Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Fifa, Uefa, La Liga e o próprio Real Madrid falham com Vini Jr. na Espanha: caminho é fazer as malas


Jogador brasileiro deveria pegar suas coisas e dar adeus ao futebol espanhol e ao país por causa da perseguição racista, insistente e criminosa que sofre há anos, num gesto reservado somente aos grandes da Humanidade

Por Robson Morelli
Atualização:

É difícil até de descrever o sentimento gerado na gente por todas essas ofensas criminosas e racistas na Espanha contra Vinicíus Júnior. As mais recentes aconteceram num jogo em que ele não estava sequer em campo, nem o seu time, e nas redes sociais dentro do próprio Real Madrid, mostrando a evolução do macaco ao homem, sendo que a última figura era o jogador brasileiro. Isso provocou um problemão no clube madrilenho, com a ameaça de Vini Jr. de se recusar a jogar. Ora, faz mais de dois anos que isso acontece no futebol da Espanha e nada é feito. Neste mês vai ter um amistoso do Brasil com a Espanha, dia 26, com Vini Jr. em campo. Seria um bom momento para acontecer alguma coisa de verdade.

A La Liga, que organiza o futebol nacional, se empenha em coibir e punir esse comportamento, mas suas atitudes têm sido fracas e em vão. Há muita boa intenção, como no inferno, e nenhuma solução. O Real Madrid cruza os braços, fecha os ouvidos, tapa os olhos e segue sua rotina com algumas bem poucas manifestações de pessoas importantes do clube, como o técnico Carlo Ancelotti. A impressão que se tem do Brasil é que ninguém se importa com os crimes praticados contra Vinícius Júnior.

Vini Jr., jogador do Real Madrid, em jogo do seu time no Campeonato Espanhol: racismo no futebol Foto: Jose Jordan / AFP
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Ainda seguindo pelos caminhos institucionais, a Fifa é uma “banana” diante de tais atrocidades dentro do seu negócio, o futebol. Discursos e campanhas nas arenas de jogo não têm sido eficientes. É hora de agir. Mas o presidente Gianni Infantino deve estar preocupado com outras coisas, como ajeitar a próxima Copa do Mundo nos Estados Unidos, México e Canadá, ou sei lá o que mais o cartola anda fazendo que não toma uma atitude mais séria sobre o caso e sobre o futebol espanhol, como parar o campeonato e declarar o atual líder campeão. Fecha as portas do futebol na Espanha, por que não?

O mesmo se diz da Uefa, que organiza o futebol na Europa. Nada é feito de prático que resolva a situação de um jogador chamado para atuar no país. Vini não se ofereceu para o futebol espanhol. Foi o futebol espanhol que se esforçou para tirar o jogador do Flamengo por um caminhão de dinheiro. A perseguição é clara e declarada.

Até governo brasileiro resolveu entrar no caso e se manifestar, mas na prática ele não pode fazer nada. É apenas uma oportunidade de se juntar aos que se sentem, como eu e muitos, indignados com o racismo insistente, criminoso e aburdo contra o atleta brasileiro. Corre nas redes sociais manifestações de que Vini é um “chato de galocha”, mas nada justifica as agressões racistas que ele sofre. Nada.

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Também é revoltante a falta de apoio dos outros negros do Real Madrid e do futebol espanhol. Não há nenhuma manifestação pública nos estádios desses outros jogadores, não há nenhuma postura em conjunto capaz de ameaçar a continuidade do futebol na Espanha ou algo que se valha nesse sentido. O espanhol, os estrangeiros, os negros, os técnicos e os dirigentes aceitaram a condição. Ninguém se incomoda mais a não ser Vini Jr.

É o pior cenário que poderia acontecer. Não há também manifestações mais duras de outros esportistas negros pelo mundo afora, como na Inglaterra e Estados Unidos, do futebol e de outras modalidades. Um recado lindo seria parar tudo. Nem no Brasil há esse recado. O que me faz acreditar que Vini está sozinho, com raros tapinhas nas costas.

