Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Afinal, gostamos ou não dos Estaduais? Ou eles não servem para nada no calendário nacional?


Palmeiras e Água Santa decidem o título do Paulistão a partir do fim de semana, assim como no Rio começam as finais de Flamengo e Fluminense; há outros torneios regionais sendo decididos pelo Brasil

Por Robson Morelli
Atualização:

Nesta semana, recebi um e-mail (sim, ainda leio e-mails e são mais de 200 por dia) de um leitor sobre os Estaduais. Ele me disse que gosta das competições dos Estados. Essa discussão é recorrente no futebol brasileiro, e sempre aparece quando as decisões se apresentam. Neste fim de semana, uma série de jogos abre as finais desses Campeonatos. Paulistão e Cariocão são dois deles. O torneio de São Paulo coloca Água Santa e Palmeiras frente a frente, como Davi e Golias, o mais fraco contra o mais forte.

No futebol, em uma decisão, penso que essas diferenças são minimizadas. Aliás, assim como na passagem bíblica entre Israel e os filisteus, o futebol é um dos poucos esportes, talvez o único, que o mais fraco pode derrotar o mais forte. O próprio Água Santa fez isso diante do São Paulo na semifinal. No Rio, a briga é de rivais mais iguais: Fluminense e Flamengo. Outros torneios estaduais começam suas decisões.

Palmeiras passa pelo Ituano e se credencia para a final do Paulistão: único grande a honrar seu nome no Estadual de São Paulo Foto: Alex Silva / Estadão
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Mas voltando ao amigo leitor (não sei se posso divulgar o seu nome), gostamos ou não dos Estaduais? Eles servem para alguma coisa? Tem peso sua conquista? Vale cobrar jogadores e treinadores quando os times estão em preparação? São todos questionamentos que faço a mim mesmo sobre o Paulistão e os demais Estaduais. Como gosto de futebol, tendo a me render a bons jogos, que são raros nessas competições, diga-se.

Confesso também que há um sentimento nostálgico dos grandes duelos do passado, quando ia com meu pai para ver essas partidas ora no Morumbi, ora no Pacaembu, ora no Palestra Itália. Não me lembro de ir com ele para a Vila Belmiro. Mas cada vez mais esse sentimento dá lugar ao melhor entendimento do futebol brasileiro e seu calendário maluco. Isso já acontece faz tempo. Com tantos jogos, mais de 70 por temporada, como se render aos duelos contra times do Interior e de menor tradição dentro dos Estados?

Uma coisa é certa: o Estadual só vale, se é que vale, dentro do seu território. O que quero dizer é que jogos do Gauchão valem bem pouco para torcedores paulistas e cariocas, assim como as partidas do Mineiro não têm peso nenhum para gaúchos e pernambucanos, e assim por diante. O que vale são os clássicos. Esses chamam a atenção.

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Mas como valorizar um torneio em que os times ainda estão se preparando, contratando, entrando em forma e recuperando física e clinicamente seus jogadores? Nessa condição, o peso dos jogos é quase nenhum. Um treino de luxo para os grandes e uma oportunidade de vitrine para os pequenos. Aquelas rivalidades do passado entre times da capital e do interior não existem mais. Um ou outro clube de fora de São Paulo se sobressai. A maioria não tem estrutura nem jogadores nem dinheiro. Isso vale para todos os Estados. Então, se as equipes ainda não estão prontas, como levar a sério uma competição com elas?

Os estádios cheios, com média acima dos 30 mil torcedores nas partidas dos times grandes, mostram, no entanto, que há um certo interesse nos jogos desses clubes nos Estaduais. Será mesmo? Isso não pode ser entendido pela paixão do torcedor pelo futebol? Todos nós gostamos de ver jogos nos estádios. Esses jogos nos três primeiros meses do ano poderiam ser do Brasileirão, da Copa do Brasil ou da Libertadores. Esse é o ponto.

Com menos jogos no calendário e mais tempo para se preparar, os times tendem a fazer melhores apresentações. Então, a chance de o futebol brasileiro ter partidas mais bem jogadas aumenta. Todos nós sabemos que os Estaduais têm mais peso para quem não ganha do que para quem ganha. Corinthians, São Paulo e Santos foram condenados porque ficaram pelo caminho nesta edição. Se o Palmeiras ganhar do Água Santa, vai ter mais um Estadual em sua lista. Vale? O que muda? É claro que ganhar é melhor do que perder, mas o foco do time de Abel Ferreira não é o Estadual. Nem perto disso. Assim como não é o do Flamengo ou do Atlético-MG ou do Grêmio.

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O problema das federações é saber o que fazer com os times filiados a ela que não estão nas séries do Campeonato Brasileiro. Não vejo outro caminho a não ser que esses clubes se organizem para tentar disputar umas das divisões do Nacional, de A a D. Seriam 80 clubes em atividade durante o ano todo. A CBF tem 783 clubes cadastrados como sendo profissionais. Há outras competições, como Copa do Brasil e Sul-Americana que poderiam envolver mais agremiações.

