O Palmeiras arrumou uma crise em meio à reta final da Libertadores e uma possibilidade de encurtar sua distância para o líder do Brasileirão, o Botafogo. O jogo contra o Goiás, sexta-feira passada, provocou um racha entre a torcida uniformizada do clube, a Mancha, com o atacante Breno Lopes, parte do elenco, a presidente Leila Pereira (que já não se bicava mais com o grupo) e até com o técnico Abel Ferreira. A situação não é das mais fáceis, mas ela será levada em banho-maria para não atrapalhar o time na temporada. Na semana que vem, o Palmeiras tem jogo quente com o Boca Juniors pela semifinal da Libertadores. E há uma corrida mais confiante em busca do primeiro lugar do torneio nacional. Sete pontos separam Palmeiras e Botafogo, e essa diferença pode cair para quatro ao fim desta semana, quando os times jogam a 24ª rodada.
Breno Lopes é o pivô do racha, mesmo tendo o atacante feito o gol da vitória do Palmeiras diante do Goiás no Allianz Parque. Foi por causa do gol, aliás, que a confusão começou. O gol aconteceu no finalzinho do segundo tempo, nas últimas jogadas. Breno havia errado duas jogadas e ouviu vaias da torcida. Quando fez o gol, numa jogada de oportunismo dentro da área, ele não se conteve e foi “cobrar’ satisfação da torcida. Correu em direção aos ‘manchas’ e provocou com os dedos e depois a mão da orelha, cobrando aplausos ou pedindo para o torcedor xingar agora. Também correu da mesma forma em direção aos torcedores do setor centrar do estádio.
O goleiro Weverton foi o primeiro a perceber que daria problema. Ele tratou de segurar Breno Lopes e levá-lo para longe daquele setor. Outros atletas ajudara nisso. Já era tarde. O torcedor uniformizado não gostou do atitude do atleta. Por ora, o elenco terá paz, assim como Breno Lopes, mas providências serão cobradas pela torcida. Arrisco a dizer que Breno não terá clima para permanecer no Palmeiras depois desta temporada ou até quando o Palmeiras tiver chances de ganhar a Libertadores e o Brasileirão.
Abel Ferreira também abraçou o seu atacante em festa. Depois do jogo, os atletas comemoraram com Breno Lopes os três pontos conquistas. O Palmeiras ganhou por 1 a 0. Ele fez o único gol da partida e deixou o time mais perto do rival do Rio. Abel tratou ainda de festejar sozinho com a torcida. Ele caminhou em direção ao gol norte do Allianz para agradecer a força do torcedor, e também para pedir paz. Ele sabe a força da torcida e conhece bem o futebol brasileiro para saber que o gesto do seu jogador terá consequências.
Nas redes, houve manifestações da torcida cobrando Breno, apontando falta de respeito dele com o torcedor. A presidente Leila Pereira também tratou de defender o atacante, que tem ajudado demais o time em momentos difíceis de jogo, postando sua importância para a equipe na temporada e em outras passadas, como o gol que fez na final da Libertadores de 2020. O clube terá de costurar muito para dar paz ao jogador.
Abel terá papel mais importante do que o da presidente nesse momento. Ele terá de fazer o meio de campo e mostrar que precisa de Breno Lopes. Leila já está em rota de atrito com os uniformizados, então, desse ponto de vista, nada vai mudar. Ela comando o clube e a torcida torce. A presidente já deixou isso bem claro, assim como fizeram outros torcedores. A maior queixa da Mancha em relação à sua gestão diz respeito à chegada de novos jogadores e a negociação de atletas que não estão na primeira prateleira do futebol nacional.
Breno Lopes ainda não se manifestou sobre o episódio. Nesta semana, o Palmeiras encara o Grêmio pelo Brasileirão para, na semana que vem, começar a decidir seu futuro com o Boca na Libertadores. Se passar pelo time argentino, estará na final da competição. Nos bastidores, as conquistas podem acalmar os ânimos entre as partes. Mas apenas por ora.