A comissão técnica do Palmeiras passou do ponto ao reafirmar uma possível perseguição do ‘sistema’ ao time no Campeonato Brasileiro. Foi o que disse o auxiliar de Abel Ferreira, João Martins, após empate com o Athletico-PR no Paraná. Abel já havia dito isso antes também. A diretoria do Palmeiras parece não se incomodar com isso, porque não é a primeira vez que isso acontece. Trata-se da teoria do complô. Se ele tiver provas, tem de apresentá-las. Se não tiver, será punido severamente.
Uma coisa é reclamar da arbitragem e da não expulsão do jogador do rival ao acertar uma cotovelada em Endrick. Outra é dizer o que ele disse, inclusive desdenhando o futebol brasileiro na Europa. O mesmo futebol em que ele ganha a vida diariamente. João passou do ponto. Tanto passou que foi tirado de cena por um diretor mais sensato do Palmeiras presente na partida. O jogo foi 2 a 0. Na súmula, Jean Pierre Gonçalves Lima relatou que o zagueiro “golpeou de forma temerária seu adversário na disputa de bola, mas não com força excessiva.”
Em outra região do Brasil, em Minas Gerais, Luiz Felipe Scolari também condenou o árbitro Wilton Pereira ao expulsar o próprio treinador e o atacante Hulk no empate com o América. Felipão condenou o juiz e disse cobras e lagartos dele e da Comissão de Arbitragem. Imagino que o STJD deva levar para a tribuna os dois casos para ver se cabe punição. Resgatado pelo Atlético-MG, todos nós conhecemos o Felipão. É típico do seu comportamento à beira do gramado. Ele até tentou se controlar na entrevista, mas não conseguiu. João Martins foi mais duro e grosseiro.
O fato é que tanto Palmeiras quanto Atlético-MG estavam ganhando suas partidas por dois gols de frente e viram os rivais buscarem a igualdade. Talvez por isso a reclamação tenha sido tão forte. Endrick errou pênalti que poderia ter dado um gol a mais para o time, assim como Raphael Veiga também desperdiçou cobrança do tiro livre em casa diante do Botafogo. Então, por esses dois lances, se os jogadores tivessem feito sua parte com competência, o Palmeiras poderia ter tido melhor sorte nos jogos.
Isso não desmerece as reclamações pela não expulsão do jogador do Athletico-PR, Zé Ivaldo. Foi uma falha generalizada da arbitragem e todos deveriam ir para a geladeira por um bom tempo. Tinham de ver e rever o lance para aprender. Voltar para as aulinhas das regras do jogo. Foi uma vergonha.
Mas não foi por isso que o Palmeiras deixou escapar a vitória, repito. No caso do Atlético, o próprio Felipão disse que o seu time poderia ter produzido mais no segundo tempo, quando o América foi melhor, fez os gols e poderia ter virado o jogo. Felipão também admitiu a mudança de pensar o futebol do time com sua chegada. Vai cobrar isso dos jogadores.
O que me parece claro é que, apesar do comportamento da arbitragem, Palmeiras e Atlético-MG se complicaram dentro de campo e não tiveram competência para segurar o resultado construído. E aí as duas comissões técnicas arrumaram um bode expiatório para colocar a culpa: a arbitragem. João Martins não disse uma única palavra sobre o fracasso do Palmeiras nas últimas três rodadas, duas derrotas e um empate depois de estar com dois gols de vantagem. Abel também estava fora porque tinha sido expulso. Fez falta. Mas tudo parece normal no Palmeiras. Parece que a comissão nunca erra. E isso não é verdade. A CBF soltou nota detonando o auxiliar do Abel, mas nada disse sobre as falas de Felipão.