da história do País. “Eu estou inteira, estou aqui, feliz, curti, vivi Paris e fechei com chave de ouro. Nossa, eu estou explodindo”, confessou.

Rebeca Andrade conquistou a medalha de ouro no solo em Paris. Foto: Gabriel Bouys/AFP

Biles repetiu depois de algumas das finais que sua jornada em Paris foi de redenção após a sua pausa para cuidar da saúde mental em Tóquio. “Definitivamente foi uma redenção pra mim. Foi difícil, mas nós conseguimos”, resumiu a americana em entrevista coletiva.

A performance em Paris representa o apogeu da ginástica artística brasileira. Em um esporte polarizado, com predomínio de poucas nações no topo, o Brasil passou a ser o primeiro país do hemisfério sul a ganhar uma medalha na prova por equipes – independentemente da colocação. Desde a Segunda Guerra Mundial, União Soviética e Rússia conquistaram 15 medalhas, Estados Unidos, dez. Membros do Leste Europeu somam 24 pódios, enquanto a Ásia já levou quatro.

“A vitória coroa o trabalho de muita gente. Quando é um resultado por equipe, todo mundo ganha. É uma caminhada tão longa para você chegar aqui e conseguir um resultado inédito desse”, vibrou Chico Porath, técnico da seleção brasileira de ginástica.

Trave tem tensão, quedas, decepção e vaias

No quarto e último dia da final da ginástica, as arquibancadas da Arena Bercy foram tomadas de novo por uma maioria ruidosa de torcedores dos Estados Unidos. Berravam a cada vez em que surgia no telão Simone Biles e Sunisa Lee, esta que caiu da trave com a barriga no chão e deixou o aparelho frustrada.

Os americanos predominaram e se destacaram em quantidade e volume, mas os brasileiros, o segundo maior público na arena, demonstraram razoável capacidade de apoio a Rebeca e Júlia. “Brasil, Brasil, Brasil”, cantaram alto quanto Biles esperava sua nota após a apresentação na trave. A superestrela da ginástica também caiu, bem como a brasileira Júlia Soares e a romena Sabrina Maneca.

Depois de minutos de tensão, os juízes anunciaram: 13.100 para Biles, que evidenciou, pela sua reação, seu descontentamento com a nota, com um sorriso amarelo. O caminho estava aberto para Rebeca brilhar e levar ao menos o bronze. A brasileira se equilibrou na trave. O problema é que sua performance foi simples, com erros de conexões, e lhe rendeu uma nota de partida, que compreende o nível de dificuldade, baixa. Ela recebeu 5.700 pelo grau de dificuldade e 8.233 pela execução. Com 13.933, ficou fora do pódio. Tudo bem porque a redenção, com uma jornada de brilho, veio na prova seguinte, o solo.

Rebeca Andrade terminou final da trave em quarto. Foto: Chang W. Lee/NYT

Solo tem brilho das superestrelas

Simone Biles havia brincando que não queria mais competir com Rebeca porque a brasileira é a oponente que mais havia se aproximado dela. Ela estava certa. A paulista de Guarulhos não só se aproximou em provas anteriores, como superou a superestrela dos Estados Unidos no solo, ao levar o ouro e deixar a rival com a prata.

Com uma apresentação sem erros, a brasileira, segunda a fazer sua série, levantou a plateia e recebeu 14.166. Biles saiu duas vezes do tablado, foi penalizada com 0,6. A supercampeã recebeu 14.133 dos juízes e teve que se contentar com a prata. Mas, quando recebeu o resultado, não pareceu chateada e mostrou felicidade por Rebeca. “Rebeca, Rebeca, Rebeca”, gritaram os brasileiros para a ginasta antes de ela subir no degrau mais alto do pódio.

Tão acostumada às conquistas, ela beijou sua segunda medalha de ouro olímpica, sorriu e vibrou. No pódio, foi reverenciada por Biles e Jordan Chiles, que abaixaram para a estrela maior aparecer, erguendo as mãos aos céus para celebrar e agradecer.

Simone Biles e Jordan Chiles reverenciam Rebeca Andrade, ouro no solo Foto: Gabriel Bouys/AFP

Enquanto o hino tocava, se emocionou, limpou uma lágrima de seu olho esquerdo e não conseguiu cantar. Não tem problema porque milhares de brasileiros cantaram por ela na Arena Bercy.

“Chorei porque terminei a competição inteira. Orei bastante para Deus todos os dias, mesmo antes de vir para cá, pedindo para que fosse uma competição boa, para que eu aproveitasse e para que eu voltasse (para casa) sem me lesionar”, afirmou ela à TV Globo.

Mais disputas em Los Angeles-2028?

Rebeca estará em Los-Angeles, em 2028, mas já avisou que não disputará o individual geral por ser uma prova muito desgastante. “Enquanto meu corpo aguentar, eu vou estar aqui. Pode ser que eu não faça todos os aparelhos. É importante preparar também os fãs, porque, quando a gente se despede, é muito difícil”, explicou ela, que tem em sua carreira a superação de ter conseguido voltar a competir depois de três sérias lesões no joelho.

Já Biles não confirmou sua presença nas próximas Olimpíadas. Indicou, porém, que deve, sim, competir em casa. “Nunca diga nunca. A próxima Olimpíada será em casa, então nunca se sabe. Mas estou ficando muito velha”, disse ela aos repórteres.

Certo é que será uma Biles em versão diferente, sem mais a execução de seu duplo Yurchenko, que levou o nome de Biles 2 e impressiona o público com sua a beleza e dificuldade. “Definitivamente é a última vez que faço”, disse ela depois de executar o famoso salto e ganhar o ouro com ele.

O salto é uma combinação de movimentos com o duplo mortal carpado tem uma impressionante nota de partida, que compreende o grau de dificuldade, de 16.400.

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