Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Legado de Diniz na seleção poderia ter sido outro se ele tivesse mais tempo e jogasse pelo resultado


Ele não entendeu o momento do Brasil e seus desafios nas Eliminatórias e preferiu manter suas ideias sobre futebol mesmo sabendo das dificuldades que teria pelo prazo de contrato: fez uma leitura errada do cargo

Por Robson Morelli
Atualização:

Fernando Diniz terá uma passagem meteórica pela seleção brasileira. O treinador faz sua penúltima partida nesta terça contra a Argentina, de Messi, no Maracanã, e depois tem mais dois amistosos em março diante de Inglaterra e Espanha, ambos na Europa. Seu contrato acaba em junho, conforme anunciou a CBF. Diniz deixará um legado ruim nas Eliminatórias, ganhando ou não dos argentinos.

Era para ele começar um trabalho sólido. E foi o que tentou fazer. Mas descobriu, mesmo tendo os melhores jogadores brasileiros em atividade no mundo, que não seria fácil e que o tempo que teria para isso era curto demais. Diniz ficou entre colocar em prática suas ideias sobre futebol e fazer o Brasil ganhar as partidas. Não conseguiu nem uma coisa nem outra. Para ele, ainda, uma condição está diretamente ligada a outra. Em sua cabeça, não há como separar esses dois conceitos.

Diniz ganhou notoriedade por levar o Fluminense à conquista da Libertadores diante do Boca Juniors. Mas cá entre nós, o time das Laranjeiras nunca foi uma ‘máquina tricolor’ como no passado. Ganhou, mas poderia ter perdido. Não foi uma conquista daquelas sem sobressaltos ou mesmo sobrando em campo. Mas ganhou, com seus méritos, e começou a ser mais respeitado na seleção.

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Diniz é um treinador sem resistências pessoais. O cara maluco e que grita demais à beira do gramado nem parece o mesmo nas entrevistas e conversas sobre os jogos. Ele sempre foi assim. Não mudou nada do seu tempo de jogador. Mas seu legado não é dos melhores na seleção.

Diniz tem parada duro no Maracanã contra a Argentina, de Messi e líder das Eliminatórias da Copa Foto: Daniel Ramalho / AFP

Ele, na verdade, não deixa nada porque não pensou nos resultados. Ou se pensou, preferiu implementar seu jeito de jogar independentemente se ganharia ou não as partidas das Eliminatórias. O resultado na prática foi terrível: um empate contra a Venezuela e duas derrotas seguidas e inéditas na competição (Uruguai e Colômbia), que empurraram o Brasil para a parte inferior da tabela. O torcedor passou a duvidar de sua qualidade, como já fez com tantos outros treinadores.

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Mas Diniz não mudou seu jeito de pensar nem se deu conta de que o prazo para arrumar a seleção era pequeno. Ele mexeu em todos os setores do campo, e não conseguiu nada. Poderia ter insistido somente no ataque ou na defesa. Mas mexeu em tudo com tamanha ansiedade que nada deu certo. O Brasil de Diniz não tem nada. É pobre na defesa, no meio de campo e no ataque. Os jogadores são desconhecidos do torcedor e ainda muito verdes para vestir a camisa da seleção sem ter um time montado.

É preciso apontar que ele teve problemas com lesões. Perdeu Neymar, depois Danilo, Casemiro, Ederson, Vinícius Júnior... Isso deveria servir de alerta para ele a fim de jogar pelo resultado, uma vez que seu prazo e opções estavam comprometidos. O erro de Diniz na seleção foi ter mantido alguns conceitos nas Eliminatórias em detrimento de escalações mais simples e fortalecidas.

Imagine se ele estivesse na liderança das Eliminatórias? Seria avaliado de forma diferente. No futebol, as ideias e planos de voos não podem estar desassociados dos resultados de campo. Isso Diniz já aprendeu, mas não deixou como legado no Brasil. Isso não quer dizer abrir mão do seu jeito de pensar e trabalhar. Isso é tomar decisões em momentos complicados e curtos, onde as grandes ideias e intenções não são possíveis naquele momento. 

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Decisões de Diniz

Apostar no goleiro Ederson foi uma boa decisão, uma vez que Alisson já teve sua chance em Copas. Não que ele seja desprezível, mas a vez agora é de outro. Dar a braçadeira de capitão para Marquinhos é interessante. Pena que o zagueiro também não vive boa fase. Diniz errou com os laterais, titulares e reservas. É bem verdade que há poucos na posição. No meio de campo, sua melhor sacada foi dar chance a André, do Fluminense. O volante está pronto e é mais moderno do que Casemiro para os padrões de jogo do treinador. Bruno Guimarães tem de aprender a passar. Ele foi treinado para destruir, assim como Casemiro. 

