Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Balanço do Palmeiras tem R$ 18 milhões de lucro, com receita de R$ 856 mi e despesa de R$ 838 mi


Demonstrativo financeiro de 2022 foi publicado no ‘Estadão’ e apresenta dívida de R$ 597 milhões: há 213 jogadores sob contrato, sendo 44 profissionais - destes, apenas 11 com 100% de direitos econômicos pertencentes ao clube

Por Robson Morelli
Atualização:

A dica é para quem gosta de ver número e para quem acompanha as finanças do Palmeiras. O Estadão publicou nesta quinta-feira o balanço do clube de 2022, após o primeiro ano de mandato da presidente Leila Pereira, a primeira mulher também a comandar a associação em sua história centenária. A principal notícia talvez seja que o Palmeiras teve superávit contábil de R$ 18 milhões na temporada passada. Isso significa dizer que após todo o dinheiro que entrou no clube (receitas) e todo o dinheiro que saiu (despesas), ele ficou com R$ 18 milhões. Foi o que sobrou para o Palmeiras após doze meses de movimentação, o que se chama nas empresas de “fechar o ano no azul”.

Outra informação que o torcedor deve entender logo de cara nesses balanços do seu time é que, no caso do Palmeiras, o ano fiscal de 2022 registrou receita bruta operacional de R$ 856 milhões. É quanto o clube conseguiu arrecadar em todas as suas áreas de atividade. O número é bom se comparado ao de outros clubes brasileiros, mas ainda é inferior ao que faz, por exemplo, o Flamengo, na casa do R$ 1,2 bilhão/ano, e também é inferior ao que o próprio Palmeiras fez em 2021, cuja receita foi de R$ 991 milhões.

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, mostra as contas do clube após sua primeira temporada no comando Foto: Marcelo Chello / Estadão
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Ler balanços é uma coisa de louca. Os números estão todos ali, mas há muitas armadilhas. São nove páginas de informação, desde a capa em que o clube faz uma apresentação do seu demonstrativo lembrando das 15 conquistas em 21 campeonatos disputados recentemente. Por lei, todos os times de futebol devem publicar seu demonstrativo financeiro a cada ano. Há muitas informações nele da vida administrativa do clube.

A conta do Palmeiras é simples: o clube de Leila Pereira arrecadou R$ 856 milhões e gastou R$ 838 milhões em 2022. A explicações são detalhadas no demonstrativo de forma direta. Sabe-se, por exemplo, que as despesas se referem a dedução de receita bruta (R$ 66 milhões), despesas operacionais (R$ 731 milhões) e resultado financeiro líquido negativo (R$ 41 milhões). A maior fatia diz respeito a quanto o Palmeiras gastou durante os 12 meses.

Desde 2017, o Palmeiras registra receitas acima de R$ 500 milhões anuais. Acompanhe: R$ 503 milhões (2017), R$ 653 milhões (2018), R$ 641 milhões (2019), R$ 558 milhões (2020), R$ 991 milhões (2021) e R$ 856 milhões (2022). Vale lembrar que nos últimos anos, o mundo conviveu com a pandemia da covid-19 e mais recentemente com a guerra da Rússia contra a Ucrânia. São aspectos que mexeram com as finanças. O futebol brasileiro amargou um período sem atividade e depois sem público nos estádios por causa da doença.

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O Palmeiras também revela dívida de R$ 1,2 bilhão. O valor contempla os R$ 425 milhões estimados do Allianz Parque após sua depreciação com o passar do anos desde sua construção em 2010 e inauguração em 2014. Mas esse é um valor chamado de “obrigações não elegíveis”. Ou seja, o clube não precisa quitar imediatamente. Como todos sabem, o Palmeiras acertou com a WTorre de usar o estádio por 30 anos, até 2044. Subtraindo então o valor do Allianz Parque, a dívida do Palmeiras fechada em 2022 é de R$ 597 milhões. Nela também há R$ 70 milhões referentes a “dívidas históricas”, que são geridas e assumidas pela gestão Leila Pereira, mas que vieram de outras presidências.

O demonstrativo do clube, que faz no fim de semana a primeira partida da decisão do Paulistão com o Água Santa, aponta ainda para outra informação interessante sobre o futebol comandado por Abel Ferreira. O time tem sob contrato regulamentado na CBF 213 jogadores, contando os meninos da base (sub-14 até o sub-20), profissionais e atletas emprestados para outras equipes. Os profissionais são 44, a maior parte sob o comando do treinador português. Desses 44, de apenas 11 o Palmeiras detém 100% dos direitos econômicos. Entre eles estão Zé Rafael, Marcelo Lomba e Mayke. Do garoto Endrick, vendido ao Real Madrid por R$ 408 milhões, o clube detém 70%.