Então, ele terá de tomar sua decisão. Abrir mão talvez de seus sonhos e conquistas e deixar a Espanha. Abandonar o furebol espanhol, de Real Madrid e Barcelona, de pesssoas sempre muito bem recebidas no Brasil, de uma colônia respeitada e amada na nossa terra. Vini tem de pedir a rescisão do seu contrato e tentar ser respeitado em outro lugar do planeta. Ele tem futebol para jogar em qualquer time do mundo. Pode até voltar para o Brasil, para o seu Flamengo. O que vale é o seu recado ao mundo.

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Jamais essa atitude seria vista como covardia ou desistência de sua luta, honra e amor próprio. Vini seria corajoso se tomasse essa decisão. Seria um marco na história do futebol e da humanidade e de sua evolução (em alguns casos, involução), como muitos abriram mão de suas vidas para defender causas acima de seus desejos pessoais. Lemos sobre essas caras nas escolas. Vini suporta essas agressões há mais de dois anos. Ele não precisa disso. Que o futebol espanhol seja feliz com os espanhóis.

Mesmo com todas as forças e escudos de proteção que Vini arranjou para suportar a situação, como vem fazendo mês a mês, ele não terá paz no futebol espanhol. Essa perseguição já extrapolou as quatro linhas do campo. Virou guerra declarada do futebol de um país contra um jogador negro. Isso só vai parar quando Vini pegar suas coisas e for embora, uma vez que as entidades responsáveis em coibir e punir tais manifestações fracassam em suas ações e dão de ombro para o fato. O futebol espanhol não parou um só dia desde que o brasileiro começou a ser ofendido de forma contínua e covarde. A Espanha não merece Vini Jr.

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É difícil até de descrever o sentimento gerado na gente por todas essas ofensas criminosas e racistas na Espanha contra Vinicíus Júnior. As mais recentes aconteceram num jogo em que ele não estava sequer em campo, nem o seu time, e nas redes sociais dentro do próprio Real Madrid, mostrando a evolução do macaco ao homem, sendo que a última figura era o jogador brasileiro. Isso provocou um problemão no clube madrilenho, com a ameaça de Vini Jr. de se recusar a jogar. Ora, faz mais de dois anos que isso acontece no futebol da Espanha e nada é feito. Neste mês vai ter um amistoso do Brasil com a Espanha, dia 26, com Vini Jr. em campo. Seria um bom momento para acontecer alguma coisa de verdade.

A La Liga, que organiza o futebol nacional, se empenha em coibir e punir esse comportamento, mas suas atitudes têm sido fracas e em vão. Há muita boa intenção, como no inferno, e nenhuma solução. O Real Madrid cruza os braços, fecha os ouvidos, tapa os olhos e segue sua rotina com algumas bem poucas manifestações de pessoas importantes do clube, como o técnico Carlo Ancelotti. A impressão que se tem do Brasil é que ninguém se importa com os crimes praticados contra Vinícius Júnior.

Vini Jr., jogador do Real Madrid, em jogo do seu time no Campeonato Espanhol: racismo no futebol Foto: Jose Jordan / AFP

Ainda seguindo pelos caminhos institucionais, a Fifa é uma “banana” diante de tais atrocidades dentro do seu negócio, o futebol. Discursos e campanhas nas arenas de jogo não têm sido eficientes. É hora de agir. Mas o presidente Gianni Infantino deve estar preocupado com outras coisas, como ajeitar a próxima Copa do Mundo nos Estados Unidos, México e Canadá, ou sei lá o que mais o cartola anda fazendo que não toma uma atitude mais séria sobre o caso e sobre o futebol espanhol, como parar o campeonato e declarar o atual líder campeão. Fecha as portas do futebol na Espanha, por que não?

O mesmo se diz da Uefa, que organiza o futebol na Europa. Nada é feito de prático que resolva a situação de um jogador chamado para atuar no país. Vini não se ofereceu para o futebol espanhol. Foi o futebol espanhol que se esforçou para tirar o jogador do Flamengo por um caminhão de dinheiro. A perseguição é clara e declarada.