Mas é na frente que Diniz mais bagunçou a seleção. Ele tirou todos os jogadores de suas respectivas posições nos clubes, de Vini Jr. a Rodrygo, passando por Martinelli e Raphinha. Não deu certo, apesar da qualidade dos jogadores. Inventou com João Pedro e Pepê. Jogou Endrick na fogueira que foi a partida diante dos colombianos. Fez tudo errado.

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A cabeça de Fernando Diniz funciona mais rápido do que a movimentação de seus jogadores em campo. O legado do treinador seria diferente se ele tivesse mais tempo. Começar agora para terminar sua obra na Copa do Mundo de 2026. Duvido que o Brasil fique fora do Mundial. Também não precisa ser o primeiro da tabela. Tem de se classificar e fazer seu melhor na Copa, afinal, do que vale ir bem nas Eliminatórias e voltar mais cedo do Mundial? 

Então, um dos maiores erros da seleção é também da CBF, de sua decisão de trabalhar com um treinador de personalidade forte e ideias próprias sobre futebol como interino por um ano. Foi uma tentativa. Em junho, quando o novo treinador assumir, Carlo Ancelotti, de acordo com a entidade, isso vai mudar, porque ele vai trabalhar até o Mundial, como deveria ser desde a saída de Tite.

Fernando Diniz terá uma passagem meteórica pela seleção brasileira. O treinador faz sua penúltima partida nesta terça contra a Argentina, de Messi, no Maracanã, e depois tem mais dois amistosos em março diante de Inglaterra e Espanha, ambos na Europa. Seu contrato acaba em junho, conforme anunciou a CBF. Diniz deixará um legado ruim nas Eliminatórias, ganhando ou não dos argentinos.

Era para ele começar um trabalho sólido. E foi o que tentou fazer. Mas descobriu, mesmo tendo os melhores jogadores brasileiros em atividade no mundo, que não seria fácil e que o tempo que teria para isso era curto demais. Diniz ficou entre colocar em prática suas ideias sobre futebol e fazer o Brasil ganhar as partidas. Não conseguiu nem uma coisa nem outra. Para ele, ainda, uma condição está diretamente ligada a outra. Em sua cabeça, não há como separar esses dois conceitos.

Diniz ganhou notoriedade por levar o Fluminense à conquista da Libertadores diante do Boca Juniors. Mas cá entre nós, o time das Laranjeiras nunca foi uma ‘máquina tricolor’ como no passado. Ganhou, mas poderia ter perdido. Não foi uma conquista daquelas sem sobressaltos ou mesmo sobrando em campo. Mas ganhou, com seus méritos, e começou a ser mais respeitado na seleção.

Diniz é um treinador sem resistências pessoais. O cara maluco e que grita demais à beira do gramado nem parece o mesmo nas entrevistas e conversas sobre os jogos. Ele sempre foi assim. Não mudou nada do seu tempo de jogador. Mas seu legado não é dos melhores na seleção.

Diniz tem parada duro no Maracanã contra a Argentina, de Messi e líder das Eliminatórias da Copa Foto: Daniel Ramalho / AFP

Ele, na verdade, não deixa nada porque não pensou nos resultados. Ou se pensou, preferiu implementar seu jeito de jogar independentemente se ganharia ou não as partidas das Eliminatórias. O resultado na prática foi terrível: um empate contra a Venezuela e duas derrotas seguidas e inéditas na competição (Uruguai e Colômbia), que empurraram o Brasil para a parte inferior da tabela. O torcedor passou a duvidar de sua qualidade, como já fez com tantos outros treinadores.

Mas Diniz não mudou seu jeito de pensar nem se deu conta de que o prazo para arrumar a seleção era pequeno. Ele mexeu em todos os setores do campo, e não conseguiu nada. Poderia ter insistido somente no ataque ou na defesa. Mas mexeu em tudo com tamanha ansiedade que nada deu certo. O Brasil de Diniz não tem nada. É pobre na defesa, no meio de campo e no ataque. Os jogadores são desconhecidos do torcedor e ainda muito verdes para vestir a camisa da seleção sem ter um time montado.

É preciso apontar que ele teve problemas com lesões. Perdeu Neymar, depois Danilo, Casemiro, Ederson, Vinícius Júnior... Isso deveria servir de alerta para ele a fim de jogar pelo resultado, uma vez que seu prazo e opções estavam comprometidos. O erro de Diniz na seleção foi ter mantido alguns conceitos nas Eliminatórias em detrimento de escalações mais simples e fortalecidas.