O balanço tem muito mais. Por exemplo, o Palmeiras teve receita de R$ 173 milhões com venda de jogadores. Em 2021, esse número foi de R$ 139 milhões. O sócio-torcedor Avanti registrou receita de R$ 49 milhões, bem acima dos R$ 18 milhões de 2021. As premiações com conquistas foi pequena (R$ 102 milhões) comparada ao do balanço anterior (R$ 283 milhões) - 2021 teve acúmulo de decisões vindas de 2020 por causa da pandemia.

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Em entrevista recente ao Estadão, a presidente Leila Pereira comentou sobre sua administração e o fato de ser a primeira mulher no comando do clube. “Sabe que as mulheres chegam para mim e falam ‘Leila, parabéns. Obrigada por representar tão bem a todas nós (mulheres)’. Sejam palmeirenses ou torcedoras rivais, todas se sentem orgulhosas de ter uma mulher como presidente em um clube tão gigante, com resultados tão expressivos. Já os homens me cobram de outra forma: ‘Leila, contratação... Leila, quem você vai contratar?’”, disse. “O Palmeiras precisa de investimento para se manter. Não se faz um time de alta performance sem dinheiro. E o dinheiro vem de direitos de transmissão, patrocínios, venda de jogadores, sócio-torcedor, que é uma receita muito importante no nosso clube. O nosso departamento de marketing estava muito acomodado com o patrocínio da Crefisa, mas temos outras possibilidades para conseguir verbas. Já conseguimos para o time feminino, por exemplo”.

A dica é para quem gosta de ver número e para quem acompanha as finanças do Palmeiras. O Estadão publicou nesta quinta-feira o balanço do clube de 2022, após o primeiro ano de mandato da presidente Leila Pereira, a primeira mulher também a comandar a associação em sua história centenária. A principal notícia talvez seja que o Palmeiras teve superávit contábil de R$ 18 milhões na temporada passada. Isso significa dizer que após todo o dinheiro que entrou no clube (receitas) e todo o dinheiro que saiu (despesas), ele ficou com R$ 18 milhões. Foi o que sobrou para o Palmeiras após doze meses de movimentação, o que se chama nas empresas de “fechar o ano no azul”.

Outra informação que o torcedor deve entender logo de cara nesses balanços do seu time é que, no caso do Palmeiras, o ano fiscal de 2022 registrou receita bruta operacional de R$ 856 milhões. É quanto o clube conseguiu arrecadar em todas as suas áreas de atividade. O número é bom se comparado ao de outros clubes brasileiros, mas ainda é inferior ao que faz, por exemplo, o Flamengo, na casa do R$ 1,2 bilhão/ano, e também é inferior ao que o próprio Palmeiras fez em 2021, cuja receita foi de R$ 991 milhões.

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, mostra as contas do clube após sua primeira temporada no comando Foto: Marcelo Chello / Estadão

Ler balanços é uma coisa de louca. Os números estão todos ali, mas há muitas armadilhas. São nove páginas de informação, desde a capa em que o clube faz uma apresentação do seu demonstrativo lembrando das 15 conquistas em 21 campeonatos disputados recentemente. Por lei, todos os times de futebol devem publicar seu demonstrativo financeiro a cada ano. Há muitas informações nele da vida administrativa do clube.

A conta do Palmeiras é simples: o clube de Leila Pereira arrecadou R$ 856 milhões e gastou R$ 838 milhões em 2022. A explicações são detalhadas no demonstrativo de forma direta. Sabe-se, por exemplo, que as despesas se referem a dedução de receita bruta (R$ 66 milhões), despesas operacionais (R$ 731 milhões) e resultado financeiro líquido negativo (R$ 41 milhões). A maior fatia diz respeito a quanto o Palmeiras gastou durante os 12 meses.

Desde 2017, o Palmeiras registra receitas acima de R$ 500 milhões anuais. Acompanhe: R$ 503 milhões (2017), R$ 653 milhões (2018), R$ 641 milhões (2019), R$ 558 milhões (2020), R$ 991 milhões (2021) e R$ 856 milhões (2022). Vale lembrar que nos últimos anos, o mundo conviveu com a pandemia da covid-19 e mais recentemente com a guerra da Rússia contra a Ucrânia. São aspectos que mexeram com as finanças. O futebol brasileiro amargou um período sem atividade e depois sem público nos estádios por causa da doença.

