Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Cofre na casa de Pelé guarda luvas de Mohammad Ali, sombrero mexicano e relíquias de reis e papas


Presentes dados ao Rei do Futebol em vida são muito mais valiosos do que os estimados R$ 78 milhões deixados como herança para seus herdeiros

Por Robson Morelli
Atualização:

Os R$ 78 milhões estimados de patrimônio deixado por Pelé para seus herdeiros não me parecem nada para o jogador que ele foi, o melhor do todos os tempos, uma lenda em todos os continentes e reverenciado por personalidades de todas as áreas, como papas e presidentes americanos, além de colegas lendários como ele de outras modalidades esportivas, como Muhammad Ali, por exemplo. Pelé deixou para seus herdeiros, de quem sempre cuidou, um museu de relíquias que ganhou ao redor do mundo, em partidas e eventos, nas inúmeras viagens que fez quando jogava, mas principalmente depois que se tornou garoto-propaganda de marcas importantes do futebol, dele próprio e do Brasil. E que pouca gente conhece.

Há na casa onde ele gostava de ficar, no Guarujá, litoral sul de São Paulo, um cofre com todas essas relíquias. O cofre é um cômodo gigantesco do lado do campinho de traves de madeira e grama bem aparada que guarda a maior parte dos presentes dados a ele em vida. Alguns são memoráveis, como aquela sombrero mexicano colocado em sua cabeça logo após a Copa do Mundo de 1970, quando o Brasil se sagrou tricampeão. Há muito mais no cofre.

Rainha Elizabeth II em visita ao Brasil em 1968 ao lado de Pelé Foto: Arquivo Estadão - 11/11/1968
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O local é um quarto de coisas empilhadas que precisariam de dias, ou meses, para ser catalogadas num índice por ordem alfabética e de muita história e valor sentimental. Os presentes estão empilhados, quase que uns sobre os outros, com pouco espaço para andar dentro da enorme área. O cofre conta a história do futebol desde que Pelé surgiu no Santos, e até antes disso, em seus tempos de Baquinho e de suas andanças pelo mundo. Está tudo ali.

Há também fotos enquadradas de Pelé com reis e rainhas, apertando a mão de presidentes dos Estados Unidos e de papas da igreja católica, há flâmulas de jogos históricos, camisas trocadas de lendas de futebol, artefatos de outras modalidades, como as luvas usadas em lutas por Muhammad Ali (isso é fantástico!) dadas ao Rei pelo próprio boxeador.

Pelé já se encontrou com o Beatles John Lennon. Em todos os seus encontros, ele era reverenciado e recebia ofertas para guardar. E foi guardando. O valor de tudo aquilo visto por esse colunista, ao lado dos companheiros Luiz Antônio Prósperi e Eduardo Nicolau, é inestimável. Muito mais dos que os milhões de reais deixados de herança. Estava tudo na casa de Pelé, bem guardado e com boa segurança.

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A presença da reportagem em sua casa se deu em fase de recuperação de uma cirurgia no fêmur feita pelo ex-atleta em fevereiro de 2013. Ele usava uma bengala. Seu fêmur estava na geladeira, dentro de um pote vazio desses de palmito, presente dado pelos médicos a Pelé. O fêmur de Pelé. Ele fez questão de nos mostrar.

Dentro do cofre, a cada objetivo que Pelé pegava nas mãos para nos mostrar, empoeirado, seus olhos brilhavam. Tive a certeza ali de que sua memória o transportava para o passado, como se fosse possível reviver o exato momento em que ganhou aquela relíquia. Pelé tinha saudade de ser Pelé. Aquele quarto fazia bem ao Rei. Era seu maior tesouro, muito mais do que ele deixou para os filhos e para a mulher Márcia, com quem viveu casado os últimos anos de sua vida.

Parte dessa relíquia está exposta no Museu Pelé, em Santos, na região portuária, logo na entrada da cidade, e também no Museu do Futebol, no Pacaembu. O museu foi preservado com toda a mudança que o estádio sofre em sua reforma. A família Arantes do Nascimento, liderada por Edinho, filho do Rei e ex-goleiro do Santos, tenta reorganizar tudo isso, sem saber ao certo o que fará ainda. A própria marca Pelé está sendo renegociada para voltar às mãos da família.