Imagine se ele estivesse na liderança das Eliminatórias? Seria avaliado de forma diferente. No futebol, as ideias e planos de voos não podem estar desassociados dos resultados de campo. Isso Diniz já aprendeu, mas não deixou como legado no Brasil. Isso não quer dizer abrir mão do seu jeito de pensar e trabalhar. Isso é tomar decisões em momentos complicados e curtos, onde as grandes ideias e intenções não são possíveis naquele momento. 

Decisões de Diniz

Apostar no goleiro Ederson foi uma boa decisão, uma vez que Alisson já teve sua chance em Copas. Não que ele seja desprezível, mas a vez agora é de outro. Dar a braçadeira de capitão para Marquinhos é interessante. Pena que o zagueiro também não vive boa fase. Diniz errou com os laterais, titulares e reservas. É bem verdade que há poucos na posição. No meio de campo, sua melhor sacada foi dar chance a André, do Fluminense. O volante está pronto e é mais moderno do que Casemiro para os padrões de jogo do treinador. Bruno Guimarães tem de aprender a passar. Ele foi treinado para destruir, assim como Casemiro. 

Mas é na frente que Diniz mais bagunçou a seleção. Ele tirou todos os jogadores de suas respectivas posições nos clubes, de Vini Jr. a Rodrygo, passando por Martinelli e Raphinha. Não deu certo, apesar da qualidade dos jogadores. Inventou com João Pedro e Pepê. Jogou Endrick na fogueira que foi a partida diante dos colombianos. Fez tudo errado.

A cabeça de Fernando Diniz funciona mais rápido do que a movimentação de seus jogadores em campo. O legado do treinador seria diferente se ele tivesse mais tempo. Começar agora para terminar sua obra na Copa do Mundo de 2026. Duvido que o Brasil fique fora do Mundial. Também não precisa ser o primeiro da tabela. Tem de se classificar e fazer seu melhor na Copa, afinal, do que vale ir bem nas Eliminatórias e voltar mais cedo do Mundial? 

Então, um dos maiores erros da seleção é também da CBF, de sua decisão de trabalhar com um treinador de personalidade forte e ideias próprias sobre futebol como interino por um ano. Foi uma tentativa. Em junho, quando o novo treinador assumir, Carlo Ancelotti, de acordo com a entidade, isso vai mudar, porque ele vai trabalhar até o Mundial, como deveria ser desde a saída de Tite.

Fernando Diniz terá uma passagem meteórica pela seleção brasileira. O treinador faz sua penúltima partida nesta terça contra a Argentina, de Messi, no Maracanã, e depois tem mais dois amistosos em março diante de Inglaterra e Espanha, ambos na Europa. Seu contrato acaba em junho, conforme anunciou a CBF. Diniz deixará um legado ruim nas Eliminatórias, ganhando ou não dos argentinos.

Era para ele começar um trabalho sólido. E foi o que tentou fazer. Mas descobriu, mesmo tendo os melhores jogadores brasileiros em atividade no mundo, que não seria fácil e que o tempo que teria para isso era curto demais. Diniz ficou entre colocar em prática suas ideias sobre futebol e fazer o Brasil ganhar as partidas. Não conseguiu nem uma coisa nem outra. Para ele, ainda, uma condição está diretamente ligada a outra. Em sua cabeça, não há como separar esses dois conceitos.

Diniz ganhou notoriedade por levar o Fluminense à conquista da Libertadores diante do Boca Juniors. Mas cá entre nós, o time das Laranjeiras nunca foi uma ‘máquina tricolor’ como no passado. Ganhou, mas poderia ter perdido. Não foi uma conquista daquelas sem sobressaltos ou mesmo sobrando em campo. Mas ganhou, com seus méritos, e começou a ser mais respeitado na seleção.

Diniz é um treinador sem resistências pessoais. O cara maluco e que grita demais à beira do gramado nem parece o mesmo nas entrevistas e conversas sobre os jogos. Ele sempre foi assim. Não mudou nada do seu tempo de jogador. Mas seu legado não é dos melhores na seleção.

Diniz tem parada duro no Maracanã contra a Argentina, de Messi e líder das Eliminatórias da Copa Foto: Daniel Ramalho / AFP

Ele, na verdade, não deixa nada porque não pensou nos resultados. Ou se pensou, preferiu implementar seu jeito de jogar independentemente se ganharia ou não as partidas das Eliminatórias. O resultado na prática foi terrível: um empate contra a Venezuela e duas derrotas seguidas e inéditas na competição (Uruguai e Colômbia), que empurraram o Brasil para a parte inferior da tabela. O torcedor passou a duvidar de sua qualidade, como já fez com tantos outros treinadores.