Até governo brasileiro resolveu entrar no caso e se manifestar, mas na prática ele não pode fazer nada. É apenas uma oportunidade de se juntar aos que se sentem, como eu e muitos, indignados com o racismo insistente, criminoso e aburdo contra o atleta brasileiro. Corre nas redes sociais manifestações de que Vini é um “chato de galocha”, mas nada justifica as agressões racistas que ele sofre. Nada.

Também é revoltante a falta de apoio dos outros negros do Real Madrid e do futebol espanhol. Não há nenhuma manifestação pública nos estádios desses outros jogadores, não há nenhuma postura em conjunto capaz de ameaçar a continuidade do futebol na Espanha ou algo que se valha nesse sentido. O espanhol, os estrangeiros, os negros, os técnicos e os dirigentes aceitaram a condição. Ninguém se incomoda mais a não ser Vini Jr.

É o pior cenário que poderia acontecer. Não há também manifestações mais duras de outros esportistas negros pelo mundo afora, como na Inglaterra e Estados Unidos, do futebol e de outras modalidades. Um recado lindo seria parar tudo. Nem no Brasil há esse recado. O que me faz acreditar que Vini está sozinho, com raros tapinhas nas costas.

Então, ele terá de tomar sua decisão. Abrir mão talvez de seus sonhos e conquistas e deixar a Espanha. Abandonar o furebol espanhol, de Real Madrid e Barcelona, de pesssoas sempre muito bem recebidas no Brasil, de uma colônia respeitada e amada na nossa terra. Vini tem de pedir a rescisão do seu contrato e tentar ser respeitado em outro lugar do planeta. Ele tem futebol para jogar em qualquer time do mundo. Pode até voltar para o Brasil, para o seu Flamengo. O que vale é o seu recado ao mundo.

Jamais essa atitude seria vista como covardia ou desistência de sua luta, honra e amor próprio. Vini seria corajoso se tomasse essa decisão. Seria um marco na história do futebol e da humanidade e de sua evolução (em alguns casos, involução), como muitos abriram mão de suas vidas para defender causas acima de seus desejos pessoais. Lemos sobre essas caras nas escolas. Vini suporta essas agressões há mais de dois anos. Ele não precisa disso. Que o futebol espanhol seja feliz com os espanhóis.

Mesmo com todas as forças e escudos de proteção que Vini arranjou para suportar a situação, como vem fazendo mês a mês, ele não terá paz no futebol espanhol. Essa perseguição já extrapolou as quatro linhas do campo. Virou guerra declarada do futebol de um país contra um jogador negro. Isso só vai parar quando Vini pegar suas coisas e for embora, uma vez que as entidades responsáveis em coibir e punir tais manifestações fracassam em suas ações e dão de ombro para o fato. O futebol espanhol não parou um só dia desde que o brasileiro começou a ser ofendido de forma contínua e covarde. A Espanha não merece Vini Jr.

É difícil até de descrever o sentimento gerado na gente por todas essas ofensas criminosas e racistas na Espanha contra Vinicíus Júnior. As mais recentes aconteceram num jogo em que ele não estava sequer em campo, nem o seu time, e nas redes sociais dentro do próprio Real Madrid, mostrando a evolução do macaco ao homem, sendo que a última figura era o jogador brasileiro. Isso provocou um problemão no clube madrilenho, com a ameaça de Vini Jr. de se recusar a jogar. Ora, faz mais de dois anos que isso acontece no futebol da Espanha e nada é feito. Neste mês vai ter um amistoso do Brasil com a Espanha, dia 26, com Vini Jr. em campo. Seria um bom momento para acontecer alguma coisa de verdade.

A La Liga, que organiza o futebol nacional, se empenha em coibir e punir esse comportamento, mas suas atitudes têm sido fracas e em vão. Há muita boa intenção, como no inferno, e nenhuma solução. O Real Madrid cruza os braços, fecha os ouvidos, tapa os olhos e segue sua rotina com algumas bem poucas manifestações de pessoas importantes do clube, como o técnico Carlo Ancelotti. A impressão que se tem do Brasil é que ninguém se importa com os crimes praticados contra Vinícius Júnior.

