Uma onda começa a crescer novamente para tirar o técnico Abel Ferreira do Palmeiras e levá-lo para a seleção brasileira. Muricy Ramalho, coordenador do São Paulo, engrossou o coro pelo português nesta semana. Outros personagens do futebol entendem da mesma maneira. Abel seria a solução para os problemas do time nacional, que será comandado pelo interino Ramon na partida do dia 25 de março contra Marrocos. Não se sabe se Ramon vai continuar no cargo. Nem ele tem essa resposta. Seus compromissos são outros, com a seleção sub-20.
Ocorre que a CBF não consegue avançar na escolha. O nome mais comentado na mídia é o de Carlo Ancelotti, do Real Madrid, que, em momento algum, disse que aceitaria qualquer convite nesse sentido. Em todas as suas respostas sobre o tema, o italiano disse que vai cumprir seu contrato com o clube espanhol, até junho de 2024.
Assim sendo, o presidente Ednaldo Rodrigues tem um cargo vago, um salário de R$ 1,5 milhão, em média, para oferecer e não encontra candidatos. Um olhar para o futebol brasileiro cai no vazio neste momento.
Abel Ferreira comentou superficialmente sobre a seleção lá atrás, sem desrespeitar a entidade, mas nunca se mostrou animado com a ideia. Depois, pediu para não falar mais. Ele também tem contrato com o Palmeiras e parece bastante envolvido com as coisas do time paulista. Sua condição é a mesma de Ancelotti. Ocorre que a CBF ainda não desistiu de Abel e prepara cartadas para seduzir o técnico português. Qualquer dinheiro que ele queira, a CBF paga. Não é esse o problema.
Abel não gostaria de deixar o Palmeiras em meio à temporada, que só está começando. Também não quebraria a confiança que a presidenta Leila Pereira e todos do clube têm nele, de modo a entender que seria uma traição, mesmo que esse sentimento seja cada vez mais raro no futebol. Para Abel não.
Seduzir primeiramente Leila Pereira e depois o treinador poderia ser um caminho para a CBF. Mas não há nada na CBF capaz de seduzir a presidenta do Palmeiras. E ela não abre mão do seu treinador. Leila protege o futebol da política do clube. Apesar do contrato vigente, a decisão ainda assim seria de Abel. A seleção seria um salto em sua carreira. Mas talvez em hora errada. Abel é novo (44 anos) e tem muita lenha para queimar em clubes. Se ele mostrasse interesse, a CBF resolveria o resto dos contratempos. Ocorre que tudo o que acontece no futebol do Palmeiras passa pelo aval do treinador.
O Palmeiras tem no segundo semestre deste ano as decisões das principais competições que disputa, como Libertadores e Brasileirão. Então, seu prazo, se ele quisesse pensar sobre o assunto, seria apenas em dezembro. Não se sabe se a seleção brasileira esperaria o treinador até lá. Nesse caminho, claro, poderiam aparecer outras opções.
Contratar por contratar seria um retrocesso. O Brasil já trocou de técnicos em meio a ciclos de Copa do Mundo, baseado em maus resultados e impaciência da torcida. Na era Tite, a CBF primou por manter o treinador durante seis anos, dois do ciclo do Mundial de 2018 e quatro para a Copa de 2022. Não deu certo. Desse ponto de vista, Ednaldo Rodrigues poderia “ir levando” até começar as Eliminatórias Sul-Americanas. Não acredito nisso, não seria ideal, mas colocar Ramon no cargo pode ser um indício do procedimento. Se acontecer, a CBF ganharia tempo para esperar seus maiores interessados: Abel e Ancelotti.