Mas Diniz não mudou seu jeito de pensar nem se deu conta de que o prazo para arrumar a seleção era pequeno. Ele mexeu em todos os setores do campo, e não conseguiu nada. Poderia ter insistido somente no ataque ou na defesa. Mas mexeu em tudo com tamanha ansiedade que nada deu certo. O Brasil de Diniz não tem nada. É pobre na defesa, no meio de campo e no ataque. Os jogadores são desconhecidos do torcedor e ainda muito verdes para vestir a camisa da seleção sem ter um time montado.

É preciso apontar que ele teve problemas com lesões. Perdeu Neymar, depois Danilo, Casemiro, Ederson, Vinícius Júnior... Isso deveria servir de alerta para ele a fim de jogar pelo resultado, uma vez que seu prazo e opções estavam comprometidos. O erro de Diniz na seleção foi ter mantido alguns conceitos nas Eliminatórias em detrimento de escalações mais simples e fortalecidas.

Imagine se ele estivesse na liderança das Eliminatórias? Seria avaliado de forma diferente. No futebol, as ideias e planos de voos não podem estar desassociados dos resultados de campo. Isso Diniz já aprendeu, mas não deixou como legado no Brasil. Isso não quer dizer abrir mão do seu jeito de pensar e trabalhar. Isso é tomar decisões em momentos complicados e curtos, onde as grandes ideias e intenções não são possíveis naquele momento. 

Decisões de Diniz

Apostar no goleiro Ederson foi uma boa decisão, uma vez que Alisson já teve sua chance em Copas. Não que ele seja desprezível, mas a vez agora é de outro. Dar a braçadeira de capitão para Marquinhos é interessante. Pena que o zagueiro também não vive boa fase. Diniz errou com os laterais, titulares e reservas. É bem verdade que há poucos na posição. No meio de campo, sua melhor sacada foi dar chance a André, do Fluminense. O volante está pronto e é mais moderno do que Casemiro para os padrões de jogo do treinador. Bruno Guimarães tem de aprender a passar. Ele foi treinado para destruir, assim como Casemiro. 

Mas é na frente que Diniz mais bagunçou a seleção. Ele tirou todos os jogadores de suas respectivas posições nos clubes, de Vini Jr. a Rodrygo, passando por Martinelli e Raphinha. Não deu certo, apesar da qualidade dos jogadores. Inventou com João Pedro e Pepê. Jogou Endrick na fogueira que foi a partida diante dos colombianos. Fez tudo errado.

A cabeça de Fernando Diniz funciona mais rápido do que a movimentação de seus jogadores em campo. O legado do treinador seria diferente se ele tivesse mais tempo. Começar agora para terminar sua obra na Copa do Mundo de 2026. Duvido que o Brasil fique fora do Mundial. Também não precisa ser o primeiro da tabela. Tem de se classificar e fazer seu melhor na Copa, afinal, do que vale ir bem nas Eliminatórias e voltar mais cedo do Mundial? 

Então, um dos maiores erros da seleção é também da CBF, de sua decisão de trabalhar com um treinador de personalidade forte e ideias próprias sobre futebol como interino por um ano. Foi uma tentativa. Em junho, quando o novo treinador assumir, Carlo Ancelotti, de acordo com a entidade, isso vai mudar, porque ele vai trabalhar até o Mundial, como deveria ser desde a saída de Tite.

Fernando Diniz terá uma passagem meteórica pela seleção brasileira. O treinador faz sua penúltima partida nesta terça contra a Argentina, de Messi, no Maracanã, e depois tem mais dois amistosos em março diante de Inglaterra e Espanha, ambos na Europa. Seu contrato acaba em junho, conforme anunciou a CBF. Diniz deixará um legado ruim nas Eliminatórias, ganhando ou não dos argentinos.

Era para ele começar um trabalho sólido. E foi o que tentou fazer. Mas descobriu, mesmo tendo os melhores jogadores brasileiros em atividade no mundo, que não seria fácil e que o tempo que teria para isso era curto demais. Diniz ficou entre colocar em prática suas ideias sobre futebol e fazer o Brasil ganhar as partidas. Não conseguiu nem uma coisa nem outra. Para ele, ainda, uma condição está diretamente ligada a outra. Em sua cabeça, não há como separar esses dois conceitos.

