Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Cuca não suporta a força das redes e agora terá de remoer os arquivos para entender seu passado


Abraços e comentários de apoio de jogadores do Corinthians ao treinador só provam que eles ainda vivem em uma bolha, não entendem a evolução da sociedade e são incapazes de olhar o todo em detrimento das partes

Por Robson Morelli
Atualização:

Cuca não suportou a força das redes sociais. Seu pedido de demissão do Corinthians, segundo ele próprio, foi por causa da onda de reclamações, provocações e repulsa ao seu nome pelo caso de estupro do passado. A voz das redes é a mesma das ruas. Sua família não aguentou a avalanche de pedidos para ele se explicar e deixar o clube, com algumas ameaças também nas timelines de suas filhas. Cuca disse ter preferido a família nesse momento, mas, em princípio, não jogou a toalha em sua carreira. Ele vai completar 60 anos.

Ocorre que Cuca não será aceito em outro clube do Brasil se não passar seu passado a limpo, a exemplo do que acontece com Robinho, condenado por nove anos pelo mesmo motivo. Ambos se dizem inocentes das acusações. Ambos por estupro. Cuca terá de remoer esse passado, voltar à cena do crime e tentar entender melhor o que aconteceu naquele quarto do hotel em Berna com ele, seus companheiros de Grêmio e a garota de 13 anos.

Cuca entrega o cargo após duas partidas por não suportar a pressão contra ele e seu passado após assumir o Corinthians Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians
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Terá de aceitar e se lembrar da decisão da Justiça, revivendo um episódio de sua vida que talvez ele quisesse esquecer para sempre. A sociedade do nosso tempo cobra isso dele. Só assim, Cuca saberá o que, de fato, aconteceu e qual foi sua participação naquilo tudo. A partir daí, terá de voltar a se posicionar sobre o assunto.

Ele anunciou antes de pedir as contas no Corinthians que colocaria advogados para vasculhar o caso na Suíça a fim de provar sua inocência. Deveria ter feito isso antes de sua situação chegar a esse ponto, o de ser rejeitado no trabalho. Seus familiares poderiam tê-lo ajudado nisso e não tapar o sol com a peneira diante de uma sociedade que pede respostas, não aceita mais determinados comportamentos de seus personagens em todos os segmentos e luta pelas minorias.

Cuca foi condenado. As redes sociais também fizeram o trabalho que dirigentes corintianos não conseguiram fazer, nem mesmo enxergar como problema ou situação delicada quando se deu a contratação e as primeiras gritas. A mesma rede que aplaude e festeja, também provoca, julga e condena, amparada pelas notícias que foram publicadas sobre o caso de Cuca. É assim que mundo muda.

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Da mesma forma, os jogadores do Corinthians se mostraram incapazes de entender a situação, de olhar mais amplamente e de sair da bolha que eles insistem em viver com tantas transformações na sociedade. O abraço em Cuca extrapolou tudo isso, mesmo que estivessem apenas festejando com o treinador a classificação suada do time na Copa do Brasil. Não era isso, todos nós sabemos. Era um abraço de “estamos juntos”.

Mais uma vez os atletas não entenderam nada, principalmente de um clube que transformou seu futebol em uma luta contra a ditadura e pelas Diretas Já, na escolha dos presidentes da República, e que teve, entre seus ídolos no elenco, pessoas como Sócrates, Wladimir e Casagrande. “Eu acredito e confio no Cuca. Vivemos num momento em que as pessoas julgam, colocam muito o dedo e não deixam a outra pessoa provar sua inocência. Não é ser humano a pessoa que faz isso. Espero que ele prove sua inocência”, disse Róger Guedes, sensível com as lágrimas de Cuca na preleção.

Cuca não suportou a força das redes sociais. Seu pedido de demissão do Corinthians, segundo ele próprio, foi por causa da onda de reclamações, provocações e repulsa ao seu nome pelo caso de estupro do passado. A voz das redes é a mesma das ruas. Sua família não aguentou a avalanche de pedidos para ele se explicar e deixar o clube, com algumas ameaças também nas timelines de suas filhas. Cuca disse ter preferido a família nesse momento, mas, em princípio, não jogou a toalha em sua carreira. Ele vai completar 60 anos.

Ocorre que Cuca não será aceito em outro clube do Brasil se não passar seu passado a limpo, a exemplo do que acontece com Robinho, condenado por nove anos pelo mesmo motivo. Ambos se dizem inocentes das acusações. Ambos por estupro. Cuca terá de remoer esse passado, voltar à cena do crime e tentar entender melhor o que aconteceu naquele quarto do hotel em Berna com ele, seus companheiros de Grêmio e a garota de 13 anos.

Cuca entrega o cargo após duas partidas por não suportar a pressão contra ele e seu passado após assumir o Corinthians Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

Terá de aceitar e se lembrar da decisão da Justiça, revivendo um episódio de sua vida que talvez ele quisesse esquecer para sempre. A sociedade do nosso tempo cobra isso dele. Só assim, Cuca saberá o que, de fato, aconteceu e qual foi sua participação naquilo tudo. A partir daí, terá de voltar a se posicionar sobre o assunto.