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Os R$ 78 milhões estimados de patrimônio deixado por Pelé para seus herdeiros não me parecem nada para o jogador que ele foi, o melhor do todos os tempos, uma lenda em todos os continentes e reverenciado por personalidades de todas as áreas, como papas e presidentes americanos, além de colegas lendários como ele de outras modalidades esportivas, como Muhammad Ali, por exemplo. Pelé deixou para seus herdeiros, de quem sempre cuidou, um museu de relíquias que ganhou ao redor do mundo, em partidas e eventos, nas inúmeras viagens que fez quando jogava, mas principalmente depois que se tornou garoto-propaganda de marcas importantes do futebol, dele próprio e do Brasil. E que pouca gente conhece.

Há na casa onde ele gostava de ficar, no Guarujá, litoral sul de São Paulo, um cofre com todas essas relíquias. O cofre é um cômodo gigantesco do lado do campinho de traves de madeira e grama bem aparada que guarda a maior parte dos presentes dados a ele em vida. Alguns são memoráveis, como aquela sombrero mexicano colocado em sua cabeça logo após a Copa do Mundo de 1970, quando o Brasil se sagrou tricampeão. Há muito mais no cofre.

Rainha Elizabeth II em visita ao Brasil em 1968 ao lado de Pelé Foto: Arquivo Estadão - 11/11/1968

O local é um quarto de coisas empilhadas que precisariam de dias, ou meses, para ser catalogadas num índice por ordem alfabética e de muita história e valor sentimental. Os presentes estão empilhados, quase que uns sobre os outros, com pouco espaço para andar dentro da enorme área. O cofre conta a história do futebol desde que Pelé surgiu no Santos, e até antes disso, em seus tempos de Baquinho e de suas andanças pelo mundo. Está tudo ali.

Há também fotos enquadradas de Pelé com reis e rainhas, apertando a mão de presidentes dos Estados Unidos e de papas da igreja católica, há flâmulas de jogos históricos, camisas trocadas de lendas de futebol, artefatos de outras modalidades, como as luvas usadas em lutas por Muhammad Ali (isso é fantástico!) dadas ao Rei pelo próprio boxeador.

Pelé já se encontrou com o Beatles John Lennon. Em todos os seus encontros, ele era reverenciado e recebia ofertas para guardar. E foi guardando. O valor de tudo aquilo visto por esse colunista, ao lado dos companheiros Luiz Antônio Prósperi e Eduardo Nicolau, é inestimável. Muito mais dos que os milhões de reais deixados de herança. Estava tudo na casa de Pelé, bem guardado e com boa segurança.

A presença da reportagem em sua casa se deu em fase de recuperação de uma cirurgia no fêmur feita pelo ex-atleta em fevereiro de 2013. Ele usava uma bengala. Seu fêmur estava na geladeira, dentro de um pote vazio desses de palmito, presente dado pelos médicos a Pelé. O fêmur de Pelé. Ele fez questão de nos mostrar.

Dentro do cofre, a cada objetivo que Pelé pegava nas mãos para nos mostrar, empoeirado, seus olhos brilhavam. Tive a certeza ali de que sua memória o transportava para o passado, como se fosse possível reviver o exato momento em que ganhou aquela relíquia. Pelé tinha saudade de ser Pelé. Aquele quarto fazia bem ao Rei. Era seu maior tesouro, muito mais do que ele deixou para os filhos e para a mulher Márcia, com quem viveu casado os últimos anos de sua vida.

Parte dessa relíquia está exposta no Museu Pelé, em Santos, na região portuária, logo na entrada da cidade, e também no Museu do Futebol, no Pacaembu. O museu foi preservado com toda a mudança que o estádio sofre em sua reforma. A família Arantes do Nascimento, liderada por Edinho, filho do Rei e ex-goleiro do Santos, tenta reorganizar tudo isso, sem saber ao certo o que fará ainda. A própria marca Pelé está sendo renegociada para voltar às mãos da família.