Mesmo assim, muitos ficariam sem atividade. Outras divisões poderiam ser formadas: E, F, G. Alguns clubes sem condições não teriam outra alternativa a não ser fechar as portas.

Nesta semana, recebi um e-mail (sim, ainda leio e-mails e são mais de 200 por dia) de um leitor sobre os Estaduais. Ele me disse que gosta das competições dos Estados. Essa discussão é recorrente no futebol brasileiro, e sempre aparece quando as decisões se apresentam. Neste fim de semana, uma série de jogos abre as finais desses Campeonatos. Paulistão e Cariocão são dois deles. O torneio de São Paulo coloca Água Santa e Palmeiras frente a frente, como Davi e Golias, o mais fraco contra o mais forte.

No futebol, em uma decisão, penso que essas diferenças são minimizadas. Aliás, assim como na passagem bíblica entre Israel e os filisteus, o futebol é um dos poucos esportes, talvez o único, que o mais fraco pode derrotar o mais forte. O próprio Água Santa fez isso diante do São Paulo na semifinal. No Rio, a briga é de rivais mais iguais: Fluminense e Flamengo. Outros torneios estaduais começam suas decisões.

Palmeiras passa pelo Ituano e se credencia para a final do Paulistão: único grande a honrar seu nome no Estadual de São Paulo Foto: Alex Silva / Estadão

Mas voltando ao amigo leitor (não sei se posso divulgar o seu nome), gostamos ou não dos Estaduais? Eles servem para alguma coisa? Tem peso sua conquista? Vale cobrar jogadores e treinadores quando os times estão em preparação? São todos questionamentos que faço a mim mesmo sobre o Paulistão e os demais Estaduais. Como gosto de futebol, tendo a me render a bons jogos, que são raros nessas competições, diga-se.

Confesso também que há um sentimento nostálgico dos grandes duelos do passado, quando ia com meu pai para ver essas partidas ora no Morumbi, ora no Pacaembu, ora no Palestra Itália. Não me lembro de ir com ele para a Vila Belmiro. Mas cada vez mais esse sentimento dá lugar ao melhor entendimento do futebol brasileiro e seu calendário maluco. Isso já acontece faz tempo. Com tantos jogos, mais de 70 por temporada, como se render aos duelos contra times do Interior e de menor tradição dentro dos Estados?

Uma coisa é certa: o Estadual só vale, se é que vale, dentro do seu território. O que quero dizer é que jogos do Gauchão valem bem pouco para torcedores paulistas e cariocas, assim como as partidas do Mineiro não têm peso nenhum para gaúchos e pernambucanos, e assim por diante. O que vale são os clássicos. Esses chamam a atenção.

Mas como valorizar um torneio em que os times ainda estão se preparando, contratando, entrando em forma e recuperando física e clinicamente seus jogadores? Nessa condição, o peso dos jogos é quase nenhum. Um treino de luxo para os grandes e uma oportunidade de vitrine para os pequenos. Aquelas rivalidades do passado entre times da capital e do interior não existem mais. Um ou outro clube de fora de São Paulo se sobressai. A maioria não tem estrutura nem jogadores nem dinheiro. Isso vale para todos os Estados. Então, se as equipes ainda não estão prontas, como levar a sério uma competição com elas?

Os estádios cheios, com média acima dos 30 mil torcedores nas partidas dos times grandes, mostram, no entanto, que há um certo interesse nos jogos desses clubes nos Estaduais. Será mesmo? Isso não pode ser entendido pela paixão do torcedor pelo futebol? Todos nós gostamos de ver jogos nos estádios. Esses jogos nos três primeiros meses do ano poderiam ser do Brasileirão, da Copa do Brasil ou da Libertadores. Esse é o ponto.

Com menos jogos no calendário e mais tempo para se preparar, os times tendem a fazer melhores apresentações. Então, a chance de o futebol brasileiro ter partidas mais bem jogadas aumenta. Todos nós sabemos que os Estaduais têm mais peso para quem não ganha do que para quem ganha. Corinthians, São Paulo e Santos foram condenados porque ficaram pelo caminho nesta edição. Se o Palmeiras ganhar do Água Santa, vai ter mais um Estadual em sua lista. Vale? O que muda? É claro que ganhar é melhor do que perder, mas o foco do time de Abel Ferreira não é o Estadual. Nem perto disso. Assim como não é o do Flamengo ou do Atlético-MG ou do Grêmio.

O problema das federações é saber o que fazer com os times filiados a ela que não estão nas séries do Campeonato Brasileiro. Não vejo outro caminho a não ser que esses clubes se organizem para tentar disputar umas das divisões do Nacional, de A a D. Seriam 80 clubes em atividade durante o ano todo. A CBF tem 783 clubes cadastrados como sendo profissionais. Há outras competições, como Copa do Brasil e Sul-Americana que poderiam envolver mais agremiações.