O Palmeiras também revela dívida de R$ 1,2 bilhão. O valor contempla os R$ 425 milhões estimados do Allianz Parque após sua depreciação com o passar do anos desde sua construção em 2010 e inauguração em 2014. Mas esse é um valor chamado de “obrigações não elegíveis”. Ou seja, o clube não precisa quitar imediatamente. Como todos sabem, o Palmeiras acertou com a WTorre de usar o estádio por 30 anos, até 2044. Subtraindo então o valor do Allianz Parque, a dívida do Palmeiras fechada em 2022 é de R$ 597 milhões. Nela também há R$ 70 milhões referentes a “dívidas históricas”, que são geridas e assumidas pela gestão Leila Pereira, mas que vieram de outras presidências.

O demonstrativo do clube, que faz no fim de semana a primeira partida da decisão do Paulistão com o Água Santa, aponta ainda para outra informação interessante sobre o futebol comandado por Abel Ferreira. O time tem sob contrato regulamentado na CBF 213 jogadores, contando os meninos da base (sub-14 até o sub-20), profissionais e atletas emprestados para outras equipes. Os profissionais são 44, a maior parte sob o comando do treinador português. Desses 44, de apenas 11 o Palmeiras detém 100% dos direitos econômicos. Entre eles estão Zé Rafael, Marcelo Lomba e Mayke. Do garoto Endrick, vendido ao Real Madrid por R$ 408 milhões, o clube detém 70%.

O balanço tem muito mais. Por exemplo, o Palmeiras teve receita de R$ 173 milhões com venda de jogadores. Em 2021, esse número foi de R$ 139 milhões. O sócio-torcedor Avanti registrou receita de R$ 49 milhões, bem acima dos R$ 18 milhões de 2021. As premiações com conquistas foi pequena (R$ 102 milhões) comparada ao do balanço anterior (R$ 283 milhões) - 2021 teve acúmulo de decisões vindas de 2020 por causa da pandemia.

Em entrevista recente ao Estadão, a presidente Leila Pereira comentou sobre sua administração e o fato de ser a primeira mulher no comando do clube. “Sabe que as mulheres chegam para mim e falam ‘Leila, parabéns. Obrigada por representar tão bem a todas nós (mulheres)’. Sejam palmeirenses ou torcedoras rivais, todas se sentem orgulhosas de ter uma mulher como presidente em um clube tão gigante, com resultados tão expressivos. Já os homens me cobram de outra forma: ‘Leila, contratação... Leila, quem você vai contratar?’”, disse. “O Palmeiras precisa de investimento para se manter. Não se faz um time de alta performance sem dinheiro. E o dinheiro vem de direitos de transmissão, patrocínios, venda de jogadores, sócio-torcedor, que é uma receita muito importante no nosso clube. O nosso departamento de marketing estava muito acomodado com o patrocínio da Crefisa, mas temos outras possibilidades para conseguir verbas. Já conseguimos para o time feminino, por exemplo”.

A dica é para quem gosta de ver número e para quem acompanha as finanças do Palmeiras. O Estadão publicou nesta quinta-feira o balanço do clube de 2022, após o primeiro ano de mandato da presidente Leila Pereira, a primeira mulher também a comandar a associação em sua história centenária. A principal notícia talvez seja que o Palmeiras teve superávit contábil de R$ 18 milhões na temporada passada. Isso significa dizer que após todo o dinheiro que entrou no clube (receitas) e todo o dinheiro que saiu (despesas), ele ficou com R$ 18 milhões. Foi o que sobrou para o Palmeiras após doze meses de movimentação, o que se chama nas empresas de “fechar o ano no azul”.

Outra informação que o torcedor deve entender logo de cara nesses balanços do seu time é que, no caso do Palmeiras, o ano fiscal de 2022 registrou receita bruta operacional de R$ 856 milhões. É quanto o clube conseguiu arrecadar em todas as suas áreas de atividade. O número é bom se comparado ao de outros clubes brasileiros, mas ainda é inferior ao que faz, por exemplo, o Flamengo, na casa do R$ 1,2 bilhão/ano, e também é inferior ao que o próprio Palmeiras fez em 2021, cuja receita foi de R$ 991 milhões.