Vini Jr., jogador do Real Madrid, em jogo do seu time no Campeonato Espanhol: racismo no futebol Foto: Jose Jordan / AFP

Ainda seguindo pelos caminhos institucionais, a Fifa é uma “banana” diante de tais atrocidades dentro do seu negócio, o futebol. Discursos e campanhas nas arenas de jogo não têm sido eficientes. É hora de agir. Mas o presidente Gianni Infantino deve estar preocupado com outras coisas, como ajeitar a próxima Copa do Mundo nos Estados Unidos, México e Canadá, ou sei lá o que mais o cartola anda fazendo que não toma uma atitude mais séria sobre o caso e sobre o futebol espanhol, como parar o campeonato e declarar o atual líder campeão. Fecha as portas do futebol na Espanha, por que não?

O mesmo se diz da Uefa, que organiza o futebol na Europa. Nada é feito de prático que resolva a situação de um jogador chamado para atuar no país. Vini não se ofereceu para o futebol espanhol. Foi o futebol espanhol que se esforçou para tirar o jogador do Flamengo por um caminhão de dinheiro. A perseguição é clara e declarada.

Até governo brasileiro resolveu entrar no caso e se manifestar, mas na prática ele não pode fazer nada. É apenas uma oportunidade de se juntar aos que se sentem, como eu e muitos, indignados com o racismo insistente, criminoso e aburdo contra o atleta brasileiro. Corre nas redes sociais manifestações de que Vini é um “chato de galocha”, mas nada justifica as agressões racistas que ele sofre. Nada.

Também é revoltante a falta de apoio dos outros negros do Real Madrid e do futebol espanhol. Não há nenhuma manifestação pública nos estádios desses outros jogadores, não há nenhuma postura em conjunto capaz de ameaçar a continuidade do futebol na Espanha ou algo que se valha nesse sentido. O espanhol, os estrangeiros, os negros, os técnicos e os dirigentes aceitaram a condição. Ninguém se incomoda mais a não ser Vini Jr.

É o pior cenário que poderia acontecer. Não há também manifestações mais duras de outros esportistas negros pelo mundo afora, como na Inglaterra e Estados Unidos, do futebol e de outras modalidades. Um recado lindo seria parar tudo. Nem no Brasil há esse recado. O que me faz acreditar que Vini está sozinho, com raros tapinhas nas costas.

Então, ele terá de tomar sua decisão. Abrir mão talvez de seus sonhos e conquistas e deixar a Espanha. Abandonar o furebol espanhol, de Real Madrid e Barcelona, de pesssoas sempre muito bem recebidas no Brasil, de uma colônia respeitada e amada na nossa terra. Vini tem de pedir a rescisão do seu contrato e tentar ser respeitado em outro lugar do planeta. Ele tem futebol para jogar em qualquer time do mundo. Pode até voltar para o Brasil, para o seu Flamengo. O que vale é o seu recado ao mundo.

Jamais essa atitude seria vista como covardia ou desistência de sua luta, honra e amor próprio. Vini seria corajoso se tomasse essa decisão. Seria um marco na história do futebol e da humanidade e de sua evolução (em alguns casos, involução), como muitos abriram mão de suas vidas para defender causas acima de seus desejos pessoais. Lemos sobre essas caras nas escolas. Vini suporta essas agressões há mais de dois anos. Ele não precisa disso. Que o futebol espanhol seja feliz com os espanhóis.

Mesmo com todas as forças e escudos de proteção que Vini arranjou para suportar a situação, como vem fazendo mês a mês, ele não terá paz no futebol espanhol. Essa perseguição já extrapolou as quatro linhas do campo. Virou guerra declarada do futebol de um país contra um jogador negro. Isso só vai parar quando Vini pegar suas coisas e for embora, uma vez que as entidades responsáveis em coibir e punir tais manifestações fracassam em suas ações e dão de ombro para o fato. O futebol espanhol não parou um só dia desde que o brasileiro começou a ser ofendido de forma contínua e covarde. A Espanha não merece Vini Jr.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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