Diniz ganhou notoriedade por levar o Fluminense à conquista da Libertadores diante do Boca Juniors. Mas cá entre nós, o time das Laranjeiras nunca foi uma ‘máquina tricolor’ como no passado. Ganhou, mas poderia ter perdido. Não foi uma conquista daquelas sem sobressaltos ou mesmo sobrando em campo. Mas ganhou, com seus méritos, e começou a ser mais respeitado na seleção.

Diniz é um treinador sem resistências pessoais. O cara maluco e que grita demais à beira do gramado nem parece o mesmo nas entrevistas e conversas sobre os jogos. Ele sempre foi assim. Não mudou nada do seu tempo de jogador. Mas seu legado não é dos melhores na seleção.

Diniz tem parada duro no Maracanã contra a Argentina, de Messi e líder das Eliminatórias da Copa Foto: Daniel Ramalho / AFP

Ele, na verdade, não deixa nada porque não pensou nos resultados. Ou se pensou, preferiu implementar seu jeito de jogar independentemente se ganharia ou não as partidas das Eliminatórias. O resultado na prática foi terrível: um empate contra a Venezuela e duas derrotas seguidas e inéditas na competição (Uruguai e Colômbia), que empurraram o Brasil para a parte inferior da tabela. O torcedor passou a duvidar de sua qualidade, como já fez com tantos outros treinadores.

Mas Diniz não mudou seu jeito de pensar nem se deu conta de que o prazo para arrumar a seleção era pequeno. Ele mexeu em todos os setores do campo, e não conseguiu nada. Poderia ter insistido somente no ataque ou na defesa. Mas mexeu em tudo com tamanha ansiedade que nada deu certo. O Brasil de Diniz não tem nada. É pobre na defesa, no meio de campo e no ataque. Os jogadores são desconhecidos do torcedor e ainda muito verdes para vestir a camisa da seleção sem ter um time montado.

É preciso apontar que ele teve problemas com lesões. Perdeu Neymar, depois Danilo, Casemiro, Ederson, Vinícius Júnior... Isso deveria servir de alerta para ele a fim de jogar pelo resultado, uma vez que seu prazo e opções estavam comprometidos. O erro de Diniz na seleção foi ter mantido alguns conceitos nas Eliminatórias em detrimento de escalações mais simples e fortalecidas.

Imagine se ele estivesse na liderança das Eliminatórias? Seria avaliado de forma diferente. No futebol, as ideias e planos de voos não podem estar desassociados dos resultados de campo. Isso Diniz já aprendeu, mas não deixou como legado no Brasil. Isso não quer dizer abrir mão do seu jeito de pensar e trabalhar. Isso é tomar decisões em momentos complicados e curtos, onde as grandes ideias e intenções não são possíveis naquele momento. 

Decisões de Diniz

Apostar no goleiro Ederson foi uma boa decisão, uma vez que Alisson já teve sua chance em Copas. Não que ele seja desprezível, mas a vez agora é de outro. Dar a braçadeira de capitão para Marquinhos é interessante. Pena que o zagueiro também não vive boa fase. Diniz errou com os laterais, titulares e reservas. É bem verdade que há poucos na posição. No meio de campo, sua melhor sacada foi dar chance a André, do Fluminense. O volante está pronto e é mais moderno do que Casemiro para os padrões de jogo do treinador. Bruno Guimarães tem de aprender a passar. Ele foi treinado para destruir, assim como Casemiro. 

Mas é na frente que Diniz mais bagunçou a seleção. Ele tirou todos os jogadores de suas respectivas posições nos clubes, de Vini Jr. a Rodrygo, passando por Martinelli e Raphinha. Não deu certo, apesar da qualidade dos jogadores. Inventou com João Pedro e Pepê. Jogou Endrick na fogueira que foi a partida diante dos colombianos. Fez tudo errado.

A cabeça de Fernando Diniz funciona mais rápido do que a movimentação de seus jogadores em campo. O legado do treinador seria diferente se ele tivesse mais tempo. Começar agora para terminar sua obra na Copa do Mundo de 2026. Duvido que o Brasil fique fora do Mundial. Também não precisa ser o primeiro da tabela. Tem de se classificar e fazer seu melhor na Copa, afinal, do que vale ir bem nas Eliminatórias e voltar mais cedo do Mundial? 

Então, um dos maiores erros da seleção é também da CBF, de sua decisão de trabalhar com um treinador de personalidade forte e ideias próprias sobre futebol como interino por um ano. Foi uma tentativa. Em junho, quando o novo treinador assumir, Carlo Ancelotti, de acordo com a entidade, isso vai mudar, porque ele vai trabalhar até o Mundial, como deveria ser desde a saída de Tite.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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