Desta vez, concordo 100% com Abel Ferreira quando ele diz que a sorte do Palmeiras é saber que a final do Paulistão tem duas partidas. Não fosse isso, ele e seus jogadores estariam aplaudindo o time do Água Santa, que ganhou a primeira partida da decisão estadual por 2 a 1 e agora atua pelo empate no domingo de Páscoa.
Abel estava se corroendo por dentro na entrevista coletiva. Viu o Palmeiras como todos nós, melhor e mais perto dos gols, mas de salto alto e achando que poderia ganhar a qualquer momento, tamanha às vezes em que a bola rondou o gol do adversário de Diadema. A maior prova disso para mim, não sei se para Abel também, foi o chute de Gabriel Menino quando ele poderia ter feito o passe para Rony ou Breno Lopes. Ali, deu para ver que todo mundo queria decidir na final e ganhar os créditos da vitória. O treinador assumiu a responsabilidade de tudo. Mas sabemos que não é só dele.
Pela primeira vez em decisões nos últimos tempos, faltou maturidade aos jogadores do Palmeiras, que só não mostraram saber o que precisava ser feito em campo nos jogos do Mundial de Clubes da Fifa. A diferença técnica de um time para o outro também influenciou na má apresentação em Barueri. As jogadas não saíram como se esperava, apesar do volume de jogo. O gol não saiu por caprichos, detalhes e falta de qualidade.
Abel assumiu toda a responsabilidade, mas estava fervendo por dentro. Ele entendeu o que aconteceu com o seu time. Falhou durante a semana em seu trabalho de mudar a cabeça dos jogadores quanto à teórica facilidade de ganhar o Paulistão. O resultado imediato foi a derrota. A longo prazo, pode ser o desgaste de alguns jogadores e a necessidade de mostrar mais do que vem mostrando.
Abel fez uma comparação interessante, mas que também o coloca contra a parede. O Palmeiras tem uma mira na testa. Todos querem acertar o alvo. No Estadual, é mais difícil que isso aconteça, pelo menos até a final, como foi a caminhada invicta do time. Mas de agora em diante, todos sabem que a primeira flecha acertou a mira. Coube ao Água Santa quebrar a invencibilidade do Palmeiras na temporada. Agora, todos sabem que a equipe de Abel também sangra.
O jogo contra o Bolívar, quarta-feira, pela Libertadores, não pode atrapalhar a segunda e última partida do time no Paulistão. A Libertadores pode esperar. O Estadual não. Abel não deu a menor dica do que pretende fazer, quer dosar o time, mas como? Pode se dar bem nos dois jogos, mas se tiver de escolher, penso que deveria apostar no Estadual.
São 90 minutos para uma conquista. E o Paulistão, como já escrevi antes, vale muito na decisão. O Palmeiras terá tempo para se recuperar na Libertadores. A conquista, de virada, tem o poder de recuperar sentimentos perdidos após a derrota para o Água Santa em Barueri.