Ele anunciou antes de pedir as contas no Corinthians que colocaria advogados para vasculhar o caso na Suíça a fim de provar sua inocência. Deveria ter feito isso antes de sua situação chegar a esse ponto, o de ser rejeitado no trabalho. Seus familiares poderiam tê-lo ajudado nisso e não tapar o sol com a peneira diante de uma sociedade que pede respostas, não aceita mais determinados comportamentos de seus personagens em todos os segmentos e luta pelas minorias.

Cuca foi condenado. As redes sociais também fizeram o trabalho que dirigentes corintianos não conseguiram fazer, nem mesmo enxergar como problema ou situação delicada quando se deu a contratação e as primeiras gritas. A mesma rede que aplaude e festeja, também provoca, julga e condena, amparada pelas notícias que foram publicadas sobre o caso de Cuca. É assim que mundo muda.

Da mesma forma, os jogadores do Corinthians se mostraram incapazes de entender a situação, de olhar mais amplamente e de sair da bolha que eles insistem em viver com tantas transformações na sociedade. O abraço em Cuca extrapolou tudo isso, mesmo que estivessem apenas festejando com o treinador a classificação suada do time na Copa do Brasil. Não era isso, todos nós sabemos. Era um abraço de “estamos juntos”.

Mais uma vez os atletas não entenderam nada, principalmente de um clube que transformou seu futebol em uma luta contra a ditadura e pelas Diretas Já, na escolha dos presidentes da República, e que teve, entre seus ídolos no elenco, pessoas como Sócrates, Wladimir e Casagrande. “Eu acredito e confio no Cuca. Vivemos num momento em que as pessoas julgam, colocam muito o dedo e não deixam a outra pessoa provar sua inocência. Não é ser humano a pessoa que faz isso. Espero que ele prove sua inocência”, disse Róger Guedes, sensível com as lágrimas de Cuca na preleção.

Cuca não suportou a força das redes sociais. Seu pedido de demissão do Corinthians, segundo ele próprio, foi por causa da onda de reclamações, provocações e repulsa ao seu nome pelo caso de estupro do passado. A voz das redes é a mesma das ruas. Sua família não aguentou a avalanche de pedidos para ele se explicar e deixar o clube, com algumas ameaças também nas timelines de suas filhas. Cuca disse ter preferido a família nesse momento, mas, em princípio, não jogou a toalha em sua carreira. Ele vai completar 60 anos.

Ocorre que Cuca não será aceito em outro clube do Brasil se não passar seu passado a limpo, a exemplo do que acontece com Robinho, condenado por nove anos pelo mesmo motivo. Ambos se dizem inocentes das acusações. Ambos por estupro. Cuca terá de remoer esse passado, voltar à cena do crime e tentar entender melhor o que aconteceu naquele quarto do hotel em Berna com ele, seus companheiros de Grêmio e a garota de 13 anos.

Cuca entrega o cargo após duas partidas por não suportar a pressão contra ele e seu passado após assumir o Corinthians Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

Terá de aceitar e se lembrar da decisão da Justiça, revivendo um episódio de sua vida que talvez ele quisesse esquecer para sempre. A sociedade do nosso tempo cobra isso dele. Só assim, Cuca saberá o que, de fato, aconteceu e qual foi sua participação naquilo tudo. A partir daí, terá de voltar a se posicionar sobre o assunto.

Ele anunciou antes de pedir as contas no Corinthians que colocaria advogados para vasculhar o caso na Suíça a fim de provar sua inocência. Deveria ter feito isso antes de sua situação chegar a esse ponto, o de ser rejeitado no trabalho. Seus familiares poderiam tê-lo ajudado nisso e não tapar o sol com a peneira diante de uma sociedade que pede respostas, não aceita mais determinados comportamentos de seus personagens em todos os segmentos e luta pelas minorias.

Cuca foi condenado. As redes sociais também fizeram o trabalho que dirigentes corintianos não conseguiram fazer, nem mesmo enxergar como problema ou situação delicada quando se deu a contratação e as primeiras gritas. A mesma rede que aplaude e festeja, também provoca, julga e condena, amparada pelas notícias que foram publicadas sobre o caso de Cuca. É assim que mundo muda.

Da mesma forma, os jogadores do Corinthians se mostraram incapazes de entender a situação, de olhar mais amplamente e de sair da bolha que eles insistem em viver com tantas transformações na sociedade. O abraço em Cuca extrapolou tudo isso, mesmo que estivessem apenas festejando com o treinador a classificação suada do time na Copa do Brasil. Não era isso, todos nós sabemos. Era um abraço de “estamos juntos”.

Mais uma vez os atletas não entenderam nada, principalmente de um clube que transformou seu futebol em uma luta contra a ditadura e pelas Diretas Já, na escolha dos presidentes da República, e que teve, entre seus ídolos no elenco, pessoas como Sócrates, Wladimir e Casagrande. “Eu acredito e confio no Cuca. Vivemos num momento em que as pessoas julgam, colocam muito o dedo e não deixam a outra pessoa provar sua inocência. Não é ser humano a pessoa que faz isso. Espero que ele prove sua inocência”, disse Róger Guedes, sensível com as lágrimas de Cuca na preleção.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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