Mesmo assim, muitos ficariam sem atividade. Outras divisões poderiam ser formadas: E, F, G. Alguns clubes sem condições não teriam outra alternativa a não ser fechar as portas.

Nesta semana, recebi um e-mail (sim, ainda leio e-mails e são mais de 200 por dia) de um leitor sobre os Estaduais. Ele me disse que gosta das competições dos Estados. Essa discussão é recorrente no futebol brasileiro, e sempre aparece quando as decisões se apresentam. Neste fim de semana, uma série de jogos abre as finais desses Campeonatos. Paulistão e Cariocão são dois deles. O torneio de São Paulo coloca Água Santa e Palmeiras frente a frente, como Davi e Golias, o mais fraco contra o mais forte.

No futebol, em uma decisão, penso que essas diferenças são minimizadas. Aliás, assim como na passagem bíblica entre Israel e os filisteus, o futebol é um dos poucos esportes, talvez o único, que o mais fraco pode derrotar o mais forte. O próprio Água Santa fez isso diante do São Paulo na semifinal. No Rio, a briga é de rivais mais iguais: Fluminense e Flamengo. Outros torneios estaduais começam suas decisões.

Palmeiras passa pelo Ituano e se credencia para a final do Paulistão: único grande a honrar seu nome no Estadual de São Paulo Foto: Alex Silva / Estadão

Mas voltando ao amigo leitor (não sei se posso divulgar o seu nome), gostamos ou não dos Estaduais? Eles servem para alguma coisa? Tem peso sua conquista? Vale cobrar jogadores e treinadores quando os times estão em preparação? São todos questionamentos que faço a mim mesmo sobre o Paulistão e os demais Estaduais. Como gosto de futebol, tendo a me render a bons jogos, que são raros nessas competições, diga-se.

Confesso também que há um sentimento nostálgico dos grandes duelos do passado, quando ia com meu pai para ver essas partidas ora no Morumbi, ora no Pacaembu, ora no Palestra Itália. Não me lembro de ir com ele para a Vila Belmiro. Mas cada vez mais esse sentimento dá lugar ao melhor entendimento do futebol brasileiro e seu calendário maluco. Isso já acontece faz tempo. Com tantos jogos, mais de 70 por temporada, como se render aos duelos contra times do Interior e de menor tradição dentro dos Estados?

Uma coisa é certa: o Estadual só vale, se é que vale, dentro do seu território. O que quero dizer é que jogos do Gauchão valem bem pouco para torcedores paulistas e cariocas, assim como as partidas do Mineiro não têm peso nenhum para gaúchos e pernambucanos, e assim por diante. O que vale são os clássicos. Esses chamam a atenção.

Mas como valorizar um torneio em que os times ainda estão se preparando, contratando, entrando em forma e recuperando física e clinicamente seus jogadores? Nessa condição, o peso dos jogos é quase nenhum. Um treino de luxo para os grandes e uma oportunidade de vitrine para os pequenos. Aquelas rivalidades do passado entre times da capital e do interior não existem mais. Um ou outro clube de fora de São Paulo se sobressai. A maioria não tem estrutura nem jogadores nem dinheiro. Isso vale para todos os Estados. Então, se as equipes ainda não estão prontas, como levar a sério uma competição com elas?

Os estádios cheios, com média acima dos 30 mil torcedores nas partidas dos times grandes, mostram, no entanto, que há um certo interesse nos jogos desses clubes nos Estaduais. Será mesmo? Isso não pode ser entendido pela paixão do torcedor pelo futebol? Todos nós gostamos de ver jogos nos estádios. Esses jogos nos três primeiros meses do ano poderiam ser do Brasileirão, da Copa do Brasil ou da Libertadores. Esse é o ponto.

Com menos jogos no calendário e mais tempo para se preparar, os times tendem a fazer melhores apresentações. Então, a chance de o futebol brasileiro ter partidas mais bem jogadas aumenta. Todos nós sabemos que os Estaduais têm mais peso para quem não ganha do que para quem ganha. Corinthians, São Paulo e Santos foram condenados porque ficaram pelo caminho nesta edição. Se o Palmeiras ganhar do Água Santa, vai ter mais um Estadual em sua lista. Vale? O que muda? É claro que ganhar é melhor do que perder, mas o foco do time de Abel Ferreira não é o Estadual. Nem perto disso. Assim como não é o do Flamengo ou do Atlético-MG ou do Grêmio.

O problema das federações é saber o que fazer com os times filiados a ela que não estão nas séries do Campeonato Brasileiro. Não vejo outro caminho a não ser que esses clubes se organizem para tentar disputar umas das divisões do Nacional, de A a D. Seriam 80 clubes em atividade durante o ano todo. A CBF tem 783 clubes cadastrados como sendo profissionais. Há outras competições, como Copa do Brasil e Sul-Americana que poderiam envolver mais agremiações.

Mesmo assim, muitos ficariam sem atividade. Outras divisões poderiam ser formadas: E, F, G. Alguns clubes sem condições não teriam outra alternativa a não ser fechar as portas.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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