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Os R$ 78 milhões estimados de patrimônio deixado por Pelé para seus herdeiros não me parecem nada para o jogador que ele foi, o melhor do todos os tempos, uma lenda em todos os continentes e reverenciado por personalidades de todas as áreas, como papas e presidentes americanos, além de colegas lendários como ele de outras modalidades esportivas, como Muhammad Ali, por exemplo. Pelé deixou para seus herdeiros, de quem sempre cuidou, um museu de relíquias que ganhou ao redor do mundo, em partidas e eventos, nas inúmeras viagens que fez quando jogava, mas principalmente depois que se tornou garoto-propaganda de marcas importantes do futebol, dele próprio e do Brasil. E que pouca gente conhece.

Há na casa onde ele gostava de ficar, no Guarujá, litoral sul de São Paulo, um cofre com todas essas relíquias. O cofre é um cômodo gigantesco do lado do campinho de traves de madeira e grama bem aparada que guarda a maior parte dos presentes dados a ele em vida. Alguns são memoráveis, como aquela sombrero mexicano colocado em sua cabeça logo após a Copa do Mundo de 1970, quando o Brasil se sagrou tricampeão. Há muito mais no cofre.

Rainha Elizabeth II em visita ao Brasil em 1968 ao lado de Pelé Foto: Arquivo Estadão - 11/11/1968

O local é um quarto de coisas empilhadas que precisariam de dias, ou meses, para ser catalogadas num índice por ordem alfabética e de muita história e valor sentimental. Os presentes estão empilhados, quase que uns sobre os outros, com pouco espaço para andar dentro da enorme área. O cofre conta a história do futebol desde que Pelé surgiu no Santos, e até antes disso, em seus tempos de Baquinho e de suas andanças pelo mundo. Está tudo ali.

Há também fotos enquadradas de Pelé com reis e rainhas, apertando a mão de presidentes dos Estados Unidos e de papas da igreja católica, há flâmulas de jogos históricos, camisas trocadas de lendas de futebol, artefatos de outras modalidades, como as luvas usadas em lutas por Muhammad Ali (isso é fantástico!) dadas ao Rei pelo próprio boxeador.

Pelé já se encontrou com o Beatles John Lennon. Em todos os seus encontros, ele era reverenciado e recebia ofertas para guardar. E foi guardando. O valor de tudo aquilo visto por esse colunista, ao lado dos companheiros Luiz Antônio Prósperi e Eduardo Nicolau, é inestimável. Muito mais dos que os milhões de reais deixados de herança. Estava tudo na casa de Pelé, bem guardado e com boa segurança.

A presença da reportagem em sua casa se deu em fase de recuperação de uma cirurgia no fêmur feita pelo ex-atleta em fevereiro de 2013. Ele usava uma bengala. Seu fêmur estava na geladeira, dentro de um pote vazio desses de palmito, presente dado pelos médicos a Pelé. O fêmur de Pelé. Ele fez questão de nos mostrar.

Dentro do cofre, a cada objetivo que Pelé pegava nas mãos para nos mostrar, empoeirado, seus olhos brilhavam. Tive a certeza ali de que sua memória o transportava para o passado, como se fosse possível reviver o exato momento em que ganhou aquela relíquia. Pelé tinha saudade de ser Pelé. Aquele quarto fazia bem ao Rei. Era seu maior tesouro, muito mais do que ele deixou para os filhos e para a mulher Márcia, com quem viveu casado os últimos anos de sua vida.

Parte dessa relíquia está exposta no Museu Pelé, em Santos, na região portuária, logo na entrada da cidade, e também no Museu do Futebol, no Pacaembu. O museu foi preservado com toda a mudança que o estádio sofre em sua reforma. A família Arantes do Nascimento, liderada por Edinho, filho do Rei e ex-goleiro do Santos, tenta reorganizar tudo isso, sem saber ao certo o que fará ainda. A própria marca Pelé está sendo renegociada para voltar às mãos da família.

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Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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