Há um movimento em marcha no São Paulo que não diz respeito somente ao rendimento do time em campo, sua classificação ou não para a final da Copa do Brasil ou as chances na Sul-Americana e no Brasileirão. Trata-se de um resgate aos tempos de glórias do time, quando o clube era referência em todos os seus segmentos, principalmente no futebol. É uma marcha silenciosa, mas ela está acontecendo.
As possíveis chegadas de James Rodríguez e Lucas Moura mostram um pouco da forma com que o presidente Julio Casares dá seus passos no futebol. Tem também o apelo aos valores mais em conta dos ingressos no futebol, por exemplo, assim como as melhorias dentro do clube. O torcedor entende esses passos e quer caminhar junto. O futebol é o carro-chefe.
A grande tacada foi a contratação de Dorival Júnior. Primeiramente, porque ele é um profissional bom de trabalho. Segundo, porque o elenco gostou. E terceiro porque deu certo. Já é possível afirmar que o treinador mudou a cara e jeito do São Paulo, levando o time para o passado, de modo a ficar mais perto dos seus tempos gloriosos, mas querendo chegar mais sólido ao futuro. O presente é bom.
Ainda há muitos passos a serem dados e, por ora, nenhuma garantia. Na Copa do Brasil, por exemplo, sua missão é virar o marcador de 2 a 1 construído pelo Corinthians em Itaquera. Preciso fazer ao menos um gol para levar a decisão aos pênaltis. Mas os resultados de campo não podem tirar o São Paulo deste caminho. Se isso acontecer, o clube volta para a estaca zero, de onde sempre parte pelo menos nas últimas cinco temporadas.
Daí a necessidade de compreensão de todos. James e Lucas podem dar ao time esse algo a mais que ele está procurando. Veja o que Messi faz no desconhecido Inter Miami e na quase insignificante liga de futebol dos Estados Unidos. Ele chegou e mudou o patamar da franquia e da competição. Empresas estão ganhando dinheiro com isso, como a gigante Apple, e olha que o campeonato nacional ainda nem começou.
O futebol brasileiro precisa de bons jogadores. São eles que fazem movimentar a paixão do torcedor e o dinheiro que corre em volta de uma partida de futebol. A tacada do São Paulo, dando certo essas duas contratações, é de mestre. Como poderia ter sido também a de Daniel Daniel não fosse erros de condutas das partes, inclusive do jogador.
O que o São Paulo não pode repetir é a bobagem de contratar sem dinheiro ou acreditar de forma inocente que vai encontrar parceiros no mercado para bancar seus reforços. Isso é areia movediça. Já se provou ser uma conduta equivocada no passado não tão distante.
Casares tem de oferecer o que pode pagar pelo tempo que pode pagar. No caso do meia colombiano, o contrato na mesa é de dois anos. Mais ou menos R$ 30 milhões diluídos nos 24 meses. O clube ganhou R$ 133 milhões com transmissão dos jogos no ano passado. Metade do que recebeu o Flamengo. O Palmeiras ganhou R$ 153 milhões e o Corinthians, R$ 202 milhões.
Com a projeção de uma liga em 2025, deve ficar com R$ 151 milhões. Sua receita anual é estimada em R$ 600 milhões, pode bater em R$ 650 milhões. Há ainda a provável venda de jogadores do elenco. O São Paulo tem a segunda média de público no Brasileirão, atrás somente do Flamengo. Isso é dinheiro. Há ainda alguns prêmios com os quais o clube não contava, como os R$ 9 milhões da semifinal da Copa do Brasil e os R$ 30 milhões se derrotar o Corinthians e chegar à final do torneio. No mínimo. Tem ainda a grana da Sul-Americana. Tudo isso faz o São Paulo mudar de prateleira no cenário do futebol brasileiro. É um avanço tímido, mas é um avanço.