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, mostra as contas do clube após sua primeira temporada no comando Foto: Marcelo Chello / Estadão

Ler balanços é uma coisa de louca. Os números estão todos ali, mas há muitas armadilhas. São nove páginas de informação, desde a capa em que o clube faz uma apresentação do seu demonstrativo lembrando das 15 conquistas em 21 campeonatos disputados recentemente. Por lei, todos os times de futebol devem publicar seu demonstrativo financeiro a cada ano. Há muitas informações nele da vida administrativa do clube.

A conta do Palmeiras é simples: o clube de Leila Pereira arrecadou R$ 856 milhões e gastou R$ 838 milhões em 2022. A explicações são detalhadas no demonstrativo de forma direta. Sabe-se, por exemplo, que as despesas se referem a dedução de receita bruta (R$ 66 milhões), despesas operacionais (R$ 731 milhões) e resultado financeiro líquido negativo (R$ 41 milhões). A maior fatia diz respeito a quanto o Palmeiras gastou durante os 12 meses.

Desde 2017, o Palmeiras registra receitas acima de R$ 500 milhões anuais. Acompanhe: R$ 503 milhões (2017), R$ 653 milhões (2018), R$ 641 milhões (2019), R$ 558 milhões (2020), R$ 991 milhões (2021) e R$ 856 milhões (2022). Vale lembrar que nos últimos anos, o mundo conviveu com a pandemia da covid-19 e mais recentemente com a guerra da Rússia contra a Ucrânia. São aspectos que mexeram com as finanças. O futebol brasileiro amargou um período sem atividade e depois sem público nos estádios por causa da doença.

O Palmeiras também revela dívida de R$ 1,2 bilhão. O valor contempla os R$ 425 milhões estimados do Allianz Parque após sua depreciação com o passar do anos desde sua construção em 2010 e inauguração em 2014. Mas esse é um valor chamado de “obrigações não elegíveis”. Ou seja, o clube não precisa quitar imediatamente. Como todos sabem, o Palmeiras acertou com a WTorre de usar o estádio por 30 anos, até 2044. Subtraindo então o valor do Allianz Parque, a dívida do Palmeiras fechada em 2022 é de R$ 597 milhões. Nela também há R$ 70 milhões referentes a “dívidas históricas”, que são geridas e assumidas pela gestão Leila Pereira, mas que vieram de outras presidências.

O demonstrativo do clube, que faz no fim de semana a primeira partida da decisão do Paulistão com o Água Santa, aponta ainda para outra informação interessante sobre o futebol comandado por Abel Ferreira. O time tem sob contrato regulamentado na CBF 213 jogadores, contando os meninos da base (sub-14 até o sub-20), profissionais e atletas emprestados para outras equipes. Os profissionais são 44, a maior parte sob o comando do treinador português. Desses 44, de apenas 11 o Palmeiras detém 100% dos direitos econômicos. Entre eles estão Zé Rafael, Marcelo Lomba e Mayke. Do garoto Endrick, vendido ao Real Madrid por R$ 408 milhões, o clube detém 70%.

O balanço tem muito mais. Por exemplo, o Palmeiras teve receita de R$ 173 milhões com venda de jogadores. Em 2021, esse número foi de R$ 139 milhões. O sócio-torcedor Avanti registrou receita de R$ 49 milhões, bem acima dos R$ 18 milhões de 2021. As premiações com conquistas foi pequena (R$ 102 milhões) comparada ao do balanço anterior (R$ 283 milhões) - 2021 teve acúmulo de decisões vindas de 2020 por causa da pandemia.

Em entrevista recente ao Estadão, a presidente Leila Pereira comentou sobre sua administração e o fato de ser a primeira mulher no comando do clube. “Sabe que as mulheres chegam para mim e falam ‘Leila, parabéns. Obrigada por representar tão bem a todas nós (mulheres)’. Sejam palmeirenses ou torcedoras rivais, todas se sentem orgulhosas de ter uma mulher como presidente em um clube tão gigante, com resultados tão expressivos. Já os homens me cobram de outra forma: ‘Leila, contratação... Leila, quem você vai contratar?’”, disse. “O Palmeiras precisa de investimento para se manter. Não se faz um time de alta performance sem dinheiro. E o dinheiro vem de direitos de transmissão, patrocínios, venda de jogadores, sócio-torcedor, que é uma receita muito importante no nosso clube. O nosso departamento de marketing estava muito acomodado com o patrocínio da Crefisa, mas temos outras possibilidades para conseguir verbas. Já conseguimos para o time feminino, por exemplo”.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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